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A presente dissertação teve como tema os fatores interculturais de integração no mercado de trabalho referentes aos aprendentes chineses do curso de licenciatura de Português Língua Estrangeira. Estes aprendentes iniciam o seu percurso académico na China e vêm para Portugal para estudarem a língua portuguesa num ambiente de imersão. Esta vinda dos estudantes chineses, movimento migratório no qual a autora se inclui, deu origem à formulação do problema em análise e que tem a ver com a necessidade de integração por parte dos estudantes sentida aquando da estadia em Portugal, tendo como perspetiva a integração no mercado de trabalho.

O tema desta dissertação prendeu-se, por isso, com a integração dos alunos chineses de PLE no mercado de trabalho português, para tentar compreender quais os fatores de integração, quais os obstáculos encontrados e que oportunidades aguardam estes jovens. Por outro lado, a nossa investigação procurou analisar as questões interculturais associadas à sua vinda para Portugal e à entrada na sociedade. Cada vez mais jovens chineses vêm estudar PLE para Portugal e é necessário questionarmo-nos sobre as suas dificuldades de adaptação e integração no país recetor, e compreendermos até que ponto podemos contornar esses problemas ou resolvê-los.

Decidimos dedicar-nos ao presente tema para perceber até que ponto a aposta dos estudantes chineses de PLE lhes permite mais oportunidades de integração no mercado de trabalho e se a aprendizagem da língua portuguesa está realmente associada a melhores perspetivas de empregabilidade. A resposta é bastante positiva, havendo em Portugal imensas oportunidades para estes jovens. A aprendizagem da LP mostra-se uma excelente opção para os jovens chineses encontrarem um bom trabalho, numa variedade de áreas e funções diferentes, com uma boa remuneração. As dificuldades linguísticas latentes no pós-curso bem como as profundas diferenças culturais não são impedimento a estes jovens de se integrarem no mercado de trabalho ainda durante a frequência do curso, e sobretudo após a frequência do mesmo.

As principais dificuldades encontradas por estes alunos são de carácter sociocultural e estão associadas à dificuldade de adaptação no país de acolhimento onde faltam ainda estruturas adaptadas às suas necessidades e um eficaz funcionamento das estruturas de acolhimento, quer na instituição escolar, quer fora dela, a nível governamental. As diferenças culturais e o isolamento atuam na maioria das vezes como

fatores de risco a uma integração harmoniosa, e os jovens procuram refúgio nos amigos e nos colegas, que funcionam como a sua única rede social, na maior parte das vezes.

As oportunidades profissionais que aguardam estes jovens são sobretudo nas áreas que envolvem o investimento e a interação comercial dos chineses nos países de língua portuguesa, com destaque para Portugal, país que se apresenta como porto de charneira para os novos investimentos chineses no ocidente. Neste país, a China afirma abertamente o seu poderio económico, ao comprar grandes empresas nacionais de ramos estratégicos, como a energia, a banca ou as comunicações, ao mesmo tempo que atrai empresários, estudantes e funcionários, com um nível cultural relativamente alto, e que se destacam do grupo de imigrantes chineses a que Portugal se acostumou nas últimas décadas. Esta nova vaga de imigrantes chineses são imigração intelectual e financeira, que vem alterar as dinâmicas do mercado de trabalho português, ao criar a procura de profissionais que possam comunicar nestas novas relações socioeconómicas que estão a florescer um pouco por toda a parte, dia após dia.

Muitos deles seguirão a sua carreira em Portugal e muitos voltarão para a China como “haigui”, o fenómeno do retorno de cérebros chineses dos últimos anos, motivado pela atração do mercado laboral chinês e da respetiva economia florescente. As suas valências bilingues permitem-lhes trabalhar em projetos quer chineses quer internacionais nos quais a língua portuguesa esteja envolvida. A ocupação profissional destes jovens varia, estão no mercado de tradução, no ensino, no turismo, no imobiliário e também na área administrativa e vários trabalham simultaneamente em ramos diferentes. Isto é possibilitado pela sua valência bilingue e pela grande dinâmica de investimento e turismo no nosso país de clientes chineses.

Relativamente às expectativas profissionais relativamente elevadas destes jovens, vimos que se confirmam, e que realmente se abre uma vasta panóplia de opções em trabalhos de valor acrescentado, facilitados pelas suas competências bilingues, mesmo quando a proficiência não é ainda muito avançada, devido à grande necessidade do mercado. O seu nível de língua no final do curso permite-lhes utilizar o Português como língua de trabalho, com recurso à língua Inglesa se necessário. Para os que se sentirem menos seguros, aguarda-os a opção de trabalharem diretamente com chineses, onde a língua de trabalho é a língua materna.

disponíveis que nos permitissem uma amostra maior com a qual trabalhar e tirar ainda mais conclusões. Consideramos que a problemática é relevante o suficiente para valer a pena analisar mais em profundidade a situação atual dos estudantes chineses em Portugal e a sua posição no mercado de trabalho, por considerarmos que é vantajoso para ambas as partes desenvolver políticas de integração otimizadas, com vista à harmonia social e bem-estar de todos.

Ainda há muito trabalho a fazer no que diz respeito à melhoria dos processos de integração destes estudantes, e também no estudo desta temática, pelo que, humildemente deixamos o nosso pequeno contributo para que se façam futuras investigações, mais aprofundadas e completas.