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Iniciaremos, a apresentação dos resultados referentes a esse eixo, abordando a licença maternidade e a licença paternidade, pois compreendemos que para além de refletirem o que a sociedade concebe como adequado para que mães e pais possam conciliar trabalho e a educação e cuidado de bebês logo após o nascimento, elas apontam também para o que as famílias, ao usufruírem ou não dessas licenças, podem estar valorizando em termos do atendimento aos direitos e necessidades tanto de bebês, quanto das próprias famílias.

A partir de nossas indagações sobre licença maternidade e paternidade, identificamos que tanto as entrevistadas quanto seus cônjuges vivenciaram experiências bastante variadas com relação ao tempo em que puderam desfrutar de suas licenças.

Das quatro mães que estavam em licença maternidade (quadro 5) quando entrevistadas, duas (Aléxia e Malu) já estavam usufruindo a licença de 6 meses, enquanto Manuela usufruía a de 4 meses e Júlia, que é profissional autônoma, havia optado por se afastar de suas atividades profissionais por 3 meses, mas já avaliava a possibilidade de ampliação desse período para 4 meses. Todas essas mães estavam pessoalmente cuidando de seus bebês, sem ajuda de babás ou das avós.

Dentre as entrevistadas que já haviam retornado ao trabalho, Joana relatou ter usufruído a licença de 4 meses, enquanto Milena permaneceu em casa com seu bebê por um período de 5 meses.

Natália e Beatriz que relataram ter retomado suas atividades profissionais em seus próprios negócios, respectivamente após 15 e 40 dias do nascimento de seus bebês, não desfrutaram da licença pelo período de 4 meses.

Apesar das diferentes vivências, metade das entrevistadas considera que o tempo que está usufruindo ou que pôde usufruir foi adequado, enquanto a outra metade o considerou como totalmente insatisfatório ou satisfatório somente do ponto de vista profissional (quadro 5).

Cinco entrevistadas, ao refletirem sobre o tempo de licença maternidade que julgavam ideal (quadro 6), foram favoráveis ao período de 6 meses e

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consideraram que tanto a mãe quanto o filho se beneficiariam desse maior período juntos. Segundo elas, a mãe poderia amamentar o bebê por mais tempo e também se reorganizar para o retorno ao trabalho, enquanto o bebê se desenvolveria um pouco mais para, eventualmente, ingressar na creche a partir dos 6 meses. Natália e Beatriz, que praticamente não usufruíram da licença maternidade, consideram que o período ideal é o de 4 meses e apenas Aléxia expressou seu desejo de que a licença fosse de 1 ano.

Mesmo as entrevistadas que consideram a licença de 6 meses ideal, tanto para as mães quanto para os bebês, não a consideram adequada em termos profissionais para as mulheres. Joana, por exemplo, avalia que como mãe gostaria de ficar o maior tempo possível com o bebê, mas enquanto profissional considera que não seria adequado ficar mais que 4 meses afastada do trabalho.

Nos primeiros dias após o nascimento de seus bebês, os cônjuges de cinco entrevistadas usufruíram da licença paternidade, sendo que dois deles permaneceram com seus bebês e esposas por um período um pouco maior que os 5 dias previstos em lei: o marido de Manuela, que trabalha por conta própria, ficou uma semana em casa, enquanto o marido de Aléxia conseguiu acompanhar por um período de 10 dias o seu bebê que ainda estava hospitalizado (quadro 7).

Porém, três entrevistadas não contaram com a presença ou auxílio de seus maridos, pois esses não desfrutaram da licença paternidade. No entanto, com exceção de uma, todas as outras entrevistadas relataram ter contado com a ajuda de suas mães ou sogras nos seus primeiros dias em casa com os bebês.

Chamou nossa atenção o fato de duas entrevistadas terem relatado não possuir muitas informações a respeito da licença paternidade.

Com a exceção de Natália, que considera o período de 5 dias da licença paternidade como adequado, apesar de seu marido não ter usufruído, todas as demais entrevistadas avaliam esse período como insuficiente para que o pai possa se envolver mais com os cuidados do bebê e também auxiliar a esposa (quadro 7). Essa crítica que nossas entrevistadas fazem à duração da licença paternidade foi compartilhada também pelos homens-pais que Galvão (2008) entrevistou.

