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ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS RECOMENDAÇÕES VERBALIZADAS PELAS MÃES AOS SEUS FILHOS DIANTE DE DIFERENTES SITUAÇÕES

SOFRIMENTO NÃO MERECIDO

4.2.2. ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS RECOMENDAÇÕES VERBALIZADAS PELAS MÃES AOS SEUS FILHOS DIANTE DE DIFERENTES SITUAÇÕES

QUE ENVOLVIAM UMA VÍTIMA E/OU UM OFENSOR

A partir das recomendações dadas pelas mães aos filhos, quando deparadas com uma situação envolvendo uma vítima, foi possível construir dez categorias:

-Ajudar o próximo/Solidariedade: Esta categoria engloba as respostas nas quais as mães

diziam ter dito aos filhos que, ao se depararem com uma situação de sofrimento, deveriam ser solidários, ajudando a vítima por meio do diálogo, do apoio, tentando amenizar o sofrimento do outro. Exemplo: “Ó, quando vê alguém sofrendo você vai lá ajudar, dá um

conselho, dá uma chance, fica lá ajudando” (suj. 41).

- Ter compaixão/pena: Esta categoria foi formada pelas participantes que diziam orientar

os filhos para que estes se sensibilizassem quando, como espectadores, observassem que outra pessoa estava em uma situação causadora de sofrimento. Exemplo: “Quando eu

vejo as pessoas sofrendo, eu tenho pena, eu digo que é pra ela também ter pena das pessoas, procurar ajudar. Essas coisas que eu falo” (suj. 42).

- Não reclamar/valorizar o que possui: Esta categoria foi composta pelas respostas em

que as mães, ao se depararem com o sofrimento do outro, diziam recomendar aos filhos que valorizassem o que tinham e não reclamassem, já que não estavam passando por tanto sofrimento quando comparado com a situação observada. Exemplo: “Existem crianças

que não têm praticamente nada em casa, não têm alimento, não têm roupa, não têm calçado, entendeu? Aí eu converso com ele sobre isso. Pra ele dar valor ao que tem em casa” (suj. 36).

- Colocar-se no lugar do outro: Esta categoria engloba as respostas nas quais as mães

afirmaram que, ao conversarem com os filhos, os orientavam para dirigir a atenção aos sentimentos, intenções e problemas do outro e não apenas para os seus próprios sentimentos. Exemplo: “Sempre primeiro é uma vivência, uma experiência que a gente

coisa. Mas, diante daquela situação, eu falo: Olha só o que ta acontecendo ali, imagina se fosse com a gente. Imagina se fosse você nessa situação” (suj. 55).

- Não maltratar: Esta categoria refere-se às respostas nas quais as mães diziam ter

recomendado aos filhos não se comportarem como o agressor, para não causarem sofrimento nas outras pessoas. Elas diziam orientar o filho para não entrar em brigas, não humilhar os outros, não agredir os colegas fisicamente e verbalmente. Exemplo: “Eu digo

que não é para maltratar as pessoas... Nunca pisar em ninguém porque não é bom pisar nas pessoas” (suj. 1).

- Ter cuidado com as amizades: As respostas que formaram esta categoria se referiram

às mães que diziam orientar o filho para não se envolver com companhias que poderiam trazer sofrimento a ele e aos outros. Exemplo: “Eu falo pra servir de exemplo pra ele não

entrar também, não se ajuntar com essas pessoas que hoje a gente vê fazendo coisa errada. Muitos jovens estão tudo se acabando” (suj. 51).

- Não fazer nada errado: A construção desta categoria se deu por meio das respostas em

que as mães mencionaram que orientavam os filhos para não fazerem nada que pudesse causar sofrimento pra elas e, principalmente, para os próprios filhos. Exemplo: “Se você

seguir o bom, esse mundo tem um bocado de coisas boas para oferecer Boas e bonitas. Você não pode seguir o caminho ruim, não pode desobedecer a mãe e tem que procurar estudar, fazer tudo certinho. Se você seguir o caminho ruim, você vai seguir outro mundo que leva ao caminho do mal (...) Se você fizer errado eu não apóio não” (suj. 70).

- Respeitar o próximo: Esta categoria englobou as respostas referentes às verbalizações

das mães voltadas para o respeito ao sentimento e à situação do próximo. Exemplo: “Eu

sempre digo a ela que respeite o próximo, se ela vir alguma pessoa precisando de ajuda, ela ajudar” (suj. 34).

