• Nenhum resultado encontrado

Nesta classe foram agrupadas as U.C.E que apresentavam palavras verbalizadas pelas mães referentes à estrutura e dinâmica de seus lares. Pertencem a esta classe 301 U.C.E.

Palavras como: filhos, morar, pai, mãe, drogas, bebida, criança, rua, fome, cuidado, mainha e marido pertencem à Classe 4, considerando, assim, as características dos filhos, pais e envolvidos na situação. Esta classe reflete bem as interações entre os indivíduos que fazem parte do contexto das mães, principalmente as interações das participantes com os próprios filhos. Abaixo, é possível observar as palavras que compuseram este agrupamento dentro das falas das participantes:

u.c.e.: 304 Classe: 4 χ²= 37

“Eu digo ao meu filho de onze anos, mas ele é pequeno. Ele nasceu de oito meses, ele ainda é pequeno. Eu sempre ajudo. Eu trabalho com ovos, a gente negocia no bairro. Eu saio com o carro, eu e meu marido. Eu dou graças a Deus porque hoje eu agradeço o que eu tenho” (suj.20).

u.c.e.: 299 Classe : 4 χ²= 33

“Para não pegar nada que é dos outros. Eu crio meus filhos desse jeito. Meu

filho não é envolvido com ninguém. Meu filho não tem amiguinhos, está entendendo?

Eu criei meu filho assim, eles não me dão trabalho” (suj. 20). u.c.e.: 259 Classe : 4 χ²= 24

“Porque eu trabalho, graças a Deus, e tem crianças que os pais não trabalham e ele vê, quando às vezes vai passando, e diz: mainha, aquele menino que mora ali na frente, ela anda tão sujinho, não é mainha?” (suj. 17)

u.c.e.: 1238 Classe: 4 χ²= 22

“De ajuda tem a mulher do amigo de meu marido. Ela tem quatro filhos menores do que os meus. A mais velha é da idade do meu mais novo, de sete para oito anos”

(suj.72).

u.c.e.: 1087 Classe: 4 χ²= 22

“Recentemente um pai procurou o meu esposo e pediu, pelo o amor de Deus, para ele cuidar do bebê dele porque o pai era deficiente e a criança tinha apenas onze meses” (suj.67)

CAPÍTULO V

DISCUSSÃO

Considerando a importância dada neste estudo ao componente afetivo para a habilidade empática, primeiramente serão discutidos os resultados encontrados

concernentes aos sentimentos empáticos verbalizados pelas mães e verificados quando da análise de conteúdo semântico que foi realizada (Quadro 1, p. 82).

Nos resultados encontrados foi verificado que os sentimentos empáticos de compaixão, raiva, culpa e injustiça foram os mais frequentes nas falas das participantes diante das situações que envolviam uma pessoa em sofrimento, uma pessoa maltratando outra, uma pessoa necessitando de ajuda e uma pessoa passando por sofrimento não merecido. Houve, assim, uma coerência entre o que a teoria de Hoffman (1975a, 2003) propunha e o que foi verificado no estudo.

No item que buscava verificar quais os sentimentos experimentados pelas mães quando deparadas com uma pessoa em sofrimento, foi verificado que quase três quartos das participantes disseram experimentar compaixão empática, também chamada de angústia simpática por Hoffman (1990, 2003). Isto pode ter ocorrido com maior frequência porque em relação a este sentimento, segundo este mesmo autor, não há necessidade de sinalização de causalidade situacional poderosa para chamar a atenção do observador em relação à vitima. Praticamente todos os outros sentimentos mencionados – angústia, preocupação e tensão – não apresentaram fortes níveis de elaboração por parte das mães, não exigindo fortes descentrações cognitivas. As mães também podem ter mencionado estes afetos por não possuírem habilidade lingüística, não permitindo, assim, uma melhor representação dos seus sentimentos.

