• Nenhum resultado encontrado

5.12 II PND – Plano Nacional de Desenvolvimento 1974-

Embora o discurso apresentasse como necessária a industrialização do Paraná, à Capital foi reservado o papel de centralizar a industrialização no Estado, aproveitando a política nacional de desconcentração industrial iniciada a partir do II PND. Para melhor situar essa airmativa, primeiramente será visto o que foi o II PND.

Em 1974, é lançado pelo governo federal o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) que pretendia, através da formação de um parque industrial tecnologicamente mais avançado, promover o “avanço qualitativo e quantitativo da inserção do país no sistema capitalista internacional”. (II PND apud SCHIFFER, 1981, p. 76).

Conforme Schiffer (1981, p. 77), o II PND, elaborado no eclipse do milagre econômico, distinguia como estratégia para superar a crise e o subdesenvolvimento três pontos complementares:

1) Fortalecimento da grande empresa privada nacional;

2) Ampliação dos investimentos estatais nos setores de infra- estrutura básica; e

3) Maior absorção de tecnologia e recursos externos.

Essa estratégia visava articular as ações das empresas privadas nacionais através de investimentos e inanciamentos do Estado, para fazer frente aos conglomerados estrangeiros, além de incentivar as exportações de commodities e produtos industrializados. A implantação de programas como o PROÁLCOOL e “Corredores de Exportação” visava buscar alternativas à crise energética, ocorrida com a súbita elevação do preço do petróleo no mercado internacional, e a melhoria do sistema viário, principalmente o que dá acesso aos portos, para facilitar as exportações. A modernização, construção e ampliação de portos e aeroportos e a desconcentração das atividades industriais paulistas para o Rio de Janeiro e Belo Horizonte estavam embutidas na estratégia. Propunha ainda a estratégia de “integração nacional” para superar os desequilíbrios regionais, com a “proposta de implantação de nove áreas metropolitanas e a deinição de pólos secundários voltados para a desconcentração intra-regional do sistema urbano, notadamente o sudeste”. (II PND apud SCHIFFER, 1989, p. 80).

O II PND apresentava como objetivos a construção de uma sociedade desenvolvida, moderna, progressista e humana, “em consonância com o binômio Desenvolvimento e Segurança”. (BRASIL, II PND 1974, p. 28). Considerando que o “objetivo maior de todo planejamento nacional é o homem brasileiro, nas suas diferentes dimensões e aspirações”, deine que o objetivo econômico “será

realizar o pleno potencial de desenvolvimento para o período 1975- 1979”. (BRASIL, II PND 1974, p. 28).

Para atingir esses objetivos deiniu um conjunto de metas e propósitos, que se resumem basicamente em 6 pontos:

• Manter o crescimento acelerado dos últimos anos, com taxas de aumento das oportunidades de emprego da mão de obra superiores às da década passada, que já superaram a do crescimento da mão de obra que acorre ao mercado de trabalho.

• Reairmar a política de contenção da inlação pelo método gradualista.

• Manter em relativo equilíbrio o balanço de pagamentos. • Realizar política de melhoria da distribuição de renda, pessoal e regional, simultaneamente com o crescimento econômico.

• Preservar a estabilidade social e política, assegurada a participação consciente das classes produtoras, dos trabalhadores e, em geral, de todas as categorias vitais ao desenvolvimento, nas suas diferentes manifestações.

• Realizar o desenvolvimento sem deterioração da qualidade de vida, e, em particular, sem devastação do patrimônio de recursos naturais do País. (BRASIL, II PND, 1974, p. 28-29).

O Governo militar, então no poder, e os formuladores dessa política nacional de desenvolvimento tinham consciência da conjuntura internacional, que entrava em fase de ajustamento frente à crise de energia pelo petróleo, mas optaram por manter o Brasil no curso de crescimento dos anos anteriores denominados de “milagre econômico”, conforme discutido anteriormente.

A crise de energia, de alimento, do sistema monetário internacional, de matérias-primas essenciais, de inlação e comércio exterior integravam as preocupações, conforme se depreende do pronunciamento do Presidente General Ernesto Geisel aos Ministros, quando da apresentação do Plano. Na síntese explica que “essa próxima etapa será, necessariamente, marcada pela inluência de fatores relacionados com a situação internacional, principalmente quanto à crise de energia”. E ainda, “será preciso acostumarmo-nos à idéia de que o mundo enfrentará graves problemas, provavelmente crises”. (BRASIL, II PND, 1974, p. 15).

