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AS CASAS "AQUÁTICAS"

No documento Astrologia Carmica-dorothie k Bizemont (páginas 106-112)

OS SIGNOS DO ZODÍACO

AS CASAS "AQUÁTICAS"

As três casas que correspondem, por analogia, aos três signos da Água: a casa IV a Câncer, a casa VIII a Escorpião, a casa XII a Peixes, parecem estreitamente ligadas às coisas cármicas. Elas contêm uma enorme quantidade de informações sobre nossas vidas anteriores. Todas as três estão carregadas de um passado que ainda nos marca, sobretudo na medida em que são densamente habitadas. Planetas retrógrados, nós, luminárias, recebendo inúmeros aspectos, revelam suas dimensões cármicas nessas casas.

A XII, a VIII, a IV traem os reflexos que adquirimos em nossas vidas anteriores, reações emocionais criadas pelos traumatismos e erros de outrora. Devemos livrar-nos desses resíduos afetivos e físicos, desses comportamentos do passado, para nos adaptar à nova encarnação. Mas podemos decifrá-los ainda claramente nessas casas.

Os nativos locatários dessas "casas da Água", aliás, têm, em geral, reminiscências bastante fortes de suas vidas anteriores. Freqüentemente médiuns ou clarividentes, eles têm um contato permanente com os planos invisíveis. Infinitamente sensíveis aos ambientes, essas pessoas perceptivas sabem e sentem coisas que nem sempre têm palavras para exprimir. O tempo, para elas, não está limitado a esta encarnação; não vêem na matéria a simples realidade existente, como tantos de nossos contemporâneos ocidentais. Não esquecem nada (se a IV e a VIII estiverem, no seu caso, fortemente habitadas).

Esses "nativos da Água" vivem tempestades angustiantes, furacões internos que têm dificuldade em superar. Aspiram à serenidade... embora se apeguem a comportamentos obsoletos que só fazem acarretar outras tormentas. Isso se verifica sobretudo quando as luminárias se hospedam nessas casas.

Os psicólogos materialistas ocidentais — esses consertadores da alma... — muitas vezes fracassam ao tratar esses nativos, uma vez que as motivações destes têm raízes num nível cármico muito profundo — nas paixões violentas de suas vidas anteriores. Evidentemente, os que cercam esses nativos jamais compreendem por que eles reagem tão fortemente a tão pequeninas coisas... Um encontro aparentemente banal, uma canção, uma paisagem,

lançam-nos num estado de profunda perturbação, desencadeando as ressonâncias profundas da memória cármica. Todos estudamos no colégio a passagem em que Marcel Proust narra as impressões que o sabor de uma pequena madeleine provoca nele: mas Proust tem nada menos do que quatro planetas na casa IV, e entre eles o Sol! E, o que é mais importante, essa aglomeração planetária está no signo de Câncer! Ao olhar para o seu tema, não me espanta que Proust seja um campeão da Recherche du Temps Perdu1, a ponto de ter feito dela o tema essencial de toda a sua

obra. Aliás, ele compreendeu que "se reencontrava" o tempo, e está aí uma experiência de recordação cármica... Pois é um fato, hoje atestado (no Ocidente) por milhares de testemunhos, que reencontramos, se desejarmos, as pessoas, os lugares, os sentimentos e as sensações de outrora... (ver página seguinte).

O nativo assim hospedado no fundo das grutas marinhas da casa IV (ou VIII, ou XII), não é feliz: ele aspira profundamente a se liberar de um fardo cármico de obsessões muito antigas. E, no entanto, raramente tem forças para dele libertar-se. Os medos, os fantasmas, os espectros dos quais gostaria de se livrar estão inscritos nessas três casas. Mas para limpar de seus armários todos os cadáveres que ali foram encerrados, é preciso coragem: afrontar lúcida e bravamente todos esses fantasmas que apodrecem na memória...

Enquanto o nativo se recusar a abrir o armário para dar a vassourada, permanecerá prisioneiro desses laços emocionais passados que o estrangulam. Uma parte de sua energia está paralisada. O primeiro passo para a libertação começa no dia em que ele admite a possibilidade de ter dívidas para consigo mesmo... E talvez mesmo para com os outros! Se ele se empenha nessa via de autoconhecimento, esses traumatismos tornarão a emergir à superfície consciente, criando um choque. O nativo reviverá, para melhor exorcizá-las, suas lembranças dolorosas e suas fraquezas. Pouco a pouco a força destas diminui, seu peso se alivia, liberando a energia vital do sujeito. Quase todos os grandes místicos descrevem esta experiência, embora sob formas muito diversas, segundo as religiões e as culturas. Toda psicoterapia deveria, portanto:

