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Capítulo 12/16 01:44:39/02:00:53 Idem ao primeiro.

com um novo invólucr o de r epr esent ação, ent r e a subj et iv idade e a m at er ialidade.

Tem os que deixar nossa própria pele para chegar a um a referência com um de percepção. Os papéis do at or, do aut or e da plat eia t endem a se m ist urar.

A cult ura digit al não significa m ais um a t ecnologia de r epr odução, m as a pr odução im ediat a. Enquant o no passado a fot ografia dizia “ era assim ”, congelando um inst ant e, a im agem digit al diz no present e “ é assim ”, unindo o at o r eal, o t eat r o, o aqui e agora.

O t eat ro digit al per m it e que a im agem se alt ere de um a configuração para out ra, at ual e v ir t ual, deixando- a em diver sos planos: um ícone da sínt ese que sem pr e ser á HUMANO34.

Per íodo hist ór ico — ao passar m os de um per íodo hist ór ico para o out r o pr esenciam os o dom ínio da cult ura pela t ecnologia com unicacional m ais r ecent e, m esm o que as m ídias coex ist ent es est ej am se m ist urando. Nest e Manifest o Binár io, per cebem os a busca de um a at uação cênica conver gent e, onde o papel do at or, aut or e espect ador passam a ser t odos em um — a quebra com a t radição t eat ral é im inent e.

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Tradução livre: Lucas Pret t i, dezembro 2009. Disponível em:

Com essa nova for m a de pensam ent o e at uação, o t eat r o, ou m elhor, as ar t es cênicas se enr iqueceram e se apr oxim aram de r ecur sos t écnicos sur gidos com o advent o das t ecnologias digit ais e da int er net . O r om pim ent o com a t radição t eat ral foi inst aurado. A linguagem cênica se expandiu ao passo que proj eções, luzes e som bras passaram a cont racenar com os at or es “ r eais”. Um exem plo, dest a expansão da linguagem , est á na peça F@ust o 3.0 de 1998, um a releit ura, de Faust o do r om ancist a alem ão Göet he, r ealizada pela Tr upe La Fur a dels Baus35, a m esm a Tr upe que idealizou est e m anifest o e que fez brot ar est e conceit o de t eat r o digit al.

La Fur a dels Baus é um gr upo de t eat r o Cat alão cr iado em 1979.

Sua linha de pesquisa é baseada na m ult idisciplinar idade, seus espet áculos invadem espaços não convencionais; incor poram out ras linguagens, com o cinem a, vídeo, m úsica, per for m ances, ópera e inst alações.

F@ust o 3.0 é um exem plo dest a m ult idisciplinar idade do gr upo, um

espet áculo configurado nos m oldes espaciais do palco it aliano, m as que inovou na t écnica, ex plorando e ex per im ent ado pr oj eções int erat ivas, som bras, luzes, som , cenografia, v ídeo, linguagem cinem at ogr áfica e per for m ances.

A ver são 3.0 t eve com o inspiração Faust o I e I I de Göet he. Apr esent am os um a br eve descr ição da ver são de Göet he.

Faust o par t e I - Escr it a por Göet he em 1808

Per sonagens: Henr ique Faust o ( Heinir ich Faust ) - um hom em das ciências; Mefist ófeles - um espir it o do m al;

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La Fura dels Baus é um grupo t eat ral cat alão fundado em 1979, Barcelona, conhecid o por seu t eat ro urbano e uso de t écnicas incomuns, e que rompem com as front eiras que separam plat eia e at or. " La Fura dels Baus" em cat alão significa vermes dos esgot os. Disponível em: ht t p:/ / w w w .lafura.com/ w eb/ cast / obras.php. Acesso em 13/ 17/ 2011

Mar gar ida ( Mar gar et e ou Gr et chen) - am or de Faust o.

A par t e I possui um a arquit et ura m últ ipla que se ar t icula por um a var iação de cenár ios. Faust o foi divido em cenas e não em at os, um a grande m udança para a época, dem onst rando que Göet he at ent o às m udanças de sua época, acr escent ava ao espet áculo um a nova m aneira de escr ever e encenar peças t eat rais.

A prim eira cena se inicia com um poem a dedicat ór io e um pr elúdio. As ações e conflit os vão apar ecer quando apr esent ada a cena do céu, onde Mefist ófeles t ent a bar ganhar com Deus a alm a de Faust o — que era um favor it o de Deus — Faust o um ser que t ent ava conhecer t udo que era possível de sua época e além .

