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6 O TRABALHO COM AS RELAÇÕES SONS E LETRAS E LETRAS E SONS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE ALFABETIÇÃO

6.1 APRESENTAÇÃO AOS ALUNOS

O livro didático A Escola é Nossa – Letramento e Alfabetização Linguística (1º e 2º anos) é de autoria de Márcia Paganini Cavéquia sobre a qual o livro informa, após a capa, que é licenciada em Letras pela Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR) e pós-graduada em Metodologia da Ação Docente, pela mesma universidade, sendo também palestrante de escolas particulares e secretarias municipais de educação desde 1996.

O livro didático Porta Aberta – Letramento e Alfabetização Linguística153 (1º e 2º

anos) apresenta autoria de Isabella Pessoa de Melo Carpaneda e Angiolina Domanico Bragança, as quais, de acordo também com notas constantes no livro, possuem respectivamente licenciatura plena em Pedagogia pela Universidade de

Brasília e CEUB154, com especialização em Administração e Supervisão Escolar e

Orientação Educacional; e licenciatura plena em Pedagogia pela Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal, com especialização em Administração Escolar. Logo, encontramos, nos dois livros didáticos em análise, autoras com licenciaturas e pós-graduação na área educacional (Letras e Pedagogia), o que nos infere a sua especialidade de atuação e conhecimento nessa área, em especial no campo da alfabetização.

Ao examinarmos as capas dos referidos livros, visualizamos no primeiro, A Escola é

Nossa – Letramento e Alfabetização Linguística, o desenho de uma casa servindo

de fundo para seu título, com evidência para as cores rosa, verde, alaranjado e azul as quais dão realce e atenção para este. A visualização da casa conjugada ao título do livro didático nos remete à ideia da escola como casa ou um prolongamento desta. Logo, ao entrar em contato com a capa do livro, podemos inferir que esta busca evidenciar ao estudante que, uma vez que a casa onde moramos é nossa, a escola também é nossa, aproximando-a do seu lar. Essa representação é reforçada pelo restante do desenho da(s) capa(s) – menina jogando bola (1º ano) e menino brincando (2º ano) -, ambos afigurando-se estarem à frente da escola, como num

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Os termos “Letramento e Alfabetização Linguística” aparecem no livro A Escola é nossa na aba e dentro do livro, não sendo estampados na capa; já no livro Porta Aberta esse termos vêm colocados no título que aparece na capa do livro.

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pátio e, assim, como no quintal de casa, onde se pudesse brincar e se divertir livremente.

Dessarte, as capas do livro em evidência (1º e 2º anos)155 nos trazem indícios de uma representação da escola como um espaço de acolhimento, conforto, alegria e aprazibilidade, que possibilitaria ao aluno um clima favorável à aprendizagem.

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Ressaltamos, novamente que, no PNLD – 2010, os livros didáticos dos 1º e 2º anos apareceram escritos como coleções de alfabetização, reportando a esses dois anos como o Ciclo de

Alfabetização Inicial. Logo, os livros A Escola é Nossa (1º e 2º anos), mesmo tendo como

denominação na capa “Língua Portuguesa”, estão inscritos nesse ano do Programa, como livros de alfabetização, daí trazermos essas obras para análise e evidenciarmos suas capas.

Imagem 10: Capa do Livro A Escola é Nossa – Letramento e Alfabetização Linguística / 2010 - 1º ano. Fonte: Livro A Escola é Nossa – Letramento e Alfabetização Linguística / 2010 - 1º ano

Nas capas dos livros didáticos Porta Aberta – Letramento e Alfabetização Linguística (1º e 2º anos) predominam as cores alaranjada e vermelha, cores quentes, que possivelmente foram escolhidas para chamar a atenção tanto dos alunos quanto dos professores para os livros e seus conteúdos. Além das cores predominantes já mencionadas, as referidas capas aparecem estampadas com fotos de crianças, que aparecem abraçadas e muito sorridentes, com aparência de grande alegria, o que nos possibilita inferir que pretendem demonstrar a possibilidade de satisfação que o livro didático possibilitará às crianças que dele se utilizarem para aprendizagem da leitura e da escrita.

Imagem 11: Capa do Livro A Escola é Nossa – Língua Portuguesa / 2010 - 3º ano. Fonte: Livro A Escola é Nossa – Língua Portuguesa / 2010 - 3º ano

O que diferencia as capas dos livros do 1º e 2º anos são as fotos apresentadas: no 1º ano, as crianças fotografadas são de três etnias distintas (branca, oriental e negra); já na capa do livro do 2º ano, a foto estampada é de duas crianças (uma ruiva e outra negra), o que parece enfatizar a inclusão de todas as crianças na escola, independentemente de sua etnia.

Imagem 12: Capa do livro Porta Aberta – Letramento e Alfabetização Linguística / 2010 - 1º ano. Fonte: Livro Porta Aberta – Letramento e Alfabetização Linguística / 2010 -1º ano.

