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AS ENTREVISTADAS E O CONTEXTO DE PRODUÇÃO DAS ENTREVISTAS

As mulheres-mães entrevistadas foram selecionadas intencionalmente, como na pesquisa de Galvão (2008), com base na literatura consultada e no objeto de pesquisa.

No total, foram entrevistadas oito mulheres, mães de primeiro filho (com até no máximo 1 ano de idade), casadas ou residindo com companheiro, moradoras de São Caetano do Sul, com formação em nível superior, inseridas no mercado de trabalho e pertencentes às camadas médias da população.

Por que entrevistei mulheres com estas características? Ora, como vimos na revisão bibliográfica que efetuamos, renda e escolaridade materna elevadas atuam como variáveis importantes, influenciando positivamente a freqüência aos equipamentos coletivos de educação e cuidado por parte de crianças pequenas, inclusive bebês.

Ao propor um estudo com mulheres pertencentes às camadas médias, e não de classes médias, considerei, como enfatizado por Romanelli (2003), que mesmo que elas se encontrem, através de seus rendimentos econômicos, posicionadas dentro de uma mesma camada econômica ou social, elas vivem no dia-a-dia experiências de vida e organização familiar diversas.

[...] a opção pelo uso de camadas médias implica uma postura teórica segundo a qual elas não constituem uma classe social, no sentido marxista, mas se configuram como categoria descritiva, cuja diferenciação

106 em segmentos específicos resulta da articulação entre determinantes sociais e culturais (ROMANELLI, 2003, p. 248).

Escolhi escutar mães de bebês moradoras de São Caetano do Sul por diversos fatores já citados, mas também pela facilidade de acesso, já que também resido na cidade e pelo interesse em entrevistar residentes no município brasileiro considerado como “O melhor para se viver” em pesquisa realizada pela FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) em 2008; que possui o melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), segundo a Fundação SEADE e a Organização das Nações Unidas em 2000, e também classificada pelo UNICEF como a terceira melhor do Brasil e a segunda melhor do estado de São Paulo no atendimento à infância, graças ao trabalho nas áreas de educação, cultura, saúde e esportes (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL, 2003a).

Para a coleta de dados, optei por realizar entrevista individual em profundidade, pois, segundo Gaskell (2003, p. 65):

A entrevista qualitativa [...] fornece os dados básicos para o desenvolvimento e a compreensão das relações entre os atores sociais e sua situação. O objetivo é uma compreensão detalhada das crenças, atitudes, valores e motivações, em relação aos comportamentos das pessoas em contextos sociais específicos.

As entrevistas foram guiadas por um roteiro composto pelos temas e questões53 detalhadas abaixo.

• Percepção sobre política, direito do bebê e participação da sociedade - pensando em um contexto mais geral, acha que a sociedade ou o Estado têm algum dever para com os bebês, alguma responsabilidade? De quem seria essa responsabilidade? As crianças brasileiras de 0 a 3 anos têm direito à creche desde 1988, mas somente 18,1% das crianças de 0 a 3 anos freqüentam creche, enquanto quase 80% de crianças de 4 e 5 anos freqüentam pré-escola. O que pensa sobre isso? Por que os adultos, em geral, não se preocupam ou se

53 Durante o Exame de Qualificação, foi sugerido pela Banca Examinadora que a ordem das questões fosse alterada, para que as relacionadas à percepção sobre política, direito do bebê e participação da sociedade atuassem nas entrevistas como questões desencadeadoras. Por essa razão, somente a primeira entrevista, a única realizada antes da Qualificação, apresentou uma ordem diferente na proposição das questões.

107 mobilizam pela questão dos direitos dos bebês e das políticas de creche? Como os adultos, incluindo aí os políticos e a sociedade em geral, poderiam se mobilizar para procurar atender aos direitos dos bebês e agir mais ativamente em relação às políticas de creche? Você se preocupa ou se mobiliza? Por quê? Como?

• Concepções sobre o bebê – você poderia descrever um bebê para mim; o que vem à cabeça quando falamos em bebê, o que é um bebê para você? Existe diferença entre um bebê e uma criança pequena? O que os diferencia? Bebê seria até mais ou menos qual idade? Como a entrevistada se instrui ou como aprendeu sobre os cuidados para com um bebê? Como acha que os bebês gostariam de ser cuidados/educados; qual seria a melhor maneira de educá-los; do que um bebê necessita? Qual seria a idade que você considera ideal para um bebê começar a freqüentar a creche? Qual é a rotina de um bebê em casa? Como é ou seria a rotina de um bebê na creche?

