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ANÁLISE DE CONTEÚDO DOS DISCURSOS DAS MÃES REFERENTES AOS SEUS SENTIMENTOS EMPÁTICOS

Em relação à análise de conteúdo semântico, primeiramente, é importante frisar que as categorias formadas a partir das respostas dadas pelas mães não foram excludentes. Assim, cada resposta de uma participante pôde estar presente em mais de uma categoria. Outro ponto importante que merece ser mencionado, na presente análise, é que as categorias de cada questão foram descritas e exemplificadas para facilitar a compreensão das tabelas, que foram apresentadas em seguida. Apenas as categorias referentes aos sentimentos empáticos não precisaram de descrição, já que os nomes dados a elas corresponderam pontualmente às respostas oferecidas pelas participantes.

Após cada explicação e exemplificação das categorias, foi apresentada uma tabela com suas frequências de respostas, porcentagens e Qui-quadrado (X2). Quadros contendo

uma síntese de todos os resultados foram colocados para facilitar a leitura e possibilitar uma visão global da análise.

Primeiramente serão expostos os resultados referentes aos sentimentos mencionados pelas participantes diante dos diferentes contextos que envolviam uma vítima e/ou um ofensor. Em seguida, serão apresentados os tipos de verbalizações e, por fim, as situações mencionadas pelas mães em que ocorriam os sentimentos verbalizados.

ANÁLISE DE CONTEÚDO DOS SENTIMENTOS MENCIONADOS PELAS MÃES DIANTE DE DIFERENTES SITUAÇÕES QUE ENVOLVIAM UMA VÍTIMA E/OU UM OFENSOR

Em relação à questão 1a. (Você sente alguma coisa quando vê alguém sofrendo?), todas as participantes responderam que sentiam algo quando viam alguém sofrendo. Quando foi perguntado às mães qual era o sentimento, questão 1b. (O que você sente

quando vê alguém sofrendo?), foi possível, a partir das respostas, elaborar as seguintes

categorias: Compaixão (que compreende, também, os sentimentos de sofrimento, dor, pena e tristeza); Angústia; Preocupação; Injustiça/Indignação; Tensão (que engloba respostas que envolvem as sensações de nervosismo, aflição e abalo); Culpa/Remorso.

Ao fazer a análise das frequências de respostas às categorias, por meio do Qui- quadrado, foi verificada uma diferença significativa entre elas. A categoria Compaixão apresentou a freqüência mais elevada e destacou-se das demais de forma significativa, como pode ser observado na Tabela 7.

Tabela 7 - Frequências e percentuais das repostas referentes aos sentimentos das mães ao verem alguém sofrendo. (N =100) Categorias F % Compaixão 86 71,67 Angústia Preocupação Injustiça/Indignação Tensão Culpa/Remorso 12 7 5 5 5 10,00 5,83 4,17 4,17 4,17 Total 120 100,00 X2 (5) = 263,2 p≤ 0,05

Em relação às verbalizações dos sentimentos que as mães disseram experimentar ao observarem uma situação de sofrimento, a análise das frequências de respostas por meio do Qui-quadrado, para questões independentes, não indicou diferenças significativas entre as frequências de respostas às categorias em função dos grupos de idade dos filhos, do sexo dos filhos e em função do contexto escolar (Apêndice III, Tabelas, 1, 2 e 3).

Em relação à questão 2a. (Você sente alguma coisa em relação às pessoas que

fazem mal aos outros?), 81% das participantes responderam que sentiam algo quando

viam uma pessoa maltratando outra. 9% das mães mencionaram não ter experienciado nenhum sentimento em relação ao agressor.

Quando foi perguntado às mães qual era o sentimento, questão 2b. (Qual o seu

sentimento em relação àquelas pessoas que fazem mal aos outros?), foi possível elaborar

as seguintes categorias a partir das respostas: Raiva; Compaixão pelo ofensor;

Injustiça/Indignação (nesta categoria, também foram contempladas as respostas em que

as mães disseram que sentiam revolta ao verem uma pessoa maltratando outra); Tristeza

da situação; Angústia e Desprezo.

Na Tabela 8, são apresentadas as frequências de respostas às diferentes categorias relativas aos sentimentos das mães em relação às pessoas que maltratam o outro. O resultado do teste estatístico do Qui-quadrado, com essas frequências de respostas, apontou para uma diferença significativa indicando que as categorias que obtiveram maiores freqüências foram Raiva e Compaixão pelo ofensor e as categorias que apresentaram menores frequências de respostas foram Desprezo e Angústia.

Tabela 8 - Frequências e percentuais das repostas referentes aos sentimentos das mães ao verem um indivíduo maltratando outro. (N = 81)

Categorias F %

Raiva 38 35,19

Compaixão pelo ofensor Injustiça/Indignação Tristeza da Situação Angústia Desprezo 26 23 13 6 2 24,07 21,30 12,04 5,57 1,85 Total 108 100,00 X2 (5) = 50,78 p≤ 0,05

Quanto aos resultados das análises com o Qui-quadrado para amostras independentes com as frequências das respostas às diferentes categorias, não se verificaram diferenças significativas, em função dos grupos de idade dos filhos, do sexo

 Sentimentos relativos a uma pessoa necessitando de ajuda

Em relação à questão 3a. (Você já deixou de ajudar alguma pessoa que precisava

de ajuda?), apenas 21% das participantes responderam que SIM, que já deixaram de

ajudar quando alguém precisava de ajuda. Quando foi perguntado às mães que afirmaram que nunca tinham deixado de ajudar (79%) se elas sentiriam algo se isso ocorresse (questão 3b alterada), todas disseram que SIM, que sentiriam algo. Para as mães que responderam SIM, que já havia deixado de ajudar, não houve alteração na questão 3b.

