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Análise e discussão das respostas dos professores ao questionário

No documento Relatório final (páginas 135-141)

I- ENQUADRAMENTO TEÓRICO A Matemática no panorama educativo português:

5.2 Apresentação e análise dos questionários aplicados aos professores

5.2.1 Análise e discussão das respostas dos professores ao questionário

Dimensão 1: Verificou-se que a maioria dos professores não sabe jogar xadrez. Dos 31 docentes que responderam ao inquérito, 20 docentes afirma não saber jogar xadrez, a que corresponde uma percentagem de 64,51%. Especulou-se se se poderia relacionar o

Dimensões Questões

Dimensão 1: Necessidades de formação

2.1 Sabe jogar xadrez?

2.7 Se um Centro de Formação lhe propusesse uma formação gratuita sobre "o jogo de xadrez: uma nova forma de educar", estaria interessado em inscrever-se?

Dimensão 2: Levantamento das práticas realizadas nas escolas referentes à utilização do jogo de xadrez;

2.2 Lecionou em alguma escola na qual existisse a prática do jogo de xadrez?

2.2.1 Se respondeu sim, mencione em que âmbito se fazia essa prática.

Dimensão 3: Opiniões sobre o jogo de xadrez em contexto educativo.

2.4 Na sua opinião, o jogo de xadrez poderá constituir-se como uma disciplina autónoma e obrigatória no currículo escolar?

2.5 Se um dia lhe propusessem utilizar o jogo de xadrez para ajudar e melhorar as aprendizagens dos seus alunos, no contexto da sua disciplina, o que lhe pareceria? Acharia possível?

Dimensão 4: Utilização do jogo de xadrez nas práticas pedagógicas dos professores, no âmbito da sua disciplina: perspetiva interdisciplinar ou recurso didático-pedagógico

2.3. Já alguma vez usou o jogo de xadrez na sua prática letiva?

2.3.1 Se respondeu sim, indique em sumariamente em que contexto(s).

2.6 Como acha que o jogo de xadrez poderá ser utilizado na sua disciplina, como promotor das aprendizagens previstas nas metas curriculares? (Mencione alguns conteúdos e estratégias)

conhecimento das regras do xadrez com o sexo do docente ou com as habilitações académicas, mas não se verificou qualquer padrão que correlacionasse estas duas categorias na variável do conhecimento das regras do xadrez. No que se relaciona às necessidades de formação 93,5% (29 docentes) estaria interessado em inscrever-se numa formação, no âmbito da utilização do jogo de xadrez, o que vem revelar que os docentes apresentam vontade de descobrir de como podem utilizar e adaptar o jogo ao contexto da sua disciplina.

Dimensão 2: No que concerne à presença do jogo de xadrez nas escolas, esta não é frequente: 64,5% dos docentes afirma que, nas escolas por onde passaram, não existiu a prática do jogo de xadrez. Dos 35,5% docentes que afirmaram a existência, referiram que a presença do jogo de xadrez se fez num âmbito de Clubes de xadrez e jogos matemáticos (três professores), Atividades de Enriquecimento Curricular (quatro professores), quer em atividade física e desportiva, no âmbito do desporto escolar (dois casos), quer na atividade de jogos matemáticos. Foram ainda mencionados casos de Sala de Estudo e Apoio ao Estudo (um caso) e durante os intervalos (um caso).

Dimensão 3: Em relação às opiniões dos docentes sobre o jogo de xadrez, 28 docentes consideram que o jogo de xadrez nunca se poderá constituir como uma disciplina autónoma e obrigatória no currículo escolar, o que poderá ser indicador de que os docentes, de facto, desconhecem os benefícios no desenvolvimento global do aluno, mencionados na revisão de literatura, podendo esta disciplina concentrar os conteúdos das áreas curriculares Apoio ao Estudo e Educação para a Cidadania, conforme esmiuçado na revisão de literatura. No que diz respeito à questão “Se um dia lhe propusessem utilizar o jogo de xadrez para ajudar e melhorar as aprendizagens dos seus alunos, no contexto da sua disciplina, o que lhe pareceria? Acharia possível?”, vinte e um docentes indicam ser possível, no entanto, há ainda respostas que merecem ser analisadas, uma vez que servem de justificação para a sua tomada de decisão. Todos os docentes do 1º Ciclo consideram possível a utilização do jogo de xadrez (quadro 18).

Quadro 18: Exemplos de respostas às questões “Acharia possível utilizar o jogo de xadrez para ajudar

e melhorar as aprendizagens dos seus alunos, no contexto da sua disciplina?”

