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5 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DOS JORNAIS E DA LEGISLATURA

6.3 Análise dos editoriais do jornal O Estado de S Paulo

6.3.11 Análise do enquadramento “Liberdade de expressão como um direito inquestionável”

O primeiro dos dois editoriais a acionar o frame “Liberdade de expressão como um direito inquestionável” é “As biografias e a livre expressão”, publicado no dia 20 de fevereiro de 2011. O texto aborda o projeto propondo a liberação de biografias de pessoas de notoriedade pública sem a necessidade de autorização dos biografados ou de suas famílias. O periódico acredita que, após ter divulgado o engavetamento do projeto, escritores, intelectuais e jornalistas voltaram a cobrar e a deputada Manoela D’Ávila o reapresentou. Para O Estado de S. Paulo (20 fev. 2011, p. A3), a legislação atual é maléfica para todos – autor, personagem e leitores – e vê a liberdade de expressão como princípio fundamental para sociedades democráticas.

Garantir à sociedade o acesso a informações sobre figuras públicas ou que suscitam interesse público - sem impedir, é claro, que biógrafos possam ser acionados judicialmente, caso cometam injúria ou difamação - é uma forma de preservar direitos fundamentais e assegurar a livre circulação de ideias, dois princípios vitais para as sociedades abertas e democráticas.

O outro editorial é “A mordaça reforçada”, de 25 de maio de 2013, tratando da proibição de O Estado de S. Paulo divulgar evidências colhidas pela Polícia Federal de atos ilícitos cometidos pelo grupo empresarial de Fernando Sarney, filho de José Sarney.

(...) na base do atentado à liberdade de expressão está a gritante falácia de que o Estado não poderia estampar os fatos levantados pela Polícia Federal a que

tivesse tido acesso porque o inquérito era sigiloso. Essa aberração não pode prevalecer. O órgão noticioso que leva a público apurações reservadas sobre presumíveis ações lesivas ao bem comum - como traficâncias que envolvam o destino dos recursos do contribuinte - não é nem se torna "dono" do segredo. Este, por definição, é o agente estatal responsável por sua guarida. É a posição do STF. Se, porventura, o material repassado a jornalistas se revelar falso, o veículo que o tiver difundido estaria sujeito a responder por isso na Justiça. O que é inconcebível numa democracia é tolher a livre circulação de informações - um direito inalienável da sociedade (O Estado de S. Paulo, 24 mai. 2013, p. A3).

O jornal defende que “Tem-se, em suma, uma cadeia de atos frontalmente contrários ao espírito e à letra da Constituição. E, o que é mais alarmante, praticados por servidores togados do Estado Democrático de Direito que o País penou para implantar e eles pisoteiam” (idem, ibidem).

Nos dois editoriais analisados acima, O Estado de S. Paulo coloca a liberdade de expressão como um direito inquestionável, cobrando a liberação da publicação de biografias não autorizadas e o direito de publicar denúncias contra agentes políticos. O periódico reconhece a importância de resguardar os indivíduos de calúnias e difamações, mas acredita que isto não pode acontecer às custas da liberdade de publicação – além de que existem instituições para resguardar os caluniados.

Entre os editoriais de OESP examinados, foram identificados 15 enquadramentos, esmiuçados durante a seção detalhada acima. No próximo tópico, apresentam-se os resultados da análise do jornal Folha de S. Paulo.

6.4 Análise dos editoriais do jornal Folha de S. Paulo

A Folha de S. Paulo traz menos editoriais que OESP cotidianamente, conforme informado na seção anterior. Isto se reflete na quantidade de textos que compõem o corpus da pesquisa. Em relação aos temas gerais abordados pelos editoriais da Folha de S. Paulo, o periódico repete a predominância encontrada no material de OESP, com maior quantidade de textos sobre Política. A FSP traz 15 editoriais sobre o assunto durante o período analisado, o equivalente a 37,5% do total de textos pertencentes do jornal trazendo as palavras-chave. Próximo a Política, o eixo seguinte a concentrar os editoriais é Questões Sociais, com 14 textos sobre o assunto (35% do total). Economia conta com 9 editoriais (22,5%), enquanto dois editoriais (5%) pertencem à categoria Outros.