A cena seguint e é apr esent ada no est údio do Sábio ( Faust o) , obser vam os nest a cena sua t ent at iva de aum ent ar seus conhecim ent os por m eio de m agias. O sábio não se confor m a com as lim it ações do conhecim ent o cient ífico, hum aníst ico e r eligioso que t inha acesso, ele quer ia m ais e m ais.

Faust o fracassa com a m agia e t ent ou o suicídio, m as ao ouvir as canções da Páscoa na r ua, desist e de m or r er, e vai à r ua para seguir a pr ocissão. Lá fora Faust o é seguido por um cachor r o, o qual logo se t ransfor m ou em Mefist ófeles que o seguiu at é o r et or na para casa.

Ópera La Condemnació de Faust o – 1998. Fig. 7

* Disponível em :

ht t p: / / br.answ ers.yahoo.com / quest ion/ index ?qid= 2013041 0133848AA2o2Tp. Acesso em 21/ 10/ 2012.

Ao chegar à casa de Faust o, a conver sa com Mefist ófeles foi int ensa, ao pont o do Sábio r ealizar um pact o de sangue com ele. Mas um a cláusula é im post a por Faust o, a qual, Mefist ófeles dever á cr iar um a sit uação de felicidade plena que faça com que

Faust o desej asse que aquele m om ent o durasse para sem pr e. Dest e pont o em diant e, o sábio vai passar por vár ias sit uações, pois est ava cheio de poder concedido por Mefist ófeles, Faust o fica louco com o poder e

obcecado

pelo pr ogr esso.

Faust o pede ao ser inim igo da luz, que r ealize o seu desej o de v iver 24 anos sem envelhecer, sendo que Mefist ófeles o ser v ir á durant e t odo est e t em po. Ao final do acor do, Faust o ent r egar á a Mefist ófeles a sua alm a. Nest e int er valo o sábio conhece Mar gar et e se apaixona por ela. Ao encont rar o am or, Faust o t ent ou conseguir sua salvação, m as seu dest ino j á est ava t raçado.

Faust o par t e I I – Escr it o por Göet he em 1832

A par t e I I é r eplet a de alusões, a nar rat iva r om ânt ica da pr im eira par t e foi r om pida. Os assunt os abordados nest a fase se desenvolvem por m eio, de sit uações que envolvem polít ica e a sociedade.

Filme:

As fadas adent ram essa nova et apa, e as avent uras de Faust o t am bém adent ram nessa nova et apa. Sendo que essa et apa foi div idida em cinco At os — volt am os aos padr ões nar rat ivos de um a peça t eat ral, const it uídos em at os36 — Const it uídos por difer ent es t em as. No fim da peça, Faust o consegue chegar ao paraíso, e sua par t e im or t al sobe aos céus der r ot ando Mefist ófeles.

Na ver são de La Fur a dels Baus, obser vam os um a int er pr et ação livr e e com plexa do m it o Faust íst ico, m as as caract er íst icas da per sonagem pr incipal ( Faust o) foram m ant idas, com o sua insat isfação com a vida, com o m undo, com o univer so. Não havia m ais o pact o com Mefist ófeles. O lado obscur o de Faust o foi explorado, e a per sonagem , Mar gar et ainda foi at acada e acom et ida por m aus t rat os, evidenciando um paradigm a da violência cont ra os m ais fracos.

O m it o Faut íst ico foi um a linha de pesquisa ext ensa em La Fur a dels

Baus, pois a figura de Faust o na ver são de La Fura, nasceu com o

espet áulo 3.0 ( 1998) se desenvolveu com a linguagem oper íst ica, com a Ópera La

Condem nació de Faust ( 1999) — concebida

por Hect or Ber lioz em 1846 — e findou quando La Fura adent rou o m undo do cinem a com o film e Faust o 5.0. ( 2001) . Tr ês hist ór ias que cont ou a vida de Faust o, um hom em insat isfeit o com a lim it ação do conhecim ent o cont em por âneo.

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OS ATOS - divisão ext rema de uma peça em segment os de suma import ância e padronizada em espaços de t empos semelhant es, ao passar de uma ação para a out ra. A passagem de um at o para o out ro, consist e num event o muit o bem marcado durant e a hist ória. AS CENAS - no t eat ro grego se definiam pela const rução de medida, ou seja, a área da encenação, e numa out ra abordagem, cena se designava a ext ensões de sent ido da encenação – o palco, lugar imaginário onde se desenrolava as ações, e mais t arde seu significado ficou at relado, à fragment ação da ação dramát ica que acont ecia sobre uma mesm a cena, ou seja, um fragment o, ou unidade de uma ação com at ribut os t emporais – a cena corresponde a uma part e especifica indet erminada da duração de t empo da ação dramát ica.

Mefistófeles: De sol e de mundos nada sei dizer,