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TERMO DE QUITAÇÃO ANUAL NO MOMENTO DA RESCISÃO CONTRATUAL

No documento NEGOCIAÇÕES COLETIVAS (páginas 60-64)

3.1 PAGAMENTO E DIFERENCIAÇÃO DE TRABALHADORES

3. OJ-SDC-16 TAXA DE HOMOLOGAÇÃO DE RESCISÃO CONTRA-TUAL ILE GALIDADE (inserida em 27.01998) É contrária ao espírito da lei (art 477, §

3.2 TERMO DE QUITAÇÃO ANUAL NO MOMENTO DA RESCISÃO CONTRATUAL

Embora não seja um tema diretamente atrelado ao ato da homologa- ção, a nova legislação introduziu o termo de quitação anual de obriga- ções trabalhistas ao final de cada ano trabalhado. Esse termo dá eficácia liberatória aos direitos decorrentes e pode ser assinado com o contrato de trabalho em curso, mas também pode acontecer na homologação da rescisão do contrato. Caso essa prática seja aplicada, obrigatoriamente, terá que ocorrer com a participação do sindicato. O grande prejuízo ao trabalhador em relação à quitação anual decorre da impossibilidade do ajuizamento de ações trabalhistas, uma vez que a quitação corresponde ao reconhecimento de que todas as verbas salariais foram pagas correta- mente (no período correspondente de um ano da data da quitação), não havendo valores a serem postulados judicialmente.

A amostra foi selecionada em função da temática homologação, por isso não tem representatividade acerca da abrangência dessa prática de assinatura do termo no momento da rescisão. Todavia, 33 cláusulas da amostra fizeram menção ao termo de quitação anual, sendo que em um caso o sindicato buscou vincular a permanência da assistência sindical no ato da homologação à assinatura do termo de quitação anual.

COMPROVAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES - HOMOLOGAÇÃO DE RESCISÃO Inobstante a legislação não exija a homologação de rescisões de contratos de trabalho, as entidades convenentes esta- belecem que os empregadores, conforme sua conveniência, pode- rão homologar as rescisões de contrato de trabalho no Sindicato dos Trabalhadores. (...) 19.5. Àquele empregador que homologar todas as rescisões dos contratos de trabalho de seus empregados que vigoraram por mais de 01 (um) ano, poderá apresentar ao Sindicato dos Trabalhadores pedidos de quitação anual de débito trabalhista, na forma do art.507-B, da CLT, introduzido pela Lei 13.467/17, devendo este analisar o conteúdo do pedido e documen- tos submetidos à apreciação, assim como emitir parecer positivo ou negativo, conforme sua convicção (Indústrias de mármores, grani- tos e rochas ornamentais, Rio Grande do Sul).

Em cinco casos há cobrança pela assinatura do termo que varia entre R$ 10 e R$ 150 reais, como no exemplo abaixo:

HOMOLOGAÇÃO A empresa que quiser homologar as rescisões de seus contratos de trabalho, - ao invés de fazer a rescisão nos termos permitidos pela CLT e que continua autorizada expressamente por esta Convenção Coletiva de Trabalho, - deverá fazer através da Câma- ra de homologação Paritária do Comércio de Fortaleza, que funcio- nará na sede do SINDILOJAS. (...) Parágrafo Décimo - A Câmara de homologação Paritária do Comércio de Fortaleza também é compe- tente para homologar o termo de quitação anual de que trata o art. 507-B da CLT. Parágrafo Décimo Primeiro - Para todo ato de homolo- gação na Câmara de homologação Paritária do Comércio de Fortaleza a empresa pagará uma taxa de R$20,00 (vinte reais), sendo R$10,00 para o Sindicato Patronal e R$10,00 para o Sindicato Laboral. Parágra- fo Décimo Segundo - A empresa que desejar seja seu acordo homolo- gado pelo Poder Judiciário, através do CEJUSC-JT do Ceará, pagará uma taxa de R$100,00 (cem reais), cujo valor será também rateado entre os sindicatos patronal e laboral (Comércio, Ceará).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A extinção das homologações nos sindicatos é uma reivindicação pa- tronal. Em pesquisa realizada em 2018 com sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e com base em 79 questionários res- pondidos, Scherer (2019) identificou a tentativa patronal de extinguir as homologações no sindicato em sessenta deles. Na mesma pesquisa, 45% dos sindicatos destacaram que um dos direitos conquistados foi a manu- tenção ou ampliação da homologação no sindicato.

