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PARTE II – Projetos e tecnologia: os quadros interativos (QI)

4.3. Rumo ao futuro

As tecnologias são hoje um bem imprescindível na aquisição e construção dos saberes dos vários povos e nações. Aquelas influenciam o modo como os diversos povos pensam, agem, trocam saberes e experiências entre si. Deste modo, a educação torna-se em parte um produto dessas tecnologias e por outro lado estas podem desempenhar um papel fundamental na melhoria da educação e na formação de cidadãos mais conscientes.

Em 2010 surge a Agenda Digital 2015 integrada numa estratégia Europeia de aproximação dos cidadãos, com vista à criação de valores e oportunidades de internacionalização a partir das competências e das redes desenvolvidas. A Agenda Digital 2015 toma em consideração os desafios económicos internacionais e o investimento nas Redes de nova Geração.

A Agenda Digital 201522, apresentada em setembro de 2010, é um programa de ação que surge no âmbito do Plano tecnológico e pretende continuar a consolidação de ações que Portugal tem vindo a implementar em setores chave, tais como, o Conhecimento, a Tecnologia e a Inovação. O objetivo geral da Agenda Digital é extrair benefícios económicos e sociais sustentáveis de um mercado único digital, com base na Internet rápida e ultrarrápida e em aplicações interoperáveis. A concretização dos objetivos fica a cargo de uma política de melhoria de infraestruturas de

21 In: jornal “Público” online de 21 de agosto de 2009 – em http://www.publico.pt/Tecnologia/ha-um- computador-por-cada56-estudantes-nas-escolas1397103 acedido em 24 de maio de 2012.

22 In: Resolução do Conselho de Ministros n.º 91/2010. Publicada no dia 19 de novembro, no Diário da República Esta resolução aprova a Agenda Digital 2015, iniciativa inserida no âmbito do Plano Tecnológico.

comunicações e da promoção da utilização das tecnologias, acompanhada de uma estratégia de criação de desenvolvimento de conhecimento de ponta e de inovação com capacidade para competir em mercados globais e assegurar capacidade de exportação.

Os vetores transversais das medidas previstas assentam numa estratégia de fortalecimento da investigação e da capacidade de inovação em TIC e no desenvolvimento de qualificações avançadas e de talento para uma economia digital à escala global.

Ainda que integrados num programa mais abrangente, a Agenda Digital e a estratégia da União Europeia 2020 são considerados outros dois vetores que têm como objetivo assegurar uma Sociedade de Informação que se visa alcançar através da inclusão digital e a utilização das TIC para a inclusão social, por forma a assegurar uma ampla penetração das tecnologias e da economia digital na população, reforçar a cidadania digital e a promoção da digitalização massiva de conteúdos, dado que numa economia baseada no conhecimento, a informação de base disponibilizada desempenha um papel infraestrutural que não pode ser suprido pelas infraestruturas físicas da comunicação23.

Para além dos objetivos referidos, a Agenda Digital centra-se em cinco áreas de intervenção prioritárias, que dão resposta a três dos oito objetivos delineados pela Agenda Digital para a Europa: o acesso rápido e ultrarrápido à internet, a melhoria das literacias digitais, das qualificações nessa área e da inclusão na sociedade digital, proporcionando os benefícios oferecidos pelas TIC à sociedade24.

Até 2012, a sociedade portuguesa deveria investir no desenvolvimento de serviços de valor acrescentado e na criação de uma infraestrutura com cobertura nacional, que incluísse no interior oferta de grande largura de banda na interligação ao utilizador. Este investimento tem como fundamento as linhas prioritárias definidas, tais como, “Redes de Nova Geração”, “Melhor Governação”, “Educação de Excelência”, “Saúde de Proximidade” e “Mobilidade inteligente”.

A iniciativa “Educação de Excelência” tem como objetivo promover a utilização das redes de nova geração pelas comunidades educativas, através da disponibilização de

23  In:  UMIC  (Agência  para  a  Sociedade  do  Conhecimento)  em  http://www.umic.pt  

serviços e de conteúdos de interesse educativo, potenciando as infraestruturas e equipamentos tecnológicos já existentes nas escolas públicas.

Na área da educação, pretende-se assim a implementação de espaços online para estudantes, professores e encarregados de educação; uma plataforma virtual de aprendizagem com acesso a cadernos de exercícios virtuais e outros recursos de ensino e aprendizagem; o CiberEscola da Língua Portuguesa; o Tutor Virtual da Matemática; e um espaço de matrículas e certificados online.

A criação de uma plataforma virtual de apoio ao ensino e à aprendizagem da matemática; espaços pessoais no portal da educação para estudantes, professores e encarregados de educação e projeta-se igualmente a disponibilização online de conteúdos educativos.

Esta aposta em proporcionar a um grande número da população as condições de verdadeira inclusão na sociedade digital e do conhecimento culminará com a estratégia “vinte-vinte”. Este é o nome mais comum com o qual se designa o desafio EU 2020 para a Europa da segunda década de 2000 e pós Estratégia de Lisboa. Esta agenda coloca as suas políticas prioritárias nas competências e no capital humano, construindo desta forma os alicerces de uma plataforma onde as reformas e a modernização serão mais facilmente atingidas.

