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Capítulo 7/16 01:06:05/02:00:53 Idem ao primeiro.

Em 2006, Play on Ear t h est r eou sim ult aneam ent e em São Paulo, New cast le e Cingapur a, um espet áculo que t ev e um a nar r at iva que se expandiu, quebrando não só a quart a parede31, m as t odas ao m esm o t em po. Play on Ear t h, um espet áculo que possuía códigos de at uação, cênicos, nar r at ivos e im agét icos. Todos conver gindo a favor de um a nova linguagem , onde a quest ão da presença — elem ent o de ex t r em a im por t ância e que com põe a linguagem t eat r al — foi const it uída por m eio de im agens.

Segundo Velloso ( 2011, 84) , “ nós com eçam os a abandonar os t er m os blocados: t eat r o, cinem a, int er net e com eçam os a t rabalhar com um a ideia de t eat ralidades im agét icas e espaços conect ados. Não som os m ais um a com panhia de t eat r o, nem de cinem a, nem disso ou daquilo, m as um colet ivo que se apr opr ia e t rabalha em t odas essas dim ensões”.

Rizom a de Gilles Deleuze e Félix Guat t ar i é um dos conceit os que o Phila7 desenvolve nos seus

31 A quar t a par ede, o que vem a ser ist o? I m agine um palco qualquer de um

t eat ro, lá encont ram os duas par edes lat erais e um a no fundo, nest e cont ext o t em os t rês paredes não? Ent ão a quart a par ede onde est á? Pois, bem ela é a barreira im aginár ia que separa at or e espect ador, por m eio dest a quart a par ede t em os um a Caixa, a fam osa caixa pret a do t eat ro. A quebra dest a quart a parede seu deu em ? Quem sabe quando, sua or igem é desconhecida, m as esse t er m o foi usado com m ais fr equência no t eat ro r ealist a do século XX, m ais especificam ent e quando os at or es incor porados em per sonagens que desafiavam a dram at ur gia e seus dogm as. A int eração com a plat eia fez em er gir um carát er per for m át ico, e a part ir dest e m om ent o a quebra da quart a parede, t am bém se expandiu para out ras expr essões ar t íst icas com o o cinem a, a TV, os quadr inhos e os gam es.

Descrição de Imagem

O homem com o passo de dança EU, meu t úmulo seu rost o, EU a mulher com a ferida no pescoço, à direit a e à esquerda nas mãos o pássaro part ido, sangue na boca, EU O PÁSSARO, aquele que com a escrit a de seu bico most ra ao assassino o caminho da noit e, EU a t empest ade gelada.

espet áculos; com base na opinião de que o r izom a se configura em um sist em a aber t o, for m ado por conj unt o de conceit os, e est es que se r elacionam por sit uações, cir cunst âncias e não m ais por par t icular idades, ou sej a, m ult iplicidade. Mult iplicidade est a pert encent e a um a dim ensão que cr esce ex ponencialm ent e e que realiza conex ões que fix am sua base no m últ iplo.

No caso do Phila7, Play on Ear t h e What ´ s Wr ong w it h t he Wor ld? São exem plos de m últ iplo que se est abelecem por est ím ulos de fora, ou sej a, para que a encenação ou j ogo cênico efet uado pelos at or es do Phila7 se configurasse foi pr eciso r eceber, o est im ulo que veio v ia st ream ing de vídeo, dos out ros at or es das out ras duas com panhias e vice ver sa.

Em Play on Ear t h foram usadas t r ês t elas sobr epost as em cada palco, e em cada t ela sim ult aneam ent e se t ransm it ia as pr oj eções de cada país. De acor do com Velloso, esse pr oj et o possuía um a t ram a que englobava quest ões conceit uais sobr e sinapse, vir t ualidade e r ealidade. No pr esencial cada elenco pode r ealizar im provisos em paralelo ao que se via

no vídeo.

" A ideia é que a t ela de cinem a e o palco espelhem um a coisa só”, afir m a Rubens Velloso32 ( 2006) . Os at or es usaram poucas “ falas” ( cada um em sua língua) , a hist ór ia era fragm ent ada, um a dram at ur gia apoiada em m ov im ent os e gest os.

Em 2008, a Com panhia lançou o espet áculo What ´ s Wr ong w it h t he

Wor ld? Da sér ie Play on Ear t h. O Gr upo Phila7 cr iou um a nova pr opost a de

ar quit et ura t eat ral nest e espet áculo, às t elas foram post as na alt ura do palco, provocando a percepção do espect ador, com um cenário que per m aneceu visível ao longo de t oda a r epr esent ação.

As proj eções foram dist ribuídas no espaço onde os at or es est avam sim ult aneam ent e e alt ernadam ent e, conduzindo o público de um lugar para o out r o, pois se t inha a pr esença física coexist indo com a pr esença virt ual.