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Questionadas sobre qual seria o período ideal para a licença paternidade (quadro 8), quatro entrevistadas (Aléxia, Malu, Beatriz e Milena) apoiaram o projeto de ampliação desse período para 15 dias e duas (Joana e Manuela) expressaram o desejo de que essa licença fosse ampliada para 1 mês. Apenas uma entrevistada (Júlia) defendeu que os homens-pais possam contar com o mesmo período de licença concedido às mulheres-mães, ou com 1 mês de licença.

Júlia, que não conhecia o projeto de lei prevendo a ampliação da licença paternidade, foi uma das poucas entrevistadas a destacar a ocorrência de transformações nas famílias em termos das práticas de cuidados infantis, com o homem participando mais ativamente e se envolvendo cada vez mais com os cuidados para com seus filhos: “... 1 mês seria melhor que os 15 dias, mas

acho que o ideal seria os pais terem o mesmo, tanto o pai quanto a mãe, terem o mesmo tempo, porque antigamente que tinha aquela coisa de ‘ai, quem cuida da criança é a mãe’, hoje em dia, já não é assim. Hoje em dia, tem muitos pais que a mãe retorna ao trabalho e o pai fica em casa para cuidar das crianças, então assim, eu acho que a gente está deixando esse preconceito de lado de que o homem não ajuda, não troca fralda, não dá banho, não dá de comer, enfim, [...] acho que se está deixando esse preconceito de lado. O ideal mesmo, o sonho, era ter o mesmo tempo para o pai e para a mãe [sabe que tem países em que o tempo de licença é o mesmo para o pai e para a mãe].”

Em sentido contrário ao de Júlia, podemos citar os discursos de duas entrevistadas. Natália enfatiza a primazia da mãe junto ao bebê durante seus primeiros meses de vida para justificar a não necessidade de ampliação da licença paternidade: “Eu acho que para o pai é o ideal [o período de 5 dias].

Porque eu acho assim durante os primeiros meses é a mãe mesmo, não tem jeito. O pai ajuda? Ajuda assim para comprar alguma coisa, para trocar uma fralda ou outra, mas o dia-a-dia é a mãe mesmo. É a mãe que conhece, é a mãe que vai amamentar, acho que o principal é a mãe mesmo.” Por sua vez,

Milena concebe que essa licença deve durar no máximo 15 dias, pois não saberia avaliar até que ponto seu marido mais a “atrapalharia” do que a auxiliaria no caso de uma licença mais prolongada: “... 15 dias era até razoável.

É complicado, porque eu penso assim, tudo bem que muda muito na tua vida a chegada de um bebê, muda tudo, vira de ponta cabeça a sua vida, a sua casa,

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tudo, mas acho que, pelo menos no meu caso, ele [marido] não é tão participativo [enfática], não é tão, eu não sei até que ponto mais me atrapalharia do que ajudaria (risos) [...] 10 dias acho que tudo bem, mais do que 5 dias [...] pelo menos para chegar em casa, viver um pouquinho mais os primeiros momentos de agitação, de desespero assim junto com o marido eu acho que é interessante, mas mais do que isso acho que atrapalharia, no meu caso, atrapalharia.”

Conciliar trabalho e a educação e os cuidados para com o bebê, não tem se apresentado como tarefa fácil, especialmente, para as mães e pais que não têm desfrutado das licenças maternidade e paternidade. A grande maioria das entrevistadas aponta para a necessidade de licenças mais prolongadas: 6 meses para a licença maternidade e 15 dias ou mais para a licença paternidade.

Em algum momento de suas vivências da maternidade, cinco entrevistadas refletiram sobre a possibilidade de interromperem suas atividades profissionais para cuidarem de seus bebês. No momento da entrevista, entretanto, Joana relatou já ter desistido totalmente dessa idéia, enquanto Aléxia, Manuela, Beatriz e Júlia, mesmo reafirmando a importância do trabalho em suas vidas tanto em termos pessoais quanto em termos econômicos, ainda pensavam na hipótese de parar de trabalhar temporariamente. Das outras três mães que não haviam refletido sobre essa possibilidade, duas tinham reduzido suas jornadas de trabalho para passar mais tempo com seus bebês.