O Plano estabelece “tarefas” que deverão ser cumpridas para atingir os objetivos gerais propostos entre as quais uma especíica à agropecuária, que

é chamada a cumprir novo papel no desenvolvimento brasileiro, com contribuição muito mais signiicativa para o crescimento do PIB e mostrando ser o Brasil capaz de realizar a sua vocação de supridor mundial de alimentos e matérias-primas agrícolas, com ou sem elaboração industrial. (BRASIL, II PND, 1974, p. 16).

No subcapítulo – “O Mundo: Distensão Política, Instabilidade Econômica” – que trata do cenário internacional, reconhecia a crise de energia como uma variável crítica na conjuntura da época, que “já vinha se prenunciando havia pelo menos uma década, sob as vistas descansadas das nações industrializadas”. (BRASIL, II PND, 1974, p. 26). Crise que evidenciou-se com a brusca elevação do preço do petróleo, pelos países produtores do Oriente Médio, no mercado mundial. Crise que afetaria todos os países dependentes do petróleo, mas particularmente os “subdesenvolvidos importadores de petróleo, se nos próximos anos não forem favoráveis à expansão de suas exportações

e aos preços das outras matérias-primas e alimentos tropicais que fornecem à economia mundial”. (BRASIL, II PND, 1974, p. 26).

O Plano avalia

O Brasil se coloca em posição intermediária, nos relexos da crise do petróleo, entre os que pouco dependem de importações, como os Estados Unidos, e os que delas dependem violentamente, como a maioria dos países europeus (BRASIL, II PND, 1974, p. 27).

A orientação básica do Plano, neste cenário, é de procurar “ajustar-se rápida e integralmente, às novas circunstâncias”. (BRASIL, 1974, p. 27). Dentre os ajustes menciona a necessidade de “reduzir importações e aumentar as exportações”. (BRASIL, II PND, 1974, p. 27).

Elencou tarefas, opções, diretrizes e perspectivas a alcançar no período delimitado – 1974-1979 – visando atingir os objetivos propostos.

Estabeleceu campos de atuação e estratégias de desenvolvimento como: a) consolidação de uma economia moderna; b) ajustamento às novas realidades da economia mundial; c) nova etapa no esforço de integração nacional; d) desenvolvimento social; e) integração à economia mundial.

Reservou um capítulo especíico para tratar das estratégias industrial e agropecuária. Estabeleceu a meta de crescimento esperado – de 12% ao ano – para o período do Plano, no qual propunha “realizar a coniguração deinitiva do peril industrial que se deseja, no Brasil”. (BRASIL, II PND, 1974, p. 37), (grifo no original).

Reconheceu ser de difícil execução a meta planejada de crescimento, pois a capacidade instalada não apresentava mais ociosidade e que, ao mesmo tempo, seria necessário promover uma “política de desconcentração industrial, visando o fortalecimento de

novos polos, e de defesa do consumidor [...] e o controle da poluição nos grandes centros urbanos”. (BRASIL, II PND, 1974, p. 37).

Considerando deixar para a iniciativa privada a função de “investir e de produzir com rentabilidade adequada”, icou para o controle estatal somente as iniciativas que “na prática, [...] claramente, demonstrar que [a iniciativa privada ] não pode, ou não deseja, realizá- los” (BRASIL, II PND, 1974, p. 38), mas que poderia ainda, o Governo, recorrer à associação com a iniciativa privada para viabilizá-los e ainda, futuramente, “passar a iniciativa às mãos de empresários” (BRASIL, II PND, 1974, p. 38).

Assim, enumera pontos para implementar a estratégia industrial entre os quais resumidamente são destacados, para análise, os seguintes:

I – Desenvolvimento dos setores de base e, como novas ênfases, particularmente da Indústria de Bens de Capital, da Indústria Eletrônica de Base e da área de Insumos Básicos. (BRASIL, II PND, 1974, p. 38).

IV – Impulso ao desenvolvimento da indústria de alimentos, com continuação do esforço de modernização e reorganização de certas indústrias tradicionais. (BRASIL, II PND, 1974, p. 40).