- Seguir os ensinamentos bíblicos: Esta categoria agrupou as respostas em que as mães

verbalizaram que diziam aos filhos que, ao se depararem com o sofrimento alheio, deveriam se guiar pelos mandamentos bíblicos, lembrando-se dos ensinamentos religiosos que valorizam o amor ao próximo, o perdão e as palavras de Cristo. Exemplo: “A palavra de Deus nos ensina os dez mandamentos (...) Então você tem que amar o

próximo como a si mesmo e estar na pele dele, sentir o que ele sente” (suj. 7).

- Estudar: Esta categoria refere-se às respostas nas quais as mães apontavam o estudo,

uma boa formação, como meio de prevenção. Elas verbalizaram que orientavam seus filhos para estudarem, pois, desta forma, eles não passariam por situações de sofrimento. Exemplo: “Digo a eles: Estudem. Estudem porque é a única coisa que eu tenho pra deixar pra eles, a educação. Porque tudo passa e eles estudando, fazendo um concurso, eles não vão depender de política nenhuma” (suj. 69).

As frequências de respostas relativas às categorias recém-mencionadas foram agrupadas, conforme Tabela 11, e foram submetidas a uma análise por meio do teste estatístico Qui-quadrado, para uma única amostra. Os resultados desse teste apontou para uma diferença significativa entre as frequências de respostas às categorias, destacando- se, com a freqüência mais elevada, a categoria Ajudar o próximo/Solidariedade, e com a freqüência mais baixa, as categorias Seguir os ensinamentos bíblicos e Estudar.

Tabela 11 - Frequências e percentuais das recomendações que as mães dizem dar aos filhos em situações de sofrimento do outro (N=87)

Categorias F %

Ajudar o próximo/Solidariedade 39 30,00

Ter compaixão/pena

Não reclamar/valorizar o que possui Colocar-se no lugar do outro Não maltratar

Ter cuidado com as amizades Não fazer nada errado Respeitar o próximo

Seguir os ensinamentos bíblicos Estudar 15 13 12 10 10 10 9 6 6 11,54 10,00 9,23 7,69 7,69 7,69 6,92 4,62 4,62 Total 130 100,00 X2 (9) = 63,223 p≤ 0,05

As frequências referentes às recomendações dadas pelas mães aos seus filhos acerca de situações de sofrimento foram submetidas ao teste do Qui-quadrado, para duas amostras independentes. Os resultados desse teste não indicaram diferenças significativas entre as frequências de respostas às categorias em função dos grupos de idade dos filhos, do sexo dos filhos e em função do contexto escolar (Apêndice III, Tabelas, 13, 14, 15).

 Recomendações relativas ao ofensor

A partir das recomendações dadas pelas mães aos filhos, quando deparadas com uma situação envolvendo um agressor, foi possível construir nove categorias:

- Não maltratar: Esta categoria refere-se às respostas em que as mães diziam ter

recomendado aos filhos não se comportarem como o agressor, para não causarem sofrimento aos outros. Elas diziam ter orientado os filhos para não entrarem em brigas, não humilharem os outros, não agredirem os colegas fisicamente e verbalmente. Exemplo: “Eu digo que jamais cheguem a ofender a ninguém, mesmo que seja ofendido, baixe a cabeça, se puder corre, corre. Nunca volte o tapa, se levar um tapa, nunca volte”

(suj. 75).

- Seguir os ensinamentos bíblicos: Esta categoria agrupa as respostas em que as mães

verbalizaram que diziam aos filhos, ao se depararem com o sofrimento alheio, para se guiarem pelos mandamentos bíblicos, lembrando-se dos ensinamentos religiosos que valorizam o amor ao próximo, o perdão e as palavras de Cristo. Exemplo: “Primeiro

manter a fé em Deus em tudo. Não tem como. Sem ele a gente não é ninguém. E outro: a gente deve tentar ajudar, tentar resgatar como se fosse uma ovelha perdida pelo meio do mundo” (suj.27).

- Respeitar o próximo: Esta categoria engloba as respostas das mães referentes às verbalizações das mães voltadas para o respeito ao sentimento e à situação do próximo. Exemplo: “Tem que respeitar as pessoas, não importa a idade. Falo essas coisas”

(suj.49).

- Colocar-se no lugar do outro: Esta categoria engloba as respostas nas quais as mães

afirmaram que, ao conversarem com os filhos, os orientavam para dirigirem a atenção para os sentimentos, intenções e problemas do outro e não apenas para os seus próprios sentimentos. Exemplo: “Eu digo assim: se você estivesse no lugar dela, você aceitaria? Isso que você ta fazendo é bom? Você tem que fazer dessa forma. Você tem que sentir o que o outro sente” (suj.45).

