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5.16 A industrialização nos anos

A mudança do peril econômico do Paraná teve na implantação da CIC seu principal elemento estruturador, que contou com a atuação decisiva do Estado, como visto, iniciado com a atuação de Ney Braga69

quando governador e também quando assumiu outros postos na União, conforme relatado por Lourenço (2003):

Assim, vários espetáculos de enorme pressão política foram protagonizados por Ney ou por importantes técnicos paranaenses alocados por ele em postos-chave da administração federal, preponderantemente entre 1975 e 1978. A estratégia básica consistia na busca da derrubada de reservas de mercado, de resistências políticas e de bloqueios burocráticos – impostos pelos organismos gestores dos incentivos, principalmente o Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI) do Ministério da Indústria e do Comércio (MIC) – para a aprovação de projetos prioritários fora do Sudeste brasileiro.

Em conseqüência dessa postura agressiva capitaneada por Ney Braga, o Paraná contabilizou a instalação de segmentos modernos, tais como os complexos cimenteiro, metalmecânico e de reino de petróleo na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Ao mesmo tempo, o Estado experimentou a modernização dos ramos tradicionais da madeira, papel e celulose e a diversiicação do agronegócio (soja, café, laticínios, rações, frigoríicos etc.). Frise-se que os gêneros da madeira, papel e as atividades agroindustriais apresentavam peril geográico mais desconcentrado. (LOURENçO, 2003, p. 120).

Paradoxalmente, a industrialização do Paraná aconteceu durante períodos de crise brasileira e por um processo de diversiicação industrial ligado principalmente à agroindústria. Razente (2003) explica que

A indústria paranaense, até esse momento considerada rudimentar e quase insigniicante no contexto da formação do valor e na geração de empregos (sic) e renda, torna-se o segundo segmento na geração da renda interna. Ou seja, enquanto o País defronta-se com a crise, o Paraná apresentará um quadro de mudança no crescimento industrial. Tal situação é conseguida pela agroindústria e pela diversiicação da composição industrial, acrescentando outros gêneros industriais, pertencentes à indústria de bens de produção, tais como Material de Transporte, Material Elétrico e de Comunicações além de bens intermediários como o reino de petróleo. A mais importante alteração no peril industrial paranaense é a instalação da reinaria da Petrobrás, em Araucária (proximidades de Curitiba). Por conseguinte, o gênero química, que era essencialmente agroindustrial, determinado pela indústria de transformação de óleos vegetais, passa a ter a petroquímica como segmento dominante. Crescem, também, a indústria de café solúvel, óleos reinados e os frigoríicos. Dentro do gênero de minerais não-metálicos acrescenta-se a expansão da indústria de artigos de cimento e ibrocimento. (RAZENTE, 2003, p. 64).

Importante ressaltar que os aspectos políticos relacionados às decisões locacionais, ocorridos principalmente na década de 1970, foram determinantes na escolha do Paraná, e particularmente de Curitiba e Região Metropolitana, para a introdução de determinadas plantas.

é interessante entender que a “amarração” desse grupo de instrumentos representou a parte interna determinante do ciclo expansivo da economia estadual nos anos 70. Essa etapa de crescimento, antecedida pelo aparato infra-estrutural, contou com o esforço de Ney Braga para orquestrar o desenvolvimento paranaense fora de suas fronteiras, mediante o fortalecimento da presença do Estado no cenário nacional num patamar jamais alcançado. (LOURENçO, 2003, p. 120).

69.Ney Braga foi, depois do mandato de Prefeito de Curitiba entre 1954-57, Governador entre 1961-1965 e 1979-1982 e

Concentração dos recursos para industrialização em Curitiba -1962-1972

Paralelamente aos investimentos em transporte e energia, o inanciamento às indústrias acaba sendo decisivo, inclusive em relação à determinação da localização das mesmas. No período inicial em que se veriica maior intensidade da industrialização paranaense veriica-

regiões Curitiba P. Grossa U. Vitória Guarapuava Jacarezinho Londrina Maringá C.Mourão Total

Valor total contratado 260.279 44.926 4.254 34.516 17.167 72.373 19.425 12.293 465.233 no período*

Proporção em relação 55,95% 9,66% 0,91% 7,42% 3,69% 15,56% 4,18% 2,64% 100,00% ao Total

Fonte: Augusto, 1978, adaptada por Bergoc, 2008. * A preços correntes de 1972 (NCr$ 1000).

se a coincidência com a concentração de recursos públicos destinados à Capital, cujos dados entre 1962 e 1972 foram levantados por Augusto (1978, p. 204-6) e encontram-se resumidos na tabela 14 abaixo.