Resposta Exemplos

Sim n21

“Acharia naturalmente possível. Considero também que todas as práticas capazes de ajudarem os nossos alunos devem ser aceites e concretizadas”; “Os jogos são muito importante para os alunos, principalmente os que envolvem estratégia”;

“Seria possível. Teria que aprender a jogar”; “Apostaria na sua realização”;

“Primeiro teria de aprender as regras e a mecânica do jogo e depois se me sentisse à vontade usaria à vontade”;

“Acho possível. No entanto, teria de haver a gestão do programa teria de ser flexível. Acho difícil todos os professores integrarem o jogo de xadrez nas suas aulas. As fichas de avaliação não poderiam ser iguais”.

“No entanto, necessitaria de aprender a jogar.”

“Acho possível, mas não trará nada de positivo para a aprendizagem do inglês”.

Não n7

“Na minha disciplina, não há tempo para jogar xadrez, dada a extensão do programa. No entanto, poder-se-iam criar espaços para jogar xadrez o que resultaria em benefícios para a aprendizagem”

“No contexto da minha disciplina, acho impossível.”

“Não vejo como poderá ser possível. A ser usado será apenas como motivação ou prémio para bom desempenho na disciplina”.

Outras justificações n3

“Seria, sem dúvida, um desafio. Todavia, difícil, ou quase impossível, de realizar;”

“Dependendo da disciplina. Nas disciplinas associadas à Ciência seria possível, porque se enquadra com a lógica, racionalidade, pensamento, tomada de decisão e estudo/investigação”;

“Não possuo conhecimentos para isso. Teria que aprender primeiro”.

Constata-se, assim, que mesmo acreditando que a utilização do jogo de xadrez, no contexto de cada disciplina, seja possível, os docentes referem a necessidade de aprender e dominar o jogo para o poder utilizar em sala de aula e ainda são apontadas algumas dificuldades decorrentes da gestão curricular, como a pouca flexibilidade na escolha dos conteúdos a privilegiar. No seguimento desta justificação, um docente considera não ser possível a sua utilização, na medida em que não há tempo para jogar xadrez, dada a extensão do programa. No entanto, reconhece a importância do jogo de xadrez ao apontar a possibilidade de se poder criar “espaços para jogar xadrez, o que resultaria em benefícios para a aprendizagem”. Ainda um outro docente menciona não saber como pode utilizar o jogo de xadrez, mas reconhece que, pelo menos, poderá

servir como fonte de motivação ou prémio pelo bom desempenho da disciplina. Embora esta ideia possa ser questionável, dado que alunos com insucesso não poderiam nunca aceder ao prémio, isto é, jogar xadrez, ela é um pré-conceito ainda muito presente nas ideias dos professores, conforme se constata na dimensão 4. Há ainda um grupo de três docentes que revelam algumas dúvidas na possibilidade de utilização para melhorar as aprendizagens dos alunos. Um refere pelo desconhecimento do jogo de xadrez, outro menciona uma certa dificuldade ou até mesmo impossibilidade de utilização, quase como sendo uma utopia. Ainda um outro docente refere que a sua utilização só poderá ser realizada no domínio das ciências, por ser um jogo que se enquadra na racionalidade, na lógica, em atividades de investigação.

Dimensão 4: As questões colocadas no âmbito desta dimensão pretendiam, finalmente, averiguar se já alguma vez os docentes utilizaram o jogo de xadrez na sua prática letiva e como poderão fazer essa utilização, no âmbito da sua disciplina. Assim, dos 31 docentes que responderam ao questionário, 28 docentes, a que corresponde uma percentagem de 90,3%, afirmam nunca ter usado o jogo de xadrez na sua prática letiva. Dos 9,7%, quando questionados sobre o contexto em que usaram o jogo de xadrez, um professor respondeu na geometria, noção de retas, outro em atividades lúdicas e um outro docente referiu nas Atividades de Enriquecimento Curricular, na atividade jogos matemáticos, o que vem de encontro aos aspetos que foram mencionados na revisão de literatura. No que toca à questão de Como acha que o jogo de xadrez poderá ser utilizado na sua disciplina, como promotor das aprendizagens previstas nas metas curriculares? (Mencione alguns conteúdos e estratégias), os docentes responderam da seguinte forma (quadro 19).

Quadro 19: Respostas à questão Como acha que o jogo de xadrez poderá ser utilizado na sua

disciplina?

Grupo de recrutamento Respostas

110 – 1º Ciclo

“Áreas e perímetros das casas dos tabuleiros, tomando diferentes unidades de medida.”

“Não faço ideia pois não conheço o jogo”. “Como forma de desenvolver o raciocínio lógico e matemático”.

“Conteúdos do âmbito da matemática.” “Desenvolvendo o raciocínio”.

“Sem resposta”.

