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A agroindústria foi um gênero de indústria que apresentou avanços durante a década de 1960 com certa distribuição da industrialização no conjunto estado. A produção agrícola do norte, que inicialmente esteve voltada predominantemente para a exportação, começou a ser industrializada a partir de meados da década de 1950. Várias fábricas de torrefação e moagem de café, “máquinas” descascadoras de arroz, de produção de fubá e processamento inicial de outros produtos foram montadas desde a década de 1940. Grande parte do processamento destas pequenas indústrias atendia ao mercado local. Oliveira (2001) airma que

o café legou um expressivo parque industrial dedicado à torrefação e moagem do produto. Posteriormente (1960-70), até mesmo empresas de café solúvel seriam instaladas na região Norte, numa etapa já avançada dos processos de criação de novos produtos derivados do café. (OLIVEIRA, 2001, p. 35).

A partir da implantação de uma indústria de café solúvel em Londrina, inaugurada em 1959, cuja produção é, em sua maior parte, exportada, observa-se o início de um processo de industrialização dos produtos da região, procurando agregar mais valor a estes. Em 1967,

outra indústria de café solúvel é inaugurada, em Cornélio Procópio, também região norte. Contraditoriamente, a partir desta década o café começa a entrar em declínio com a política de erradicação dos cafezais.

Com o estímulo do Estado, aumentaram as cooperativas de produtores rurais, principalmente as relacionadas aos produtores de café. Embora existissem cooperativas de produtores há algumas décadas, eram restritas territorialmente e agregavam poucos associados. Havia também essas organizações em outras áreas como as de crédito, de consumo, laticínios e mistas. Na década de 1960, com a cafeicultura em declínio em função das políticas federais, surgem as cooperativas de cafeicultores.

Entre 1957 a 1961, foram constituídas 12 cooperativas de café, porém a grande concentração ocorreu no ano de 1962, com 11 cooperativas; 9 em 1963, e as últimas 7 em 1964; totalizando 39 cooperativas constituídas segundo registro na Junta Comercial do Paraná. (SETTI, 2006, p. 23).

O Governo Federal disponibilizou crédito, via Banco do Brasil, que “estimulou a criação e estruturação das cooperativas, entidades que serviriam para proteger os cafeicultores da ação exploratória dos intermediários” (COCAMAR, 2003, p. 10), pois os mesmos poderiam realizar os processos iniciais de transformação dos seus produtos. Na década de 1960, quando “já havia icado para trás o melhor momento da cafeicultura” e a conjuntura era de incertezas, diante dos acontecimentos nacionais – renúncia de Jânio Quadros, mudanças no sistema de Governo, transferência da capital federal para Brasília – acontece a criação da Organização Internacional do Café (OIC) e é assinado o Acordo Internacional do Café, entre os países produtores e os consumidores de café, em 1962. Nessa época o Paraná alcançava

uma produção de 25 milhões de sacas de café e o Brasil dispunha de estoques da ordem de 70 milhões de sacas. (COCAMAR, 2003, p. 10).

A política federal de erradicação dos cafezais, aliada ao aumento da oferta do produto no mercado internacional, agravado pelas adversidades climáticas e o incentivo governamental pela substituição da cultura por outras com melhores condições de remuneração, levou a profundas mudanças tanto no campo como nessas entidades.

Com a gradativa redução da cafeicultura, as cooperativas passaram a diversiicar suas atividades, dedicando-se especialmente ao algodão, soja, trigo e milho. Das cooperativas de café constituídas nos anos 60 e 70, poucas ultrapassaram o século XX em funcionamento, dentre elas: Cocamar (Maringá), Corol (Rolândia), Copagra (Nova Londrina), Cofercatu (Porecatu), Cocari (Mandaguari), e Nova Produtiva (Astorga). (SETTI, 2006, p. 23).

O cooperativismo foi usado pelo regime militar, a partir de 1964, como meio para a modernização da agricultura e frear as reivindicações pela reforma agrária.

O regime militar brasileiro, que havia assumido o Governo em 1964, pretendia estruturar e modernizar toda a economia brasileira, inclusive a agrícola, tornando-a mais eiciente e produtiva. Na visão do Governo central, o cooperativismo era um instrumento para cumprir essa inalidade, tendo por base experiências exitosas principalmente em algumas colônias do Paraná e do Rio Grande do Sul. Com isso, as reformas lideradas pelo Governo também alcançaram a agricultura e o cooperativismo. (SETTI, 2006, p. 23).

Para viabilizar essa estratégia o Governo Federal irmou convênio com a USAID, que disponibilizou um especialista no assunto para estimular a formação e estruturação do sistema de cooperativas no Paraná. Um técnico especialista em cooperativismo do Serviço da Agricultura dos Estados Unidos foi enviado ao Brasil, em 1965, onde passou a trabalhar no Instituto Nacional de Desenvolvimento

Agrário (INDA), posteriormente transformado em INCRA, em Curitiba, assessorando o desenvolvimento do cooperativismo nos três Estados do sul. (SETTI, 2006, p. 24). As cooperativas passaram a constituir empresas de industrialização dos produtos agrícolas de suas regiões e associados, gerando num primeiro estágio a distribuição de indústrias pelo território estadual. Entretanto, mesmo com esse apoio, as cooperativas e as agroindústrias por essas organizadas levaram algum tempo para ser planejadas e implantadas, até porque a crise pela qual o Brasil passou do início até meados da década de 1960 não permitiu muito avanço nos planos feitos.

A década de 1960 foi marcada pela implantação da infraestrutura de transporte e energia, como visto, e inanciamento às indústrias visando estruturar um parque industrial de capital paranaense. Este caminho se mostrou pouco adequado, pois os resultados comparativamente ao que estava acontecendo em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, se mostraram aquém dos esforços despendidos pelo governo paranaense, conforme pode ser visto nos dados que demonstraram ter havido uma diminuição da participação da indústria do Paraná no contexto nacional. Na década de 1970 outro rumo foi buscado, procurando aprender com o caminho trilhado, e ainda com a nova conjuntura que se abriu após as crises nacionais enfrentadas no período.

5.7 - I e II PND – Plano Nacional de