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O jogo de xadrez como núcleo globalizador: uma abordagem interdisciplinar

No documento Relatório final (páginas 118-123)

I- ENQUADRAMENTO TEÓRICO A Matemática no panorama educativo português:

4.4 O jogo de xadrez como núcleo globalizador: uma abordagem interdisciplinar

A utilização do jogo de xadrez como núcleo globalizador interdisciplinar ocorreu somente na Prática de Ensino Supervisionada no 1º Ciclo do Ensino Básico e pretendeu reforçar e promover os conteúdos programáticos do 4º ano de escolaridade. Inicialmente, as atividades, que se apresentam de seguida, foram desenhadas e implementadas,

intencionando utilizar o jogo de xadrez como recurso pedagógico-didático no desenvolvimento dos conteúdos. Todavia, com o aprofundamento da revisão de literatura e o amadurecimento deste trabalho, as atividades desenvolvidas permitem-nos, neste momento, situá-las numa abordagem interdisciplinar, tendo por base o jogo de xadrez, na medida em que não se constituiu um recurso, mas uma subordinação do jogo de xadrez aos conteúdos. Considera-se, contudo, que esta abordagem interdisciplinar contribuiu de igual forma para reforço de conteúdos e promoção de aprendizagens dos conteúdos curriculares do 4º ano.

Aprendizagem do jogo de xadrez e o Apoio ao Estudo: Como se joga xadrez? Na aprendizagem das regras do xadrez, os alunos foram incentivados a tomar notas com o objetivo de consultar as regras, sem estarem tão dependentes da supervisão do professor e, desta forma, apoiar as suas partidas de xadrez. Por outro lado, ao tomarem notas, os alunos foram incentivados a aprender a monitorizar o estudo, a aplicar e desenvolver competências de oralidade e escrita, cumprindo objetivos que constam das Metas curriculares. Para isso, foi distribuído aos alunos um pequeno tabuleiro de xadrez onde anotaram o movimento das peças e as regras mais básicas (figura 37).

Figura 37: Atividades de consolidação de regras do xadrez

Também baseados no livro “Conto xadrez prático” de Rubens Filguth, foram propostos exercícios de tática e discutidas as diferentes possibilidades de jogo, numa partida coletiva. Nestas atividades, os alunos, dispostos em grupo e com o jogo do xadrez à sua frente, confrontarem ideias, apresentarem e defenderem opiniões, justificando com pormenor,

interpretaram a informação ouvida e compreenderam os diferentes argumentos que fundamentam uma opinião.

No momento da partida de xadrez, os alunos foram capazes de consultar a informação anotada e consolidarem as regras do jogo (figura 38).

Figura 38: Exercícios de tática – partida coletiva

Aprendizagem do jogo de xadrez e o Português: É possível aprender as regras do jogo de xadrez, dramatizando?

Adaptando a obra “A Guerra do tabuleiro de xadrez” de António Manuel Pina, e deixando- a por concluir, procurou desenvolver-se, numa prática integrada e contextualizada, as capacidades linguísticas dos alunos, nomeadamente, as relacionadas com a produção textual, e melhorar as dimensões da formação pessoal e social da turma, no que respeita à colaboração, à capacidade de negociação, à tolerância e respeito pela opinião dos outros, na realização do trabalho em grupo, área particularmente fraca da turma.

Foram constituídos grupos heterogéneos para a realização das quadras. A dinâmica criada teve por base três componentes essências ao processo de escrita: a planificação, redação e a revisão (Carvalho, 2003, citado por Barroso, 2015). Assim, distribuiu-se a cada grupo um envelope com o nome da peça do xadrez. Os alunos tinham de registar caraterísticas dessa peça. Voltaram a colocar essa lista no envelope e, após sinal, trocaram com outro grupo, que iria construir um texto com base nessas palavras. Mais uma vez, após o sinal, os alunos trocaram de envelopes e passaram à correção. Por fim, os alunos tiveram de ler expressivamente a quadra criada. O trabalho de grupo tinha ainda como objetivo melhorar a interação entre os alunos na tomada de decisões em colaboração, estimular a necessidade

de negociação e o respeito pela opinião dos outros; melhorar as capacidades linguísticas, bem como a criatividade e a imaginação (Cantero, 2005). Com esta atividade, pretendia levar os alunos a fazerem coisas com as palavras, isto é, a trabalhar com a língua, tentando com que, no âmbito de uma escrita mais criativa, os alunos desenvolvessem uma atitude mais positiva face à área curricular de Português. Ao elaborarem em pequeno grupo uma única quadra, a qual foi sendo o resultado da responsabilidade de vários alunos, os alunos tiveram de gerir a diversidade de propostas que foram surgindo, a articulação entre as diversas perspetivas e conciliação entre os diferentes pontos de vista, assim como trabalhar com colegas com desempenhos diferenciados. Verificou-se ainda que, na realização deste trabalho, os alunos consultaram o seu pequeno tabuleiro de xadrez, para que pudessem relembrar as regras do xadrez estudadas (figura 39).

Figura 39: Construção das quadras em grupo

Desta forma, procurou-se reforçar a aprendizagem do jogo do xadrez e suas regras, através da construção de um conjunto de quadras, as quais foram dramatizadas e apresentadas na Biblioteca da Escola aos alunos da escola. Partindo desta atividade, os alunos ensinaram as regras do jogo aos restantes alunos da escola (figura 40). Apesar da construção do texto ter

sido bastante difícil, esta foi uma das atividades preferidas dos alunos, tal como consta na avaliação das atividades (capítulo V).

Figura 40: Apresentação do texto dramático “A guerra do tabuleiro de xadrez” adaptado pelos alunos do 4ºA

A aprendizagem do jogo de xadrez e o Estudo do Meio

Para articular o jogo do xadrez com a aprendizagem dos conteúdos de Estudo do Meio, nomeadamente o estudo da 1ª dinastia, colocaram-se números no tabuleiro de xadrez, a que correspondiam acontecimentos como forma de consolidação dos conteúdos. Para chegar a esses números, os alunos, em pequeno grupo, tinham de jogar as peças de forma a alcançar esses números. Assim, os alunos foram descobrindo os acontecimentos mais importantes da 1ª dinastia à medida que iam jogando, através de um exercício de tática (figura 41).

V - AVALIAR E COMPREENDER

Reflexão sobre a ação

No documento Relatório final (páginas 118-123)