Na questão relativa aos sentimentos emergidos nas mães diante de uma situação de agressão, a maioria das participantes verbalizou os sentimentos de raiva e compaixão pelo agressor. Neste caso, acredita-se que houve o que Hoffman (1990) denominou de

combinações complexas, já que a mesma situação foi interpretada de diferentes formas,

dependendo do observador. Além disso, julga-se que, ao dizer que sentiam compaixão pelo agressor ao vê-lo maltratando outra pessoa, as mães tiveram que se colocar,

provavelmente, não apenas na situação imediata, e sim além da situação. Para isto ocorrer foi necessário um nível avançado de processamento cognitivo, pois elas se colocaram na perspectiva do outro e tentaram compreender como o agressor se sentia. As participantes podem ter refletido a respeito das condições de vida do ofensor, entrando em conflito com a situação observada. Esta expressão de sentimento permitiu concluir que estas mães deram respostas concernentes com o estágio mais avançado do desenvolvimento empático – sofrimento além da situação (Hoffman, 1990, 2003).

No item em que se indagava a respondente sobre qual sentimento ela experimentou quando deixou de ajudar alguém que precisava de ajuda, o afeto frequentemente verbalizado foi o de culpa. Pode-se supor então que a culpa, neste caso, foi pela sua falta de ação, e não por ter causado um mal a outra pessoa. O fato de a participante ter sentido culpa sugere que, ao responder as questões, ela saiu do seu papel de observadora e se colocou dentro da situação, aproximando-se da vítima. Ademais, pode-se dizer que o sentimento de culpa experimentado pelas mães quando nada faziam ao ver uma pessoa precisando de ajuda, é um sentimento avançado, segundo Hoffman (1975a), pois estas, ao sentirem culpa pela omissão, visualizaram algo que poderia ter sido feito, mas não foi.

Um número expressivo de mães disse sentir injustiça empática ou compaixão quando foram indagadas sobre o que sentiam em relação a uma pessoa passando por um sofrimento não merecido. Comparando esses dois sentimentos, acredita-se que o sentimento de injustiça seria o mais apropriado para se sentir frente a vítima de um sofrimento não merecido. Também considera-se que este sentimento é proveniente de uma reflexão mais aprofundada da situação, pois é quando o individuo consegue refletir para além da circunstância imediata– estágio mais elevado do desenvolvimento empático – que há maior possibilidade desse sentimento ser experimentado. Ademais, o sentimento

de injustiça empática pode ser considerado o mais apropriado porque nele há a combinação de outros afetos – a raiva e a própria compaixão – e aproxima a empatia do julgamento moral (Hoffman, 1975a). O sentimento de compaixão é bastante valorizado pela sociedade, mas ele é visto como um afeto básico, não necessitando de atribuição causal para surgir no observador (Hoffman, 1990). Consequentemente, o surgimento imediato desse sentimento dificulta uma melhor exploração pelo observador da situação da vítima. Assim como na situação que envolvia um agressor, na situação em que houve uma pessoa sofrendo sem merecer, foram verificadas combinações complexas, demonstrando mais uma vez a variabilidade de interpretações dadas pelas mães participantes e a importância do sentimento de compaixão parece motivar a resolução de conflitos.

Considerando as questões que abordaram as situações de maus-tratos e situações que envolviam uma pessoa passando por algo que não merece, foi observado que algumas mães disseram não sentir nada nessas duas situações ou não souberam expressar o que sentiam. Percebe-se, assim, que, além da bifurcação de afetos (mencionados acima), essas situações não facilitaram a verbalização das mães sobre seus sentimentos. Uma explicação para esta constatação é que os sentimentos a serem evocados parecem estar atrelados a situações ocorridas com a própria participante, e não com outro individuo, causando embaraço e sentimentos que não eram empáticos.

Ao se verificar se a verbalização das mães estava unicamente voltada para beneficiar ao seu filho, ou se visava levar seu filho a pensar no outro, observou-se que as mães geralmente possuíam um discurso que estimulava a motivação para comportamentos pró-sociais (Quadro 2, p.86). Isto foi verificado nas quatro situações que envolviam uma vítima e/ou um ofensor. Assim, julga-se que no cotidiano das mães, elas

angústia simpática, considerada por Hoffman (1990, 2003) como a mais adequada. Vale salientar que, por mais que esta estimulação ocorra, na fala da mãe com seus filhos, é preciso que a situação de sofrimento da vítima esteja evidente (Hoffman, 1975a), pois, uma explicação adequada a respeito da situação e dos sentimentos da vítima e uma explicação referente às diferentes perspectivas que o observador poderia tomar possibilita que o seu filho venha a emitir, no futuro, comportamento em beneficio de vítimas.

