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Caraterização da turma da Prática de Ensino Supervisionada no 2º Ciclo

No documento Relatório final (páginas 77-82)

I- ENQUADRAMENTO TEÓRICO A Matemática no panorama educativo português:

3.1 Primeira fase do diagnóstico: contextualizar e conhecer

3.1.4 Caraterização das turmas

3.1.4.2 Caraterização da turma da Prática de Ensino Supervisionada no 2º Ciclo

A turma H é constituída dezanove alunos, nove raparigas e dez rapazes, com idades compreendidas entre os 11 e os 14 anos. Cinco alunos são de etnia cigana. Existem dois alunos ao abrigo do Decreto-lei nº 3/2008, com diagnóstico de dislexia e dificuldades de aprendizagem específicas. Estes alunos beneficam de medidas educativas de adequações curriculares e condições especiais de avaliação e têm apoio direto do professor de Educação Especial, duas vezes por semana. Apenas dois alunos não beneficiam do serviço de ação social escolar. Uma grande parte dos alunos provem dos bairros do Lagarteiro e do Cerco.

É uma turma com desempenho escolar fraco em todas as áreas curriculares, particularmente na área do Português e de Matemática, apresentando, no segundo período, mais de 50% de níveis negativos nestas áreas curriculares. No terceiro período, oito alunos apresentam nível

negativo a Matemática, a que correspondeu uma melhoria. Na avaliação final de ano, seis alunos ficaram não aprovados ao 7º ano e votou-se a nota de um aluno para ser aprovado, atendendo à idade e ao número de retenções que acumulou no seu percurso escolar. Uma das razões para o baixo rendimento académico da turma relaciona-se com problemas de assiduidade e pontualidade. A turma apresentou-se sempre incompleta em todas as aulas, durante todo o ano, e chegaram frequentemente mais de dez minutos atrasados ao primeiro tempo. Apesar de, nas reuniões de avaliação, a turma ter sido referida com comportamento irregular e pouco satisfatório, todos os alunos têm bom relacionamento com os seus colegas e com o professor de Matemática, embora sejam descritos problemas de comportamento nas aulas de Português, História e Geografia de Portugal e Educação Visual. Nas aulas de Matemática, a turma é participativa e colaborativa nas atividades propostas (anexo 1).

Na maioria das vezes, os alunos cumprem com as tarefas propostas para trabalho de casa (anexo 1). Evidenciam, contudo, acentuadas dificuldades na realização das atividades de Matemática propostas, nomeadamente na aplicação dos conteúdos aprendidos, que se tornam evidentes quando se lhes é proposto, no âmbito da resolução de problemas, atividades que exigem compreensão de enunciados e que não resultem da aplicação direta dos procedimentos e rotinas de Matemática (anexo 1).

Para além destas dificuldades de compreensão de enunciados (dificuldades radicadas no Português), os alunos da turma, na sua maioria, revelam dificuldades de organização que se refletem até na forma como realizam as correções dos trabalhos que o professor vai desenvolvendo no quadro. Nas aulas de observação, os alunos foram questionados acerca das razões por que não corrigiam os exercícios e obtiveram-se respostas como “Não passo, porque não fiz os trabalhos de casa”, “Não sei onde o professor vai”, “eu fiz e está mal”. Os alunos que iam corrigindo os trabalhos, copiavam as resoluções de uma forma desordenada, raramente identificavam o número do exercício e a página do manual (anexo 1). Da forma como os alunos realizavam as atividades, seria impossível rever os exercícios, em casa, para monitorizar o seu estudo. Em relação a este aspeto, a turma, de facto, necessitava de supervisão constante do professor para realizar com alguma correção e perfeição as atividades e a respetiva correção.

Aliadas relacionadas a estas dificuldades, surgem as relacionadas com a conservação e estima do seu material. Não conseguiam conservar por muito tempo os documentos de

trabalho, umas vezes sujavam, outras vezes perdiam. Quando o diretor de turma lhes entregou um documento para renovação de matrícula, os alunos não devolveram o documento no prazo devido, outros perderam, outros deixaram ficar na sala de aula, num “prateleira” da parede lateral que suporta as janelas. De facto, havia quatro alunos que nem a mochila com os livros levavam para a escola. Deixavam nessa prateleira os livros. A importância que dão à escola é muito pouca, assim como ao seu sucesso escolar. As suas expectativas para o futuro são baixas.

As principais dificuldades decorrem ainda de falta e métodos de estudo, de dificuldades de concentração e em se prender aos aspetos essenciais da atividade, revelando, por tudo já mencionado, alguma imaturidade e irresponsabilidade. Perante essas dificuldades, que são simultaneamente causa e consequência, os alunos não têm hábitos de trabalho individual, porque não conseguem estudar sozinhos, nem encontrar estratégias de monitorização do estudo, aliados à pouca autonomia e pouca autoconfiança. Esforçam-se por agradar os professores, quando são chamados à atenção sobre o esforço que colocam na realização dos trabalhos, mas revelam dificuldades de concentração e atenção e de compreensão das informações dadas (anexo 1). Necessitam da supervisão constante do professor na organização dos cadernos para estudar, na correção dos exercícios pelo quadro, na conservação de material (anexo 1). A turma revela ainda comportamentos de carência, tendo necessidade de procura de afeto junto dos professores. É uma turma que foi “abandonada” no seu percurso escolar, com professores pouco atentos e itinerantes, de acordo com informações da direção da escola. A turma necessitaria assim de um professor que se destinasse à nonitorização do seu estudo, que os ensinasse a estudar, como estudar e organizar o seu trabalho, que os responsabilizasse pelos resultados obtidos e que se preocupassem mesmo com as questões pessoais deles.