• Conhecimento sobre creche – o que vem à cabeça quando falo creche; o que o termo evoca? O que é, para que serve uma creche? A quem se destina? Conhece alguma? Sabe se tem creche pública no seu bairro? Conhece alguém que utiliza ou trabalha em uma creche? No município? Já ouviu alguém comentar sobre creche? Quem? Tem alguma impressão ou avaliação sobre as creches de São Caetano? Há diferença entre as creches públicas de São Caetano e as de outros municípios? O que é uma boa creche (uma creche de boa qualidade)? O que a creche deveria oferecer para um bebê se sentir bem? O que é uma creche ruim (de má qualidade)? Colocaria o bebê em uma creche? Colocaria o bebê em uma creche pública? Colocaria o bebê em creche em período integral? Recomendaria a creche pública para outros pais/bebês? O que acha da oferta de vagas? O que fazer diante da oferta insuficiente de vagas? Existem diferenças entre creche pública e creche particular? Quais? Por que você acha que essas diferenças existem? Existe alguma diferença entre os bebês que freqüentam creche pública e os que freqüentam creche particular?

• Contexto familiar – breve descrição da família (idade da entrevistada e a de seu marido/cônjuge, escolaridade/formação/profissão, bem como a do cônjuge,

108 tipo de trabalho/ocupação, idade e sexo do bebê, religião da família, local de residência).

• Cuidados e educação recebidos na infância – como se recorda dos cuidados e educação recebidos quando era criança? Sua mãe trabalhava fora? Freqüentou creche (pública ou privada) e com qual idade? Ficava com outros familiares ou com outras pessoas em casa? O que pensa da educação recebida? Do que recebeu de seus pais, o que gostaria de transmitir para seu filho ou adotar na educação dele? Do que recebeu, o que gostaria de modificar em relação à educação de seu filho?

• Licença-maternidade - o que sabe sobre licença maternidade? Usufruiu dela por quanto tempo? Considera que este tempo foi suficiente ou adequado? O que achou do projeto aprovado e da possibilidade de poder prorrogá-la por mais 2 meses; acha que 6 meses de licença maternidade é suficiente ou adequado para as famílias e para os bebês? Qual seria o tempo “ideal” de licença maternidade? Por quê?

• Licença-paternidade – o que sabe sobre licença paternidade? O pai do seu filho usufruiu de licença paternidade? Por quanto tempo? Considera o tempo previsto em lei adequado? O que acha do projeto que propõe a ampliação de 5 para 15 dias? Qual seria o tempo “ideal” de licença paternidade para as famílias e para os bebês? Por quê?

• Expectativa/escolha – o que pretende fazer ou fez ao término da licença maternidade: voltar (voltou) a trabalhar, deixar (deixou) o bebê com alguém, colocar (colocou) na creche, reduzir (reduziu) a jornada de trabalho, parar (parou) de trabalhar? Qual o tipo de educação escolhida? Por que essa escolha? Como se deu a escolha: consultou alguém, conversou com o pai da criança, visitou alguma creche, pensou em parar de trabalhar ou sofreu algum tipo de pressão para parar de trabalhar e cuidar pessoalmente do bebê em casa? A escolha é pessoal ou também a recomenda para outros pais/bebês? A idade da criança influenciou a escolha? O que pessoas conhecidas falaram sobre a escolha ou escolheram para seus bebês? Em algum momento pensou na possibilidade de o bebê ficar com as avós ou avôs (paterno ou materno)? Por que sim? Por que não? Alguém (a avó)

109 se ofereceu para ficar com o bebê ou vocês que pediram? Como é para ela, o que ela acha de educar, cuidar do bebê?

• Nomenclatura/vocabulário – qual termo utiliza ou prefere utilizar ao se referir às instituições de educação e cuidado infantil? Por que utiliza ou prefere esse termo?

Este roteiro baseou-se, não somente no recorte do objeto de pesquisa e no estudo teórico realizado, mas, também, em cinco entrevistas exploratórias que tive a oportunidade de realizar em diferentes estágios de desenvolvimento deste projeto.