O gráico 12, baseado na tabela evidencia a diferença de empréstimos a diferentes regiões do Paraná no período de 1962 a 1972, pelo órgão estadual responsável pela política de industrialização.

Fonte: Augusto, 1978 Organizado por Bergoc, G.J.

. 1970-75.

TABELA 14 EMPRéSTIMOS E AVAIS CONTRATADOS. RECURSOS PRóPRIOS E DE TERCEIROS POR REGIãO - 1962/1972 EM %

Como pode ser observado, no período de 10 anos, entre 1962 e 1972, a Capital recebeu 55,95% de todos os recursos destinados à industrialização pelo Estado. Embora a ideia propagandeada tenha sido a da “industrialização do Estado”, na verdade foi promovida a concentração da industrialização na Capital.

Duas grandes montadoras, uma de caminhões e outra de colheitadeiras e tratores (LOURENçO, 2003, p. 125), se instalaram em Curitiba, em função dos atrativos proporcionados tanto pela infraestrutura disponível quanto pelos inanciamentos ou participação nos capitais das empresas oferecidos pelo Governo Estadual, e acabaram atraindo parcela de seus fornecedores, assim como outras indústrias de diversos ramos, como as do setor elétrico, de materiais de comunicação, além das empresas prestadoras de serviços especializadas em atender às demandas industriais. “No período de 1960 a 1970, Curitiba apresentou um crescimento médio anual de 33 novas indústrias. Entre 1970 e 1980, período de instalação da CIC, o crescimento foi de 51 novos estabelecimentos.” (FARACO, 2002, p. 211). O crescimento da quantidade de indústrias mudou o peril econômico do município.

Nos 12 anos seguintes à implantação e consolidação da CIC (74/85), os valores adicionados pelo setor secundário, em relação ao total dos valores adicionados no município, saltam de uma participação de 51,77%, no ano de 1974, para 67,12%, no ano de 1985. Enquanto isso, o setor terciário decresce de uma participação de 45,12%, no ano de 1974, para 32,65%, no ano de 1985. No período, o setor primário diminuiu sua participação de 3,11%, em 1974, para 0,23%, em 1985. Estes anos são os de consolidação da CIC. (FARACO, 2002, p. 212).

Altera também o peril econômico do Estado e a distribuição geográica das indústrias que antes loresciam nos municípios do

interior, em razão das brechas deixadas pelas indústrias de porte existentes no Brasil, principalmente do estado de São Paulo, e pela falta de infraestrutura adequada que possibilitasse a distribuição das mercadorias produzidas nesses grandes centros aos municípios menores.

[...] Até os anos sessenta, empresas pequenas operando em mercados locais garantiam uma distribuição relativamente homogênea da produção industrial segundo as diversas regiões do Estado. Entre 1975 e 1979 a concentração espacial da indústria dá um salto com o avanço da produção localizada em Curitiba [...]

As cidades do interior do Estado permanecem baseando suas atividades nos gêneros tradicionais da agroindústria, dependentes de maior proximidade dos centros produtores de matérias-primas. As indústrias não-tradicionais concentram-se progressivamente em Curitiba, em especial as industriais de Metal-Mecânica. [...] dos 137 fornecedores industriais paranaenses da Metal-Mecânica apenas 6% localizavam-se no interior do Estado. (CARNEIRO LEãO, 1989, apud RAZENTE, 2003, p. 66).

Antes da implantação da CIC, o peril econômico do setor secundário de Curitiba tinha predominância dos ramos destinados ao consumo local ou regional. “No ano de 1974, as indústrias de bens intermediários eram as responsáveis por 57,04% do valor adicionado do setor secundário, e, no de 1995, as indústrias desse grupo vão representar apenas 17,92%.” (FARACO, 2002, p. 214). Analisando o que ocorreu na região, o IPEA (2000) airma que

Parte signiicativa da atividade econômica paranaense concentra- se na mesorregião metropolitana de Curitiba e, dentro dela, com bastante intensidade, no município de Curitiba. No início dos anos 70, a mesorregião metropolitana divide, em desvantagem, com a mesorregião norte-central a maior participação na renda do estado. Com as mudanças no peril industrial paranaense, fortemente centradas em Curitiba, a mesorregião passa a apresentar uma participação crescente, superando,

já em 1980, todas as demais do estado, quando responde por 37,34% da renda estadual. Essa trajetória acentua-se e, em 1996, já alcança 42,33%. Mais da metade dessa renda é gerada por Curitiba, que se destaca como pólo industrial e de serviços do Paraná.