Fonte: Elaboração da autora (2016).

O passo seguinte da pesquisa foi mapear os assuntos específicos abordados pela publicação. O tema específico que mais se repete entre os textos da Folha de S. Paulo é “Relações entre governo e base aliada”, presente em seis editoriais. Este também foi o tema específico mais debatido por O Estado de S. Paulo, embora com uma quantidade maior de textos dedicados ao tema. Em seguida, quatro assuntos são abordados em dois textos cada um. São eles: “Custo dos parlamentares”; “Mudanças de partido e legislação eleitoral”; “Código Florestal”; e “Incentivos fiscais”. Grande parte dos temas específicos são discutidos uma vez no material da Folha de S. Paulo. São eles: “Reformas propostas – ou que deveriam ser – pelo governo”; “Criação do novo partido de Gilberto Kassab”; “Projeto de lei para liberação de biografias de pessoas públicas”; “Projeto do trem-bala”; “Voto distrital”; “Alterações na previdência”; “Legislação sobre aborto”; “Lei do piso para professores”; “Medidas provisórias do Governo”; “Reforma do código penal”; “Lei Geral da Copa”; “Regulamentação do direito de resposta”; “Gestão do Ministério da Cultura”; “Lei Seca”; “Escândalos envolvendo agentes políticos”; “Carga tributária”; “Regulamentação da propaganda infantil”; “Gastos públicos”; “CPI do Cachoeira”; “Contexto do STF”; “Código de Mineração”; “PEC dos Cartórios”; “Consequências das manifestações”; “Inflação e crescimento econômico”; “Investimentos em saúde e educação”.

Fonte: Elaboração da autora (2016).

Assim como no caso de O Estado de S. Paulo, optou-se por apresentar no corpo da dissertação apenas as personagens e instituições que tivessem sido mencionadas, pelo menos, em 10 editoriais. A instituição mais mencionada pela Folha de S. Paulo é a mesma que a do seu concorrente, o Congresso Nacional, presente em 27 editoriais, o que representa 67,5% dos textos do periódico que compõem o corpus. Em seguida, a Câmara dos Deputados tem 20 menções (50% do total). O Senado vem depois, presente em 17 editoriais (42,5%). Dilma Rousseff é mencionada em 13 peças, representando 32,5% do total. O Governo Federal está presente em 11 editoriais (27,5%). Por fim, a menção a deputados e ao PMDB acontece em 10 textos (25%).

Apesar da semelhança com O Estado de S. Paulo de o Congresso ser a instituição mais mencionada, chama atenção que, na Folha de S. Paulo, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal são as instituições que o seguem, com a Presidente Dilma Rousseff aparecendo com menos menções que as instituições legislativas.

Gráfico 11 – Personagens e instituições mencionadas pelos editoriais de Folha de S. Paulo

Fonte: Elaboração da autora (2016).

Em relação aos enquadramentos encontrados nos textos da Folha de S. Paulo, alguns se repetem em relação aos observados na análise de O Estado de S. Paulo, mas outros não apresentam ocorrências. O frame que mais se repete é “Relações conflituosas entre governo e base aliada e entre governo e Congresso de forma geral”, presente em 9 editoriais. Em seguida, “Providências necessárias para a economia brasileira e medidas que devem ser tomadas” aparece em 6 textos. “Alterações nas regras eleitorais” está presente em quatro editoriais, enquanto “Custo do Parlamento e do Estado brasileiro”; “Liberdade de expressão como um direito inquestionável” e; “Outros” estão presentes em três editoriais cada um. Cinco frames aparecem em dois textos cada. São eles: “Alterações na legislação trabalhista e de aposentadoria são importantes para o país”; “Necessidade de reforma do Código Penal”; “Escândalos políticos”; “Controvérsias do Código Florestal” e; “Respostas às manifestações”.

Fonte: Elaboração da autora (2016).

6.4.1 Análise do enquadramento “Relações conflituosas entre governo e base aliada e entre

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