Em outubro de 2004, durante meu primeiro semestre de estudos, dentro das atividades desenvolvidas no NEGRI, apresentei um seminário sobre entrevista, com base no livro A entrevista na pesquisa em educação: a prática reflexiva, organizado pela professora Heloisa Szymanski (2002), e esbocei um roteiro prévio de questões, com base nos estudos de Lima (2004), Bloch e Buisson (1998, 1999), CEDEPLAR/UFMG (1999) e IPEA (1999). Realizei, também, uma primeira entrevista com uma mãe que havia optado pela creche como modalidade de educação e cuidado para seus dois filhos.

Após a análise dessa primeira entrevista, e com o desenvolvimento do projeto de pesquisa, foi possível ampliar o roteiro de questões e realizar, no início de 2006 e também em 2008, mais quatro entrevistas exploratórias com mães que já apresentavam características próximas às das que foram, posteriormente, entrevistadas.

As entrevistas exploratórias, além de terem me auxiliado a melhor estruturar o roteiro de questões/temático, que passou a focar mais o bebê enquanto criança e menos enquanto filho, também serviram como “treino” para a situação e a função de entrevistar. Como nos lembra Luna (2002, p.61-62):

Com alguma freqüência, um pesquisador pode descobrir que a formulação adequada do seu problema pode depender de algumas informações a serem coletadas preliminarmente [...] Esse procedimento poderá ter a finalidade de “treinar” o pesquisador iniciante à situação concreta que enfrentará durante a pesquisa, mas também poderá ser um recurso de um pesquisador experiente que adentra uma área ainda pouco explorada. Pode, ainda, ter o sentido de um pré-teste de instrumentos ou de determinados procedimentos a serem empregados, com o objetivo de não

110 “queimar” o trabalho efetivo de pesquisa (em geral, isto é feito em uma situação mais restrita, com menos indivíduos).

Realizei, em 29 de setembro de 2009, a primeira entrevista54 e todas as demais foram realizadas durante os meses de janeiro e fevereiro de 2010, tendo sido a última realizada em 05 de fevereiro de 2010. Todas as entrevistas foram gravadas com a concordância das entrevistadas, após leitura do termo de consentimento informado, que foi assinado por todas as participantes. Em respeito aos princípios éticos, todas as entrevistadas tiveram seus nomes e os das pessoas por elas citadas alterados, para a garantia de anonimato.

Também visando garantir o cumprimento de aspectos éticos, foi encaminhada ao Comitê de Ética em Pesquisa da PUC-SP a versão do projeto de tese contendo os objetivos da pesquisa, sua justificativa, os procedimentos e cuidados éticos que seriam adotados, bem como, caracterizada a população que seria entrevistada. Após avaliação pelo Comitê, o projeto foi aprovado55.

Para localizar as entrevistadas, divulguei minha pesquisa entre parentes, amigos, conhecidos e contatei pediatras e também algumas direções de creches particulares de São Caetano do Sul, informando sobre as características das mães que poderiam compor minha amostra. Dessa forma, pude contar com as indicações de mulheres que, eventualmente, poderiam se interessar em participar da pesquisa.

Em apenas um caso, fiz uma abordagem direta ao observar uma mulher acompanhada de seu bebê em um restaurante. Essa mãe, não só apresentava o perfil que eu procurava, como se interessou pelo tema e aceitou participar.

Vale destacar, também, que, apesar do contato com pediatras e creches particulares, a maior parte das indicações que recebi partiu, mesmo, de pessoas de meu convívio social, que serviram como intermediárias entre a pesquisadora e as mulheres entrevistadas.

54 A transcrição da primeira entrevista realizada foi parte integrante do Projeto de Tese que foi avaliado em 07 de dezembro de 2009 durante Exame de Qualificação. Nessa ocasião, a Banca Examinadora sugeriu que fossem realizadas no mínimo seis entrevistas. As transcrições das oito entrevistas realizadas constam dos anexos.

55 Em anexo, são apresentados os termos de compromisso do pesquisador responsável e de

consentimento livre e esclarecido, bem como, o parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da PUC- SP.

