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Ambições acadêmicas e máquinas de guerra: Será que a história nos enganou?

A necessidade de constituir um veículo próprio para disseminar seus estudos e sua compreensão da história leva Bloch e Febvre a criarem sua própria revista de história. A ideia inicial partiu de Lucien Febvre, que manifestou o interesse em criar uma revista internacional de história, em 1921. Ele levou essa proposta à Seção de História Econômica no Congresso Internacional de Bruxelas em 1923[478], quando após um impasse sobre a inclusão ou não dos alemães acabou sendo esquecida[479]. No começo de 1928 Bloch reviveu a ideia, mas propondo a criação de uma revista nacional de excelência, com colaboradores internacionais. Henri Pirenne havia sido convidado para ser um dos diretores dessa nova revista, mas declinou. Foi então que se empenharam, ao longo do ano de 1928, trocando intensa correspondência. Instalados na Universidade de Estrasburgo, alimentavam o desejo de ocupar uma cadeira de História nas prestigiosas instituições da capital, o Collège de France ou então a Sorbonne. E a revista, bem o sabiam, poderia ser a ferramenta indispensável para isso. No verão de 1928 Bloch foi para o VI Congresso Internacional de Ciências Históricas, em Oslo, onde anunciou a criação de Annales de Histoire Economique et Sociale, e lá fez os contatos necessários para angariar os primeiros colaboradores e artigos[480]. No panfleto que levou a esse respeito indicava que o novo periódico seria orientado para os problemas e não para os antiquários.

Não queremos uma revista de erudição pura e seca, de uma nomenclatura usada de fabricantes de fichas em série; nós queremos uma revista bem-informada, que possa se ler e que sustente seu contingente de informações não somente nos especialistas, no sentido estreito do termo, de história “econômica” –, mas a todos os historiadores e mais geralmente a todos aqueles que se interessam pela vida intelectual, que se intitulam sociólogos, filósofos, juristas ou economistas[481].

A ideia de uma história-problema não era nova, já havia sido proposta por historiadores como Lord Acton, na Inglaterra, ou Michelet, na França. Ela se opunha à história-relato, na qual os

acontecimentos eram encadeados numa sequência causal. Estabeleceram contatos com alguns editores, como Émile Bréhier, da Livraria Universitária J. Gamber, Pierre Caron, das Edições Rieder, e com E. Schneider, da Editora Alcan; este último revela que sua editora já publicava o

Journal des Économistes. Depois de negociações com as editoras Alcan e Armand Colin, firmaram

contrato com esta última. Os Annales deveriam ser um manual atualizado de combate, escrito em linguagem acessível e para difundir as principais realizações no campo da história econômica e social realizados na França e em outros países.

Ambiciosos, antes mesmo de sair o primeiro número da revista, no final de 1928, Febvre e Bloch anunciaram sua candidatura a uma cadeira no Collège de France. Diga-se de passagem que o desejo de lecionar em Paris era natural. Lá estavam as melhores universidades, alunos, arquivos organizados, atividade cultural, editoras, revistas e bibliotecas. Como a revista ainda não lhes havia auferido certa preeminência no cenário historiográfico francês, embora já tivessem produzido trabalhos com certa repercussão, não deixou de ser uma estratégia eficiente de disputa da hegemonia exercida pelos periódicos fundados em Paris. Febvre era oito anos mais velho que Bloch, filho único, estudioso, que havia passado pela Escola Normal Superior pouco antes de sua reforma e incorporação à Sorbonne. Escolheu abraçar a carreira de historiador para rever “a história vista pelos vencidos de 1879”[482] e por meio do estímulo de três normaliens: Gustave Bloch, Gabriel Monod e Christian Pfister. Admirado pelos pares, professor imaginativo e brilhante criou em Estrasburgo o Instituto de História Moderna.

