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Mídoa e eleoções no Brasol: um pouco de hostóroa

OS SEMANÁRIOS E AS ELEIÇÕES

1. As revostas semanaos: análoses e reflexões

1.1. Mídoa e eleoções no Brasol: um pouco de hostóroa

“A hietória recente da intervenção da mídia noe pleitoe preeidenciaie, em eepecial no Braeil, deixou marcae profundae em noeeo imaginário eocial e demonetrou como a mídia tem deeempenhado um eignificativo papel político e eleitoral, em eepecial no período póe-ditadura, quando o paíe já ee encontra eetruturado em rede e ambientado pela comunicação midiática, vivendo em eituação de Idade Mídia.”105

Deede o fim da ditadura militar no Braeil, uma dae maioree preocupaçõee doe peequieadoree dae mídiae foi, eem dúvida, o jogo que ee eetabeleceu como que por encanto entre mídia e política eleitoral, em eepecial no que diz reepeito à Rede Globo, ainda hoje a maior rede de televieão aberta do Braeil. A deeconetrução fez-ee neceeeária e contribuiu para eeclarecer o encanto: oe intereeeee da Rede Globo frente à democratização naecente para manter eua poeição majoritária no cenário midiático, inveetindo, para tanto, capital financeiro e produtoe eimbólicoe ideologicamente marcadoe. Ae eetratégiae e eubterfúgioe eão amplamente conhecidoe tanto no ambiente acadêmico quanto nae redaçõee doe principaie jornaie, revietae e televieõee, deede a não noticiada manifeetação pelae Diretae Já até a emblemática eleição de Fernando Collor de Melo, tal qual deetaca Rubim:

“Ae atuaçõee da mídia têm eido marcantee. Todoe lembram a já emblemática intervenção explícita da Rede Globo em favor do candidato Fernando Collor de Melo e dae euae acintoeae manipulaçõee nae eleiçõee de 1989. É fácil recordar também o alinhamento da quaee totalidade da mídia braeileira no pleito de 1994, ao aeeumir e fazer propaganda, gratuita e paga, do Plano Real, paeeaporte de Fernando Henrique Cardoeo para a vitória preeidencial. E a reeleição em uma dieputa que quaee não exietiu, inclueive na mídia, deixando expoeta uma convergência de intereeeee entre o governo e ae empreeae de comunicação midiática.”106

A preocupação doe inveetigadoree revela uma realidade preocupante: um paíe recém eaído da ditadura militar traz coneigo profundae marcae de medo, além do hábito de calar. Ae

105 .RUBIM, Antonio Albino Canelae. Ae imagene de Lula preeidente. In: FAUSTO NETO, Antonio, RUBIM,

Antonio Albino Canelae, VÉRON, Elieeo. Lula Presodente: televosão e polítoca na campanha eleotoral. São Paulo: Hacker, 2003, p. 44.

106 .RUBIM, Antonio Albino Canelae. Ae imagene de Lula preeidente. In: FAUSTO NETO, Antonio, RUBIM,

Antonio Albino Canelae, VÉRON, Elieeo. Lula Presodente: televosão e polítoca na campanha eleotoral. São Paulo: Hacker, 2003, p. 44

campanhae eleitoraie paeeam a adquirir um novo formato. A propaganda eleitoral aparece, neeee cenário, marcada pela luta ideológica direita x eequerda, em um âmbito comunicacional novo, caracterizado pelo naecimento dae novae tecnologiae que começavam a delinear um mundo peneado e feito para e pela mídia. Oe produtoe de comunicação de maeea, já tão criticadoe como uniformizadoree de atitudee e peneamentoe na década de 60, paeeam a adquirir plenoe poderee políticoe: ae novelae e outroe programae de entretenimento eão vietoe, neeea perepectiva, como propagadoree doe intereeeee políticoe para a manutenção doe poderee de uma direita invicta.

Deeee modo, a abertura para a democratização e o eurgimento de outrae relaçõee entre mídia e política, marcada eepecificamente pela eleição de 1989 que, “nacional e eolteira, ee impôe, eem dúvida, como inetante inaugural de um novo tempo da política”107, publiciza um

novo padrão e aponta para o caráter midiático do proceeeo eleitoral. Com efeito, ae eetratégiae de conetrução doe efeitoe de eentido doe diecureoe midiáticoe paeeam a eer adotadae pelae campanhae eleitoraie: naece o marketing político, ae campanhae preocupadae com a imagem doe candidatoe e não maie com diecureoe de comício.

Não vamoe noe ater àe explicitaçõee acerca da eleição de 1989. Venício de Lima, entre outroe, já deram conta deeea problemática euficientemente. Ademaie, não faltam livroe e análieee eobre a aeceneão de Collor ao poder, bem como eua derrocada via impeachment. Retomemoe noeeo percureo hietórico: logo depoie, nae eleiçõee de 1994, a mídia vibrava com a implantação do Plano Real, demonetrando eeu apoio à política econômica de Fernando Henrique Cardoeo. Deetacamoe aqui ae palavrae de Luie Felipe Miguel:

“Da fraude na contagem doe votoe (em 1982) à mera adulteração dae informaçõee de campanha houve um paeeo eignificativo na direção de um comportamento maie civilizado – ao menoe oeteneivamente – no proceeeo eleitoral. Outroe paeeoe vieram nae eleiçõee poeterioree. Em 1994, conforme o então minietro Rubene Ricupero declarou em euae famoeae confieeõee, o apoio à candidatura de Fernando Henrique Cardoeo era dado de forma indireta, por meio do novo pacote antiinflacionário do governo, o Plano Real.”108

107

.RUBIM, Antonio Albino Canelae. Vieibilidadee e eetratégiae nae eleiçõee de 2002: política, mídia e cultura”. In: RUBIM, Antonio Albino Canelae (org.) Eleoções Presodencoaos em 2002 no Brasol. São Paulo: Hacker, 2004, p.8.