V – Atenuação dos desníveis regionais de desenvolvimento industrial, evitando-se a continuação da tendência à concentração da atividade industrial em uma única área metropolitana. Dar-se-á estímulo a um melhor equilíbrio no triângulo São Paulo-Rio-Belo Horizonte, e aos polos industriais no sul e no Nordeste, procurando- se compatibilizar os movimentos de descentralização com a preservação de escalas de produção econômica e de economias de aglomeração. (BRASIL,II PND, 1974, p. 40).

Após uma avaliação do desempenho do setor agropecuário nos anos 1960 e 1970, airmava que o signiicado do seu novo papel seria de um lado a “contribuição mais signiicativa à expansão do PIB, com menor preço para o consumidor, maior renda para o agricultor e melhor padrão de vida para o trabalhador” e por outro lado “efetivar a vocação do Brasil como supridor mundial de alimentos, matérias- primas agrícolas e produtos agrícolas industrializados”. (BRASIL, II PND, 1974, p. 41).

Para a execução dessa estratégia foram apresentadas nove áreas de atuação, dentre as quais destacam-se:

I – Política de uso da terra para ins agropecuários, à semelhança do esforço que se vem desenvolvendo em áreas metropolitanas, de zoneamento urbano. Objetivar-se-ão a utilização mais racional desse recurso e a compatibilização das dotações de fatores, nas regiões, com a infra-estrutura física e de serviços. (BRASIL, II PND, 1974, p. 43).

II – Esforço de modernizar e de dotar de bases empresariais o setor agropecuário, principalmente no Centro-Sul.

O objetivo é levar capacidade empresarial, que já se mostrou apta a desenvolver a indústria e outros setores urbanos, a atividades agropecuária nacional. [...] (BRASIL,II PND,1974, p. 43).

III – Execução da Reforma Agrária e Programas de Redistribuição de Terras [...] (BRASIL,II PND,1974, p. 44).

IV – Estratégia de ocupação de novas áreas, principalmente no Centro-Oeste, Amazônia e vales úmidos do Nordeste. (BRASIL,II PND, 1974, p. 45).

O II PND ainda explicitou as opções básicas da estratégia econômica, de integração nacional e ocupação do território brasileiro, de desenvolvimento social e de integração com a economia internacional. Deiniu ainda a política de energia, do desenvolvimento urbano e do controle da poluição industrial e de preservação do meio ambiente e as perspectivas do Brasil para o im da década. Estabeleceu as ações para o desenvolvimento, tais como: os programas de investimentos e de apoio inanceiro dos bancos oiciais, os instrumentos de ação econômica, do emprego e da preocupação com a formação dos recursos humanos, considerando as oportunidades de emprego e do crescimento demográico e também da política cientíica e tecnológica, as prioridades e instrumentos e do programa nuclear e espacial. Por im, deiniu diretrizes no campo do planejamento, orçamento e modernização, reforma administrativa, política de pessoal e da articulação com os Estados e Municípios para a compatibilização de prioridades, apoio inanceiro e consolidação sistemática dos orçamentos estaduais.

Deste Plano derivaram os Programas de Ação de Governo, entre os quais o que abordou a área do Desenvolvimento Urbano, detalhando por região seus objetivos localizadamente. Além desses, no Paraná foi produzido o “Estudo de Integração de Polos Agro-Industriais do Paraná”. O da região sul foi elaborado pelaSuperintendência de Desenvolvimento da Região Sul (SUDESUL) no qual constava uma análise especíica da região quanto às características socioeconômicas, detalhava a situação dos setores produtivos – primário, secundário e terciário –, abordava os principais aspectos dos recursos humanos regionais e a situação da infraestrutura – transporte, energia e comunicações – e alguns problemas básicos quanto ao desenvolvimento urbano. Avaliava ainda as potencialidades regionais quanto aos recursos

naturais e a experiência industrial acumulada, os objetivos e as diretrizes estratégicas orientadoras para o desenvolvimento regional, articuladas ao do II PND quanto à função regional, seus objetivos e ainda sobre a organização racional do espaço, com as propostas e valores de investimento por Estado. (BRASIL, II PND, 1975). O “Estudo de Integração de Polos Agro-Industriais do Paraná” tratava mais especiicamente de detectar as oportunidades para a industrialização do Estado e será detalhado a seguir, retomando depois as avaliações sobre o II PND.

5.13 - Estudo de integração de polos