Neste eixo 3, abordaremos a partir de agora, as justificativas das mães para suas escolhas pelas modalidades de educação e cuidado, atuais e previstas (quadro 9) para seus bebês, mas também os motivos que as levam a rejeitar algumas opções. Destacaremos, ainda, as concepções e avaliações das entrevistadas sobre uma modalidade em especial, a creche.

No momento da entrevista, como mencionado anteriormente, quatro entrevistadas estavam em licença maternidade em casa cuidando de seus bebês.

Dos bebês das outras quatro mães que já haviam retomado suas atividades profissionais, um ficava com uma babá (a filha de Natália), outros dois ficavam com suas avós maternas (a filha de Joana e o filho de Milena) e a filha de Beatriz acompanhava seus pais e avós ao trabalho mas, apesar de

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passar o dia no mesmo ambiente que sua mãe, seu pai e seu avô, ficava mesmo sob os cuidados e atenção de sua avó materna.

Tanto as mães que haviam optado por deixar seus filhos sob os cuidados das avós maternas (Joana, Milena e Beatriz), quanto Natália que havia optado pela contratação de uma babá para sua filha, relataram, de forma geral, considerar que seus bebês eram muito pequenos para freqüentar a creche (quadro 9) e mencionaram ter optado por deixá-los sob os cuidados de pessoas em quem confiavam (mesmo que fosse alguém contratado, como no caso de Natália) e que, segundo acreditavam, poderiam se dedicar com qualidade aos cuidados para com o bebê: “...em uma escolinha, não que eu

ache que o pessoal vai deixar a criança chorando, mas o cuidado não vai ser o

mesmo do que eu ou mesmo a minha mãe deu para a minha filha.” (Joana);“...

ele [bebê] fica com a minha mãe de olhos fechados [...] mãe é mãe [enfática], a minha mãe é muito mãezona, então assim, eu estou sossegada...” (Milena).

Beatriz e Milena, entretanto, apresentaram mais algumas motivações justificando suas escolhas atuais. A primeira, que voltou ao trabalho 40 dias após o parto, decidiu, em comum acordo com seus pais e cônjuge, que o melhor seria que sua filha pudesse acompanhá-los ao trabalho, já que todos trabalham juntos na empresa da família, pois lá haveria espaço para ela, sua própria mãe poderia se dedicar ao bebê e a criança também estaria perto dos pais e avós. Já Milena, mesmo sendo proprietária de uma escola de EI, preferiu que o bebê permanecesse em ambiente doméstico (casa da avó) para evitar que seu filho adoecesse: “... foi realmente com relação à saúde mesmo o

motivo. E eu não escondo também [...] as mães [que deixam seus bebês na escola de EI de sua propriedade] sabem, eles [bebês] ficam mesmo doentes, quando os pais vêm procurar é uma pergunta que eles sempre fazem e que né, não tem como [...] você não tem como negar, a criança realmente fica muito doente, com uma freqüência maior mesmo do que quando ela fica em casa.”

Como podemos perceber, nenhum dos bebês freqüentava creche ou outra modalidade de educação e cuidado coletiva. Todas as entrevistadas adotavam, portanto, no momento da entrevista, modalidades de EI que circunscreviam seus bebês ao espaço doméstico, sob a responsabilidade da própria mãe da criança ou das avós, e em apenas um caso da babá, optando,

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em sua maioria, por não externalizar, como compreendem Bloch e Buisson (1998, 1999), a educação e o cuidado de seus filhos.

Todas as entrevistadas foram indagadas também sobre as modalidades de EI que previam como possíveis escolhas futuras (quadro 9) para seus bebês, já que metade delas voltaria a trabalhar com o término de suas licenças e algumas, mesmo satisfeitas com as modalidades atuais que haviam escolhido, já buscavam novas alternativas considerando que a criança já estava maior.

Quatro mães (Joana, Malu, Milena e Júlia) estavam optando por colocar seus filhos na creche pública ou particular em São Caetano, enquanto Natália e Beatriz manteriam as atuais opções (manter o bebê sob os cuidados de uma babá e levar o bebê para o trabalho na empresa da família, respectivamente) que estavam considerando adequadas.

Assim, com exceção de Júlia, que pretende colocar seu bebê aos 4 meses de idade na creche mesmo o considerando ainda muito novo, as demais mães que estarão fazendo a mesma opção pretendem matricular seus filhos já maiores na creche, com idades variando de 7 meses e 20 dias a 1 ano.