- Ter cuidado com as amizades: As respostas que formaram esta categoria se referiram

às mães que diziam orientar o filho para não se envolver com companhias que poderiam trazer sofrimento a ele e aos outros, como também as repostas nas quais as mães diziam recomendar aos filhos para que não se tornassem vítimas de maus-tratos. Exemplo: “Não

se envolver com quem não presta. Lógico que a gente sabe com quem a gente anda (...) Se for sair, sempre dizer com quem vai, para onde vai e com quem está (suj.94).

-Ajudar a vítima: Nesta categoria, foram agrupadas as respostas em que as mães

verbalizaram que os filhos, aos se depararem com uma situação de sofrimento, deveriam ser solidários, ajudando a vítima por meio do diálogo, do apoio, tentando amenizar o sofrimento do outro, ou procurando praticar a justiça. Exemplo: “Ajudar e fazer alguma coisa por aquela pessoa. Pela pessoa que está maltratando e pela que está sendo maltratada” (suj.78).

- Não julgar: Esta categoria foi formada a partir das afirmações apresentadas pelas

participantes que diziam orientar os filhos para não julgarem o agressor ou a terem cautela, cuidado ao julgar. Também fazem parte desta categoria as afirmações nas quais

as mães orientavam os seus filhos para não desejarem mal ao agressor. Exemplo: “A gente não sabe o que realmente aconteceu com ele, que a gente tem que ver dois lados da moeda, a gente não sabe nem de que se tratou” (suj.30).

- Não se envolver: As respostas das participantes formadoras desta categoria

corresponderam às orientações que as mães diziam dar aos filhos para não se envolverem com a situação de agressão e maus-tratos que eles viessem a observar. Exemplo: “Você acaba comentado: nossa, que pena que aquela pessoa fez isso. Mas a gente deixa pra lá, a gente não tem nada a ver com isso” (suj.61).

- Dialogar: Esta categoria refere-se às respostas onde as mães diziam que orientavam os

filhos para conversarem com o agressor, tentado explicar o mal que este tinha causado à vítima. Nesta categoria, também foram englobadas as respostas em que as participantes diziam orientar os filhos para estes servirem como apaziguadores da situação de conflito entre o agressor e o ofendido. Exemplo: “Eu falo para ela que a gente tem que conversar com as pessoas (...). Acho que no mundo tem muitas coisas e as pessoas chegam a ser más, é por falta de amor, por falta de um bom diálogo...” (suj.3).

As frequências de respostas às categorias recém-apresentadas encontram-se na Tabela 12 e foram submetidas ao teste de Qui-quadrado para uma única amostra. O resultado deste teste apontou para uma diferença significativa entre as frequências de respostas às categorias: a categoria Não maltratar apontou uma frequência mais elevada em relação às demais. As categorias Não se envolver e Dialogar também se destacaram das demais, com as frequências mais baixas.

Tabela 12 -Frequências e percentuais das recomendações que as mães dizem dar aos filhos em situações de agressão (N = 89)

Categorias F %

Não maltratar 47 34,31

Seguir os ensinamentos bíblicos 18 13,14

Respeitar o próximo Colocar-se no lugar do outro Ter cuidado com as amizades Ajudar a vítima 16 13 13 11 11,68 9,49 9,49 8,03

Não se envolver

Dialogar 7 3 5,11 2,19

Total 137 100,00

X2 (8) = 84,518 p≤ 0,05

Nas análises das frequências às categorias apresentadas na Tabela 12, por meio do Qui-quadrado para duas amostras independentes, não foram verificadas diferenças significativas entre as frequências de respostas às diferentes categorias em função dos grupos de idade dos filhos e do sexo dos filhos (Apêndice III, Tabelas 16 e 17). Entretanto, quando foram comparados os dois contextos escolares nos quais os filhos das participantes estavam inseridos, foi verificada uma diferença significativa entre as frequências de respostas às categorias: a categoria Não maltratar apresentou uma frequência mais elevada do que as demais categorias no grupo de que mães que possuíam filhos estudando em escolas públicas.

