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4. PARTE IV Trabalho de campo

4.4. Análise de dados

4.4.2. Aprendentes de PLE a frequentar o curso

Este subcapítulo da nossa análise foi feito com base na informação obtida no grupo I da amostra, ou seja, os alunos chineses que ainda estão a frequentar o curso de

PLE em Portugal. Estes perfazem 13 elementos do total da amostra de 21 inquiridos. Estes alunos foram o principal público-alvo do nosso estudo, pois analisando a sua situação académica e as suas expectativas profissionais a curto/médio prazo podemos ter uma ideia do que pretendem fazer em termos profissionais em Portugal após o curso, e compreender quais os requisitos que possuem para ficar a trabalhar em Portugal. Incluiu- se nesta seção a análise dos seguintes elementos: a situação académica dos aprendentes; as suas expectativas profissionais pós-curso e as condições de trabalho pretendidas.

4.4.2.1. Situação académica dos aprendentes

Os 13 inquiridos atualmente em frequência do curso de PLE de nível universitário em Portugal estão na sua maioria há menos de um ano em Portugal a estudar PLE (53.9%), sendo que a restante parte se divide em partes iguais de 23% num grupo que está há 1 ano ou de 1 a 2 anos e outro grupo que está há mais de 3 anos em Portugal a estudar. Estão por isso em anos diferentes da sua formação académica, havendo uma prevalência de recém-chegados que frequentam parte do primeiro ano letivo em Portugal. 66.7% estão a fazer a licenciatura, 25% o mestrado e 8.3% o doutoramento em PLE. As universidades que frequentam variam entre a Universidade de Lisboa, a Universidade Nova, a Universidade Católica, Universidade do Porto e a Universidade do Minho, havendo uma prevalência de respostas de Faculdade de Ciências Sociais e Humanas sem referência a qual a universidade de origem. Sobre o background académico dos inquiridos, quase 70% afirmou não ter ainda nenhum grau académico, sendo que dos que já tinham grau, 80% eram já licenciados, contra 20% que tinham já mestrado.

4.4.2.2. Expectativas profissionais pós-curso

Após o tratamento dos dados, ficámos surpreendidos com a confirmação da tendência da não permanência dos alunos de PLE em Portugal após o fim do curso. 57.1% dos nossos inquiridos pretendem abandonar Portugal em menos de 1 ano após terminarem o curso de PLE, 21.4% planeia sair entre um e dois anos depois do curso e 7.1% pretende abandonar Portugal passados 3 anos, o que significa que 80% (79.6) irá deixar o país no máximo até 3 anos após o fim do curso. Só 14.3% pretende ficar no país por mais de 3 anos. São números significativos que os torna parte do grupo das chamadas “tartarugas marinhas” (sea turtles) (ver capítulo 3.2). Quando questionados sobre “O que pretendem

fazer depois do curso”, mais de 50% respondeu regressar à China, e 46% fica em Portugal, metade a prosseguir os estudos e outra metade a trabalhar, ou seja só 23% pretende inserir-se no mercado de trabalho português, pelo menos no período pós-graduação. Por isso, só 9 pessoas responderam à questão do que pretendiam fazer no caso da opção ser “trabalhar em Portugal”, onde mais uma vez os alunos podiam escolher várias opções, sendo que 7 votos foram para a opção “ocupar um cargo numa empresa”, 5 para trabalhar no mercado da tradução/interpretação e 4 para dar aulas. A mais-valia bilingue faz com que estes alunos possam levar a cabo várias tarefas laborais em paralelo, mostrando-se contudo uma tendência em garantir um posto de trabalho mais tradicional ao escolherem com maior peso o “cargo numa empresa”. No entanto as combinações que surgiram nas suas respostas foram: “dar aulas-fazer traduções-ocupar um cargo numa empresa”, “fazer traduções e ocupar um cargo numa empresa” e “dar aulas e fazer traduções”. Por aqui se vê que os próprios estudantes têm noção da polivalência trazida pela frequência do curso em termos profissionais, e que estão abertos à realização de várias tarefas simultaneamente.

