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Capitulo II Percurso metodológico

4. O método: a entrevista

4.5. Análise do conteúdo

A análise de conteúdo é um sistema de conceptualização em que um conjunto de categorias são elaboradas, antes ou durante a análise, as quais Kvale, (2007) sugere que sejam construídas a partir do quadro teórico inicial e da linguagem do/a entrevistado/a. Já Hancock (2002) elabora um conjunto de etapas para a análise de conteúdo, em que as categorias surgem a partir das leituras do material empírico e são construídas ao longo da identificação e alocação do material às categorias, permitindo-o ser comparável entre si. São estabelecidas pelo autor as seguintes etapas:

1) Ler a transcrição (ex. entrevista) enquanto se sublinha o que parece ser mais importante e anota-se na margem a natureza percebida do que foi sublinhado;

2) Reler o que foi anotado nas margens e construir uma lista sobre os vários tipos de informação encontrados;

3) Reler a lista de enxertos extraídos da transcrição e categorizar cada um, para que a categoria criada indique sobre o que se trata o enxerto. Nesta etapa é possível que se repitam categorias, contudo sugere-se que se criem categorias ao invés de tentar agrupar enxertos que se suspeitem não serem da mesma categoria.

4) Reler a lista de categorias criadas e verificar se algumas se encontram ligadas, caso isto se verifique podem ser listadas segundo uma categoria major, ficando a categoria anterior como minor;

5) Examinar as categorias major e minor criadas, podendo sentir-se a necessidade de alterar algumas categorias, ou mesmo listar o mesmo item em duas categorias;

6) Na transcrição seguinte repetir as etapas da 1 à 5. Podem ser identificadas novas categorias, mas também os novos itens poderão pertencer a categorias já criadas; 7) Recolher os extratos selecionados da transcrição que pertençam a uma categoria, juntá-

los, rele-los e ponderar se não existem extratos que não se encaixam e pertencem a uma categoria diferente;

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8) Depois de todos os extratos relevantes da transcrição estarem associados a uma categoria minor e major, examinar de novo o sistema de categorização e os respetivos dados associados podendo existir a necessidade de mudar alguns itens de alguma categoria ou refazer a nomenclatura;

9) Após a certificação de que os itens estão adequadamente associados às categorias, verificar se existe a possibilidade de encaixar categorias;

10) Por fim, a atenção volta-se para as partes da transcrição não selecionadas e a validação da importância das mesmas, ou seja, se alguma deve passar a constar na grelha de análise.

Nesta investigação, optamos por seguir as etapas de análise de conteúdo sugeridas por Hancock, em que as categorias (Tabela 3 - Categorias de análise) foram elaboradas durante a fase de análise, contudo na construção das categorias também tivemos como base as questões do guião utilizado na entrevista, o qual seguiu o conteúdo da problemática inicial, isto é, adotamos em simultâneo a sugestão de Kvale (2007).

Categoria Descrição

Conceitos e experiências de envelhecimento

Significados que os sujeitos atribuem ao termo envelhecimento. Narrações de situações vividas que os sujeitos reconheceram como sendo de envelhecimento, descrição de atitudes que tiveram perante as mesmas. Inclui o não reconhecimento de que se está a envelhecer.

Ser mulher e ser homem na gestão e vivência da

sexualidade

Descrição de papeis de género. Influência do género percecionada pelos sujeitos, em si e nos outros, nas formas como a sexualidade é gerida e vivida.

Gestão e vivência da sexualidade face a situações

de doença e alterações biológicas do envelhecimento

Descrição pelos sujeitos do impacto que experiência de situações de doença e alterações biológicas do envelhecimento tiveram/têm na vivência da sexualidade. Assim como o impacto que a gestão e vivência da sexualidade poderá ter no estado de saúde. Narração de experiências na primeira pessoa e de estratégias adotadas.

Gestão e vivência da sexualidade no contexto

social

Descrição do papel que a sociedade contemporânea portuguesa desempenha na gestão e vivencia da sexualidade.

Gestão e vivência da sexualidade na relação com

o/a parceiro/a

Narração da gestão e vivência da sexualidade com o parceiro e de como esta é influenciada pela relação entre ambos. Inclui a descrição de como a ausência de companheiro influencia/influenciaria a gestão e vivência da sexualidade. Diferenças geracionais na

gestão e vivência da sexualidade

Perceção dos sujeitos de como os mais jovens vivem a sua sexualidade, e a diferença que existe entre esta e a vivencia da sexualidade por si e pelos seus pares.

46 Conceitos e significados

atribuídos à sexualidade

Descrição do que os sujeitos entendem por sexualidade e as dimensões que a mesma adquire na sua experiência pessoal. Papel dos meios de

comunicação e informação na gestão e vivência da

sexualidade

Descrição do acesso e ação que os meios de comunicação e de informação têm na vivencia da sexualidade.

Papel da educação na gestão e vivência da sexualidade

Descrição da ação que a educação (escolar/académica) tem na gestão vivência da sexualidade.

Contexto, família e pares no conhecimento sobre questões de sexualidade

Descrição de como o contexto, a família e os pares propiciaram/limitaram ao sujeito o acesso informações sobre questões de sexualidade ao longo do seu crescimento.

Gestão e vivência da sexualidade segundo os

estilos de vida

Descrição de como estilos de vida adotados têm influência na vivência da sexualidade.

Experiências de abordagem da saúde sexual nas práticas de profissionais de saúde

Descrição e perceções das experiências vividas sobre a abordagem da saúde sexual pelos profissionais de saúde. Inclui as situações em que a abordagem é inexistente e as perceções sobre as mesmas.

Características intrínsecas e extrínsecas de profissionais de saúde na abordagem à

saúde sexual

Caraterísticas que o sujeito reconhece nos sistemas de saúde e profissionais de saúde como propicias para a abordagem de questões sobre a saúde sexual.

Qualidade na abordagem da saúde sexual por profissionais de saúde

Descrição pelos sujeitos de princípios que valorizam aquando a abordagem sobre a saúde sexual ou que valorizariam se esta acontecesse.

Conceitos, perceções e preocupações de saúde

sexual

Descrição do sujeito do que entende por saúde sexual, bem como a caracterização e as preocupações que tem sobre a sua saúde sexual.

Tabela 3 - Categorias de análise