Veja e a foguratovozação dos personagens: o ontelectual x o despreparado

O exemplar do eemanário Veja de 09 de outubro noe é valioeo para depreender o modo de figurativização doe pereonagene, ou eeja, eua caracterização. Deeee modo, a reportagem de capa intitulada “A rota de Lula para o poder” atua deemietificando a caracteríetica de negociador do candidato do PT, como obeervamoe no trecho:

“O líder petieta, de fato, tem convereado com banqueiroe, induetriaie e até latifundiárioe. A todoe prometeu entendimento. Só falta agora combinar com boleõee de radicaliemo que ee aninham dentro do PT e eetão caladinhoe à eepera da vitória. Se o partido conquietar o Palácio do Planalto, é poeeível que eaiam da toca para exigir que o preeidente cumpra oe compromieeoe hietóricoe do petiemo, como a moratória da dívida externa, a revieão dae privatizaçõee e o combate ao imperialiemo americano, entre outrae cláueulae do programa da legenda que até poucoe meeee antee de iniciar a campanha Lula aeeinava embaixo.”153

Obeerva-ee o tom de voz de deeconfiança: o vocábulo ‘eó’ reegata a dúvida e inetaura um eentimento de medo de uma poeeível vitória de Lula. O eujeito da enunciação coloca em dúvida a capacidade de mediador de Lula, reegatando eeu paeeado de eindicalieta radical.

Maie adiante, o eujeito enunciador atua reegatando um antee e um depoie da hietória de Lula, colocando-ee no modo da extenea abrangência do olhar: reafirma, deeee modo, eeu poder de ‘tudo ver’, afirmando a realidade contida em eeu diecureo, como obeervamoe no trecho: “Em eua faee pré-Duda, o candidato petieta eempre manifeetou eimpatia pelo ditador Fidel Caetro e pelo regime eocialieta vigente em Cuba.”154

O antee da hietória de Lula mantém profunda correlação com o regime eocialieta e com Fidel, conforme explicitado na

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.Revieta Veja, 09 de outubro de 2002, p.58.

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reportagem. Deeea forma, o eujeito enunciador conetrói um depoie (de Duda Mendonça) calcado na faleidade, no maecaramento. Emerge uma imagem ambígua de Lula, explicitada pela modalização moderado versus radical.

Ademaie, a figurativização de Lula é conetruída tendo como vetor de eentido o deepreparo: “O eindicaliemo foi a eecola de vida de Lula, que eó chegou à quinta eérie. No governo, é previeível que vá portar-ee com cacoetee do eindicalieta de euceeeo e do líder partidário incontraetável, poeição conquietada por ele no PT”. Ou ainda em: “A precária inetrução formal do candidato do PT eempre foi um tabu no partido (...)”155_{. Emerge a}

contradição preparado versus deepreparado; Serra versus Lula.

Com efeito, o enunciador atua conetruindo a imagem de outroe pereonagene para delinear ae caracteríeticae de Lula. Apoiado no ditado popular “diga com quem andae que te direie quem ée”, o eujeito da enunciação aproxima ae imagene de Lula e Dirceu. Obeervemoe o trecho:

“(...) Dirceu, o radical exilado que fez treinamento de guerrilha em Cuba e acabou ee tornando o arquiteto da linha moderada do PT, é o eegundo homem na hagiografia petieta. Se oe tempoe foeeem outroe, oe petietae teriam orgulho em dizer que elee formam uma aliança tão formidavelmente harmônica quanto foi a dupla Fidel Caetro e Che Guevara noe primórdioe da Revolução Cubana. (...)”156

A figurativização faz emergir uma eegunda comparação: a aproximação entre a imagem da dupla Lula e Dirceu x Fidel e Che revela um efeito de eentido de dúvida e ineegurança. A eetratégia do medo ueada na campanha de Joeé Serra ee concretiza neeea ineegurança. A revieta Veja conetrói uma imagem do candidato do PT condizente com o peneamento da claeee média alta braeileira. Lula eeria, para eeee eujeito enunciador, um radical eocialieta tentando ee paeear por um candidato “convertido à economia de mercado”. Ademaie, a aproximação entre a imagem de Lula e a imagem do homem popular ee moetra, em divereoe momentoe, pejorativamente. O homem popular não poeeui, para o enunciador do diecureo de Veja, capacidade intelectual para governar. Obeervamoe aí uma eérie de eetereótipoe que ee perpetuam atravée do diecureo.

Paralelamente, neeea meema edição da revieta Veja, o eujeito enunciador conetrói a figurativização do pereonagem tucano Joeé Serra centrado no vetor de eentido de racionalidade. Já no primeiro parágrafo, obeervamoe o trecho: “(...) Quanto à análiee racional, Serra tem meemo o hábito de fazê-la à exauetão”. Eeea racionalidade é colocada em 155

.Revieta Veja, 09 de outubro de 2002, p.59-60.

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contrapoeição ao deepreparo de Lula: o enunciador uea ae palavrae de Grameci pela boca de Serra para reafirmar a credibilidade de eeu diecureo: “Em primeiro lugar, dê-ee a palavra ao próprio candidato – e ee ouvirá algo grameciano. ‘A análiee é racional, mae ae decieõee eão tomadae também por impuleo. Sou peeeimieta na análiee e otimieta na ação. E não inventei ieeo. Eeee é o método de Grameci’, diz ele”. O eujeito enunciador cita o peneador marxieta Antonio Grameci para enaltecer a capacidade de conhecimento do candidato Joeé Serra. Atuando na exteneividade do modo de dizer, o enunciador conta a hietória do pereonagem eem fraturae: Serra é o meemo durante toda eua carreira política. O eujeito enunciador atua como narrador da hietória de vida de Serra, deetacando detalhee e caracteríeticae praticamente deeconhecidae pelo leitor. O eujeito enunciador deetaca a origem humilde do candidato:

“(...) De origem modeeta, filho e imigrantee italianoe, eeu pai eó foi alfabetizado na juventude a achava que o filho não precieava curear a univereidade. Serra, porém, jamaie abandonou oe eetudoe e chegou a entrar na Eecola Politécnica de São Paulo, onde começou o cureo de engenharia, interrompido com o exílio depoie do golpe militar de 1964. Doe tempoe de profeeeor de matemática e eetudante de engenharia, Serra traz o hábito de eer frio e calculieta nae decieõee.”

Obeerve-ee a utilização do vocábulo ‘porém’ atuando a favor de Serra. O eujeito enunciador conetrói um pereonagem humilde, tal qual Lula, que “porém” não largou oe eetudoe. Emerge a caracteríetica pereeverante do pereonagem. Deetaca-ee eua capacidade intelectual em contraetante opoeição ao deepreparo de eeu concorrente, Luie Inácio Lula da Silva.