Poucos municípios da região inserem-se nesse processo e apenas alguns acompanham a mudança do peril industrial. Curitiba, ao longo de duas décadas, dobra sua participação na renda – de 13,7% em 1975 para 25,67% em 1996. As condições favoráveis no quadro nacional, aliadas à possibilidades abertas pelos mecanismos institucionais de estímulo do Fundo de Desenvolvimento Econômico do Estado, foram capazes de atrair para o Paraná alguns dos segmentos modernos da metal-mecânica, com empresas de grande porte – como é o caso da Volvo, New Holland, Bosch, dentre outras. Essas empresas estão sediadas na Cidade Industrial de Curitiba – empreendimentos que também resulta das gestões de reforço político de industrialização do estado. (IPEA, 2000, p. 123).

Os novos ramos implantados na Capital, metal-mecânico, comunicações, mecânica, metalurgia, passaram a ser predominantes em relação ao Estado, mudando o peril econômico de Curitiba e de alguns dos Municípios da Região Metropolitana, que acompanham essa trajetória.

A construção da Reinaria de Araucária e sua entrada em operação estão entre as realizações relacionadas ao I PND que tiveram desdobramentos no Paraná.

Reinaria Araucária

A construção da reinaria Presidente Getúlio Vargas levou cinco anos, entrando em operação em 1976. Implantada no Município de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, impactou tanto na arrecadação de impostos quanto nas possibilidades locacionais de

outras indústrias complementares ou que utilizam seus produtos como matéria-prima. Era a maior planta industrial do sul do país na área petroquímica, responsável pelo fornecimento de cerca de 12% dos derivados de petróleo no Brasil.

A construção da reinaria, a implantação das montadoras e demais empresas atraídas para a CIC e outros Municípios da Região Metropolitana de Curitiba geraram quantidade considerável de empregos, criando uma atração sobre a população do interior no período em que se observava a expulsão do homem do campo. Juntamente com o crescimento da quantidade de empresas e empregos está o crescimento populacional, tratado nas “considerações sobre a população e a PDU”.

A política de concentração da industrialização paranaense em Curitiba e Região Metropolitana, levada a efeito continuamente por todos os governadores que passaram pelo Palácio do Iguaçu, mesmo quando eleitos “pelo interior”, produziu vários tipos de desequilíbrios, que ainda carecem de crítica aprofundada, relacionando, entre outros, os aspectos sociais, ambientais, econômicos e políticos. Essa industrialização foi conseguida através do direcionamento de recursos públicos de todo o Estado para o favorecimento da Capital, em detrimento da infraestrutura e estrutura construída no interior, que acabou sendo subutilizada com a concentração ocorrida, avaliando- se inclusive a hipótese de ter provocado a estagnação de alguns municípios, assim como dos problemas relacionados às condições de vida pelos processos migratórios que impôs à população das demais regiões paranaenses.

Em 1970, observou-se uma modiicação signiicativa na estrutura econômica do Estado em relação a 1960, pois o PIB do setor primário passou a representar apenas 26% do total, enquanto o secundário aumentou para 23% e o terciário saltou para 51% do total, conforme dados do IpeaData. (Gráico 13).

A alteração, como visto, deveu-se às políticas que o Estado implantou a partir da década de 1960, visando atingir esse objetivo e teve nos inanciamentos às indústrias pela CODEPAR/FDE seu carro-chefe. Vários Municípios do Paraná acreditaram na perspectiva apontada pela política governamental, entretanto poucos tiveram acesso aos recursos disponibilizados, conforme visto. A partir da década de 1970, os Municípios procuraram criar políticas próprias e também as respectivas cidades ou parques industriais.

Fonte: IPEA, IpeaData, Dez/1970

Na falta de um órgão estadual de planejamento da industrialização no Paraná, os municípios vêm chamando a eles a responsabilidade de induzir a industrialização a nível (sic) local. Os dois exemplos mais conhecidos são a URBS em Curitiba e a SUDESIL em Londrina. (CESÁRIO, 1981, p. 51).