Ao optarem pela creche no futuro, essas mães expressam o desejo de que seus bebês possam interagir com outras crianças, recebam estímulos e vivenciem atividades que os auxiliem em seus processos de desenvolvimento. Elas acreditam também que muitas dessas atividades e estímulos, ao serem propostos por profissionais capacitados na creche, são diferentes daqueles que as mães ou avós da criança poderiam oferecer aos bebês em suas casas: “...

as escolinhas têm muita atividade para desenvolver o aspecto psicomotor [...] a escola está mais preparada até para desenvolver a criança...” (Joana); “...eu valorizo essa parte da estimulação da criança. Por mais que a gente tenha um certo conhecimento dentro da nossa área, uma pessoa que está trabalhando em um lugar é, como eu te falei, ela está sempre passando por treinamento, por reciclagem. Então, ela tem muito mais contato com o que está aí de mais novo no mercado do que eu. Por mais que a gente estude, que a gente corra atrás, é o trabalho dela, ela vivencia aquilo.” (Júlia).

Joana e Malu apontaram, ainda, o alto custo das creches particulares como um fator que as motivava a optar pela creche pública em São Caetano. Milena e Joana, com suas escolhas pela creche como modalidade prevista,

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relataram também estar liberando as avós maternas da responsabilidade de continuarem cuidando dos netos.

Aléxia, não encontrando uma creche pública em São Caetano que oferecesse atendimento em meio-período, o que teria sido sua primeira opção, pretendia que seu bebê ficasse somente meio-período com uma babá, sob a supervisão da avó materna, mas ainda ponderou sobre a possibilidade de usufruir licença sem vencimentos, prolongando seu período de permanência em casa com o bebê.

Manuela, por sua vez, informa ter decidido que, com seu retorno ao trabalho, seu bebê ficaria sob os cuidados da avó paterna. Sua decisão se baseava não somente na disponibilidade por parte dos avós que haviam se oferecido para cuidar do neto, mas também no custo-benefício dessa opção, já que Manuela avaliava a creche particular como muito cara, não poderia contar com creche em seu local de trabalho e além disso, orientada pela pediatra do bebê também considerava que aos 4 meses ele ainda seria muito novo ou pequeno para entrar na creche.

De modo geral, pudemos apreender que as escolhas das entrevistadas foram também sustentadas por particularidades do contexto familiar, como por exemplo, a idade, a inserção profissional ou o local de moradia de suas próprias mães. Na ocasião da entrevista, quatro avós maternas dos bebês trabalhavam e duas moravam longe da residência de suas filhas. Várias entrevistadas fizeram, ainda, referência à idade avançada de suas mães (60, 70 ou 75 anos foram algumas idades mencionadas) e, eventualmente, de suas sogras, como algo que dificultava que as avós estivessem disponíveis para cuidar de seus netos. Como apresentamos no capítulo 3, com base na pesquisa de Sorj, Fontes e Machado (2007), as mudanças nos perfis das avós podem estar tornando menos disponível tal ajuda familiar.

Para além das preferências pessoais e dos contextos familiares, apreendemos, também, que concepções sobre criança parecem exercer influência nas decisões sobre modalidades de EI a serem escolhidas. Nos discursos das mães, a idade da criança, sua suposta imaturidade (“bebê é muito novo, bebê é muito pequeno”) e sua fragilidade (mais risco de adoecer) aparecem como justificativas quanto a sua permanência em ambientes domésticos, com menos contato com outras crianças e adultos. Citamos como

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exemplo a fala de Natália: “... Até os 3 meses a gente não estava saindo não

[...] eu não levei ela ainda em shopping, a neném ficou em casa praticamente até os 3 meses. A gente foi viajar, fomos para a praia, mas ela [babá] ficou dentro do apartamento com a nenê, por causa das vacinas... então a nenê não saiu pra nada não, por enquanto a rotina está em casa mesmo.”

