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5 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DOS JORNAIS E DA LEGISLATURA

6.3 Análise dos editoriais do jornal O Estado de S Paulo

6.3.2 Análise do enquadramento “Providências necessárias para a economia brasileira e medidas

Neste frame, a situação dos gastos públicos é, frequentemente, identificada como problemática e exigiria cortes por parte do Executivo. Foram identificados 24 editoriais trazendo o enquadramento ora analisado. O editorial “A herança maldita de Dilma”, de 11 de fevereiro de 2011 aborda os cortes que devem ser feitos pelo governo para equilibrar os gastos públicos. O Estado de S. Paulo afirma que a Presidente anunciou o corte no orçamento enquanto negociava com o Congresso a aprovação do salário mínimo para aplacar as inquietações causadas pelo aumento no índice de inflação, embora ainda não se saiba em que setores os cortes acontecerão. O ocultamento dos detalhes sobre os cortes pode ser uma estratégia do governo.

(...) é provável que o governo não tenha anunciado o que já está decidido para evitar imediatas reações dos parlamentares com os quais vem negociando a aprovação do novo salário mínimo. Nessa questão, o governo vem defendendo com firmeza sua proposta de elevação para, no máximo, R$ 545. Ao anunciar os cortes de gastos, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que, se o Congresso insistir em valor maior do que esse, haverá necessidade de cortes adicionais, e eles serão feitos (O Estado de S. Paulo, 11 fev. 2011, p. A3).

O jornal lista algumas áreas nas quais os gastos devem ser preservados, assim como afirma que a verba para emendas parlamentares pode cair, devido a veto de Dilma a artigo no Orçamento de 2011 prevendo que gastos tipicamente previstos em emendas não poderiam ser contingenciados. Ainda assim, OESP desconfia de que os cortes podem não ser suficientes e interpreta que “(...) a presidente Dilma está justificando aqueles que falaram na herança maldita que lhe deixou o seu patrono” (idem, ibidem).

O editorial “A importante pauta da CNI”, publicado em 29 de março de 2012, trata do lançamento da Agenda Legislativa da Indústria, que deveria ser levada em conta pelos parlamentares.

Interessa a todo o País, por sua importância para a produção, a criação de empregos e o desenvolvimento, a agenda levada ao Congresso pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade. Ao apresentar uma lista de 131 projetos considerados favoráveis ou prejudiciais ao setor, ele cobrou dos parlamentares, como de costume, atenção urgente a questões de grande relevância para a economia, especialmente numa fase de crise internacional (O Estado de S. Paulo, 29 mar. 2012, p. A3).

O jornal reconhece que os objetivos do empresariado podem diferir daqueles de interesse da sociedade, mas que a pauta apresentada nestes momentos costuma tocar em medidas necessárias para o crescimento econômico e para a redução da pobreza. O periódico atribui, ainda, a longa tramitação ou o esquecimento de projetos importantes para o Brasil ao fato de que

“O sentido de urgência dos parlamentares muito raramente coincide com o dos empresários ou, de modo geral, com o dos cidadãos interessados na solução de questões fundamentais para a segurança, o bem-estar e a prosperidade de quem vive no Brasil real” (idem, ibidem).

O Estado de S. Paulo afirma que a pauta da CNI destaca alguns temas a merecer maior consideração por parte dos parlamentares. Para o jornal, os desafios apresentados no documento tratam-se de elevar a eficiência geral da economia brasileira.

Em “Evitar perdas do FGTS”, do dia 1° de abril de 2012, O Estado de S. Paulo elogia a decisão da Presidente Dilma de vetar a utilização de recursos do FGTS para financiar obras da Copa e das Olimpíadas. O periódico afirma que ela sabia “do risco de desagradar mais uma vez à parte de sua base no Congresso, que lhe impôs algumas derrotas” (O Estado de S. Paulo, 1° abr. 2012, p. A3), mas vetou novamente o projeto. De acordo com o jornal, deputados do PMDB repetiram a manobra feita no ano anterior, de “incluir, no projeto de conversão da Medida Provisória 545, essa forma de uso do FGTS” (idem, ibidem). Critica, porém, que o governo utilize o Fundo para complementar o superávit primário.

No dia 10 de abril, a situação dos incentivos fiscais volta à pauta117, no editorial “Dívida estadual e guerra fiscal”. Para garantir o apoio necessário à aprovação da Resolução proposta por Romero Jucá, à qual o jornal faz menção nos textos anteriores, o governo aceitou revisar os termos do acordo sobre as dívidas estaduais. O periódico afirma que uma “barganha política” foi montada para a “eliminação da guerra dos portos” (O Estado de S. Paulo, 10 abr. 2012, p. A3).

A discussão sobre os incentivos fiscais é retomada no editorial “O STF contra a guerra fiscal”, de 12 de abril de 2012. O texto argumenta que o Tribunal poderia encerrar a possibilidade de alguns estados oferecerem incentivos fiscais, algo que não foi feito pelo Congresso.

Medidas para eliminar a guerra fiscal foram incluídas em todos os projetos de reforma tributária formulados no último quarto de século. Nenhum desses projetos foi convertido em lei. Os congressistas nunca se ocuparam do assunto com empenho suficiente para concretizar a reforma. Além disso, um tópico sempre foi destacado em todas as discussões no Parlamento: a manutenção dos incentivos já em vigor ou, no mínimo, a definição de um prazo longo para sua extinção (O Estado de S. Paulo, 12 abr. 2012, p. A3).