As relações de Febvre com os intelectuais mais velhos e suas qualificações acadêmicas e profissionais eram tão consideráveis quanto as de Bloch em 1928, embora este tivesse o apoio do próprio pai, professor famoso da Sorbonne, e pelo notável Henri Pirenne. Mas Febvre tinha acabado de publicar um estudo muito comentado sobre Martinho Lutero. Seu perfil humanista e cosmopolita o projetava para além de Estrasburgo. Personalidades semelhantes, ambos eram patriotas e procuravam manter-se longe das disputas políticas. Bloch acabou declinando de sua candidatura ao Collège de France em prol do amigo. Naquele ano Febvre havia completado 50 anos. Dois anos antes, em 1926, sua candidatura para a cadeira que havia sido de Charles Seignobos foi rejeitada na Sorbonne; em março de 1932 ele tentaria outra vez, sem sucesso. Sua sorte mudou quando o ministro da Educação criou uma nova cadeira de História Moderna no Collège e escolheu Febvre para dirigir a prestigiosa Encyclopèdie Française, onde liderou mais de 300 colaboradores. Assim, Febvre foi escolhido por unanimidade para a cadeira recém-criada. Em carta para Bloch afirma: “agora será a sua vez”.

De fato, naquela altura, Bloch destacava-se internacionalmente graças ao reconhecimento da revista Annales, tendo recebido a incumbência de escrever um livro sobre a Idade Média para a coleção de Henri Berr, a Evolução da Humanidade. Bloch deu aulas em Gand, em Madri, e na London School of Economics. Em 1933 surgiu uma nova vaga no Collège, com a morte do germanista Charles Andler, e Bloch passou a escrever cartas para angariar simpatizantes à sua candidatura. Mas, naquela conjuntura, sua condição judaica foi um fator que pesou na sua recusa. Nesse mesmo ano a artrite deixou suas mãos quase paralisadas, e ele teve de ser substituído nas aulas por Charles- Edmond Perrin[483]. Não foi escolhido. Com a morte de Camille Jullian, nova vaga se abriu em 1934. Febvre, que havia levado a revista Annales para Paris, vinha sendo criticado pelo amigo, que chamou de “muito parisiense”, de muito devotado à sua nau enciclopédica (a Enciclopédia

Francesa), e de dar pouca atenção ao periódico[484]. Durante a campanha novos reveses surpreenderam Bloch e, por fim, a própria suspensão da seleção, devido a cortes orçamentários do governo em virtude da guerra. A crise na relação entre ambos havia piorado com a transferência da revista. Ainda em 1934 Bloch foi convidado para redigir um texto sobre a economia medieval, para a

Cambridge Economic History.

Em 1935 é aberta uma nova cadeira, a de História do Trabalho, de François Simiand, e Bloch se apresenta com mais quatro candidatos. A psicologia acabou triunfando sobre a sua proposta de história comparada das sociedades europeias. Febvre confessou-lhe que o antissemitismo poderia ser o fator que vinha atrapalhando sua escolha[485]. A relação entre ambos vivia momentos difíceis. Febvre havia, inclusive, se empenhado na candidatura de Émile Dolléans (1878-1954), algo que Bloch não conseguiu compreender. Ele protesta, inclusive, outras vezes, quando vê Febvre publicar resenhas elogiosas a trabalhos de seus concorrentes[486].

O exaustivo trabalho de seleção, de produção de resenhas e textos para os Annales tomou o tempo de seus diretores principais, que voltaram a publicar obras fundamentais anos depois: A sociedade

feudal (1939-1940), por Bloch, e O problema da descrença no século XVI: A religião de Rabelais

(1942), por Febvre. A grande questão da revista Annales era a difícil captação de assinantes e a redução sensível das vendas. A disputa com a Revue Historique era desigual: estes podiam contar com os artigos dos melhores nomes existentes no cenário historiográfico francês