Algumas mães, ao conversarem com os seus filhos sobre o sentimento do outro, voltaram-se para as necessidades deles, e não para a necessidade da vítima. Acredita-se que isto ocorreu devido à preocupação que as participantes demonstravam ter com o futuro dos seus filhos, não desejando que estes fossem vítimas de maus-tratos ou vistos como agressores pela sociedade, pois até quando as mães mencionavam que a ajuda era importante, esta fala estava relacionada com o receio que tinham dos filhos não serem socorridos caso necessitassem de ajuda no futuro.

As respostas dadas pelas mães ainda foram organizadas em duas grandes categorias: recomendações e explicações (Quadro 3, p.89). Tendo como base os estudos de Hoffman (1975b, 2003) a respeito das técnicas de socialização, foram feitas as análises dessas duas formas de verbalização. As falas das mães que foram percebidas como recomendações não deixaram claro se as mães permitiam um devido esclarecimento do sentimento ou situação da vítima, o que pode causar ambiguidade na compreensão dos filhos. Também não ficou evidenciado o grau de controle que as recomendações podiam exercer nos filhos, nem se havia um conteúdo a ser apreendido pelos filhos no momento do encontro disciplinar. Assim, julga-se que essas falas podem conter ameaças de punição ou retirada de afeto, técnicas disciplinares não indicadas por Hoffman para o processo de internalização moral (Hoffman, 1975b, 2003).

Sabe-se que as recomendações possuíram uma frequência bem mais elevada de respostas do que as explicações. Entretanto, quando as situações foram analisadas separadamente, foi percebido que, no caso da situação que envolvia uma pessoa passando por um sofrimento não merecido, ocorreu o inverso: o número de explicações ultrapassou o de recomendações. Como foi dito anteriormente, muitos sentimentos podem emergir na situação de sofrimento não merecido – injustiça, raiva, compaixão - aproximando o sentimento do julgamento moral. Também foi mencionado que a situação que envolvia uma pessoa passando por algo não merecido ocasionou a presença de combinações

complexas e uma exigência de maior descentração cognitiva. Assim, considerando a

complexidade e a exigência de uma empatia mais desenvolvida que a situação estudada pode trazer, fica perceptível a necessidade de explicações mais aprofundadas, ao invés de apenas recomendações dadas pelas mães.

No caso da situação envolvendo uma pessoa em sofrimento, foi visto anteriormente que o sentimento que obteve frequência bastante elevada foi Compaixão. Como este afeto é percebido como básico, que não envolve combinações de sentimentos e nem grandes habilidades cognitivas, pode-se supor que um número considerável de recomendações e não de explicações se dê por causa da pouca exigência que este afeto impõe. Vale salientar que, por mais que este afeto não exija tanta elaboração como os demais, é perceptível a sua contribuição para a motivação de comportamentos altruístas (Hoffman,1975a, 1981).

Além de construir as duas grandes categorias: recomendação e explicação,foram construídas subcategorias relativas às recomendações e explicações que as mães diziam verbalizar aos seus filho (Quadro 4, p. 103). Nos resultados, observa-se que tanto na situação em que as mães percebiam alguém em sofrimento, como na situação em que presenciavam uma pessoa necessitada de ajuda, as participantes deram recomendações

para motivarem os filhos a ajudar o próximo e a ser solidários com a vítima. Diante dessas falas, percebeu-se uma mobilização afetiva das participantes para mostrar aos filhos como estes devem aliviar os sentimentos experimentados. Segundo Sampaio et al. (2010), essa motivação demonstra o quanto o indivíduo pode se sentir desconfortável com a situação do outro. O incentivo para ajudar, ser solidário, foi encontrado nos procedimentos adotados pelos pais que possuíam filhos muito empáticos (Serpa et al., 2006). Desta forma, considera-se que as mães estão, em geral, motivando seus filhos a serem empáticos.

