• Nenhum resultado encontrado

O quadro interativo e a comunicação na aula de Inglês

PARTE II – Projetos e tecnologia: os quadros interativos (QI)

8.2. A competência comunicativa no ensino do Inglês

8.2.1. O quadro interativo e a comunicação na aula de Inglês

Numa sala de aula que se pretende ativa, os professores dispõem de mais oportunidades para criar um contexto social no qual as interações dos aprendentes podem resultar em aprendizagem. A investigação demonstrou que criar oportunidades para que os aprendentes usem o quadro interativo para apresentarem e discutirem o seu próprio trabalho com os colegas, ou envolverem-se em atividades que abrangem a totalidade do grupo-turma, tais como o recurso a sistemas de votação, melhora a sua atenção e empenho no processo de aprendizagem (BECTA, 2003; Burden, 2002; Miller & Glover, 2002).

Nestas circunstâncias, a língua estrangeira é de certa forma personalizada e adaptada aos interesse dos aprendentes, ganhando por isso mais sentido e levando a que seja mais facilmente apreendida.

Esta mesma ideia leva Kennewell (2001) a defender que deve ser dada oportunidade aos aprendentes para usarem o quadro interativo. Uma sala de aula ativa num contexto de grupo interativo motiva os aprendentes, devido às interações criadas entre estes a partir das funcionalidades do quadro interativo. Concordamos com a mais-valia defendida por Beeland (2002) ao afirmar que estas aulas passam a ser mais agradáveis, resultando numa maior atenção e melhoria do comportamento, essenciais à aprendizagem.

O ecletismo metodológico, sugerido no programa de Inglês do ensino secundário, permite a integração de um leque variado de estratégias de aprendizagem necessárias a um ensino e aprendizagem da língua estrangeira. O quadro interativo como ferramenta que permite suportar uma diversidade de estratégias, também se adapta aos vários estilos de aprendizagem dos aprendentes de uma turma. As características multimédia e multissensoriais no QI promovem o empenho dos aprendentes na aprendizagem. A capacidade do QI em apresentar imagens e vídeos estimulantes aumenta a capacidade de os aprendentes recordarem a informação pela possibilidade de esta ainda poder ser “visualizada” na sua mente depois da aula ter terminado (Burden, 2002). Este tipo de estratégias pode ainda promover uma troca de experiências de aprendizagem entre aprendentes, estimulando os aprendentes a criarem as suas próprias experiências de aprendizagem.

de situações práticas de comunicação. Os recursos visuais e auditivos podem ser explorados numa diversidade de situações e em diferentes momentos da aula, permitindo manter a motivação e a atenção dos aprendentes (Levy, 2002). A possibilidade de apresentar uma ampla gama de recursos multimédia de forma eficiente também ajuda os aprendentes a aprender. Não apenas pelo facto de estar mais informação disponível para eles, mas também porque é mais rica e variada por forma a que as ideias e conceitos se tornam mais tangíveis e permitindo aos aprendentes assimilar os conceitos de forma mais fácil (Levy, 2002).

Numa sala de aula com QI é possível aceder a materiais de aprendizagem (recursos) de forma mais eficiente do que se estes materiais (recursos) fossem apenas impressos em papel, uma vez que que os aprendentes de uma língua estrangeira criam mais facilmente memory links aos conteúdos estudados se estes forem introduzidos através de apresentações multimédia, que combinam o visual, o áudio e o texto, do que se aqueles forem apenas apresentados utilizando um media.

Vídeos apresentados através do QI permitem trazer para a sala de aula materiais autênticos, linguística e culturalmente enriquecedores, assim como o acesso à internet permite aos aprendentes de língua estrangeira o acesso a todo um vasto conjunto de textos na língua de aprendizagem. Com a facilidade de acesso a websites, tais como o

youtube (em http://www.youtube.com), muito do que pode ser acedido pelos

aprendentes e professores é através do vídeo. Segundo Erben (2009) o facto de se ver uma pessoa durante um ato comunicativo ajuda a “scaffold comprehension

because an ELL43 will also look at a person’s body language and facial expressions to help encode the meaning of a message. (Erben, 2009 :82).

As interações efetuados através do recurso ao QI podem ocorrer em situações de uso oral ou escrito da língua ou em situações em que estão ambos presentes. O QI assume neste contexto de aprendizagem uma das suas principais virtudes. Permite a integração e exploração de todo o tipo de recursos digitais, como vídeo, imagem estática, texto e som. Como complemento, permite ainda a interação através da videoconferência com outros contextos de sala de aula, ganhando os aprendentes todo um conjunto de interlocutores com os quais podem interagir e promovendo, deste modo, uma igualdade de oportunidades de participação que levará a uma melhor aprendizagem.

43  ELL – english language learner  

Estes contextos de aprendizagem permitem um melhor desenvolvimento da competência comunicativa, porque o estudante, ao comunicar com outros aprendentes em situação semelhante, tem como principal objetivo conseguir fazer passar a sua mensagem, não se centrando a sua preocupação apenas na correção linguística (Erben, 2009). Ao fomentar interações mediadas pela tecnologia, recorrendo ao QI, o docente pode criar situações de interação que suportam os dois tipos de comunicação – interações comunicativas gramaticalmente corretas e interações promotoras de uma efetiva comunicação.

A utilização de quadros interativos em sala de aula permite o acesso e exploração de recursos digitais que podem beneficiar todo o grupo turma, preservando o papel do docente na orientação e monitorização das aprendizagens. Uma sala de aula com quadro interativo cria um ambiente de aprendizagem com condições para a implementação de estratégias de ensino diversificadas. Este ambiente de aprendizagem permite recorrer a estratégias diferenciadas de aprendizagem, através de modo não linguístico, ajudando os aprendentes a reconhecer padrões, proporcionando-lhes oportunidades de praticar a comunicação de ideias complexas e criando oportunidades para que estes possam trazer a sua cultura para a sala de aula através de imagens digitais, música e outros tipos de multimédia.

No entanto, uma aula com recurso ao quadro interativo deve ser planeada com rigor. Uma das questões mais levantadas por aprendentes e docentes no que concerne à implementação de quadros interativos em sala de aula é a necessidade de formação adequada para poder explorar-se todo o potencial do quadro. Para Levy (2002), a inexperiência revelada pelo docente, em preparar o equipamento e dominar as várias características do quadro, leva a situações de perturbação em sala de aula. Apesar de ser uma condição necessária a uma utilização eficiente em termos de aprendizagem dos quadros interativos, não é suficiente que o docente encare o quadro como uma ferramenta pedagógica inovadora. Para obter sucesso é necessária formação adequada no campo das abordagens metodológicas, sob pena de o docente ver impedidas e frustradas as suas intenções de inovação (Burden, 2002).

A tecnologia dos quadros interativos deveria ser usada e explorada de modo singular e criativo para além do que é possível quando se ensina com quadros brancos (ou negros) ou outros métodos de projeção.

A singularidade do quadro interativo reside na possibilidade de este criar um ponto de interseção entre interatividade pedagógica e técnica. É nesta mesma interseção que

reside a sua capacidade de criar um ambiente no qual se efetuam aprendizagens significativas.