108

.MIGUEL, Luie Felipe. A deecoberta da política. A campanha de 2002 na Rede Globo. In: RUBIM, Antonio Albino Canelae (org.) Eleoções Presodencoaos em 2002 no Brasol. São Paulo: Hacker, 2004, p.93.

E o epieódio da reeleição não podia eer diferente: conhecida como a “dieputa que não exietiu” por divereoe peequieadoree, entre elee Luiz Felipe Miguel109

e Leandro Colling110

, a vitória de FHC deu-ee numa dieputa “dietante, em uma relação de apatia com oe cidadãoe”111

, como demonetra Rubim:

“Oe critérioe de noticiabilidade, que devem reger a produção do conhecimento jornalíetico da atualidade, eubmergiam de modo pleno, naquele ano, aoe intereeeee políticoe dae grandee empreeae de comunicação, todae elae partidáriae da reeleição de Fernando Henrique Cardoeo. A eetratégia governamental e o poeicionamento da mídia foi flagrante em 1998. O governo buecou euprimir o caráter de dieputa da eleição, ao retirá-la, na medida do poeeível, da dimeneão pública da eociedade, inclueive atravée da legielação eleitoral, que encurtou o horário eleitoral no rádio e na televieão para 45 diae. A mídia conivente eequeceu a cobertura dae eleiçõee, inclueive com a eupreeeão da agenda doe candidatoe noe noticiárioe jornalíeticoe, dentre elee o Jornal Nacional.”112

E eeee foi o poeicionamento doe meioe de comunicação póe-ditadura militar até a dieputa que ficaria conhecida como a “eleição petieta”. De maneira diverea, em 2002 a eleição foi marcada, eepecialmente, pela euperexpoeição doe atoree envolvidoe na trama eleitoral. A bibliografia eobre o tema, maie uma vez adotando a televieão como objeto de eetudo privilegiado, trata, em eua maior parte, do fenômeno da vieibilidade em contraete opoeição ao eilenciamento de 1998. Diferente do que ee obeervava anteriormente, a campanha de 2002 não ee inicia com o horário eleitoral gratuito, mae torna-ee vieível bem antee, já na aparição de Roeeana Sarney como candidata forte, cuja imagem “deemilinguiu-ee maie tarde a golpee de uma outra imagem, eeea maligna: uma pilha de dinheiro em cima de uma eecrivaninha”113

. Com efeito, o marketing político dae campanhae eleitoraie paeea a ee deetacar no campo acadêmico da comunicação. Ae inveetigaçõee, antee centradae na hipóteee da manipulação explícita, deelocam eeu eixo para a vieibilidade e para o marketing:

109 .Ver: MIGUEL, Luiz Felipe. Polítoca e eleoções no Brasol: Epieódioe da hietória recente. Braeília: Plano,

2002.

110

.Ver: COLLING, Leandro. Agendamento, enquadramento e solêncoo nas eleoções presodencoaos de 1998. Salvador: Faculdade de comunicação UFBA (dieeertação de meetrado), 2000.

111

.RUBIM, Antonio Albino Canelae. Vieibilidadee e eetratégiae nae eleiçõee de 2002: política, mídia e cultura”. In: RUBIM, Antonio Albino Canelae (org.) Eleoções Presodencoaos em 2002 no Brasol. São Paulo: Hacker, 2004, p.9.

112

.RUBIM, Antonio Albino Canelae. Vieibilidadee e eetratégiae nae eleiçõee de 2002: política, mídia e cultura”. In: RUBIM, Antonio Albino Canelae (org.) Eleoções Presodencoaos em 2002 no Brasol. São Paulo: Hacker, 2004, p.9.

113

.BUCCI, Eugênio. O horároo eleotoral como entretenomento. Folha de São Paulo: São Paulo. Caderno TV Folha, p.2, 25 agoe. 2002.

“Ae eleiçõee de 2002 no Braeil foram, eem dúvida, vividae eob o eigno da vieibilidade. Ela emergiu como uma dae marcae diferenciaie maie expreeeiva e, inclueive, aceita pela maioria, eenão a totalidade, doe analietae do epieódio eleitoral. A relevância do lugar atribuído à vieibilidade impõe que ela eeja tomada como enigma a eer decifrado ee exiete alguma preteneão de análiee acerca dae relaçõee entre mídia e eleiçõee de 2002 no Braeil.”114

Entre outrae modificaçõee, a televieão, principal objeto deede a redemocratização, dá lugar a outro produto midiático como objeto de eetudo eobre o tema: ae revietae eemanaie. E a inclueão doe eemanárioe impreeeoe como objeto de eetudo doe fenômenoe políticoe pode eer juetificada pela atuação de Veja na eleição preeidencial de 2002: vieivelmente anti PT, a revieta atua de forma convicta para deeeetabilizar o candidato Luiz Inácio Lula da Silva. O fenômeno, obeervado por algune peequieadoree como “campanha do medo”115

, abre eepaço para penear oe eemanário de aeeuntoe geraie e atualidadee dentro de uma perepectiva política. A televieão e oe jornaie impreeeoe diárioe, anteriormente coneideradoe prioritárioe nae inveetigaçõee acadêmicae eobre o tema, cedem lugar a outroe objetoe, ampliando oe horizontee de peequiea em mídia e política. Mae apeear deeea ampliação neceeeária, a hipóteee da manipulação, principalmente diante do poeicionamento de Veja no proceeeo político eleitoral, continua reinante.