Em Londrina foi criado em 1971 o Parque das Indústrias Leves (PIL) e logo depois a Superintendência do Desenvolvimento Industrial de Londrina (SUDESIL) “antes por necessidades estruturais do próprio sistema econômico do município, do que por uma decisão imposta por escalões administrativos superiores”. (CESÁRIO, 1981, p. 51). O Parque das Indústrias Leves de Londrina, com área de 477.200 metros quadrados, tinha no início da década de 1970 vinte indústrias em funcionamento, cinco em fase de execução e sete para serem construídas, mostrando certo dinamismo na sua implantação.

No curto prazo de quinze meses, a área acabou por formar um aglomerado de indústrias, com ramo de atividades os mais variados, numa situação geográica privilegiada em termos do município e da própria região. Os empresários receberam incentivos iniciais de infra- estrutura: saneamento, terraplenagem, energia elétrica e rede telefônica. Além disso, a aquisição foi facilitada. (CESÁRIO, 1981, p. 51).

Depreende-se do relato da autora grande envolvimento do poder público local no apoio aos empresários, não só em relação aos incentivos materiais como também no treinamento dos empresários, assessoria jurídica, pesquisas e projetos, coordenação de implantação das indústrias e até na promoção de atividades de integração entre empresários e trabalhadores do local.

Ainda na década de 1970 foram criados os Centros Industriais de Londrina (CILOS), que consistiam em grandes áreas afastadas da malha urbana, entretanto próximas de rodovias e ferrovia, além GRÁFICO 13 PIB SETORIAL PR-1970

da energia e comunicações, destinadas a receber as indústrias que necessitassem de áreas maiores, que tinham no Parque das Indústrias Leves seu piloto.

Consideramos o Parque como um embrião fértil do Distrito Industrial que será implantado nos próximos meses. é lógico que não foram abertas apenas perspectivas dentro da programação industrial para as indústrias de menor porte. Também as grandes indústrias têm o oferecimento de condições para a sua instalação em Londrina. (SUDESIL, 1972, apud CESÁRIO, 1981, p. 54).

Outros Municípios da região tiveram iniciativas semelhantes, procurando atrair indústrias para terrenos ao longo das rodovias que em geral passavam por suas áreas urbanas, como foi o caso de Ibiporã, Cambé, Rolândia, Arapongas, Apucarana, Mandaguari, Maringá, situados ao longo da BR 369 e 376. Em muitos casos, em função das isenções oferecidas pelos municípios menores, houve a simples troca de indústrias entre eles, fatos que ainda não foram pesquisados de forma deinitiva, mas que trouxeram algumas consequências na organização do espaço regional.

Nessa época existia a política de industrialização do Paraná, iniciada na década anterior, com órgãos e instrumentos criados para tratar desse processo, como a CODEPAR e o FDE, como já relatado. Entretanto, a pesquisadora chama a atenção para a falta de um órgão estadual de planejamento industrial e ainda, mais à frente, volta a reairmar que

A criação do Parque e da SUDESIL teve ainda um signiicado maior – foi o momento em que a Prefeitura chamou a si a responsabilidade de desencadear o processo de industrialização. A tomada de posição se deu em decorrência de fatores estruturais locais. Nestes anos de formação da estrutura econômica na região, o setor industrial se caracterizou

pelo aparecimento de um elevado número de pequenas indústrias, com apenas um ou outro grande empreendimento. Como as pequenas indústrias são, justamente, aquelas que maiores problemas encontram, foi esta faixa que exerceu maior pressão sobre a administração pública municipal. Na falta de apoio dos órgãos oiciais, estaduais e federais, no sentido de elaboração de um programa de desenvolvimento do setor secundário que viesse, de imediato, atender às necessidades dos empresários desta faixa de indústrias, acorreram ao poder público municipal. (CESÁRIO, 1981, p. 53).

Era de conhecimento da autora a existência dos órgãos estaduais, pois são citados no trabalho. Reconhece que

Outro fator favorável ao crescimento industrial nesta década foi o estímulo dado por parte do governo estadual, na forma de isenção de impostos e inanciamentos a baixos juros, o que levou grupos a investirem no setor secundário. (CESÁRIO, 1981, p. 41).

A crítica exposta é que esses órgãos estaduais não atendiam aos interesses dos pequenos empresários, sendo que estes representavam 96,11% do total de estabelecimentos industriais do Paraná em 1970 e em grande parte estavam localizados nos 284 Municípios do interior do Estado, que precisaram procurar os caminhos da industrialização por seus próprios meios se fosse de seu interesse.

