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PARTE II – Projetos e tecnologia: os quadros interativos (QI)

6.2. Ferramentas e técnicas

Todos os quadros interativos multimédia são acompanhados de um software específico, desenvolvido pelo fabricante e que varia em funcionalidades de acordo com a marca ou modelo adquirido. No entanto, todos eles têm funções básicas que permitem escrever ou desenhar no quadro com uma caneta própria ou com o dedo, e gravar esses dados em formato próprio ou universal para visualização posterior. Estas imagens guardadas, que podem incluir anotações, texto ou imagens, podem ser enviadas por email, colocadas em LMS ou simplesmente impressas. Alguns fabricantes de QI ainda fornecem um software OCR que permite o reconhecimento de escrita manual transformando-a em texto.

A maior parte dos quadros interativos é fornecido com software e controladores que ativam funções, tais como, a movimentação e manipulação de texto e objetos no quadro, a gravação de informações e a conversão de escrita manual em texto. Alguns programas também permitem que o quadro interativo apresente aplicações do computador e reproduza som e vídeo. Para além do software básico do quadro interativo, encontram-se disponíveis outras aplicações que oferecem uma vasta gama de funcionalidades relacionadas com o ensino em geral e com o currículo em particular, destinadas a melhorar as aulas.

Na prática, a verdadeira eficiência dos quadros interativos reside no software que é parte integrante do pacote adquirido. A qualidade do hardware do quadro é aumentada de acordo com as funcionalidades integradas no software fornecido pelo fabricante, que para além do driver básico, faz com que o computador reconheça o quadro interativo e comunique com ele.

Este software próprio dos quadro cria ficheiros em extensão de Notebook ou flipchart. Estes mostram alguma semelhança com software de apresentação, mas apresentam funcionalidades adicionais tais como a possibilidade de arrastar objetos livremente pela área do quadro. Apesar de esta característica poder parecer um pormenor sem grande relevância, a possibilidade de poder arrastar objetos pela área de um quadro partilhado revela-se como uma das características chave do quadro interativo (Betcher & Lee, 2009). Ao observar um utilizador a trabalhar com um quadro interativo, muita da interatividade que se estabelece é baseada na possibilidade de arrastar e largar objetos pelo quadro.

No entanto, o quadro é dotado de um conjunto de funcionalidades próprias que fazem parte do software específico, tais como um conjunto de canetas virtuais que podem ser usadas para escrever ou realçar / destacar algo na página e ainda a ferramenta do foco ou lupa que permite explorar partes da página.

Ao escolher-se um quadro interativo, o que realmente deve ter-se em linha de consideração são as suas características em termos de software, porque é neste aspeto que reside a verdadeira eficiência do quadro. E apesar do software ser o aspeto mais importante do quadro interativo, ainda existe uma grande falta de estandardização de software entre os vários fabricantes de quadros. O software criado por uma empresa não é geralmente compatível com o de outra empresa concorrente. No entanto, de uma forma geral todos permitem as mesmas ações, independentemente das ferramentas que cada software disponibiliza.

Algumas das ferramentas básicas incluídas na maior parte dos pacotes de software permite34:

Escrever no software do QI e no ambiente de trabalho. A escrita pode variar em cor e espessura da linha. O utilizador tem ainda disponível marcadores que permitem

34 Adaptado de “Aproveitar ao máximo o seu quadro interativo”, disponível em http://www.crie.min.edu.pt/publico/conteudos/BrochuraQIM.pdf

realçar texto e imagens. Alguns softwares permitem que as características das cores e linhas possam ser alterada. A maioria dos softwares de QI possui um apagador digital, uma ferramenta usada para remover a escrita do ecrã.

Arrastar e largar ou fazer corresponder objetos movimentando-os de um lado para o outro.

Adicionar caixas de texto ao ecrã para escrever palavras soltas ou texto mais longo. Possuem todas as ferramentas normais de um processador de texto, permitindo escolher tamanhos e estilos de letra diferentes.

Explorar separadamente determinadas partes ou aspetos do ecrã com a ferramenta de foco ou lupa. O utilizador pode tornar a área dentro da lupa maior ou mais pequena e pode ainda mudar a sua forma para quadrada ou retangular.

Ocultar ou revelar parte ou a totalidade do ecrã através de uma simples cobertura de ecrã. Funciona de forma idêntica a uma “persiana”, mas pode também ser aberta na horizontal.

Transformar em texto tudo o que o utilizador escrever à mão no QI com a caneta. Algumas marcas permitem reconhecer texto manuscrito num outro idioma.

Empilhar objetos / clonar e duplicar cópias múltiplas de um único objeto e empilhar várias cópias de um objeto em cima umas das outras. O software permite usar as ferramentas de duplicação automática. As ferramentas de clonagem e duplicação permitem ao utilizador aceder rapidamente a várias cópias da mesma palavra ou imagem durante uma aula. As próprias páginas podem ser duplicadas individualmente no software, poupando tempo aos utilizadores na construção de recursos.

