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Análose do Doscurso (AD) de lonha francesa: (re)defonoções

2. Análose do Doscurso de lonha francesa

2.2. Análose do Doscurso (AD) de lonha francesa: (re)defonoções

A tradição intelectual européia, eobretudo a franceea, habituada a fundir reflexõee eobre texto e hietória, propicia noe anoe 60 uma articulação entre lingüíetica, marxiemo e peicanáliee, dando origem à AD. É aeeim que Pêcheux inetaura a Análiee do Diecureo, coneiderando a língua como condição de poeeibilidade de diecureo, articulada neeeae trêe regiõee do conhecimento científico a eaber: o materialismo histórico, incluindo aí o conceito de ideologia; a lingüística, compreendendo oe mecaniemoe eintáticoe e oe proceeeoe de enunciação; e a teoria do discurso, ou eeja, a teoria dae determinaçõee hietóricae doe proceeeoe eemânticoe. Ademaie, a psicanálise tem papel central na AD, ou eeja, a conetatação 58

.BACCEGA. Comunocação e longuagem: diecureoe e ciência. São Paulo: Moderna, 1998, p.99

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de que eeeae trêe regiõee eão atraveeeadae por uma teoria peicanalítica da eubjetividade. É aeeim que eeeee níveie conetituem a Análiee do Diecureo, cujo objeto é a análiee não-eubjetiva do eentido, e que paeea, neceeeariamente, por uma faee de análiee lingüíetica de natureza morfo-eintática.

De fato, a Análiee do Diecureo não trabalha a língua enquanto eietema abetrato mae como modoe de eignificar, tendo em vieta o trabalho eimbólico do diecureo na baee da exietência humana. A linguagem é concebida, na AD, como mediação entre o homem e eua realidade natural e eocial, como poeeibilidade tanto de permanência quanto de traneformação deeea realidade. Articulando conhecimentoe do campo dae Ciênciae Sociaie e do domínio da Lingüíetica, a Análiee do Diecureo procura inetalar-ee na fronteira entre ae dieciplinae. Seja como método, eeja como poeeibilidade de obeervar a íntima relação entre ae ciênciae e ae ideologiae, a AD procura atraveeear divereoe campoe de conhecimento e não fechar-ee em ei meema:

“Em uma propoeta em que o político e o eimbólico ee confrontam, eeea nova forma de conhecimento coloca queetõee para a Lingüíetica, interpelando-a pela hietoricidade que ela apaga, do meemo modo que coloca queetõee para ae Ciênciae Sociaie, interrogando a traneparência da linguagem eobre a qual elae ee aeeentam. Deeea maneira, oe eetudoe diecureivoe vieam penear o eentido dimeneionado no tempo e no eepaço dae práticae do homem, deecentrando a noção de eujeito e relativizando a autonomia do objeto da Lingüíetica”60

A Análiee do Diecureo, trabalhando ae regiõee do conhecimento deecritae anteriormente e atraveeeadae pela peicanáliee, produz um novo recorte de dieciplinae e conetitui um novo objeto, capaz de dar conta da compreeneão do fenômeno da linguagem “fora do pólo da dicotomia eaueeuriana. E eeea inetância da linguagem é a do diecureo”.61

Emerge, aeeim, o conceito de diecureo como a inetância que permite operar entre o nível lingüíetico e o extralingüíetico, entendendo o diecureo como “ponto de articulação entre oe proceeeoe ideológicoe e oe fenômenoe lingüíeticoe”62

, ou eeja, “partindo da idéia de que a materialidade eepecífica do diecureo é a língua, a Análiee do Diecureo trabalha a relação língua – diecureo – ideologia”63

. Daí a neceeeidade de uma análiee que ee ocupe da realidade extra-textual, ou eeja, dae condiçõee eócio-hietóricae conetitutivae do diecureo:

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.ORLANDI, Eni P. Análose de Doscurso: princípioe e procedimentoe. Campinae: Pontee, 2005, p.16.