Com a morte de François Simiand, Bloch mais uma vez se anima a candidatar-se ao Collège, mas, com a vaga da cadeira de Henri Hauser na Sorbonne, a única cátedra de História Econômica que existia, ele resolveu optar pelo caminho mais seguro. Nesse ano, 1935, havia morrido Pirenne, que também vinha tendo atritos com Febvre. Isso motivou mudanças na revista, cujo conselho-diretor raramente se reunia. Ficava claro que Febvre estava a construir um caminho próprio de preeminência, gerando turbulências com seus antigos colegas e parceiros. Eleito, Bloch seguiu para a Sorbonne em 1936, mesmo ano em que foi criado o Centre Nacional de la Recherche Scientifique (CNRS). Na Sorbonne foi um professor admirado e popular. Seu primeiro curso foi sobre “A paisagem rural e a instituição senhorial na França e na Inglaterra, das origens até o século XIX”[487]. Criou, com Maurice Halbwachs, o Instituto de História Econômica e Social. Sua obra idealizada em 1931, sobre o feudalismo, começou finalmente a ganhar corpo. Depois de esboços publicados esparsamente, ele pôde sintetizá-los na esperada A sociedade feudal, com o primeiro volume publicado em 1939, e o segundo em 1940, na prestigiada coleção de Henri Berr. Nela transcendeu os esquematismos jurídicos ou os textos localizados, para realizar uma grande síntese sobre o feudalismo europeu, inclusive tecendo comparações com outros lugares, como o Japão. De certo modo, sua abordagem de uma história global remete à História da Europa redigida por Pirenne na prisão, entre 1914 e 1918[488]. Essa obra coroa sua longa e difícil colocação no universo historiográfico de então.

Contudo, A sociedade feudal tem suas restrições. Sua Europa era o mundo carolíngio, ignorava praticamente o clero e a burguesia, e sugeria o surgimento do nacionalismo no século XIII. Mas a crítica mais contundente veio do próprio amigo: Febvre reputou o livro como muito esquemático, desprovido de pessoas concretas e com um enfoque estreito de civilização. Antes mesmo da publicação do segundo volume, Bloch teve que regressar ao exército, juntando-se a milhares de

reservistas para combater a ameaça nazista. Em relação à revista, Febvre se impôs, mudou seu título, substituiu membros do corpo editorial. Naquele momento, 1940, Bloch perguntou a Febvre o que achava de sua possível candidatura à direção da Escola Normal Superior. O amigo respondeu que tinha uma personalidade muito inflexível e que, do ponto de vista profissional, tal pleito poderia ser compreendido pelos rivais como ambição desmedida. Aponta, por fim, o antissemitismo como um obstáculo ao seu pleito. Em 1939 Bloch deu aulas em Bruxelas, em Cambridge e em Estrasburgo. Em meados de agosto viajou a Genebra. Aflito com o futuro dos filhos, que estavam perto de ingressar na faculdade, e com a sorte da família, que era judia, ele redigiu A estranha derrota. Obra em três partes, com uma abordagem típica de uma acusação judicial: o depoimento de um vencido, o exame de consciência de um francês e uma avaliação militar e política da derrota. Ali narra também suas experiências na guerra, redigidas “febrilmente de julho a setembro de 1940”[489]. E indicou o despreparo e a inatividade dos franceses para o conflito. Havia falta de equipamentos, problemas de avaliação e liderança das operações, dificuldades de comunicação com os aliados belgas e ingleses.