Para o periódico, o STF também poderia ter facilitado a eliminação do problema, ao garantir que não podem ser oferecidos benefícios fiscais relativos ao ICMS sem aprovação do Conselho Nacional de Política Fazendária.

No dia seguinte, os incentivos fiscais voltam à agenda de discussão do periódico, no editorial “A guerra fiscal vai continuar”. O Estado de S. Paulo (30 abr. 2012, p. A3) afirma que o

“Senado fez um serviço incompleto ao aprovar a Resolução 72, destinada a neutralizar o incentivo fiscal a importações concedido por alguns Estados”, já que a proibição aos incentivos só entraria em vigor no ano seguinte. Além disso, o jornal afirma que ficam “intocadas as velhas formas da guerra fiscal”. Faz, ainda, uma avaliação mais geral do estabelecimento de leis no Brasil:

(...) a Resolução 72, como várias outras normas brasileiras, é, acima de tudo, uma redundância, porque essencialmente proíbe uma prática ilegal. No Brasil, leis são elaboradas para forçar o cumprimento de leis já existentes. No caso, as normas anteriores são a Lei Complementar n.º 24 e a Constituição Federal (O Estado de S. Paulo, 30 abr. 2012, p. A3).

O editorial “Quem ganha com esse truque”, de 15 de junho de 2013, aborda o dispositivo inserido na MP n° 618, permitindo às prefeituras excluir do cálculo da receita líquida os recursos obtidos com operações urbanas. O jornal sustenta que o dispositivo tem

(...) objetivos políticos e parece ter sido elaborado sob medida para beneficiar administrações petistas. É uma espécie de truque contábil para reduzir os compromissos financeiros de prefeituras endividadas, mas com volume expressivo de recursos gerados por autorizações para construir. A Prefeitura paulistana, chefiada pelo petista Fernando Haddad, está nessa situação (O Estado de S. Paulo, 15 jun. 2013, p. A3).

O periódico afirma que a medida pode dar início a uma “farra de autorizações para construir”. Mais que isso, a apresentação da MP causou reações no Congresso.

Relator da lei complementar que altera todos os contratos de refinanciamento de dívidas entre o Tesouro e os Estados e municípios, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), já afirmou que vai apresentar uma emenda à MP 618.

Cunha entende que, "se a justificativa deles é porque a receita é financeira, os royalties e participações especiais também são" (idem, ibidem).

No editorial “Código de Mineração”, do dia 24 de junho, OESP trata do assunto. O texto afirma que, desta vez, o projeto foi discutido com os parlamentares antes de ser enviado para o Congresso, mas isso não garantiria uma aprovação tranquila.

Para não ter de enfrentar, com o projeto do Código de Mineração que acaba de enviar ao Congresso, novas e desgastantes negociações como as que se viu obrigado a aceitar no caso da MP dos Portos para não ser derrotado em plenário, desta vez o governo discutiu o tema previamente com os parlamentares. Mesmo assim, não há garantia de que o projeto, apresentado com pedido de urgência constitucional, seja aprovado no prazo de três meses estabelecido por esse regime de tramitação (O Estado de S. Paulo, 24 jun. 2013, p. A3).

O editorial apresenta o teor do projeto enviado pelo governo. Cita, ainda, a fala da Presidente Dilma durante a apresentação dele, de que estariam criando condições para atividades envolvendo exploração de recursos minerais tornem-se mais eficientes, rentáveis e competitivas.

“É preciso esperar para ver se o Congresso e os interessados concordam com ela” (idem, ibidem), conclui.

Por fim, o último texto deste enquadramento é “Um roteiro para o governo”, do dia 25 de junho de 2013. Assim como fez em editorial do ano anterior, O Estado de S. Paulo destaca o planejamento da CNI, afirmando sua importância para o Executivo e para o Legislativo brasileiro.

Se estiverem dispostos a assegurar condições para o crescimento rápido e contínuo da indústria e da própria economia brasileira nos próximos anos, os senadores têm em mãos um excelente roteiro de trabalho. Há dias, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, apresentou à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado os pontos principais do Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022, que estabelece metas e diretrizes para o avanço da indústria nacional, por meio do aumento de produtividade que lhe assegure ganhos de competitividade (O Estado de S. Paulo, 25 jun. 2013, p. A3).

O jornal defende que as metas e propostas do estudo são abrangentes e “interessam a toda a economia brasileira, razão pela qual seria frutífero para o País se também outras autoridades o examinassem” (O Estado de S. Paulo, 25 jun. 2013, p. A3). O periódico menciona algumas das ações reivindicadas pelo estudo e que devem ser implementadas pelo governo, como melhorar a qualidade e oferta do ensino, preservar a solidez dos fundamentos macroeconômicos e garantir investimentos em infraestrutura.

Os editoriais analisados nesta seção trazem a discussão sobre assuntos considerados pertinentes para a Economia brasileira. Isto passa, também, pela aprovação de leis regulamentando ou alterando a forma de exercer diversas atividades. Frequentemente, o papel atribuído ao Congresso seria de contribuir para a aprovação dessas leis, sem desconsiderar as disputas políticas que permeiam o processo e que podem alterar os resultados desejados.

Na próxima seção, serão analisados os editoriais agrupados no enquadramento “Alterações na legislação trabalhista e de aposentadoria são importantes para o país”.

6.3.3 Análise do enquadramento “Alterações na legislação trabalhista e de aposentadoria são

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