De acordo com a ficha de caraterização individual dos alunos, cedida pelo Diretor de turma, verificamos que a profissão dos pais dos alunos pertence, na sua grande maioria, ao setor terciário, estando empregados em serviços. Cinco alunos têm pelo menos um progenitor desempregado, havendo dois casos em que ambos os pais estão em situação de desemprego. Foi impossível identificar a profissão dos pais de seis alunos, dado que estão referidas com profissão e situação profissional desconhecida. No que diz respeito às habilitações académicas, constata-se que os níveis de escolaridade são baixos. A maioria não concluiu a escolaridade obrigatória. Verifica-se ainda que não há progenitores com habilitação

académica ao nível do ensino superior e o ensino secundário é representado por uma minoria. A categoria Formação Desconhecida resulta do não preenchimento dos documentos da matrícula, o que se pode justificar, por um lado, a falta de interesse e, por outro, a incompreensão da informação do documento (gráfico 2).

Gráfico 2: Comparação das habilitações académicas dos pais com as das mães. Dados recolhidos no período de observação do contexto da prática de ensino supervisionada.

De acordo com a informação recolhida, oito alunos não têm computador em casa e nove alunos não tem acesso à internet.

Em relação ao professor cooperante, nos momentos de observação do contexto, verificou-se que o docente detém grande controlo sobre a turma associada a uma excelente relação afetiva com os alunos, chamando-os à atenção de alguns problemas que vão evidenciando nas outras disciplinas e relacionados com a assiduidade e pontualidade (anexo 1). O professor de Matemática, também de Ciências Naturais, acompanha a turma desde o quinto ano de escolaridade e constitui-se como figura de referência para a turma. Em termos de metodogia de trabalho, na área da Matemática, observou-se o trabalho de grupo, a utilização dos recursos da Escola Virtual e a utilização do manual. A realização de exercícios efetuou- se individualmente ou a pares, conforme preferência dos alunos e a correção dos exercícios foi realizada no quadro. Na realização das fichas de avaliação sumativas, foram observados procedimentos de diferenciação pedagógica para os alunos com Necessidades Educativas Especiais. As intencionalidades educativas que presidiam às decisões da orientador cooperante remetiam para os interesses dos alunos e para as suas dificuldades, mas não

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1º Ciclo  2º Ciclo  3º Ciclo  Ensino 

Secundário 

Formação  Desconhecida 

Outra 

Habilitações académicas dos pais e das mães

Pai  Mãe 

foram observados procedimentos para ajudar os alunos a monitorizar o seu estudo e a se organizarem, nomeadamente na verificação individual dos seus trabalhos.

De uma forma sucinta, apresentam-se os pontos fortes e fracos da turma, assim como os contrangimentos e oportunidades para a Prática de Ensino Supervisionada (quadro 9).

Quadro 9:Quadro síntese das turmas 4º A e 6º H; constrangimentos e oportunidades para a Prática de Ensino Supervisionada

Turma A – 4º ano Turma H- 6º Ano

Pontos Fortes

- Motivação pelas atividades; - Adesão dos alunos às atividades; - Expectativas positivas face à escola e ao

seu futuro.

- Motivação pelas atividades; - Adesão dos alunos às atividades.

Pontos fracos

- Pouco empenho na realização das atividades;

- Dificuldades na compreesão de enunciados escritos;

- Falta de hábitos de estudo;

- Dificuldades em trabalhar em grupo; - Ritmo de trabalho lento;

- Dificuldades de atenção, concentração e retenção da informação oral;

- Dificuldades de aplicação de conteúdos - Pouca autoconfiança

- Pouco empenho na realização das atividades - Acentuadas dificuldades de compreensão de

enunciados escritos;

- Dificuldades na capacidade de organização, de métodos e hábitos de estudo;

- Dificuldades em encontrar estratégias de monitorização de estudo;

- Dificuldades de atenção e concentração - Dificuldades de expressão de raciocínio; - Dificuldades de aplicação de conteúdos. - Pouca autoconfiança

Constrangimentos

Constrangimentos da PES: Limitações temporais na realização das atividades (uma vez por semana) e desfragmentação de atividades.

- Falta de assiduidade dos alunos;

- Pouca importância que os alunos atribuem à escola;

- Expectativas baixas relativamente à escola, aos estudos e à sua vida futura.

Oportunidades

- Reforço das aprendizagens, utilizando o jogo do xadrez;

- Adesão dos alunos às atividades.

- Utilização de metodologias construtivistas: partindo dos pontos fortes da turma, reforço das aprendizagens e superação dos pontos fracos, utilizando o jogo do xadrez, na área da Matemática.

Face ao exposto, acreditamos que o jogo do xadrez, por todos os resultados de estudos já anteriormente apresentados, pode integrar-se neste Projeto Educativo do Agrupamento “passo a passo”, num futuro que se faz e se constrói no presente, em que o futuro se transforma em ato presente. Perante, os pontos fracos e fortes das turmas, que não são assim tão dissemelhantes, acreditou-se que o jogo do xadrez poderia permitir o desenvolvimento das competências que atravessam de forma transversal as caraterísticas mais marcantes das turmas, como a disciplina, o raciocínio lógico, a concentração, a atenção, a critatividade, a capacidade de resolução de problemas e poderia contribuir para reduzir e prevenir dificuldades na área da Matemática, precisamente a área curricular mais fraca das turmas.

3.2 Segunda fase de diagnóstico – Perceções e opiniões dos alunos sobre o jogo de

No documento Relatório final (páginas 77-82)