A maioria das recomendações dadas pelas mães aos filhos, ao verem uma pessoa agredindo outra foi para não maltratarem. Esta fala aparentemente demonstra uma preocupação com o outro, mas, considera-se que nesta verbalização há também uma preocupação nas consequências em que um ato agressivo, de maus-tratos pode trazer aos filhos das participantes. Apenas nesta questão, que envolviam uma pessoa agredindo outra, foi verificada uma diferença significativa nas frequências de respostas dadas pelas mães em função do contexto escolar dos filhos. Julga-se que as mães que possuem filhos em escolas públicas apresentaram uma maior preocupação para que seus filhos não maltratem outras pessoas porque estas estão inseridas em uma realidade sócio-econômica na qual a violência está mais evidente, e os seus efeitos também. Ao verem uma pessoa passando por um sofrimento não merecido, a maioria das recomendações dadas pelas mães aos filhos foi para serem generosos e para não fazerem nada de errado. Acredita-se que a primeira recomendação incentivaria a expressão da angústia simpática, mas a segunda preveniria o filho para que este não causasse sofrimentos nelas e principalmente neles próprios. É difícil visualizar como este tipo recomendação promoveria uma transformação de afetos – da angustia empática para angústia simpática – e, não acorrendo esta transformação, o indivíduo não desenvolveria a sua capacidade empática. Salienta-

se que, segundo Hoffman (1975a, 1982, 1990), sem essa transição não haveria a possibilidade do desenvolvimento de motivações altruístas.

Ao analisar as explicações verbalizadas pelas mães aos seus filhos (Quadro 5, p.113), percebe-se um incentivo delas para que seus filhos compreendam a situação do outro em sofrimento, como também um discurso demonstrando a importância da emissão de comportamentos em beneficio do outro. Assim, as mães estão manifestando, em suas falas para com os filhos, esse conteúdo, considerado adequado por Hoffman (1990,2003) para motivar comportamentos pró-sociais.

Nas explicações que as mães dizem dar aos filhos em relação ao ofensor, percebe- se uma tentativa delas de compreender os atos agressivos do ofensor. Também percebe- se que as mães procuravam mostrar às crianças que os casos de agressão, muitas vezes, não envolvem apenas a situação imediata, mas que a situação de agressão pode decorrer de vários fatores. Desta forma, as mães parecem mostrar para seus filhos a necessidade de uma compreensão maior a respeito da situação dos envolvidos no ato de agressão e até do contexto social em que o agressor está inserido.

Ao verem uma pessoa necessitando de ajuda, muitas mães disseram que esclareciam aos filhos o valor da ajuda e davam exemplos de ajuda. Julga-se que estas mães estão contribuindo para o desenvolvimento da habilidade empática possibilitando a passagem do filho para o último estágio da empatia, considerado por Hoffman (1975b, 1990, 2003), como mais avançado – empatia além da situação. Segundo o mesmo teórico, isto é possível porque a partir destas explicações, elas fornecem recursos para que seus filhos desenvolvam o role-taking, visualizem as consequências positivas do comportamento de ajuda para a sociedade e consigam, a partir de exemplos dados por elas, experimentar sentimentos empáticos de compaixão, culpa, injustiça em diferentes situações que possibilitam o comportamento em beneficio do próximo.

Os resultados referentes às explicações em situação de sofrimento não merecido apresentaram uma estrutura bastante diferente das explicações nas demais situações. Primeiramente, houve uma frequência elevada de verbalizações das mães, como também um número maior de categorias construídas. Segundo, as categorias se apresentaram bastante distintas uma das outras, envolvendo questionamentos religiosos, dúvidas a respeito da vítima e críticas à sociedade. Este resultado fortalece a compreensão de que há peculiaridades na situação de sofrimento não merecido que devem ser exploradas com mais profundidade. Oliveira et al. (2000) consideram que há grande margem de variabilidade entre as mães de uma mesma cultura em relação às suas atitudes com seus filhos. Esta variabilidade também pode ocorrer em relação ao modo como as mães se colocam diante de um indivíduo passando por um sofrimento não merecido. É uma complexidade de sentimentos que emergem nesta situação e são várias as possibilidades de tomadas de perspectiva (Hoffman, 1980).