Tabela 13 - Frequências e percentuais das recomendações que as mães disseram aos filhos em situações de agressão em relação ao contexto escolar dos filhos (N = 89)

Categorias F % PÚBLICA PRIVADA F % Total

Não maltratar

Seguir os ensinamentos bíblicos Respeitar o próximo

Colocar-se no lugar do outro Ter cuidado com as amizades Ajudar a vítima Não julgar Não se envolver Dialogar 38 10 8 4 10 4 4 2 1 44,16 12,99 10,39 5,19 12,99 5,19 5,19 2,60 1,30 9 8 8 9 3 7 5 5 2 21,67 13,33 13,33 15,00 5,00 11,67 8,33 8,33 3,33 47 18 16 13 13 11 9 7 3 Total 77 100,00 60 100,00 137 X2 (8) = 16,832 p≤ 0,05

 Recomendações relativas a uma pessoa necessitada de ajuda

A partir das recomendações dadas pelas mães aos filhos, quando deparadas com uma situação envolvendo uma pessoa necessitada de ajuda, foi possível construir sete categorias:

-Ajudar o próximo/solidariedade: Nesta categoria, foram agrupadas as respostas nas

quais as mães verbalizaram que diziam aos filhos, aos se depararem com uma situação de sofrimento, para serem solidários, ajudando a vítima por meio do diálogo, do apoio, tentando amenizar o sofrimento do outro. Exemplo: “Eu digo a ela que a gente tem que

ser solidário, tem que ajudar o próximo, tem que sentir a dor do outro porque a gente não sabe quando e como é o futuro” (suj.79).

- Ter reciprocidade: Esta categoria foi formada a partir dos conselhos que as mães diziam

dar aos filhos, orientando-os para ajudarem as pessoas necessitadas já que eles poderiam necessitar da retribuição em momentos futuros. Exemplo: “Eu sempre digo a ele que é

bom ajudar as pessoas porque ninguém sabe do dia de amanhã, pode ser que a gente precise de ajuda também” (suj. 11).

- Generosidade: Nesta categoria foram agrupadas as respostas em que as mães diziam

orientar os filhos para que partilhassem o que tivessem quando se deparassem com uma pessoa precisando de ajuda. Exemplo: Nunca negue nada a ninguém, o pouco que você

tiver, você tem que dividir com as pessoas. Pode ser um pão, pode ser uma palavra, pode ser um abraço, tudo isso divida (suj. 3).

- Colocar-se no lugar do outro: Esta categoria engloba as respostas nas quais as mães

afirmaram que, ao conversarem com os filhos, os orientavam para dirigirem a atenção para os sentimentos, intenções e problemas do outro e não apenas para os seus próprios sentimentos. Exemplo: “A gente não se sente humano. À medida que a gente vê a situação , a gente tem que sentir a dor do outro. Se nega a ajudar, a gente não se sente gente(...) É isso que eu falo para ela fazer” (suj.98).

- Ajuda condicionada: Esta categoria refere-se às verbalizações nas quais as mães diziam

que aconselhavam como os filhos deveriam ajudar, considerando que, em determinadas condições, eles deveriam avaliar a possibilidade de ajudar ou não. Exemplo: “Peço a

eles que se eu não tiver em casa, nem meu esposo, eles não façam nenhuma ajuda porque eu tenho medo de quem possa estar lá fora” (suj. 2).

- Não reclamar/valorizar o que possui: Esta categoria foi composta pelas respostas em

que as mães, ao se depararem com o sofrimento do outro, diziam que recomendavam aos filhos que valorizassem o que tinham e não reclamassem, já que não estavam passando por tanto sofrimento quanto aos da situação comentada. Exemplo: “Aí eu digo a eles que eles pedem demais, que eles têm muita coisa e que eles deveriam olhar pra João que não tem nada, às vezes não tem nem o que comer, já passou fome” (suj. 8).

- Respeitar a diferença: Esta categoria engloba a resposta referente à verbalização da

mãe que dizia que era voltada para o respeito ao sentimento e à situação do próximo, respeitando-o com igualdade, sem discriminação. Exemplo: “Aqui a gente sempre tem que ajudar o próximo (...). Tratar bem as pessoas. Não importa se ele é branco, se ele é preto” (suj.27).

As categorias acima mencionadas e suas respectivas frequências de respostas encontram-se na Tabela 14. Uma análise das frequências, por meio do Qui-quadrado para uma única amostra, apontou para uma diferença significativa entre elas, indicando que a categoria Ajudar o próximo/solidariedade apresentou a frequência mais elevada de respostas, enquanto as categorias Ajuda condicionada, Não reclamar/valorizar o que

possui e Respeitar a diferença se destacaram significativamente das demais, ao realizar o

teste Qui-quadrado.