111 Quando as possíveis entrevistadas se mostravam dispostas a participar, eu entrava em contato por telefone, fornecia dados mais detalhados sobre a pesquisa, verificava se elas realmente se encaixavam no perfil de composição da amostra56 e se desejavam conceder a entrevista. A partir daí, agendávamos, de acordo com a preferência e sugestão das entrevistadas, o dia, horário e local de realização das entrevistas.

Antes da análise das entrevistas, será necessário descrevermos o contexto em que foram produzidas, como nos lembra Thompson (2002). A descrição do local onde cada uma foi realizada, a qualidade da interação entre pesquisadora e entrevistada, incluindo sentimentos, perguntas ou outros comentários que possam ter sido expressos, também devem ser considerados na análise.

Quanto ao contexto no qual foram produzidas, vale lembrar que as entrevistas envolveram diferentes atores sociais. Um primeiro ator fui eu, a pesquisadora: psicóloga, ex-dirigente de creche, branca, com idade entre 35 e 40 anos, casada, sem filhos, também moradora de São Caetano e pertencente às camadas médias da sociedade, representando a academia e a universidade. Um segundo ator foram as mulheres entrevistadas, profissionais com nível superior, brancas, com idades variando entre 27 e 40 anos, casadas ou residindo com companheiro, mães de primeiro filho, moradoras de São Caetano e representantes das camadas médias que discursaram não somente sobre seus filhos e suas escolhas em termos de EI, mas também, sobre os bebês, em geral, e sobre as modalidades de EI que consideram mais adequadas e/ou recomendadas para bebês.

A descrição do contexto de produção de cada entrevista se mostra também bastante útil ao pensarmos que, embora tenham sido gravadas, as entrevistas foram analisadas a partir de transcrição de falas, o que não registra entonações, importantes referências para interpretar seu conteúdo. Todas as transcrições, ainda que correspondam o mais fielmente possível ao que foi gravado e tenham sido totalmente realizadas por esta pesquisadora, como recomendado por Queiroz

56 Três mulheres que me foram indicadas, infelizmente, não puderam ser entrevistadas ou porque

112 (1983), não traduzem completamente o ambiente das entrevistas e as suas condições de produção.

Quero ainda registrar que, de forma geral, me senti bastante à vontade com todas as entrevistadas e considerei que o fato de apresentarmos similaridades em relação à escolaridade, renda, residência em São Caetano e, em um caso, profissão, facilitou o contato e interação com as entrevistadas. Além disso, relato que todas as oito mães mostraram-se interessadas em receber as transcrições de suas entrevistas, bem como, em ter acesso ao trabalho final para poderem conhecer não só o que as outras participantes pensam sobre o tema, mas também os resultados da pesquisa.

A seguir, apresentarei uma breve descrição introdutória sobre cada uma das entrevistas.

Joana

Joana foi a primeira mãe a ser entrevistada e me recebeu em seu local de trabalho no período da tarde, sem a presença de sua filha, Maria Clara.

Quando nos encontramos, a entrevistada perguntou se eu era psicóloga e se trabalhava em consultório. Perguntou, também, se eu morava na cidade e se tinha filhos, ao que respondi prontamente. Contei que eu trabalhava com educação infantil, que já havia sido dirigente de creche, que morava na cidade e que não tinha filhos.

A entrevista que durou 1 hora e 8 minutos não sofreu qualquer interrupção e pudemos contar com privacidade e silêncio para sua realização.

A entrevistada participou bastante, apesar de ter comentado, em um dado momento da entrevista, ser uma pessoa reservada.

Minha percepção era a de que a entrevistada sentia-se à vontade, o que, de fato, ela confirmou após o término da entrevista. Quando finalizamos, ela perguntou se eu já havia realizado outras. Falei que sim e que algumas tinham servido para definir o roteiro e para treinar a situação de entrevista.

Joana relatou ter sido a primeira vez que participou de uma pesquisa e comentou ter achado muito interessante poder apresentar o seu ponto de vista sobre o assunto.

113 De forma geral, o relacionamento entre entrevistadora e entrevistada foi marcado pela cordialidade. Ao final, obtive junto à entrevistada o número de telefone de um pediatra na cidade para, eventualmente, conseguir contatar outras mulheres para entrevistas posteriores.