Na avaliação de Cesário (1981, p. 18)

Apesar de o Paraná contar com unidades industriais importantes como a “Indústria Klabin do Paraná de Celulose S/A” (Telêmaco Borba), a “Usina Protótipo de Xisto Piro-Betuminoso (São Mateus do Sul), a “Cacique de Café Solúvel” (Londrina), não se identiica, geograicamente, a formação de nenhum centro industrial importante.

Em termos de “Norte do Paraná” o que se nota é a presença de um processo industrial novo, voltado para a transformação de produtos agrícolas ou produção de bens destinados à agricultura, com leve tendência a se centralizar em Londrina.

Poucos anos depois, a SUDESIL foi extinta em função da criação da Companhia de Desenvolvimento de Londrina (CODEL) em 1973, com o objetivo de promover ações para o desenvolvimento econômico e social do Município. Tratava-se de uma sociedade de economia mista – governo e empresários – que passou a atuar na atração de investimentos visando a industrialização do município, procurando suprir a falta de apoio dos órgãos estaduais e federais.

Esse exemplo se multiplicou em vários outros Municípios da região norte e do estado, cuja história ainda merece registro, sendo que muitos deles avançaram principalmente em agroindústrias, procurando tirar proveito das matérias-primas oriundas dos produtos locais ou regionais.

No entanto, o que se depreende desse processo de iniciativa dos Municípios, muitas vezes associados aos empresários locais, é que o Estado através dos seus órgãos ou das empresas estatais não apoiou de forma tão incisiva como fez na Capital. Dirigentes da Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL) criticaram a política de industrialização do Paraná que, segundo Duque70 (apud SCHWARTZ,

1997, p. 111), “a criação do Centro de Desenvolvimento Industrial do Paraná (Cendi) desestimula a implantação de indústrias fora da Cidade Industrial de Curitiba”. Foi nesse período, década de 1970, que começou a reaparecer a proposta de divisão do norte do Paraná.

Indo além, o ex-prefeito Dalton Paranaguá airma que dinheiro da União e do Estado chega a fundo perdido “para o belo distrito industrial de Curitiba”, em prejuízo de outros municípios, “por mera discriminação política”. (SCHWARTZ, 1997, p. 111).

No inal da década de 1970, um terceiro momento separatista da região norte é acrescentado por Nakagawara (1981, p. 105) a esse “sentimento”, que é a defesa pública da proposta de subdivisão do Estado, pelo então prefeito de Londrina Dalton Paranaguá, argumentando maior facilidade administrativa e justiicando a proposta em função das distorções oriundas da administração da Capital em relação à região.

Produzindo – a época – aproximadamente 60% da riqueza estadual, o Norte do Paraná tem retorno inferior a 40%, dependência que não permite à região “realizar suas maiores aspirações”, argumenta Paranaguá. A Rodovia do Café “é a estrada do vai, porque não tem o retorno”, em termos de riqueza, airma ele. (SCHWARTZ, 1997, p. 111).

Chegou a hora e a vez de fazermos como Mato Grosso. Se quisermos ter nossos direitos atendidos, que tenhamos o Paraná Norte. Seremos irmãos e amigos, mas os nossos direitos estarão sendo atendidos com a administração própria dos recursos gerados por nós. (SCHWARTZ, 1997, p. 111-112).

Em nenhuma das vezes as reivindicações do norte do Paraná chegaram a se concretizar, como ocorreu quando da criação do Território do Iguaçu, no sudoeste. Entretanto manteve o fantasma da divisão presente junto à elite estadual.

O resultado do esforço da industrialização “paranaense” pode ser veriicado no conjunto da economia do Estado. Trintin (2005) comenta a alteração do peril econômico estadual comparando a renda entre a década de 1970 e 1980, observando que a agricultura “teve sua participação relativa na renda estadual reduzida, passando de 25,17%, em 1970, para 18,53%, em 1980. No mesmo período, a indústria saltou de 16,6% da renda interna em 1970 para 28,07% em 1980. (TRINTIN, 2005, p. 14).

70.

Ao comparar os dados de cada mesorregião com o PIB total do Estado veriica-se, já em 1970, a diferença que a mesorregião de Curitiba tinha em relação às demais.

A Mesorregião Metropolitana de Curitiba apresentava 30,8% do PIB estadual, enquanto a Norte Central, 19,3%, seguida pelas mesorregiões Oeste, Norte Pioneiro e Noroeste com 8,1%, 7,7% e 7,5% respectivamente. As duas últimas estão localizadas no norte do