4.4.2.3. Condições de trabalho pretendidas

Quisemos saber quais as condições de trabalho desejadas por estes estudantes em Portugal. À pergunta sobre a modalidade de emprego/relação laboral pretendida, houve apenas 11 respostas das 13; 45.5% quer trabalhar por conta própria, contra 54,6% que quer trabalhar por conta de outrem, com este valor a dividir-se por igual entre “empresa chinesa” e “empresa portuguesa”. O trabalhar por conta própria é algo facilitado pela vantagem bilingue e pela grande procura existente no mercado português, e explica os valores elevados nesta opção. Quanto ao trabalho por conta de outrem, o facto de não haver um pendor desequilibrado entre empresas portuguesas ou empresas chinesas pode ter que ver com o facto de que no final o cliente para quem trabalham é quase sempre chinês ou a empresa ou produto tem relação direta com a China.

Relativamente às expectativas salariais, expostas na pergunta “Qual o seu objetivo mínimo em termos de rendimento mensal com um trabalho em Portugal?”, a maior parte pretende ganhar acima dos 1000 euros/mês. Mais especificamente, 41.7% dos respondentes quer ganhar no mínimo 1000 euros por mês e outros 41.7% um mínimo de 1500 euros mensais a trabalhar em Portugal, uma expectativa bastante alta e que está

nos 838 euros56 e muito longe ainda do salário mínimo de 530 euros57, que corresponde à situação de milhares de recém-licenciados em Portugal. Houve ainda 8.3% dos inquiridos a definir a sua expectativa mínima nos 2000 euros mensais de rendimento, e os mesmos 8.3% a aceitar chegar apenas aos 800 euros mensais. Este resultado é fundamental na compreensão das elevadas expectativas em termos de remuneração destes alunos que conhecem as vantagens das suas aptidões no mercado atual. A autora conhece vários casos de observação direta de jovens chineses que, por serem bilingues, conseguem retirar para as suas finanças, à vontade, 2000 euros por mês líquidos, normalmente são intérpretes ou guias de qualidade.

4.4.2.4. Conclusões sobre a situação e expectativas dos estudantes

Os 13 inquiridos em frequência do curso de PLE em Portugal estão na sua maioria há menos de um ano em Portugal, sendo que 66.7% estão a fazer a licenciatura, 25% o mestrado e 8.3 o doutoramento. As universidades que frequentam variam entre a Universidade de Lisboa, a Universidade Nova, a Universidade Católica, Universidade do Porto e a Universidade do Minho. Sobre o background académico dos inquiridos, quase 70% afirmou não ter ainda nenhum grau académico, sendo que os que já tinham grau, 80% eram já licenciados. Relativamente à duração da estadia destes estudantes em Portugal, mais de metade pretende abandonar Portugal em menos de 1 ano após terminarem o curso de PLE, e 80% irá deixar o país no máximo até 3 anos após o fim do curso. Só 14.3% pretende ficar no país por mais de 3 anos. São números significativos que os torna parte do grupo das chamadas “tartarugas marinhas”.

Quando questionados sobre “O que pretendem fazer depois do curso”, mais de 50% respondeu regressar à China, e 46% fica em Portugal, metade a prosseguir os estudos e outra metade a trabalhar, ou seja, só 23% pretende inserir-se no mercado de trabalho português, pelo menos no período pós-graduação. Para os que pensam ficar a “trabalhar em Portugal”, a maior parte pretende “ocupar um cargo numa empresa”, no entanto a mais-valia bilingue faz com que estes alunos possam ter várias combinações laborais simultaneamente, juntando tarefas como “dar aulas” e “fazer traduções. Quanto às duas expectativas laborais, estes alunos pretendem tanto trabalhar por conta própria (45.5%)

56 https://economiapt.com/salario-medio-portugal/

57 http://www.dn.pt/dinheiro/interior/salario-minimo-sobe-para-530-euros-a-1-de-janeiro- 4959858.html

como por conta de outrem (54,6%) quer para empresas chinesas quer para empresas portuguesas, demonstrando assim um grande interesse no contacto com empresas locais.

Relativamente às expectativas salariais, quanto ao seu objetivo mínimo em termos de rendimento mensal com um trabalho em Portugal, a maior parte pretende ganhar acima dos 1000 euros/mês. Mais especificamente, 41.7% dos respondentes quer ganhar no mínimo 1000 euros por mês e outros 41.7% um mínimo de 1500 euros mensais a trabalhar em Portugal, uma expectativa bastante alta para os valores praticados em média em Portugal, mas que não se aplica para o caso de jovens com competências bilingues chinês- português.