A pesquisa realizada com base em 1.293 instrumentos e 942 cláu- sulas que tratam do tema, nos anos de 2016 e 2019, traz elementos que reforçam os achados de Scherer (2019). Ela indica, por um lado, a extinção de cláusulas que garantiam a assistência sindical no momen- to da homologação (22% das cláusulas analisadas foram suprimidas), confirmando a tendência de ataque a esse direito. Por outro lado, a pesquisa também demonstrou a manutenção da participação sindical

NEGOCIAÇÕES COLETIVAS PÓS-REFORMA TRABALHISTA (2017) 578

no ato da homologação em 55% das cláusulas analisadas. Os setores que mais se destacaram, conquistando cláusulas dessa natureza, foram indústria e serviços. Já o setor de comércio foi o que mais suprimiu cláusulas que garantiam esse direito e o que menos conseguiu garantir a participação sindical em cláusulas novas e reincidentes.

Entretanto, tal conquista veio acompanhada (89 cláusulas) da previ- são de pagamento de algum tipo de taxa retributiva a ser realizado pela empresa e/ou pelo trabalhador para que a homologação se realize no sindicato, 41 dessas cláusulas vigoram no setor industrial. Isso indica que a homologação tem se mostrado como mais um serviço passível de cobrança pelos sindicatos. Embora a amostra não se concentre na tra- tativa do Termo de Quitação Anual, em alguns casos a prestação desse serviço também está sendo cobrada. Assim, destaca-se que está ocor- rendo um movimento de resistência sindical na perspectiva de manter a assistência nas homologações, tornando-as públicas.

Mesmo sendo residual, há cláusulas (32 cláusulas) que contribuem para algum tipo de diferenciação entre os trabalhadores que têm direito à assistência sindical e os que não têm. Essa diferenciação ocorre, na maioria dos casos, pela condição de sindicalizado. Nesse caso, o traba- lhador associado não precisa pagar pelo serviço prestado (nos casos em que é exigido pagamento) ou tem direito à homologação, tornando-a facultativa para os não associados. Há, ainda, diferenciação por faixa salarial ou função exercida na empresa.

Apesar da resistência ainda ser expressiva na amostra analisada, a reforma vai reconfigurando ou eliminando a assistência sindical nas homologações, inclusive expressa no resultado das negociações coleti- vas pós-reforma trabalhista. Ao mesmo tempo, com o fim da obrigato- riedade da contribuição sindical, foi sendo introduzida, ainda de forma minoritária, uma cobrança pelo serviço prestado e por uma tendência, ainda residual, mas preocupante, de diferenciação entre os trabalhado- res que têm direito a esse serviço de forma gratuita e os que não o têm, segundo o critério da sindicalização.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (1943). Legislação trabalhista. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943.

COLOMBI, A. P. F; LEMOS, P. R.; GALLERANI, E. C. Ofensiva patronal e vulnerabilidade laboral: os efeitos iniciais da reforma trabalhista na indús- tria de confecção paulista. Revista de Ciências Sociais, Política & Trabalho, 2020.

SCHERER, C. Diálogo e proteção social – a negociação coletiva após a Re- forma Trabalhista. In: Krein et. al (Org). Reforma Trabalhista: promessas e

CAPÍTULO 3

ANA PAULA FREGNANI COLOMBI

A REFORMA

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