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4 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO: A ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA NA PESQUISA EM CIÊNCIAS HUMANAS E A

4.4 CATEGORIZAÇÃO METODOLÓGICA: A PESQUISA DOCUMENTAL

Considerando nosso tema de estudo e nossas principais fontes de pesquisa – o

Guia de livros didáticos – PNLD 2010 – letramento e alfabetização – língua

portuguesa – 2009 e coleções de livros didáticos de alfabetização –, entendemos que nossa investigação, em termos de categorização metodológica, trata-se de uma pesquisa de cunho documental, uma vez que tomaremos para análise tanto documentos oficiais (PNLD, PCNs, Leis, Guias, entre outros) quanto os próprios livros didáticos de alfabetização que privilegiamos para estudo.

Segundo Moreira e Caleffe (2008), a pesquisa documental se assemelha à pesquisa bibliográfica, entretanto,

A principal diferença entre ambas está na natureza das fontes. A fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não. Além de ser realizada em bibliotecas a pesquisa documental também pode ser feita em institutos, em centros de pesquisa, em museus e em acervos particulares, bem como em locais que sirvam como fonte de informações para o levantamento de documentos (MOREIRA; CALEFFE, 2008, p. 74-75).

Nessa perspectiva, enfatizamos também que, ao tomarmos como fonte de análise os livros didáticos de alfabetização, estamos tratando-os como documentos e, logo, necessário se fez, primeiramente, buscarmos a análise do(s) documento(s) oficial(ais) no(s) qual(ais) tais livros encontram-se descritos e classificados, visando seu tratamento bem como a apresentação destes aos professores alfabetizadores. Assim, trouxemos para análise o Programa Nacional do Livro Didático, o PNLD e, mais especificamente, o seu Guia de livros didáticos – PNLD 2010 – letramento e

alfabetização – língua portuguesa – 2009 tanto na perspectiva de apresentá-los

como orientadores na escolha do livro didático pelos professores quanto no sentido de trazê-los como critério de escolha dos livros didáticos a serem por nós analisados106. Portanto, intencionamos dialogar com essas fontes a fim de trazer à tona dados significativos para o nosso tema de pesquisa, uma vez que “[...] o processo de condução de investigação qualitativa reflecte uma espécie de diálogo entre os investigadores e os respectivos sujeitos, dados estes não serem abordados por aqueles de uma forma neutra” (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 51).

Foi também na perspectiva desse diálogo que empreendemos percurso no sentido do delineamento de nosso corpus, os livros didáticos de alfabetização selecionados para análise nesta pesquisa. Com esse objetivo, entendemos ser necessário clarificar, mesmo que de maneira breve, o processo histórico de implementação da política de avaliação de livros didáticos no Brasil para melhor compreendermos o atual contexto do PNLD e a universalização desse programa no sentido da distribuição do livro didático em nosso país. A partir daí, seguiremos a outros documentos que se fizeram significativos no caminho que nos permitiu a seleção das três coleções destacadas no início deste projeto. Assim, sintetizaremos, a seguir, o percurso percorrido até os livros didáticos privilegiados para análise nesta

106

É preciso relativizar, entretanto, a ideia de que todos os professores realmente utilizam o Guia e o levam em conta para a escolha dos livros didáticos, tendo em vista que algumas editoras disponibilizam livros para que estes sejam consultados diretamente pelos professores nas escolas ou nas Secretarias de Educação (estaduais ou municipais).

pesquisa, para que possamos delinear as características constantes nesses recursos didáticos, verificando, pois, a procedência desse privilégio.

4.4.1 O caminho percorrido e o corpus investigativo

Sinalizamos, primeiramente, que, ao (re)visitarmos as pesquisas acerca dos livros didáticos e, mais especificamente, dos livros didáticos de alfabetização, já iniciamos uma trajetória no sentido da constituição de nosso corpus investigativo, uma vez que começaram, nesse momento, a se delinear quais coleções seriam privilegiadas para análise. Entretanto, em seguida, necessário se fez buscarmos, de forma mais específica, os livros didáticos a serem tomados para estudo.