A utilização do cronómetro / relógio do software do QI permite ao professor gerir a duração dos segmentos da aula e pode ser programado para emitir um sinal sonoro, que indique o final de uma tarefa. O software do QI dispõe ainda de muitas outras aplicações adicionais, como calculadoras e termómetros.

Recurso a ferramentas específicas para determinadas disciplinas. O software do QI contém uma série de ferramentas que se adequam a determinadas disciplinas. Inicialmente, muitas das ferramentas foram desenvolvidas para o ensino da Matemática e das Ciências. Todavia, mais recentemente, ferramentas para criar

linhas temporais (timeline markers), corretores ortográficos e geradores de palavras (word generators) foram desenvolvidos a pensar em outras áreas disciplinares.

Gravar todas as atividades que têm lugar no quadro interativo durante uma sessão com o gravador/câmara de vídeo do ecrã. Pode ser aplicada à totalidade do ecrã ou apenas a uma parte específica. O vídeo, resultante da gravação, pode ser guardado em vários formatos e visualizado através da maioria dos leitores multimédia.

Combinar mais de uma imagem ou texto de forma a fazer uma imagem composta através da função de agrupamento. Esta ferramenta permite, por exemplo, criar legendas ou exercícios de correspondência. O agrupamento é normalmente usado em exercícios de arrastar e largar e de classificação.

Alterar imagens e texto de forma que fiquem parcial ou totalmente transparentes com a ferramenta da transparência.

Sobrepor em camadas permite colocar os objetos do ecrã numa determinada ordem. Apagar e revelar permite ao utilizador ocultar um objeto, que pode ser um texto ou uma imagem, sob uma camada de tinta.

Recorrer às técnicas e ferramentas de preenchimento, que permitem aos utilizadores alterar a cor de uma forma, objeto de texto ou imagem de fundo, clicando no objeto e selecionando uma cor.

Capturar uma imagem de ecrã (recorte / câmara) permite cortar partes de uma imagem, quer do software do QI quer de uma fonte externa (por exemplo uma página internet ou uma imagem). A imagem pode ser quadrada ou retangular ou recortada de uma forma livre.

Segundo Gallego et al. (2010), o quadro interativo muda o ambiente de aprendizagem da sala de aula por um mais dinâmico e motivador onde se pode, entre outras coisas:

• Interagir - dependendo do tipo de quadro, pode-se interagir mediante canetas ou marcadores eletrónicos ou simplesmente com os dedos, com todo o software ou aplicações instaladas no computador e marcar as alterações que posteriormente podem ser armazenados.

• Desenvolver – conteúdos de aprendizagem, enquadrados no currículo, no plano de aula e em qualquer nível de ensino, com apoio de atividades inovadoras e atrativas, que promovam um novo clima no interior da aula.

• Ampliar – consideravelmente a quantidade de recursos a utilizar pedagogicamente dentro da sala de aula e interagir com eles desde o quadro e para toda a turma. Entre eles estão os vídeos, imagens, animações, simulações e os inumeráveis recursos que nos são oferecidos pela internet. • Visitar – sítios Web com importância educativa, como a imprensa digital,

vídeos culturais, galeria de imagens, pesquisadores, dicionários, enciclopédias virtuais, etc. que complementam os processos de ensino, investigação e que são geradores de reptos para o debate de pontos de vista diferentes.

• Armazenar – todas as intervenções realizadas durante a aula no quadro e assim manter um registo de todos os processos desenvolvidos na aula, que se pode partilhar com os estudantes de forma impressa ou digital e poderá servir de resumo, de recordação e revisão do que se trabalhou na aula.

• Organizar – e otimizar o tempo durante o inicio, desenvolvimento e conclusão da aula, devido à construção de materiais educativos com recursos e atividades destinados a cada etapa. Isto permite facilitar os processo de ensino e gerar maiores espaços para a compreensão, aplicação e transferência de novos conhecimentos.

• Promover – um trabalho ativo e colaborativo, gerando novas formas de interação entre os estudantes e o professor, porque permite registar opiniões, dúvidas, perguntas e respostas que surjam durante a aula, o que incentiva a participação e a mudança de papéis dentro da sala de aula. Todos os comentários podem ser imediatamente escritos e armazenados.

Perante um quadro interativo, o professor assume um novo papel na sala de aula adaptado e adaptando-se a uma nova situação que consiste basicamente em:

• Centrar melhor a atenção dos seus estudantes sobre os conteúdos que mostra no quadro interativo e que acompanham as suas explicações, melhorando-as consideravelmente.

• Gerir a informação em formato digital e interagir com os conteúdos digitais: manuscritos, desenhos, textos, imagens, áudios, vídeos e animações.

• Preparar e adaptar as suas aulas ao trabalho com o quadro digital. • Criar conteúdos didáticos para serem apresentados no quadro interativo. • Propiciar uma maior participação dos seus estudantes nas atividades de

trabalho em sala de aula.

• Organizar atividades e apresentações colaborativas em sala de aula trabalhadas (desenvolvidas sobre) no quadro interativo.

De acordo com Dulac et al. (2010), estas características técnicas e das ferramentas permitem o recurso a metodologias que levam os docentes a ensinar mais e melhor.