Na análise pessoal de minha postura durante a entrevista, percebi que, embora eu tenha me mantido atenta ao que a entrevistada respondia, em alguns momentos, fiquei presa ao roteiro e à ordem das questões, o que acabou promovendo algumas idas e vindas na entrevista, deixando alguns assuntos para depois e retomando-os mais à frente.

Natália

Natália me recebeu em sua residência, no período da manhã, antes de sair para o trabalho. A entrevista, que durou 1 hora e 12 minutos, foi realizada em uma sala reservada, sem a presença do bebê. Pudemos contar com privacidade e silêncio e o clima entre pesquisadora e entrevistada também foi de cordialidade.

A entrevistada pareceu-me bastante tranqüila e focada no tema da entrevista.

Antes que eu me despedisse, me apresentou sua filha, Laura, que dormia no carrinho sob os cuidados da babá.

Considerei, enquanto entrevistadora, que a alteração na ordem de apresentação das questões, procedimento que, como já comentei, havia sido proposto durante o exame de qualificação do projeto e que passei a adotar a partir dessa segunda entrevista, foi bastante positiva para a pesquisa, visto que, ao propor, logo de início, questões referentes à percepção sobre política, direitos do bebê e participação da sociedade, de certa forma, propiciou que a entrevistada refletisse sobre outros bebês e não somente sobre sua filha.

Aléxia

Fui recebida pela terceira entrevistada, Aléxia, na casa de sua mãe, onde reside com seu companheiro e bebê. Essa entrevista foi realizada na mesma data

114 que a entrevista de Natália, porém no período da tarde, e contou com a presença do bebê, Juliano, já que Aléxia informou não ter com quem deixá-lo.

Ao agradecer sua disponibilidade em participar, comentei que Juliano mostrava-se bastante observador e participante. A mãe comentou que ele até parava de mamar para olhar para nós. O bebê tomou mamadeira, mas acabou dormindo durante quase todo o decorrer da entrevista. Aléxia e eu conversamos sem interrupções, com tranqüilidade, privacidade e silêncio.

A entrevistada pareceu-me estar à vontade. Notei uma atitude expansiva e bastante participativa por parte da entrevistada, o que talvez possa ser justificado pela proximidade entre sua atividade laboral - ex-professora de EI - e o objeto desta pesquisa. Esta foi a entrevista de mais longa duração, 1hora e 42 minutos.

Apesar disso, Aléxia não considerou sua duração como desagradável. Ao terminarmos, ela me ofereceu suco e bolachas e ainda pudemos conversar mais um pouco. Comentei que eu já tinha sido diretora de creche em São Bernardo do Campo e justifiquei, também, minha opção por entrevistar mães residentes em São Caetano.

A entrevistada também me indicou o pediatra de seu bebê como um contato na busca por indicações para outras entrevistas.

Malu

Malu foi a quarta mãe entrevistada e me recebeu em sua residência, no período da tarde. Seu bebê, Anjinho, que estava dormindo quando eu cheguei, acordou no decorrer da entrevista e foi amamentado.

No início da entrevista, Malu perguntou se eu morava em São Caetano, se eu era casada e se tinha filhos ou se pensava em ter. Respondi, de forma breve, informando que também morava na cidade, que era casada e não tinha filhos.

De forma geral, pudemos contar com um ambiente silencioso e com privacidade para a realização da entrevista.

Aparentando estar bastante focada no tema da entrevista, Malu pareceu-me bastante direta e objetiva na maior parte das respostas, o que transparece na duração da entrevista: 1 hora (das oito realizadas foi uma das mais curtas).

115 Ao final da entrevista, a relação entre pesquisadora e entrevistada que havia me dado a impressão de ter sido relativamente formal, pareceu-me mais descontraída com o café que me foi gentilmente oferecido e com a presença do bebê que tinha acordado.

Malu considerou o tema da entrevista importante e me cumprimentou pela iniciativa em pesquisá-lo: “... É muito bom, parabéns. É muito importante esses trabalhos que vocês fazem, essas pesquisas, porque isso contribui, de alguma forma, para melhorar esse tema...”

Beatriz

Entrevistei Beatriz em sua residência, às 20h30, como havíamos combinado e, logo de início, agradeci não só sua participação, mas, também, sua disponibilidade de tempo, sua disposição em me receber à noite depois de um dia