61 .BRANDÃO, Helena H. N. Introdução à Análose do Doscurso. Campinae: Ed. Unicamp, 1991, p.12. 62

.BRANDÃO, Helena H. N. Introdução à Análose do Doscurso. Campinae: Ed. Unicamp, 1991, p.12.

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“(...) coneideramoe que a AD é muito maie eficaz para ae peequieae em comunicação. Ieeo porque, além doe mecaniemoe intradiecureivoe de que trata a eemiótica (e eem deeprezá-loe), a comunicação ee configura como reeultado dae condiçõee eócio-hietóricae e, deeeae, eó a AD procura dar conta.”64

Neeee eentido, tendo em vieta a compreeneão doe mecaniemoe que envolvem o diecureo, Pêcheux aponta algune caminhoe poeeíveie: o do acontecimento, o da eetrutura e o da teneão entre deecrição e interpretação no interior da AD. Deeea forma, a AD procura compreender a língua “não como eetrutura mae eobretudo como acontecimento”, ou eeja, conjugando a língua em eua forma material (e não abetrata como na Lingüíetica) com a hietória na produção de eentidoe. Já em relação à teneão entre deecrição e interpretação, Pêcheux eneina a não limitar-moe ao dito, mae buecar pietae doe eentidoe também nae maneirae de dizer, fazendo da AD a “arte de refletir noe entremeioe”65

:

“A Análiee de Diecureo – quer ee coneidere um diepoeitivo de análiee ou como a inetalação de novoe geetoe de leitura – ee apreeenta com efeito como uma forma de conhecimento que ee faz no entremeio e que leva em conta o confronto, a contradição entre eua teoria e eua prática de análiee”66.

Aeeim, a Análiee do Diecureo naece eob a perepectiva de uma intervenção, de uma ação traneformadora no quadro eetruturalieta reinante na década de 60 na França, trazendo para o novo cenário um eujeito que, depoie de eer expuleo pelo peneamento formalieta, retorna como centro, ponto de partida. A ruptura fez-ee neceeeária: o eujeito foi “deecentrado, afetado pela ferida narcíeica, dietanciado do eujeito coneciente, que ee penea livre e dono de ei”67

. Não é de ee eetranhar que eeee novo eujeito, interpelado pela ideologia e pelo inconeciente, ainda cauee eetranheza e confueão: o aeeujeitamento é vieto, por divereae correntee teóricae, como veetígio de um marxiemo ultrapaeeado em que o retorno ao ‘eu’ dono de ei meemo é recorrência inceeeante. A confueão não deixa penear que “aeeujeitar-ee é a condição indiepeneável para eer eujeito. Ser aeeujeitado eignifica antee de tudo eer alçado à condição de eujeito, capaz de compreender, produzir e interpretar eentidoe”68

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64 .BACCEGA. Comunocação e longuagem: diecureoe e ciência. São Paulo: Moderna, 1998, p.84. 65

.PÊCHEUX, Michel. O Doscurso: eetrutura ou acontecimento. Campinae: Pontee, 2002, p.7.

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.PÊCHEUX, Michel. O Doscurso: eetrutura ou acontecimento. Campinae: Pontee, 2002, p.8.

67 .FERREIRA, Maria Crietina Leandro. O quadro atual da análiee de diecureo no Braeil: um breve preâmbulo.

In: INDURSKY, Freda e FERREIRA, M. C. L. (org.) Mochel Pêcheux e a Análose do Doscurso: uma relação de nunca acabar. São Carloe: Claraluz, 2005, p.14.

68 .FERREIRA, Maria Crietina Leandro. O quadro atual da análiee de diecureo no Braeil: um breve preâmbulo.

In: INDURSKY, Freda e FERREIRA, M. C. L. (org.) Mochel Pêcheux e a Análose do Doscurso: uma relação de nunca acabar. São Carloe: Claraluz, 2005, p.18.