Na questão 3c (Como você se sentiu quando deixou de ajudar uma pessoa que

precisava de ajuda?), a partir das respostas emitidas pelas participantes foi possível

elaborar as seguintes categorias: Culpa/Remorso – categoria formada, também, pelas respostas nas quais as participantes mencionaram sentir tristeza por não ter ajudado –,

Angústia, Tristeza/Pena – inclui também as respostas referentes ao sentimento de tristeza

por não ter possibilidades de ajudar uma pessoa necessitada –, Vazio e Impotência. As frequências de respostas às diferentes categorias relativas aos sentimentos das mães em relação às pessoas necessitadas de ajuda encontram-se na Tabela 9. A análise com o X2 para uma única amostra das respostas obtidas ao perguntar o que as mães

sentiriam, caso deixassem de ajudar uma pessoa, revelou uma diferença significativa entre as frequências de respostas às categorias: a categoria Culpa/Remorso apresentou a frequência mais elevada de respostas, enquanto que as categorias Vazio e Impotência apresentaram as mais baixas.

Tabela 9 - Frequências e percentuais de repostas referentes aos sentimentos das mães ao deixarem de ajudar uma pessoa necessitada (N = 100)

Categorias F % Culpa/Remorso 59 54,13 Angústia Tristeza/Pena Vazio Impotência 27 19 2 2 25,77 17,43 1,83 1,83 Total 109 100,00 X2(4) = 101,04 p≤ 0,05

Ao fazer a análise das frequências por meio do Qui-quadrado, para duas amostras independentes, não foram verificadas diferenças significativas entre as frequências de respostas às categorias em função dos grupos de idade dos filhos, do sexo dos filhos e em função do contexto escolar (Apendice III, Tabelas 7, 8, 9).

 Sentimentos relativos a uma pessoa passando por um sofrimento não

merecido

Em relação à questão 4a. (Você sente alguma coisa quando vê uma pessoa

boa/inocente passando por um sofrimento que não merece?), 91% das participantes

responderam que sentiam algo quando viam uma pessoa passando por um sofrimento que não merece. 9% das mães não mencionaram se algum sentimento emergia em relação a esta situação.

As respostas das mães a questão 4b. (O que você sente quando vê uma pessoa

inocente passando por um sofrimento que não merece?) permitiu elaborar as seguintes

categorias: Injustiça/Indignação – nesta categoria também foram contempladas as respostas em que as mães disseram que se sentiam revoltadas ao verem uma pessoa sofrendo sem merecer –; Compaixão; Angústia – englobaram as respostas nas quais as mães diziam que se sentiam mal, angustiadas ou nervosas diante da situação em que outro indivíduo passava por um sofrimento sem merecer) e Raiva.

As categorias e as respectivas frequências referentes a questão 4b encontram-se na Tabela 10. A análise estatística utilizando o Qui-quadrado, para uma única amostra, identificou uma diferença significativa entre as frequências de respostas às categorias e foi verificado que as categorias que obtiveram maiores frequências de respostas foram

Injustiça/Indignação e Compaixão, e a que obteve a freqüência mais baixa foi Raiva.

Tabela 10 - Frequências e percentuais de repostas referentes aos sentimentos das mães ao verem uma pessoa passando por um sofrimento que não merece (N=91)

Categorias F %

Angústia Raiva 15 3 14,28 2,86 Total 105 100,00 X2(3) = 50,391 p≤ 0,05

Em relação às verbalizações dos sentimentos que mães disseram experimentar ao observarem uma pessoa considerada inocente passando por um sofrimento não merecido, ao fazer a análise das frequências por meio do Qui-quadrado, para duas amostras independentes, não foram verificadas diferenças significativas entre as frequências de respostas às categorias em função dos grupos de idade dos filhos, do sexo dos filhos e em função do contexto escolar (Apêndice III, Tabelas 10, 11, 12).

Para uma melhor visualização dos resultados, o Quadro 1 apresenta, de forma sintética, as frequências e os percentuais referentes aos sentimentos experimentados pelas mães em diferentes situações que envolviam uma vítima e/ou um ofensor.

Nota-se que os totais das frequências de sentimentos experimentados pelas mães em cada uma das quatro situações estudadas são semelhantes. O número de sentimentos verbalizados em cada situação também apresentou certa regularidade, como podem ser observados no Quadro 1.

Quadro 1: Frequências e percentuais dos sentimentos mencionados pelas mães em diferentes situações. Situação Sentimento F % PESSOA EM SOFRIMENTO X2 (5) = 263,2 p≤ 0,05 Compaixão 86 71,67 Angústia 12 10,00 Preocupação 7 5,83 Injustiça/Indignação 5 4,17 Tensão 5 4,17 Culpa/Remorso 5 4,17 TOTAL 120 100,00

X2 (5) = 50,78 p≤ 0,05 Compaixão 26 24,07 Injustiça/Indignação 23 21,30 Tristeza da Situação 13 12,04 Angústia 6 5,57 Desprezo 2 1,85 TOTAL 108 100,00 PESSOA NECESSITADA DE AJUDA X2(4) = 101,04 p≤ 0,05 Culpa/Remorso 59 54,13 Angústia 27 25,77 Tristeza/Pena 19 17,43 Vazio 2 1,83 Impotência 2 1,83 TOTAL 109 100,00