“Na área de matemática (orientação espacial)”.

“O Xadrez poderia ser englobado sobretudo na Matemática: área da lógica, cálculo e investigação.”

“Geometria.”

“O xadrez aplicar-se-ia na matemática com contagens (adição, subtração), localização e orientação no espaço,(relações de posição e alinhamentos de objetos e pontos; comparação de distâncias entre pares de objetos e pontos; figuras

geometricamente iguais), representação de dados.” “Itinerário, compreensão de regras.”

“Na área da Matemática”.

“Os diferentes tipos de texto aplicados ao jogo de xadrez: O texto publicitário ao xadrez, a poesia no xadrez, a escrita de regras do jogo de xadrez; diálogos entre as peças”.

“Motivação.”

“Na aplicação de estratégias” 910 – Educação Especial

“Nas crianças com hiperatividade e défice de atenção, o jogo por si só pode fazer parte de uma medida educativa para estes alunos”.

“Nas atividades de competências sociais e emocionais”. “Ajudaria na concentração para as aprendizagens”. 510 - Física e Química “Não vejo como”.

“Associar a tabela periódica aos quadrados do tabuleiro”. 300 – Português “Ensino da gramática.”

“A presença do jogo de xadrez na literatura”. 230–Matemática e Ciências Naturais “Áreas e perímetros.” “Áreas e perímetros”

“Isometrias”

200-História e Geografia de Portugal “Lugares e localização especial”

“A organização do poder, partindo do estudo das peças” 290- Educação Moral Religiosa e

Católica “Na exploração do desenvolvimento pessoal e social de cada aluno” 240 – Educação Visual Tecnológica “Construção de vários tabuleiros e conjuntos de peças para a

escola”.

520 – Biologia e Geologia “No contexto da minha disciplina, acho impossível.” 330 – Inglês “Desenvolvimento de vocabulário”.

Esta questão, apesar de ser uma questão de resposta curta, constituiu-se uma questão aberta e permitiu, desta forma, registar algumas considerações:

significado das palavras conteúdos e estratégias, a avaliar pelo tipo de respostas recolhidas, nomeadamente em respostas como “Motivação” e “ Na área da Matemática”, assim como “Ajudaria na concentração para as aprendizagens”, “Nas atividades de competências sociais e emocionais”. “Desenvolvendo o raciocínio” e “Como forma de desenvolver o racíocinio lógico e matemático”. b) No grupo de recrutamento 110, 1º Ciclo do Ensino Básico, apura-se que há uma

forte tendência de relacionar o jogo do xadrez com a Matemática. Dos 15 docentes que responderam ao inquérito, dez associaram à Matemática, particularmente ao domínio da Geometria e Medida. O mesmo aconteceu com o grupo de recrutamento 230, Matemática e Ciências Naturais. Neste grupo, um docente referiu o conteúdo de isometrias.

c) Verifica-se, ainda, que na maioria, os docentes referem os conteúdos e estratégias de um ponto de vista da interdisciplinaridade e não tanto quanto como recurso pedagógico-didático. No grupo 910, referente à Educação Especial, domínio cognitivo-motor, a utilização do jogo de xadrez remete para a perspetiva do jogo em sim mesmo, conforme as respostas dadas.

Apesar do número de professores que responderam a este questionário ser muito reduzido, verifica-se uma certa consistência com os elementos que foram referidos na revisão de literatura. A utilização do jogo de xadrez parece ainda não ser devidamente explorada em contexto educativo (Almeida, 2010; Silva, 2008), tanto como jogo em si mesmo, como recurso pedagógico-didático e também como projeto interdisciplinar. Os professores manifestaram vontade em participar numa formação do jogo de xadrez e perspetiva-se a possibilidade de o transformar como núcleo globalizador do currículo, atendendo à diversidade de ideias que os docentes apresentaram na questão 2.6. Sob o ponto de vista de utilização do jogo de xadrez como recurso pedagógico-didático, os docentes revelam algumas dificuldades de como transformar o jogo num material que permita promover e facilitar a aprendizagem dos conteúdos curriculares, dado que não se obteve nenhuma resposta nesse sentido.

 

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VI - REFLEXÕES FINAIS

Reflexão sobre a reflexão na ação Considerações e recomendações

Chegados a este ponto e ultrapassadas as reflexões do ponto de vista didático, importa agora refletir e analisar a experiência da Prática de Ensino Supervisionada do ponto de vista do desenvolvimento pessoal e profissional. Identificam-se dificuldades e constrangimentos, aprendizagens realizadas e sugestões de melhoria. Também neste tópico são indicadas reformulações, visando a adequação e pertinência de práticas futuras.

No documento Relatório final (páginas 135-141)