Em 1939 a revista Annales foi reduzida a quatro números e passou a ser publicada pelos próprios diretores, recebendo o título de Annales d’Histoire Sociale. No editorial justificaram a mudança do título, alteração principalmente devida aos direitos do antigo editor, Armand Colin. O pomo da discórdia havia sido o número especial sobre a Alemanha, de novembro de 1937. A partir de então “surgiram desacordos graves acerca de determinados artigos e recensões, e verificaram-se debates processuais acerca do controle e tomada de decisões”[490]. Bloch reclamava da falta de reuniões entre os editores e dos atrasos na publicação. A grande divergência, contudo, vinha do fato de que Febvre buscava novos talentos e desejava constituir uma revista mais voltada para a história social, assumindo uma atitude mais combativa e política, passando a atacar diretamente o poder representado pela geração de historiadores metódicos em Paris[491]. Bloch queria uma revista mais econômica, pedia mais “seriedade e inteligência” e menos panfletismo. Com a intensificação da guerra e sua chegada ao território francês, Bloch decide se mobilizar novamente e Febvre ficou sozinho na condução da revista Annales. Naquele momento a grande ameaça da revista não era somente a indiferença da Sorbonne, mas o afastamento de seus diretores. Detalhe importante a considerar é que, nos seus 17 anos de permanência em Estrasburgo, Bloch só concluiu uma orientação de mestrado, realizada pelo americano William Mendel Newman (1902-1977), cujo diário revela uma relação turbulenta, marcada por desentendimentos constantes e várias referências negativas às aulas e à personalidade de seu tutor[492]. Naquele momento definiram-se algumas características que marcaram a imagem da revista Annales: predomínio dos artigos em história econômica, praticamente nada sobre biografias, história eclesiástica, história política, história diplomática ou militar, ou de história das ideias. Poucos artigos também sobre história social ou cultural. A revista era antimarxista, valorizava a interdisciplinaridade, rejeitava o historicismo alemão e todas as formas de determinismo. Segundo Fink, “com recursos e ambições limitados não criou séquitos nem escolas, mas fez irradiar um espírito de abertura próprio”[493]. Mas isso já existia na Revue de Synthèse, por exemplo.

Durante o início das operações de guerra, Bloch confessa: “A ideia dominante dos alemães na condução desta guerra era a velocidade. Nós, pelo contrário, pensávamos em termos de ontem e de anteontem [...] fomos totalmente incapazes de compreender o ritmo acelerado dos tempos”[494]. Se a

defesa da França havia sido uma lástima, assim como os pífios contra-ataques, a retirada foi exemplar, embora os ingleses tenham embarcado antes das tropas francesas que abandonaram Dunquerque por último, no dia 5 de junho de 1940. Em Rennes, Bloch adotou, em suas próprias palavras, uma “solução de professor”, vestindo-se de civil, hospedando-se em um hotel e evitando ser capturado pelos alemães.

A ocupação alemã pôs fim à Terceira República e criou, virtualmente, três Franças: uma exilada com De Gaulle em Londres, outra ocupada e administrada pelos alemães, e uma terceira, a zona livre, administrada a partir da cidade de Vichy, que se tornou colaboracionista e autoritária. Sobre Bloch pesava o risco de ser judeu. Foi a Vichy obter licença para lecionar, sendo deslocado para Clemont-Ferrand, onde estava parte da sua antiga Universidade de Estrasburgo, evacuada. A política antissemita adotou leis excluindo os judeus do serviço público. Para lá levou toda sua família e começou a avaliar as possibilidades de exílio. Com dificuldades, obteve uma bolsa da Fundação Rockfeller para lecionar nos Estados Unidos, mas não teria como levar toda a família (mãe, filha e filho de 17 anos não poderiam deixar a França), bem como teria dificuldades para obter passaportes. Mas, graças ao reitor Jérome Carcopino (1881-1970), pôde se manter empregado, apesar de ser judeu, bem como teve permissão para levar toda a família para os Estados Unidos. Foi duas vezes a Marselha para obter vistos e preparar a viagem. Mas seus recursos não seriam suficientes. Aos 54 anos redigiu seu testamento no ano 1941. Pouco depois sua mãe morreu e sua esposa adoeceu. Passou a ler e a lecionar e redigiu o esboço para projetos futuros: uma história da França, outra sobre a moeda francesa, estudos sobre o Império Germânico, sobre os Estados Unidos, um romance policial e uma obra sobre o ofício do historiador[495].