Após o fracasso da Estratégia de Lisboa, a Comissão Europeia acredita que estas orientações políticas farão com que, no final da década, a União Europeia e os seus vinte e sete estados membros sejam sociedades mais fortes e mais saudáveis para as décadas vindouras, evitando o sucedido com a Estratégia de Lisboa, que expôs as fragilidades dos estados membros ao nível da produtividade e emprego.

Na sua apresentação, o presidente da comissão refere que a Estratégia UE 2020 representa a estratégia de crescimento para a década que se segue. Argumenta que num mundo em mutação, pretende-se que a UE se torne numa economia inteligente, sustentável e inclusiva. Estas três prioridades, que se reforçam mutuamente, deverão ajudar a UE e os Estados-Membros a atingir níveis elevados de emprego, de produtividade e de coesão social.

Concretamente, a UE definiu cinco objetivos ambiciosos em matéria de emprego, inovação, educação, inclusão social e clima/energia, que deverão ser alcançados até 2020. Cada Estado-Membro adaptou-os aos seus próprios objetivos nacionais em

cada uma dessas áreas. A estratégia é apoiada por ações concretas a nível nacional e da UE.

Pretende-se um crescimento inteligente em setores chave como a educação, encorajando as pessoas a aprender, estudar e atualizar as suas competências; a investigação e inovação, através da criação de novos produtos e serviços que fomentem o crescimento e o emprego e contribuam para dar resposta aos desafios atuais e à sociedade digital, através da utilização das tecnologias da informação e da comunicação.

Em conjunto com este crescimento inteligente, delinearam-se mais cinco objetivos ambiciosos nos quais se destaca uma vez mais a preocupação económica, ambiental e social, e uma preocupação educacional, que procura elevar o nível de licenciados e reduzir a taxa de abandono escolar.25

No fundo, neste desafio para o futuro, propõe-se um crescimento “inteligente, sustentável e inclusivo” para a Europa, sustentado na inovação, educação, agenda digital, energia verde, luta contra a pobreza e inclusão, e ainda por uma politica industrial e de mercado de trabalho assente em compromissos e programas de estabilidade e crescimento.

Concluímos este capítulo com a apresentação de um quadro - síntese que pretende fornecer uma visão das iniciativas de âmbito nacional e europeu, de implementação das tecnologias em sala de aula:

25 Para sustentar este crescimento inteligente, a UE propõe-se aumentar para 3% do PIB da UE o nível conjunto de investimento público e privado na investigação e desenvolvimento; aumentar para 75% até 2020 a taxa de emprego na faixa etária dos 20 aos 64 anos, inserindo mais pessoas no mercado de trabalho, especialmente as mulheres, os jovens, os trabalhadores mais idosos ou pouco qualificados e os migrantes legais, e ainda aumentar os níveis de sucesso escolar, nomeadamente através da redução das taxas de abandono escolar para níveis abaixo dos 10%; do aumento da percentagem da população na faixa etária dos 30 aos 34 anos que conclui o ensino superior (ou equivalente) para, pelo menos, 40% - In: http://ec.europa.eu/europe2020/europe-2020-in-a-nutshell/priorities/smart- growth/index_pt.htm

Iniciativas de implementação das tecnologias em educação Projetos, Planos

e Estratégias

Projeto Minerva (Meios Informáticos No Ensino: Racionalização, Valorização, Atualização) – 1985 -1994 – Primeiro projeto de introdução das TIC nas escolas.

Projeto Nónio Séc. XXI – 1996 – 2002 - introdução do multimédia, do hipermédia e das redes na educação. A internet nas escolas.

Plano Tecnológico da Educação (PTE) – a partir de 2007 – internet de banda larga, equipamento tecnológico avançado é introduzido nas escolas. Estratégia de Lisboa, Agenda Digital 2015 e EU2020 – fomentar a construção de uma sociedade inovadora e empreendedora suportada por uma economia digital promotora da multiculturalidade e da inclusão social. Obstáculos Introdução das tecnologias na educação por publicação de legislação;

disciplinas específicas orientadas para o estudo da tecnologia em si mesma.

Falta de uma política adequada de formação de professores. Iliteracia informática

Remediação Projetos que desenvolvam competências instrumentais e de implementação de tecnologias na educação.

Maior aproximação entre o discurso dos documentos oficiais e a prática efetiva; ligar a teoria à prática efetiva.

Reorientar as políticas tecnológicas na educação: mais criatividade, inovação e empreendedorismo.

Assegurar uma promoção da digitalização de conteúdos de qualidade e a utilização das TIC para a inclusão digital e a criação de conhecimento. Potencialidades

Pedagógicas

Apetrechamento das escolas com tecnologia; formação de professores para o uso das tecnologias; desenvolvimento de recursos educativo digitais; investigação sobre a utilização das TIC; ambientes de aprendizagem motivadores, aproximação da escola à realidade do exterior; participação das escolas em projetos nacionais e internacionais.

As tecnologias como fator de inclusão e redução das assimetrias.

Conceitos-chave Projeto Minerva, Projeto Nónio Séc. XXI, Plano Tecnológico da Educação (PTE), Estratégia de Lisboa, Agenda Digital 2015, EU2020, criatividade, inovação, Internet, empreendedorismo, inclusão digital e social.

Autores Ponte (1994, 2010); Pires (2009).

Capitulo   V   –     Projetos   e   Iniciativas   de   implementação   de   Quadros  

Interativos