1. Admitir o peso das vidas anteriores.

2. Avaliar esse peso e suas conseqüências sobre o "aqui e agora".

________________________________ 1 Procura do Tempo Perdido. (N. da T.)

Exemplo de casa IV: Marcel Proust

Sua hora de nascimento no registro civil lhe dá quatro planetas, entre os quais o Sol, na casa IV. Essa hora foi contestada, julgando alguns astrólogos que o Ascendente Áries convinha mal a esse grande sonhador... Ora, Netuno, planeta do sonho, é certamente o Ascendente, o que enfraquece a virilidade "marcial" de Áries (já muito diminuída por Marte em queda e mal aspectado).

A análise reencarnacionista bem parece confirmar, entretanto, a exatidão da hora do nascimento: essa excepcional causa IV indica vidas anteriores que o nativo não consegue decidir-se a esquecer, e às quais permaneceu ligado por todas as suas fibras emocionais. A ponta da casa XII está em Peixes (no Zodíaco corrigido), indicando uma vida anterior doentia e confinada, durante a qual o nativo desenvolvera excepcionais faculdades de intuição e de imaginação. A encarnação que dele conhecemos com o nome de Marcel Proust prolonga essa vida anterior dominada por Peixes, com suas faculdades mediúnicas e suas doenças.

Quando falamos de reencarnação com os psi freudianos, eles riem na nossa cara... Mas travam um combate de retaguarda! A reencarnação é uma onda

Marcel Proust

10 de julho de 1871, Paris, 23h30min

Círculo interior: Zodíaco habitual

A CASA XII

Há já algumas gerações, a atenção dos astrólogos se tem fixado nessa casa. Com toda a certeza, é a mais "esotérica" das casas. Pesquisas evidenciaram que ela certamente descrevia a mais recente encarnação terrestre, ou pelo menos a mais marcante, recentemente. Talvez não a vida imediatamente anterior, se esta tiver sido muito curta, ou apenas vivida como feto: constatou-se que essas vidas de crianças mortas em idade muito tenra, ou nascidas mortas deixam por vezes poucos traços na memória da entidade, e no seu tema. Digamos que a casa XII marca certamente a última experiência terrestre significativa.

Agora que a atenção dos astrólogos foi despertada, estuda-se mais os temas de mortos que precederam, por exemplo, casos de reencarnação quase imediata na mesma família. É um fenômeno que não é raro. A astróloga Jane Evans1 destacou um caso; há também o do Dr. Samona,

citado pelo Coronel de Rochas2, e retomado pelo Dr. Bertholet3. Já li

vários testemunhos desse gênero, mas que não se haviam constituído em objeto de pesquisas astrológicas.

Numa casa XII, o signo na cúspide, ou ponta, os planetas aí localizados, sua situação celeste, seus aspectos, tudo fornece precisões sobre a vida anterior precedente. (Ver, por exemplo, o tema do Grande Inquisidor, p. 338, ou o do capitão do exército das Índias, p. 341.)

Uma casa XII pode estar vazia de planetas. Mas se olharmos para o regente do signo situado na ponta dessa casa, as coisas se esclarecem (é o caso do capitão em questão).

A casa XII tem o mesmo simbolismo do signo de Peixes. Este é regido por Netuno, planeta da dissolução. Assim, nessa casa, os planetas indicam um desejo de dissolução dos laços cármicos, dos vínculos que ainda atavam O nativo a este mundo. O signo é representado por duas pobres pequenas sardinhas atadas, em sentido contrário, por um fio muito curto: não é preciso dizer que no signo — assim como na casa — enfrentam-se entraves de todos os tipos. Se esses entraves são aceitos corajosamente, segue-se uma liberação: desemboca-se então no grande fogo irresistível de Áries, o grande salto para adiante, que nenhum freio consegue mais sustar.

Notem também que a casa XII é a dos inimigos secretos: nossos piores e mais secretos inimigos não são nossos defeitos?

Ela é considerada como a prisão ou o hospital do tema: no plano cármico, é bem um e outro: ali se curam as doenças espirituais e se "purgam" as

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1Twelve doors to the Soul, Jane Evans, Theosophical Publishing House, Wheaton, Illinois (USA).

2 Colonel de Rochas, Paris 1911, ed. Chacomac. 3 Dr. Bertholet, op.cit.

penas... A casa XII também diz respeito aos pés, às patas, aos sapatos — tudo o que permite avançar... e que falta cruelmente às pobres pequenas sardinhas! Pode-se extrapolar no plano cármico e deduzir que essa é a casa que nos permitirá ir ainda mais longe, andar na Lua, ou tomar emprestado um raio de Sol como degrau de escada...