Para que a revista Annales não fosse encerrada pelos nazistas, Bloch travou uma enorme discussão com seu amigo, pedindo para que interrompesse a publicação. Mas Febvre insistiu em mantê-la e retirou o nome do colega da direção, que a partir daí enviou somente quatro colaborações, sob o pseudônimo de Fougères. Antes disso, Febvre havia sugerido a Bloch que desistisse da sociedade e lhe concedesse a direção exclusiva da revista. No meio de tantas crises Bloch conseguiu os vistos, mas não viajou. Continuou redigindo seu Apologia da história, teve que ir lecionar em Montpellier e, apreensivo com a perseguição aos judeus, resolveu proteger sua família e também seus livros, que chegaram a ser confiscados, com o decreto de liquidação de todos os bens judeus em Paris. No verão de 1942 sintetizou suas notas e apontamentos no livro Estranha derrota. Naquele ano a revista passou a estampar o título Mélanges d’Histoire Sociale. As provas da revista ou as indicações dos textos a serem publicados não eram mais comunicadas a Bloch, que se queixava ao amigo[496].

Apologia da história é uma obra nitidamente inspirada na abordagem compreensiva e erudita

alemã, combinada ao espírito prático e de síntese de Bloch. Buscar as causas, encontrar os nexos, esforçar-se pela imparcialidade, pela necessidade da crítica documental, entre outros aspectos, conferiram-lhe um lugar de destaque nos estudos históricos, embora os méritos de seu pequeno livro sejam bastante modestos. Não há ali nenhuma novidade. Redigida entre 1941 e 1942, a obra procura discutir o ofício do historiador. Segundo Bloch

A história não apenas é uma ciência em marcha. É também uma ciência na infância: como todas aquelas que têm por objeto o espírito humano, esse temporão no campo do conhecimento racional. Ou, para dizer melhor, velha sob a forma embrionária da narrativa, de há muito apinhada de ficções, há mais tempo ainda colada aos acontecimentos mais imediatamente apreensíveis, ela permanece, como empreendimento racional de análise, jovem. Tem dificuldades para penetrar, enfim, no subterrâneo dos fatos de superfície, para rejeitar, depois das seduções da lenda ou da retórica, os

venenos, atualmente mais perigosos, da rotina erudita e do empirismo, disfarçados de senso comum. Ela ainda não ultrapassou, quanto a alguns dos problemas essenciais de seu método, os primeiros passos[497].

Para Otto Oexle, Bloch faz, a seu modo, empresa semelhante à de Dilthey: a crítica da razão histórica, afinal “os fatos históricos são, por essência, fatos psicológicos e as condições sociais, em sua natureza profunda, mentais[498]. Alude também à influência certamente sofrida de Georg Simmel e de Max Weber, pois ambos remetem os fatos sociais às dinâmicas mentais.

A intensificação das perseguições o fez, aos 56 anos, ingressar na Resistência Francesa, entre o fim de 1942 e o início de 1943, com a qual ele havia tido contatos em Montpellier. Adotou o codinome de Nardonne, e passou a colaborar com o Le Franc-Tireur, jornal de combate aos nazistas. Na Páscoa de 1943 encontrou-se pela última vez com o amigo Febvre, em Le Souget. Esteve mais seis vezes em Paris para se encontrar com a esposa e filhos. Capturado na Pont de la Boucle, em Lyon, no dia 9 de março de 1944, foi preso e submetido a duas sessões de tortura. Depois disso, ficou quase um mês na enfermaria devido a uma pneumonia. Recuperado, sofreu mais dois interrogatórios e foi novamente torturado. Transferido para uma nova cela, em Montluc, no dia 16 de junho de 1944, por volta das nove horas, ele e mais 28 presos foram conduzidos a um caminhão e, em Saint-Didier-de-Formans, de quatro em quatro foram obrigados a descer da viatura, recebendo rajadas de metralhadora e depois tiros na cabeça ou na nuca.