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ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DAS CLÁUSULAS

No documento NEGOCIAÇÕES COLETIVAS (páginas 106-108)

ANÁLISE POR SETOR

3. ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DAS CLÁUSULAS

Com base nas análises dos conteúdos das diversas cláusulas do pai- nel, algumas regulamentações são comuns aos instrumentos. Assim, buscou-se trazer as principais para auxiliar na análise dos impactos da reforma trabalhista.

Quadro 1 – Descritivo de cláusulas sobre o teletrabalho pactuadas nos instrumentos coletivos de trabalho

firmados antes (2016) e após a reforma (2019)

Assunto da Cláusula Participação no total de cláusulas por tema % - 2016 Participação no total de cláusulas por tema % - 2019 Necessário o Intermédio dos sindicatos - 73% necessitam; 27% dispensam. Controle de jornadas 33% excluem o controle de jornadas;

67% dispõe sobre formas de controle de jornadas.

80% excluem o controle de jornadas;

20% dispõe sobre formas de controle de jornadas. Instrumentos e

infraestrutura de trabalho

40% constará em contrato individual e políticas internas da empresa;

60% atribuem a responsabilidade ao empregador.

82% constará em contrato individual e políticas internas da empresa; 18% atribuem a responsabilidade ao empregador. Saúde e segurança do trabalho 100% exime o empregador da fiscalização quanto à saúde e segurança do trabalho, fazendo com que o empregado se comprometa a seguir as instruções fornecidas pela empresa através da assinatura do termo de responsabilidade.

100% exime o empregador da fiscalização quanto à saúde e segurança do trabalho, fazendo com que o empregado se comprometa a seguir as instruções fornecidas pela empresa através da assinatura do termo de responsabilidade. Alteração do regime de teletrabalho para o presencial 50% em comum acordo 50% por determinação do empregador. 82% em comum acordo 18% por determinação do empregador (não contabilizadas as cláusulas que tratam da Covid-19).

Quadro 2 – Exemplos de cláusulas sobre o teletrabalho pactuadas em instrumentos coletivos de trabalho após a reforma (2019)

Assunto da Cláusula Exemplo de cláusula que versa sobre o assunto

Necessário o intermédio dos sindicatos (19 cláusulas)

“A empresa só poderá contratar as formas contratuais de teletrabalho e de trabalho intermitente via aditivo ou acordo coletivo firmado com o sindicato laboral, com necessária anuência e assistência do sindicato patronal no Termo ajustado.” Comércio – Goiás.

Controle de jornadas (21 cláusulas)

“Não são abrangidos pelo regime previsto nesta cláusula e na Seção II, do Capítulo II, do Título II da CLT os empregados que enquadrados na modalidade de teletrabalho e aqueles exercem suas atividades, ainda que não prioritariamente, fora do estabelecimento, não abrangendo trabalhadores ligados diretamente ao processo produtivo.” Indústria e Comércio – Pernambuco.

Instrumentos e infraestrutura de trabalho (17 cláusulas)

“As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito, restando claro que as utilidades aqui mencionadas não integram a remuneração do empregado.” Comércio – Paraná

Saúde e segurança do trabalho (7 cláusulas)

“§5º. A empresa deverá instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho, a partir de quando se presumirá que as doenças e os acidentes, que somente poderiam ter origem no descumprimento dessas instruções, foram concebidos ou agravados por culpa exclusiva do empregado, independentemente de prova de fiscalização por parte do empregador, impedido de adentrar à casa do empregado pela garantia constitucional da inviolabilidade de domicílio. §6º. O empregado deverá assinar termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pela empresa.” Comércio – Goiás.

Alteração do regime de teletrabalho para o presencial (11 cláusulas)

“§3º- Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial em comum acordo entre as partes, garantida a transição mínima de 15 (quinze) dias, dispensado registro em aditivo contratual.”

Comércio – Paraná.

FONTE: PAINEL EXTRAÍDO DO MEDIADOR – ELABORAÇÃO PRÓPRIA.

As cláusulas novas que tratam da necessidade do intermédio do sin- dicato para adoção do teletrabalho são quatorze, que corresponde a 73% do total. Diante do estímulo dado pela reforma ao caráter individual do pacto de teletrabalho, a existência dessas cláusulas indica a resistência de algumas categorias sindicais.

Destaca-se que a dispensa do controle de jornada de trabalho pos- sibilitada pela reforma foi amplamente mobilizada nos instrumentos

NEGOCIAÇÕES COLETIVAS PÓS-REFORMA TRABALHISTA (2017) 624

analisados: 80% do total das cláusulas novas que tratam das jornadas dispensam o controle delas. Nota-se que, antes da reforma, apenas 33% dispensavam o controle.

Constou na maioria das cláusulas que as disposições relativas à res- ponsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equi- pamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas ar- cadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito ou nas políti- cas internas em quatorze cláusulas (82%) em 2019, reforçando o caráter individual expresso na reforma, sendo que em 2016 eram 60% as que atribuíam essas responsabilidades ao empregador.

São sete as cláusulas novas que tratam da saúde e segurança do tra- balho, 100% delas em conformidade com o art. 75-E da reforma, que exime o empregador da fiscalização e responsabilização a fim de garantir a saúde e segurança do trabalho, transferindo-as ao empregado, que deve assinar um termo de responsabilidade.

A reforma trabalhista aduz que o regime de teletrabalho pode ser alterado para o presencial por determinação do empregador unilateral- mente, garantido o prazo de transição mínimo de quinze dias, ambos com registro em aditivo contratual. Mas, na maioria dos instrumentos pós-reforma essa alteração deve ser de comum acordo (9), que representa 81%, com exceção das cláusulas que tratam da Covid-19 (10), que permi- tem ao empregador alterar o regime imediatamente.

4. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE

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