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Rubens Velloso em depoim ent o sobr e o pr oj et o Play on Ear t h São Paulo Cia PHI LA7. Disponível em ht t p: / / www.gag.ar t .br / cia_phila_7/ . Acesso em 12/ 032011

Est a apr oxim ação pr opor cionou um a nar rat iva cir cunst anciada a difer ent es agent es cognit ivos de m ont agem im agét ica, sendo que a t eat ralidade e a cinem at ografia flut uaram e at uaram j unt as est abelecendo um a “ t ram at urgia”.

Segundo Velloso ( 2 010,104) “ t ram at ur gia é com o você escr eve, não só diálogos, m as t odos os acont ecim ent os, com o um a t ram a que vai se enr edar nessas vár ias for m as, Pr ofanações”. Por t ant o, a com posição narrat iva dest e espet áculo dependeu da const r ução, e desconst r ução do r eferencial im agét ico com post o a par t ir da visão do público.

O dife r e n cia l do Ph ila 7

Pr esenciam os t ant os avanços t ecnológicos, um a m aior liber dade e acessibilidades em possuir t ecnologias, que não dem or ou m uit o para que com panhias de t eat r o buscassem t razer aos seus espet áculos a j unção dest es dois univer sos.

A Com panhia Phila7 , com um a program ação difer enciada do t eat ro com er cial, e com sua alt a gam a de cr iat iv idade no est ilo e exper im ent os na linguagem t eat ral. Vem desenvolvendo um a cont ínua pesquisa em m ult im eios, com o por exem plo, a t ram at ur gia, conceit o ligado às diver sas ár eas com o t ecnologia e ar t e, que pr om oveu e pr om ove um a m aior int im idade com os at or es e o público.

Para o Phila7, a Ar t e com o um t odo, deve com pr eender os avanços que a t ecnologia pr opor ciona, pr incipalm ent e no cam po da com unicação social, apr opr iando- se dos agent es quest ionador es e r evolucionár ios que fazem com que o cont em por âneo gir e e se m ov im ent e, e evolua. No ent ant o, o gr upo t am bém quest iona os pr ocessos que se valem de equipam ent os ou fer ram ent as t ecnológicas que se com por t am apenas com o r epresent acionais e não r eflet em as t ransfor m ações at uais no univer so do Eu- cor po e o Out r o.

Na ver dade não bast a dizer Viva o m últ iplo, gr it o de rest o difícil de em it ir. Nenhum a habilidade t ipográfica, lex ical ou m esm o sint át ica ser á suficient e para fezê- lo ouvir. É pr eciso fazer o m últ iplo, não acr escent ado sem pr e um a dim ensão super ior, m as, ao cont rár io, de m aneira sim ples, com for ça de sobr iedade, no nível das dim ensões de que se dispõe sem pr e n- 1 ( é sem pr e assim que o uno faz par t e do m últ iplo, est ando sem pr e subt raído dele) . Subt rair o único da m ult iplicidade a ser const it uída, escr ever a n- 1. Um t al sist em a poder ia ser cham ado de rizom a.( DELEUZE E GUATTARI , 2011; 21)

O gr upo é conscient e e at ent o aos novos m ovim ent os, que visam um a r elação baseada na colet ividade, ou sej a, na int eligência colet iva33

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Int eligência Colet iva de Pierre Lévy, 2007.

What ´ s Wr ong wit h t he Wor ld? 2008 . Fig. 5

que se int egra a fruição do rizom a, e na ident idade m últ ipla do Eu. O Eu, que por nat ur eza não é uno, m as é m últ iplo, e seguindo est a afir m at iva, o gr upo busca em suas pesquisas t or nar essa ver dade clara e ev ident e em suas encenações e ex per im ent ações, ao pont o de t ransm ut ar o m últ iplo ao pat am ar de ident idade per m anent e.

Trabalhar a part ir da colet iv idade de singular idade pr essupõe r econhecer a int eligência colet iva, at ualizando o que lhe é dado em form a de rede de conhecim ent o, defendem . Mas conseguir at ingir o out r o e as singular idades necessár ias, ant es, est abelecer algum grau de solução, subvert endo a ideia est abelecida de ser o ar t ist a m ais um produt o, out r o obj et o de consum o. ( FI LHO, 2012; 132)

O Phila7 ar t icula e gera sist em as de pensam ent os, por m eio de um a t ram at ur gia fluida, que desar t icula nor m as em busca de out r os pr ocedim ent os que aciona o im aginár io e a

pr esença, fugindo da nom eação e consum o de produt o. Por est e m ot ivo o grupo se apropr ia dos aparat os da t ecnologia para t ranspor t ar o Eu para cat egor ia de exist ência e consequent em ent e, do r econhecim ent o de sua ident idade.

O NONO LIVRO (escrito