No Brasil, pode-se afirmar que o contexto escolar está associado ao nível sócio- econômico dos pais e que a qualidade de ensino nas escolas públicas e privadas é bastante diferente, sendo, esta última, considerada mais adequada para a formação educacional do individuo (Mello e Correa, 2001). Percebe-se que os pais que colocam seus filhos em escolas da rede privada de ensino, que possuem um nível sócio econômico mais elevado e uma melhor formação, dão explicações a seus filhos sobre o sentimento e injustiça. Como já foi constatado, o sentimento de injustiça exige um maior uso das habilidades cognitivas.

Sabe-se que as crianças também tem influência no processo de socialização, já que são participantes ativos nas suas interações (Hoffman, 1975b). Compreendendo que existem contextos que podem desenvolver mais a habilidade cognitiva, acredita-se que a frequência de explicações dadas pelas mães que possuem filhos em escolas privadas foi

maior porque eles estão mais preparados para refletir e compreender melhor as injustiças relacionadas à estrutura social, em situações que envolvem uma pessoa que passa por um sofrimento não merecido.

Sabe-se que com o aumento da capacidade de internalização dos filhos, há a redução da necessidade de encontros disciplinares em torno de determinados temas, entretanto, não foram encontradas diferenças no discurso das mães em função da idade dos filhos nas quatro situações estudadas. Segundo os resultados encontrados, as mães permanecem socializando da mesma forma na infância e na adolescência. Assim, o resultado encontrado nos estudos de Cecconello e Koller (2000), de que não há diferenças significativas nas médias de empatia entre grupos etários, pode ser explicado pela não diferenciação do discurso das mães entre crianças e adolescentes.

As falas das participantes não apresentaram diferenças quando estas eram mães de meninos ou de meninas. Entretanto, pesquisas demonstram que as meninas tendem a ser mais empáticas do que os meninos, como também possuem mais motivação para ajuda. Uma explicação dada para esta diferenciação de postura entre os sexos, já que não houve distinção nas falas das mães, está no processo de internalização que ocorre de forma mais intensa nas meninas do que nos meninos, sendo, assim, um aspecto relacionado ao gênero (Barnett et al., 1980; Cecconello & Koller, 2000; Leitão, 1999).

Finalizando a discussão a respeito das verbalizações das mães aos filhos, é interessante salientar a existência de resultados não consensuais entre a percepção dos filhos a respeito das verbalizações de suas mães (Pequeno et al., 2009) e o que mães de crianças e adolescentes dizem verbalizar, pois, enquanto os filhos afirmaram que elas não conversavam sobre assuntos que envolviam os seus sentimentos empáticos, as mães que participaram deste estudo afirmaram o contrário, ou seja, que conversavam com seus filhos sobre os supracitados assuntos. Tal constatação permitiu lançar as seguintes

suposições: ou os filhos não estão apreendendo sentimentos empáticos através das falas de suas mães, ou as mães disseram falar dos sentimentos empáticos a seus filhos, mas de fato não falam, ou os filhos, apesar de aprenderem com suas mães, não estão conscientes dessa aprendizagem. Ou, conforme Montandon (2005), pode-se considerar também que os filhos sentem a necessidade de um maior apoio e orientação dos seus pais e por isso acham que eles não experienciam suficientemente seus sentimentos. A partir destas suposições é possível concluir que há algum impasse na comunicação entre mães e filhos. Talvez uma pesquisa correlacional entre mães e filhos pode diminuir mais essas dúvidas.

O sentimento de injustiça empática foi considerado o menos verbalizado pelas mães, segundo a percepção de crianças e adolescentes (Pequeno et al., 2009). O presente estudo traz um esclarecimento a respeito deste resultado: talvez isto ocorra pela grande complexidade que este sentimento demonstra possuir. Há uma necessidade de esforço maior para apreendê-lo, e os filhos podem não estar se envolvendo neste processo. É importante verificar o nível de conteúdo e o nível de controle nas falas de suas mães ao verbalizar o sentimento de injustiça. Quantidades inadequadas destes dois componentes podem dificultar o processo de internalização dos filhos, não permitindo o envolvimento adequado com os sentimentos e situações verbalizados pelas suas mães (Hoffman, 1975b, 2003).

Ao analisar as situações que provocavam sentimentos empáticos nas mães, foi verificado que a situação que envolvia tragédias, doenças, morte se destacou em relação ao sofrimento do outro e ao sofrimento não merecido. Neste tipo de situação, o ofensor