Há freqüentemente dois, ou mesmo três signos na casa XII. Esses signos múltiplos podem estar relacionados com várias vidas, ou então ainda com a mesma, vista sob duas iluminações diferentes.

Nunca se deve esquecer que o nativo evolui, por sua liberdade e seu desejo de progresso. Entre o Ascendente na hora do nascimento (portanto a casa XII natal) e o Ascendente na hora da morte, todo um caminho pode ter sido percorrido (ou, ao contrário, uma nova dívida pode ter sido acrescentada às precedentes!).

O Ascendente na hora da morte, e a casa XII acima marcam a posição e definem a próxima encarnação... Mas alguns atribuem também essa possibilidade à casa VIII, que veremos mais adiante. Afinal, conhecemos muito mal as leis — certamente precisas — que regem nossas permanências nos diferentes planos do cosmos. Os iniciados atlantes, depois os egípcios e os celtas, conheceram-nas, assim como, ainda hoje, certos monges tibetanos, mas trata-se de conhecimentos de alta iniciação, reservados a alguns sábios.

Seria preciso poder comparar as casas XII do nascimento, da morte e do renascimento.

No tema de todo nativo, a casa XII, sobretudo se está carregada, ocasiona provações específicas, às quais ele não pode subtrair-se: porque ele mesmo as escolheu, antes de aceitar uma nova encarnação. Ao tomar conhecimento desse dado, o nativo muitas vezes o intui de maneira muito nítida: Diz "que é assim, que não há nada a fazer", ou ainda "que o vinho está servido, e é preciso bebê-lo". Sente que deve passar por tudo aquilo. Sabe-se cativo; o que nem sempre sabe (e que nós, astrólogos, podemos dizer-lhe), é que escolheu livremente as provações significadas por esta casa XII. Escolheu livremente sua prisão, com um objetivo de progresso espiritual. Se aceita essa idéia, sua dor e sua angústia poderão ser consideravelmente aliviadas. Em todo caso, ele tem o poder de se evadir dessa prisão material pela meditação, pela oração e pela imaginação. A saída involuntária do corpo físico durante o sono dá uma trégua e um alívio às desgraças terrestres. É por isso — penso eu — que a Natureza previu o sono! Quanto às técnicas voluntárias de saída para o astral, também não são "anormais": transe e desdobramento são do conhecimento dos iniciados desde sempre (era mesmo assim que se praticava a anestesia necessária às operações cirúrgicas no antigo Egito). A aptidão para o sonho, para a prece, para a meditação, para a cura pelo pensamento e para sair do corpo físico é extremamente desenvolvida nos proprietários de casas XII densamente habitadas. É certo

que todos eles têm infelicidades, mas também, em contrapartida, têm grandes poderes. (Ver, p. 109, o tema de Ramakrishna.)

Esses nativos muito marcados pela casa XII, se tiverem escolhido uma encarnação de expiação e de sacrifício, têm, mais do que ninguém, o coração aberto à compaixão. O espírito dessa casa é o de saber inclinar-se com bondade sobre os sofrimentos dos outros.

Entretanto, se há muitos planetas retrógrados e mal aspectados, eles tendem a fugir do sofrimento: conheceram-no numa vida anterior, fugiram dele, ou aceitaram-no mal. São tentados, então, nesta vida, a fugir novamente dele. Este sofrimento, no entanto, parece necessário à liquidação de suas dívidas, e eles devem enfrentá-lo. Eis por que escolheram provações que desta vez são inevitáveis!

Ramakrishna: um exemplo de casa XII excepcional

Quatro planetas nessa casa, entre os quais o Sol e a Lua, indicam uma personalidade mística inteiramente fora do comum. No Zodíaco habitual, a casa XII está em Peixes, o que não faz mais que acentuar esse caráter místico; mas no Zodíaco corrigido, ele cai em Aquário, outro signo inspirado, e em Capricórnio. O regente deste, Saturno, não só está retrógrado e portanto cármico, mas também se encontra ainda na casa VIII. Isso indica, como o conjunto do tema, poderes muito grandes, uma iniciação religiosa muito avançada nas vidas precedentes. O regente de Aquário também está na casa XII: vejo aí um missão especial para transmitir um ensinamento (MC em Sagitário) às pessoas da Era de Aquário, graças a novos meios de comunicação, esse poder da mídia, outrora desconhecido. Ramakrishna foi um dos primeiros grandes místicos indianos que conseguiu "fazer uma ponte" entre as espiritualidades indiana e ocidental.

No documento Astrologia Carmica-dorothie k Bizemont (páginas 106-112)