Assim, destacamos que as capas dos referidos livros em análise, mesmo que de forma diferenciada, traduzem uma escola alegre, agradável e que possibilita o prazer do aprender com ludicidade e interação constante. Nesse sentido, as editoras e/ou ilustradores apostaram na visualização da própria criança nessa escola, seja pelo desenho seja pela fotografia, como sujeitos que dela fazem parte, aprendem e interagem por meio, também, do aprendizado que o livro didático lhes proporcionará,

Imagem 13: Capa do livro Porta Aberta – Letramento e Alfabetização Linguística - 2º ano. Fonte: Livro Porta Aberta – Letramento e Alfabetização Linguística / 2010- 2º ano

No decorrer das páginas são apresentadas aos estudantes, nos dois livros em análise, várias imagens coloridas e diversas - desenhos, fotos, capas de livros, obras de arte, dentre outras, as quais entendemos que acompanham as atividades propostas com o intuito de realçá-las e, assim, aguçar a atenção para tais. Encontramos no livro Porta Aberta – Letramento e Alfabetização Linguística uma maior predominância de fotografias que são mescladas com desenhos, já, no livro A

Escola é Nossa – Letramento e Alfabetização Linguística, os desenhos aparecem

com mais intensidade, sendo as fotos apresentadas em momentos mais específicos, como na seção “Produção Escrita” sobre a qual trataremos posteriormente. Essa diferença de imagens entre um livro e outro pode nos levar a inferir que o primeiro busque na fotografia uma maior aproximação com o universo social da criança, seu mundo visto e vivido, já o segundo livro, com os desenhos, busca a interação com a infância, com as representações que a própria criança realiza para que, nesse sentido, esta possa se reconhecer por meio dessas imagens.

É indicado, ainda, na capa do livro Porta Aberta – Letramento e Alfabetização Linguística que a obra está “[...] atualizada conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa”; essa indicação não aparece no segundo livro em análise.

Seguindo nossa análise no que tange à apresentação dos livros às crianças e professores, encontramos no livro A Escola é Nossa – Letramento e Alfabetização Linguística, tanto no livro do 1º quanto do 2º ano, a mesma “Apresentação” por meio da qual a autora busca dialogar com os estudantes acerca do que o livro pode proporcionar-lhes, enfatizando que “[...] este livro foi elaborado pensando em você [...]”. O terceiro parágrafo dessa apresentação nos chama a atenção, pois a autora enfatiza que por meio do livro o aluno “[...] terá a oportunidade de ler e escrever vários textos e também compreender melhor a língua com a qual se expressa e se comunica [...]” (A ESCOLA É NOSSA – LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO LINGUÍSTICA – APRESENTAÇÃO, 2009, p. 3). Parece-nos assim que, ao buscar dialogar com a criança, a autora também intenta o diálogo com os professores, pais e todos os demais envolvidos na utilização e manipulação do livro, logo o universo interlocutivo da autora se amplia e, assim, esta busca apresentar os objetivos que deseja realçar de maneira a, já no início do livro, apresentar concepções que poderão se presentificar ou não no decorrer do livro e de sua utilização. Essa apresentação poderá ser visualizada, na íntegra, nos anexos de nosso estudo.

No livro Porta Aberta – Letramento e Alfabetização Linguística, duas personagens criadas pelas autoras – Maria-Traça-Dicionário e Lanterninha – iniciam diálogo com os estudantes, tanto no livro do 1º ano quanto no do 2º, apresentando-se e indicando que os acompanharão ao longo do ano. A 1ª personagem indica que terá a função de “dicionário” e seguirá apresentando a(s) significação(ões) das palavras que as autoras consideram de difícil entendimento para os alunos. Já a 2ª personagem aparecerá sempre que for proposta uma “produção de texto”, com a função de apresentar “dicas” que os ajudarão nessa “produção”.

Observamos que as autoras buscam, por meio das personagens, uma forma de dialogar com os alunos. Entretanto, não é mostrado para estes, ao longo do livro, um (alguns) dicionário(s) e como utilizá-los e, no que se refere à produção textual, as informações dadas pelo personagem Lanterninha são de caráter pragmático e

Imagem 14: Maria-Traça-Dicionário e Lanterninha – p. 3 do livro Porta Aberta – Letramento e Alfabetização Linguística -1º e 2º anos

informativo, não abrindo diálogo para a possibilidade de interlocução acerca da “produção” a ser realizada. Todavia, nos parece que, ao se utilizar das personagens apresentadas, o livro intenta uma maior proximidade com os alunos, fazendo deles seu principal interlocutor, o que difere, de certa forma, da apresentação do livro anterior.

Destacarmos, também, que os livros em análise possuem seções que se repetem ao longo das unidades. No livro Porta Aberta – Letramento e Alfabetização Linguística essas seções acontecem de maneira assistemática, ou seja, o aparecimento de todas elas não se torna ordinário em cada uma das unidades, uma vez que nem sempre todas aparecem repetidamente. O quadro a seguir mostra as seções que mais se repetem no livro em questão (1º e 2º anos) e as atividades nelas propostas:

SEÇÕES DO LIVRO PORTA ABERTA – LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO

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