Tabela 14 - Frequências e percentuais das recomendações que as mães dizem dar aos filhos ao verem uma pessoa precisando de ajuda (N= 84)

Categorias F %

Ajudar o próximo/Solidariedade 58 54,21

Ter reciprocidade Generosidade

Colocar-se no lugar do outro Ajuda condicionada

Não reclamar/valorizar o que possui Respeitar a diferença 12 12 8 6 6 5 11,21 11,21 7,48 5,60 5,60 4,67

Total 107 100 X2(6) = 142,405 p≤ 0,05

As frequências às categorias, apresentadas na Tabela 14, também foram analisadas com Qui-quadrado para duas amostras independentes. Os resultados dessas análises não apontaram para diferenças significativas entre as frequências de respostas às categorias em função dos grupos de idade dos filhos, do sexo dos filhos e em função do contexto escolar (Apêndice III, Tabelas 18, 19 e 20).

 Recomendações relativas a uma pessoa passando por um sofrimento não

merecido

A partir das recomendações dadas pelas mães aos filhos, quando deparadas com uma situação envolvendo uma pessoa passando por um sofrimento que não merece, foi possível construir nove categorias:

- Ser generoso: Nesta categoria foram agrupadas as respostas em que as mães diziam

orientar os filhos para fazerem o bem, tendo respeito ao sentimento e à situação do próximo. Exemplo: “Eu pergunto: Você saiu em defesa do seu amigo? Você o ajudou, já

que viu que aquela pessoa é mais tímida e mais indefesa? Por que você não ajudou? O que você fez? Eu passo muito para ela que enquanto a gente puder ajudar, enquanto a gente puder fazer algo por alguém, a gente deve fazer” (suj.98).

- Não fazer nada errado: A construção desta categoria se deu por meio das respostas em

que as mães mencionaram que orientavam os filhos para não fazerem nada que pudesse causar sofrimento pra elas e, principalmente, para os próprios filhos. Exemplo: “Olhe minha filha, aconteceu isso, não faça assim (...). Esse caso que aconteceu com ele pode acontecer com você” (suj.10).

- Não se revoltar: As respostas que formaram esta categoria se referiram às mães que, ao

conversarem com os filhos, os orientavam para não se revoltarem ao perceberem que pessoas passam por sofrimentos que não merecem, os orientavam, também, para se prepararem para estas situações, considerando a possibilidade de crescimento, de experiência de vida. Exemplo: “De repente pode acontecer de você se ver na situação em que você é injustiçado e tem que ser forte e estar sempre preparando para uma situação dessas” (suj. 100).

- Dar apoio psicológico: Esta categoria foi formada a partir das afirmações apresentadas

pelas participantes que diziam orientar os filhos para darem apoio moral e ajuda com palavras quando se deparassem com uma pessoa vítima de uma injustiça. Exemplo:

“Falar algo e ajudar com palavras, porque ajuda financeira eu não vou ajudar, só se fosse o caso de necessitado, agora sim, algo pra preencher o vazio, porque tem palavras que preenchem a gente, palavras boas” (suj.3).

- Não julgar: Esta categoria foi formada a partir das afirmações apresentadas pelas

participantes que diziam ter orientado os filhos para não julgarem a vítima ou o indivíduo que causou a injustiça. Exemplo: “Não julgue, veja. Você viu?... Ele tem que prestar atenção pelo que eu passei porque a pessoa pode passar e não ser culpada” (suj.12).

- Ter cuidado com as amizades: As respostas que formaram esta categoria se referiram

às mães que diziam ter orientado o filho para não se envolver com companhias que poderiam trazer sofrimento a ele e aos outros. Exemplo: “Eu falo: Está vendo? Tenha cuidado com que você anda, não ande com quem não presta, viu?Sabe porque ele está passando por isso? Porque se juntou com essas pessoas.” (suj.82).

- Ter cautela ao julgar: Esta categoria foi formada a partir das afirmações apresentadas

pelas participantes que mencionavam que orientavam os filhos para terem cautela, cuidado ao julgar, vítima ou o indivíduo que causou a injustiça. Exemplo: “Minha filha

você não pode julgar a pessoa se você não tem a certeza se aquela pessoa fez. Você só pode julgar uma pessoa se você realmente tem a certeza que ela fez aquilo. Aí você pode julgar e assim mesmo você não use palavras muito pesadas” (suj.1).

- Prestar atenção às situações injustas: Esta categoria engloba as respostas referentes às

verbalizações das mães que diziam orientar os filhos para se preocuparem com a situação das outras pessoas, verificando se estas estão passando por um sofrimento que não merecem. Exemplo: “Você tem obrigação de ajudar e buscar estar sempre do lado da

verdade (...). Tem coisas pequenas, tolas, que podem tomar uma proporção bem maior (...). Nessas oportunidades eu o chamo. São coisas pequenas que a gente aproveita pra dialogar” (suj.48).

- Estudar: Esta categoria incluía as respostas em que as mães diziam ter orientado os