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TEMPO PARCIAL

No documento NEGOCIAÇÕES COLETIVAS (páginas 159-163)

INTRODUÇÃO

A reforma trabalhista de 2017 introduziu à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) mais de duzentos dispositivos, versando sobre contra- to de trabalho, jornada de trabalho, remuneração, saúde e segurança do trabalho e direitos coletivos, sendo na sua maioria desfavoráveis à classe trabalhadora.

A modalidade de contrato de trabalho em tempo parcial foi inserida na legislação trabalhista pela Medida Provisória 2.164-41 de 24 de agosto de 2001, na seção de jornada de trabalho. Na época, o discurso para a inserção do dispositivo na CLT era o mesmo de 2017, a criação de em- pregos. Além disso, tratava-se de um meio de flexibilizar a jornada de trabalho e reduzir o pagamento dos encargos trabalhistas:

Art. 58-A Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a vinte e cinco horas semanais.

§ 1o O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral.

§ 2o Para os atuais empregados, a adoção do regime de tempo parcial será feita mediante opção manifestada perante a empresa, na forma prevista em instrumento decorrente de negociação coletiva.1

O novo formato jurídico fixado pela reforma trabalhista de 2017 para o trabalho em regime de tempo parcial é mais abrangente do que o anterior. Ele estabelece no art. 58-A da CLT duas modalidades diferentes de jornada. A primeira estabelece que a duração da jornada não exceda a trinta horas semanais (nesse caso, foi ampliado o limite máximo de 25 horas, constante do texto anterior do art. 58-A da CLT), não possibilitando a execução de horas extras. A segunda modalidade estabelece que a duração da jorna- da não deve exceder 26 horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. De acordo com a nova redação, após a reforma, essas horas podem ser compensadas ou pagas com o adi- cional mínimo de 50% sobre o salário-hora normal. Assim, nessa segunda modalidade de jornada em tempo parcial, o empregado pode trabalhar até 32 horas semanais, sendo 26 de jornada contratual e mais seis horas extras.

A redação do art.58-A passou a ser a seguinte:

Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

§ 1o O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo

parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)

§ 2o Para os atuais empregados, a adoção do regime de tempo parcial

será feita mediante opção manifestada perante a empresa, na forma prevista em instrumento decorrente de negociação coletiva. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)

§ 3º As horas suplementares à duração do trabalho semanal normal serão pagas com o acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o salário-hora normal. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência) § 4o Na hipótese de o contrato de trabalho em regime de tempo parcial ser

estabelecido em número inferior a vinte e seis horas semanais, as horas suplementares a este quantitativo serão consideradas horas extras para fins do pagamento estipulado no § 3o, estando também limitadas a seis horas suplementares semanais. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

NEGOCIAÇÕES COLETIVAS PÓS-REFORMA TRABALHISTA (2017) 678

§ 5o As horas suplementares da jornada de trabalho normal poderão ser

compensadas diretamente até a semana imediatamente posterior à da sua execução, devendo ser feita a sua quitação na folha de pagamento do mês subsequente, caso não sejam compensadas. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

§ 6o É facultado ao empregado contratado sob regime de tempo parcial

converter um terço do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

§ 7o As férias do regime de tempo parcial são regidas pelo disposto

no art. 130 desta Consolidação. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência).2

As duas modalidades de jornada criadas para o contrato de regime de tempo parcial alteraram de forma significativa o modelo anterior e repre- sentaram uma precarização das condições de trabalho, pois em nenhuma das novas modalidades de jornadas há a limitação diária de jornada, con- trariando o texto constitucional que determina jornada máxima de oito horas por dia.

Além disso, no regime de jornada de 26 horas semanais, quando existir os pagamentos das horas suplementares, a hora extra será paga apenas sobre o salário da hora normal, excluídas as parcelas de natureza salarial, também chamadas de globalidade salarial – salário, adicional de insalubridade, adicional de periculosidade, adicional por tempo de ser- viço, entre outras.

Nesse contexto de alterações na legislação, este texto analisa as ne- gociações coletivas de trabalho com cláusulas que tratam do tema do contrato a tempo parcial. É fundamental considerar que o contrato em tempo parcial não é objeto obrigatório de negociação coletiva, portanto, só aparece nos instrumentos quando é de interesse de alguma das partes. Ainda que a presença desse tema nos instrumentos coletivos não seja suficientemente representativa de como essa modalidade de contratação é utilizada, o conteúdo das cláusulas encontradas nos oferece indicações acerca da capacidade dos sindicatos para regular essa modalidade.

A análise considerou os acordos e convenções coletivas firmados em 2016 e 2019, interregno antes e depois da reforma trabalhista de 2017, visando compreender as modificações e como elas foram inseridas nos instrumentos normativos.

1. DISTRIBUIÇÃO GERAL DAS

No documento NEGOCIAÇÕES COLETIVAS (páginas 159-163)