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5 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DOS JORNAIS E DA LEGISLATURA

6.3 Análise dos editoriais do jornal O Estado de S Paulo

6.3.3 Análise do enquadramento “Alterações na legislação trabalhista e de aposentadoria são

Dez textos trazem o frame em questão. O primeiro deles aparece em 4 de março de 2012, com o texto “Finalmente, o Funpresp”, que trata de alterações na previdência de servidores públicos. O Estado de S. Paulo acredita que o projeto foi aprovado com grande atraso, e que o governo teve de aceitar “mudanças na sua proposta original que implicam gastos maiores do que

os inicialmente previstos, ceder a pressões de membros do Poder Judiciário e render-se a exigências de sua base para facilitar o controle dos fundos a serem constituídos” (O Estado de S. Paulo, 4 mar. 2012, p. A3). Apesar disso, avalia que a criação “dos Fundos de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp), aprovada pela Câmara dos Deputados (...), é importante para o equilíbrio das finanças públicas e para a redução das iniquidades do sistema previdenciário do País” (idem, ibidem).

O jornal aborda o processo de criação do Funpresp, cujo projeto de lei foi enviado ao Congresso em 2007, e menciona a importância das negociações. “Foram necessários mais de quatro anos, muitas negociações e várias mudanças para que, finalmente, o texto fosse aprovado pela Câmara. Falta a aprovação pelo Senado, que o governo espera que ocorra ainda no primeiro semestre” (idem, ibidem). Trata, ainda, de mudanças que teriam sido instituídas por iniciativa do PT em relação à proposta original, como uma maior contribuição do governo e a gestão paritária do Funpresp.

No dia 9 de abril de 2012, o editorial “O CNJ e a greve no setor público” aborda a regulamentação da greve no serviço público. O Estado de S. Paulo considera que a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) considerar legal o corte o ponto de grevistas do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) foi acertada, assim como lembra que, na falta de enquanto o Congresso não aprovar lei que regulamente o direito de greve no serviço público, vale a lei dedicada à iniciativa privada. Ao mesmo tempo, afirma que

A decisão do CNJ coincide com a retomada, no Congresso, do debate sobre a regulamentação do direito de greve do funcionalismo público. Alegando que a edição da lei complementar prevista pela Constituição está atrasada 23 anos, há quatro meses o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) apresentou o Projeto de Lei n.º 710/11, regulamentando a greve no setor público (O Estado de S. Paulo, 9 abr. 2012, p. A3).

OESP argumenta que a decisão do CNJ e o projeto de lei almejam o mesmo objetivo: “(...) acabar com a irresponsabilidade dos líderes sindicais do funcionalismo, que não hesitam em suspender atividades essenciais e em converter a população em refém de reivindicações muitas vezes absurdas e descabidas” (O Estado de S. Paulo, 9 abr. 2012, p. A3).

As greves voltam à pauta no editorial do dia 25 de abril, intitulado “Greves no setor público”. O texto apresenta dados para sustentar a importância da regulamentação das greves dos servidores públicos, afirmando que, “Com tantas greves e horas não trabalhadas, a máquina do governo, que não prima pela eficiência, é ainda mais emperrada e aumentam os gastos de custeio, comprimindo a margem para investimentos públicos, em prejuízo de todos os cidadãos” (O Estado de S. Paulo, 25 abr. 2012, p. A3). O jornal argumenta que o governo não tem se

empenhado para a aprovação no Congresso de uma lei de greve do funcionalismo e elogia a iniciativa do senador Aloysio Nunes, mencionada no texto anterior. Para o periódico, regulamentar as greves contempla os interesses dos cidadãos. “Mais que os interesses da administração, trata-se de proteger os direitos dos cidadãos, que pagam impostos para sustentar os serviços públicos e os próprios salários dos servidores” (O Estado de S. Paulo, 25 abr. 2012, p. A3).

O último texto desde enquadramento, intitulado “O preço da boa intenção” trata da legislação dedicada a ampliar os direitos dos empregados domésticos e foi publicado em 21 de junho de 2013. O jornal afirma que a lei se encaixa na “extensa lista dos exemplos de que boas intenções não são, nem de longe, garantia de bons resultados. Elas podem até mesmo levar ao contrário do que se deseja” (O Estado de S. Paulo, 21 jun. 2013, p. A3). OESP acredita que, desde o início das discussões sobre a medida, “vêm-se se sucedendo propostas infelizes ou de efeito benéfico duvidoso, além de manobras - tanto do governo como de seus aliados no Congresso - que frustram esperanças exageradas que eles próprios criaram” (O Estado de S. Paulo, 21 jun. 2013, p. A3).

Uma das manobras citadas pelo periódico é o adiamento da regulamentação dos novos direitos dos empregados, que interessava ao governo e foi executada pelo Presidente do Senado, Renan Calheiros – que nega defender os interesses do Executivo neste caso. “O senador Calheiros nega que o Palácio do Planalto tenha influenciado sua decisão de alongar a tramitação do projeto, que a seu ver precisa ser mais debatido: "Quanto mais for discutido, melhor". Por que só agora ele se deu conta disso?” (O Estado de S. Paulo, 21 jun. 2013, p. A3). Além disso, o jornal defende que a lei burocratiza em excesso as relações de trabalho, o que pode gerar mais informalidade nas contratações, além de ser difícil de ser fiscalizada, devido à inviolabilidade das casas.

A discussão sobre aprovação e regulamentação de leis diversas é algo frequente nos editoriais que adotam o enquadramento analisado nesta seção. O Estado de S. Paulo faz a defesa de algumas delas, especialmente, envolvendo as relações de trabalho. O Congresso e o governo também teriam papéis fundamentais, já que parte deles a disposição para aprovação ou não de diversas leis. As relações entre o Legislativo e o Executivo também influenciam o processo, pois não só a relevância dos projetos é responsável por serem ou não aprovados. O periódico também procura colocar-se ao lado do leitor, tentando mostrar que defende seus interesses, como no caso da regulamentação do direito de greve.

No próximo tópico, são analisados os editoriais adotando o enquadramento “Custo do Parlamento e do Estado brasileiro”.

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