Após caracterizarmos, grosso modo, o processo histórico da política de avaliação de livros didáticos no Brasil e chegarmos ao PNLD atual, para o inserirmos na totalidade das políticas públicas educacionais que hoje estão presentes no contexto das políticas públicas brasileiras, seguimos a uma abordagem das mudanças ocorridas nos Guias desde o ano de 1996, data da publicação do primeiro “Guia de Livros Didáticos” de 1ª a 4ª série, até o Guia de livros didáticos: Guia de livros

didáticos – PNLD 2010 – letramento e alfabetização – língua portuguesa – 2009107. Depois do estudo do último Guia apresentado, seguimos à análise das 19 obras por ele avaliadas e suas respectivas resenhas. Em seguida, buscamos traçar um comparativo das obras escolhidas por esse Guia com as obras apresentadas pelos Guias 2004 e 2007, por meio de tabelas que se encontram em anexo (Anexos III e IV). A escolha pelo comparativo a partir do Guia – 2003/PNLD 2004 se deu, conforme sinalizaremos adiante, pelo fato de esse ano marcar108, com os livros de alfabetização e das séries iniciais do Ensino Fundamental (1ª a 4ª séries)109, a execução da avaliação dos livros didáticos por universidades brasileiras, as quais serão devidamente apontadas em subseção posterior.

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Os demais Guias, desde a primeira edição, 1996, serão trazidos somente para efeito de conhecimento de sua trajetória histórica, assim, não haverá uma análise sistemática desses documentos.

108

A entrada das universidades no processo de avaliação dos livros didáticos apresentados nos Guias aconteceu a partir do PNLD 2002, que, entretanto, visou à aquisição desses materiais para os anos finais do Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries); com os livros didáticos de alfabetização e os de 1ª a 4ª séries, essa entrada se deu no PNLD 2004, daí nossa escolha pelo Guia – 2003/PNLD 2004. 109

Mediante a comparação das obras que foram recorrentes nos Guias utilizados (Guia – 2003/PNLD 2004; Guia 2006/PNLD 2007 e Guia 2009/PNLD 2010), trazendo suas devidas caracterizações e menções (Guia – 2003/PNLD 2004), passamos a

investigar, por meio de dados do site oficial do MEC/FNDE110, quais foram as obras

mais escolhidas pelos professores no ano de 2009 com vistas à sua utilização em 2010. Para tanto, elaboramos tabelas, contidas nos Anexos V e VI, utilizando os nomes das editoras e dos títulos com as maiores cifras/rubricas. Assim, após o cruzamento desses dados, apresentados em tabela no Anexo VII, chegamos a duas obras que mostraram recorrência nos três referidos Guias e tiveram uma significativa escolha por parte dos professores: 1) A Escola é Nossa – Letramento e Alfabetização Linguística (Editora Scipione) e 2) Porta Aberta – Letramento e Alfabetização Linguística (Editora FTD), sendo que a primeira apresentou avaliação positiva nos Guias analisados.

Passaremos, pois, ao que consideramos a primeira etapa de nosso percurso no sentido da constituição de nosso corpus, o histórico de implementação do PNLD no Brasil, e, dessa forma, intentaremos dar mostras, na seção seguinte, do que se constitui essa política pública de educação, bem como sua história e transformações ao longo de sua existência, seus objetivos, os documentos oficiais que a balizam, seu processo de funcionamento (avaliação, aquisição e distribuição de livros didáticos) até alcançarmos o PNLD 2010.

110

<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12392&Itemid=666>. Destacamos que esse site foi por nós visitado diversas vezes durante o ano de 2012 com o intuito de coletarmos os dados que estão sendo agora apresentados.

5 A POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE LIVROS DIDÁTICOS NO BRASIL:

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