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Aplicações pedagógicas dos QI – Aspetos positivos e negativos

PARTE II – Projetos e tecnologia: os quadros interativos (QI)

6.6. Aplicações pedagógicas dos QI – Aspetos positivos e negativos

A introdução de uma nova ferramenta num contexto de sala de aula é necessariamente acompanhada de opiniões contraditórias, fundamentadas ou apenas fruto de experiências pessoais, que por um lado fazem a sua apologia como tratando- se de um valor acrescentado para o processo de ensino e aprendizagem. No entanto, há quem defenda que aquelas apenas vêm criar “ruído” no espaço de aprendizagem ou são de todo ineficazes. O quadro interativo não podia fugir a essa realidade.

A investigação diz-nos que sem uma adequada formação técnica e pedagógica não se consegue introduzir de forma eficaz esta tecnologia (Gallego et al.,2010; Betcher & Lee, 2009; Dulac et al, 2010).

As características técnicas e tecnológicas do quadro interativo permitem que este seja usado de forma a poder dar resposta a uma diversidade de estratégias e metodologias, às necessidades dos estudantes e aos seus diferentes estilos de aprendizagem (Cutrim Schmid, 2008 : 1566).

Esta tecnologia está ainda no seu processo evolutivo e ainda nos encontramos longe de um uso generalizado e eficiente em contexto de sala de aula. No entanto, independentemente da forma como os quadros interativos poderão ou não evoluir para se integrarem na sala de aula do futuro, é importante considerarmos que não é a tecnologia em si, mas a forma como ensinamos. Neste aspeto concordamos com Betcher & Lee (2009) para quem um bom docente, que recorre a boas práticas e que tira todo o partido do potencial do quadro interativo, é que será sempre o ingrediente mais importante para o sucesso educativo, independentemente de qualquer tecnologia, por mais evoluída que esta possa parecer. Como tal, uma aula inconsistente com o quadro interativo assim continuará a ser se o docente não tiver as competências suficientes para o usar de forma adequada e eficiente.

De acordo com Brown (2003), os quadros interativos apresentam uma multiplicidade de aplicações pedagógicas:

• Pelo facto de os quadros interativos serem semelhantes aos quadros convencionais, podem ajudar os docentes tecnofóbicos a começar a usar a tecnologia para projetar apresentações para a turma

• Permite aos docentes melhorar o conteúdo das apresentações dada a facilidade em integrar todo o tipo de materiais numa aula: imagens da internet, um vídeo,

gráficos de uma folha de cálculo e texto de um documento, ainda com a possibilidade de fazer anotações e comentários.

• Permitem ao docente criar, de forma célere, objetos de aprendizagem à medida, a partir de conteúdos existentes e adaptá-los à necessidade da turma em tempo real.

• Permite aos aprendentes reter informação de forma mais fácil.

• Possibilita as discussões, dado que liberta os aprendentes de terem de fazer apontamentos.

• Permite o trabalho colaborativo à volta de uma tarefa/tema partilhado.

• Quando integrado num VLE37 e repositório de objetos de aprendizagem, possibilita uma partilha alargada de recursos.

• Quando usado em contexto de grupo/turma, numa situação de avaliação interativa da compreensão, podem fornecer um feedback rápido dessa atividade.

Kennewell (2006) refere igualmente algumas aplicações pedagógicas dos quadros interativos que contribuem para melhorar as aprendizagens:

• Aumenta a participação dos aprendentes pelo facto de estes se poderem deslocar ao quadro para escreverem as soluções.

• Esta ferramenta permite aos aprendentes construir as suas apresentações multimédia para apresentar à turma.

A Becta (2003) aponta igualmente outras vantagens no uso dos quadros interativos, que passam por usar recursos web numa situação de ensino para um grupo/turma; permite a visualização de vídeos para explicar conceitos; a criação de flipcharts digitais; manipulação de texto; e treinar a escrita.

No entanto, nem tudo são vantagens no uso do quadro interativo. Brown (2003) argumenta que se os docentes não exploram as capacidades do quadro interativo, a relação custo/benefício acaba por não compensar, dado o elevado preço dos quadros interativos quando comparados com um quadro branco convencional e um vídeo projetor. Também existe a possibilidade de se danificar a superfície do quadro, o que implica custos elevados na sua substituição. A colocação do vídeo projetor pode criar

37  Virtual learning environment  

o efeito de sombra no quadro, impedindo uma adequado visualização do seu conteúdo e reduzindo a sua eficiência.

Os quadros com altura fixa são muitas vezes demasiado elevados para se poder utilizar toda a superfície, ou demasiado baixos para se poder ler com facilidade a parte inferior. Também os quadros móveis (e o projetor associado) têm a desvantagem de necessitar de serem ajustados e calibrados sempre que ocorre mudança do local onde estes se encontram. E ainda o facto de o software criado por uma empresa não ser geralmente compatível com o de outra empresa concorrente. Estas situações levam a que muitas vezes lições preparadas com um determinado software não possam ser utilizadas num quadro de outro fabricante.

Como qualquer ferramenta, o quadro interativo necessita que sejam preenchidos uma série de requisitos para que o seu propósito – melhorar a qualidade das aprendizagens - possa ser atingido. Desde as condições técnicas de correta instalação à formação adequada dos docentes, todas as variáveis são importantes para que se possa rentabilizar ao máximo o uso do quadro interativo.

Para concluir o desenvolvimento do assunto tratado, apresentamos de seguida um quadro síntese com os principais aspetos focados ao longo deste capítulo:

O Quadro Interativo em Educação

Definição O quadro interativo é um sistema composto por um ecrã táctil um computador e a um projetor, integrando ferramentas e software com a capacidade de combinar as funcionalidades de um quadro tradicional com todo um conjunto de outras funcionalidades e tecnologias.

Primeira ferramenta educacional desenvolvida e desenhada para auxiliar em situações de aprendizagem.

Potencialidades Pedagógicas

Permite alargar e aprofundar a possibilidade de recorrer a várias abordagens metodológicas a implementar na sala de aula, mediadas pelo quadro interativo e levando a que o seu verdadeiro potencial resida na sua capacidade de promover a interação e interatividade através da capacidade em integrar os mais variados recursos digitais e multimédia; melhorando a visualização na sala de aula; aumenta a participação e motivação dos aprendentes; facilita a partilha de recursos e a disponibilização para os aprendentes.

Inconvenientes Instalação dos equipamento em locais desapropriados que não

permitem uma adequada utilização e acessos, dificuldades em manter o equipamento sempre operacional.

A integração dos quadros interativos sem um planeamento e formação adequadas, assim como um acompanhamento dos utilizadores pode levar a uma rejeição da utilização dos mesmos.

Conceito-chave Quadro Interativo (QI)

Autores BECTA (2003, 2004, 2007); Betcher & Lee (2009); Brown (2003); Cutrim Schmid (2008); Dulac et al (2010); Gallego (2010); Lee & Winzenried (2009); Kennewell (2006).

Quadro 10 - O Quadro Interativo em Educação.

Capitulo  VII  –    O  quadro  interativo  como  suporte  a  uma  metodologia  de  

ensino  e  aprendizagem  centrada  no  estudante.