A opção por certas modalidades de EI revela, também, a rejeição por parte das entrevistadas de algumas outras alternativas de educação e cuidado para bebês. A contratação de uma babá foi a modalidade mais rejeitada entre nossas entrevistadas. Metade das mães não considera essa opção como adequada por não confiar na pessoa que cuidaria dos bebês em suas casas, pelo receio de que essa pessoa pudesse maltratar a criança (receio esse, muitas vezes, alimentado pelo mídia, como já citamos) e por acreditar que, na creche, o bebê poderia estar sendo mais estimulado do que ficando em casa com uma babá: “... nunca pensei nessa hipótese [de babá] porque eu não acho

legal ou ela [bebê] vai estar na escolinha com um monte de gente ou vai estar com a minha mãe (risos).” (Joana); “É, pela falta de confiança porque assim eu poderia até ver alguém lá da minha Igreja, mas, às vezes, a gente pensa que conhece a pessoa, mas não conhece. Então fica complicado isso [...] Eu prefiro mil vezes deixar um, o meu bebê, em uma escola municipal com educadores, pedagogos do que deixar em casa com uma babá, correr o risco dela judiar da criança, maltratar, bater na criança [...] deixando com empregada, com babá, com “vó” [avó] [...] não é bom porque a criança não vai interagir com outras crianças, não vai ter aquela integração de arrumar amiguinhos, amiguinhas, fica muito presa, fica muito reprimida dentro de casa, não sai, não vai passear, porque a escola já tem todo aquele programa de interatividade, jogos pedagógicos, lúdicos que envolve a criança, acaba que com a criança se tornando mais assim extrovertida, enfim, está em contato com pessoas, mesmo que ela não esteja passeando no parque, na rua, mas ela está em contato com pessoas, enquanto que dentro de casa acho que fica uma criança muito parada...” (Malu); “... às vezes, você coloca uma pessoa na sua casa, você pensa que é de confiança e acaba judiando do bebê...” (Beatriz); “... por essa questão da estimulação é que eu não imagino deixar ela [criança] em casa com alguém [...] claro que se minha mãe estivesse mais perto eu tinha mais confiança de deixar o bebê com ela em um retorno ao trabalho, pelo menos no

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princípio [para depois colocá-lo na creche], do que com uma desconhecida...”

(Júlia).

Como Singly (1993) já havia comentado com relação às famílias francesas, entre as mães brasileiras entrevistadas, o parentesco que pode ser chamado a ajudar nos cuidados para com o bebê é, em sua maioria, também restrito e selecionado de acordo com uma maior proximidade afetiva. Assim, observamos em algumas entrevistas, uma certa rejeição a deixar o bebê sob os cuidados da sogra, rejeição essa sustentada por diversas razões: a idade avançada, como já mencionamos, da avó paterna; o oferecimento de cuidados diferentes daqueles que a avó materna ofereceria; um certo “ciúmes” por parte da mãe do bebê; uma efetiva opção por não contar nem com a ajuda da sogra e nem com a da própria mãe (como no caso de Natália): “A mãe dele se

deixasse, é lógico ela iria adorar, mas é uma pessoa que tem 70 anos, eu acho assim também que não tem condição física e nem essa disposição [...] Deixar com mãe e sogra a gente sempre foi muito contra, porque a gente acha ‘o filho é nosso, quem tem que...’, avó gosta, mas assim, cada um tem sua vida, e essa era uma opção que a gente nunca queria.” (Natália); “... sinto que há uma cobrança de ficar com a minha sogra e eu justamente não deixo meio a meio [metade do tempo com a avó materna e outra metade com a avó paterna], porque eu acho que falta a rotina igual dos dois lados. Não sou muito a favor de deixar a criança cada dia com uma pessoa. Eu acho que é complicado [...] sofro um pouquinho com isso [...] avó sogra, é diferente dos cuidados da avó mãe da mãe...” (Milena); “Ela [sogra] me ajudava no banho [do bebê] porque eu não deixava ela fazer nada (risos), eu mesma passava roupa, lavava roupa do bebê, enfim, trocava, cuidava e não deixava ela fazer nada de ciúmes assim (risos). A única coisa é que ela me ajudou no banho, também por pouco tempo...” (Malu).

Quanto à modalidade creche como opção para o cuidado e a educação das crianças pequenas, as mães ofereceram muitas pistas em suas entrevistas.

Em primeiro lugar, o termo creche, de modo geral, foi rejeitado pela maioria das entrevistadas, que o associou, em alguns casos, ao atendimento público (como fizeram Natália, Beatriz e Milena), ou considerou que essa denominação não deve mais ser empregada já que em São Caetano do Sul,

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tanto creches públicas quanto particulares são denominadas igualmente como escolas: “... não importa assim se é privada ou público porque, de certa forma,