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As entrevistadas não vivenciaram experiências concretas em creches quando bebês (quadro 19), assim como os homens-pais de camadas médias entrevistados por Galvão (2008). Sete delas foram educadas e cuidadas principalmente por suas mães, enquanto uma recebeu os cuidados de sua avó e, posteriormente, de uma empregada. Todas, entretanto, ingressaram na pré- escola com idades que variaram entre 3 anos e meio, 4 anos e 6 anos. Cinco entrevistadas freqüentaram pré-escola pública, duas ingressaram na pré-escola particular e uma freqüentou pré-escola rural. Cinco delas estudaram em pré- escolas de São Caetano do Sul. Das mães das entrevistadas, metade não trabalhava fora e duas (incluindo a mãe de Joana que trabalhou como diretora em uma pré-escola) pararam de trabalhar fora para cuidar pessoalmente dos filhos (entrevistadas e seus irmãos/irmãs).

É necessário lembrar que, das mães que entrevistamos seis viveram suas infâncias na década de 1970, quando as creches brasileiras ainda iniciavam seu processo de expansão, a partir das reivindicações dos movimentos de mulheres e de luta por creche, direcionando seu atendimento aos filhos de mães trabalhadoras. Duas entrevistadas mencionam suas percepções de que naquela época não havia creches: “Acho que na época não

tinha creche...” (Joana); “... antes não tinha isso muito de creche e como minha mãe não trabalhava então eu fiquei com a minha mãe até 5 para 6 anos...”

(Aléxia).

Apreendemos, portanto, que todas as entrevistadas foram educadas e cuidadas principalmente por suas mães ou por outras pessoas também de sexo feminino, como avó ou empregada. Elas avaliam bastante positivamente os cuidados recebidos destacando a dedicação e atenção por parte de suas mães, mas também os valores familiares e a educação de qualidade que puderam usufruir na infância (quadro 20): “... minha mãe era dedicação 100%

para nós, que eu acho que é o ideal.” (Natália); “Meu pai também era presente, mas como ele trabalhava bastante eu ficava mesmo mais com ela [mãe], [...] [eles] me passaram bons valores, puderam me colocar na escola particular no primário e 1º grau.” (Beatriz); “A gente lembra já quando é maiorzinho né, não de quando era bebezinho. Mas, assim, minha mãe sempre foi mãezona, [...] é

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mãe com M maiúsculo e a gente assim sempre foi muito unido. Na hora do jantar, discutindo tudo, sempre apoio na resolução dos problemas da gente, meu pai e minha mãe sempre teve isso de sentar e conversar, aconselhar, a gente tinha esse tempo...” (Milena); “... eu tive uma infância que eu falo que [...] eu adorei [...] Eu brinquei muito, eu tive muita dedicação da minha mãe, cuidado, não tenho queixas ...” (Aléxia).

Algumas entrevistadas expressaram seu reconhecimento em relação ao que haviam recebido de suas famílias na infância: “Eu aprendi, na verdade, eu

sou o que sou graças à educação que eu recebi. A responsabilidade, a integridade, a minha informação enquanto pessoa de forma geral, respeito pelos outros, porque a gente tem que respeitar os outros para poder ser respeitado, então sabe meu pai era uma pessoa que transmitia muita sabedoria, ele não chegou a fazer faculdade na época porque ele era de uma família de muitos irmãos e minha mãe também não fez faculdade [...] mas nem por isso não tinham a sabedoria da vida.” (Aléxia); “... minha mãe fez papel de pai, de mãe, de tudo, porque, realmente, faz falta a figura paterna.” (Malu); Meus pais fizeram de tudo pela gente. Tudo, tudo que eles podiam fazer, eles faziam. Graças a Deus, sempre deram tudo pra gente, sempre, nunca faltou nada, sempre se esforçando, tirando deles para dar pra gente assim, eu acho. E não tem o que falar assim.” (Manuela); “E assim, eu vi que os meus pais fizeram de tudo para me dar uma boa educação [...] eu sempre estive em escolas particulares, eu fiz faculdade, então isso tudo eu devo ao esforço dos meus pais...” (Júlia).

Embora o que tenham recebido de seus pais tenha sido vivido de forma bastante positiva pelas entrevistadas, algumas delas conseguiram apontar em suas avaliações também pontos, digamos menos positivos, como a cobrança excessiva dos pais em relação à educação formal ou uma postura mais rigorosa na imposição de limites (palmadas e chineladas, por exemplo).

Ao refletirem sobre o que gostariam de manter ou modificar na educação de seus filhos (quadro 20), com base na educação e cuidados recebidos na infância, algumas entrevistadas se referiram às diferenças de contextos sócio- históricos entre o período em que elas viveram suas infâncias e o momento contemporâneo em que seus bebês vivenciam suas experiências: “...a gente

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têm internet, que tem uma série de coisas que naquela época não existia. Aquela época era muito deficiente, então, não dá nem para comparar 40 anos

atrás com agora, com essa modernidade toda da tecnologia [...]naquela época,

as crianças eram criadas de qualquer jeito, não tinha esse negócio de ter o seu quartinho, o seu bercinho, imagina, dormia na cama junto com a mãe, ia para a roça com a mãe, então, quer dizer, não tinha tantos cuidados como tem hoje, tanta frescura (risos) como tem hoje. Quer dizer, eu não morri, estou aqui viva

(risos).” (Malu);“... hoje é outra realidade (risos) que antigamente [...] acho que

educar da mesma forma eu não vou conseguir, porque assim [...] não sei se eu agüentaria ficar 100% em casa hoje. A gente fala que é o ideal, mas eu não sei se hoje, nos dias em que a gente vive, se eu realmente pudesse abrir mão, ‘ah, não vou mais trabalhar’, não sei se eu conseguiria me dedicar 100%...”

(Natália); “...Hoje em dia, o assunto ecologia está na moda [...] mas,

antigamente não era e mesmo na época eu tive isso...” (Aléxia); “... eu vejo assim, que pra época, apesar de eu não ser super velha (risos), mas eu vejo que tem muita diferença [enfática]. Antigamente assim, o foco era mais a educação mesmo, a alfabetização, o respeito. E, hoje em dia não, hoje em dia não, já tem a questão do estímulo [...] as pessoas se conscientizaram de que não é só a parte formal da educação, mas que tem uma outra questão do estímulo, da interação entre as crianças [...] As crianças de hoje vivem em um mundo com muito mais estímulo do que na minha época [...] eu acho que eu fui estimulada, dentro do que havia de disponível para a época, e em tão pouco tempo mudou muito, nossa. É impressionante.” (Júlia).

As diferenças mencionadas pelas entrevistadas entre os contextos sócio-históricos parecem sugerir uma re-interpretação não somente do que receberam em suas infâncias em termos de valores ou de educação formal, mas também do modelo de disponibilidade materna ou feminino que lhes foi conferido quando crianças (como abordado por BLOCH e BUISSON, 1999). Natália, por exemplo, considera que o ideal seria o bebê ficar com a mãe em tempo integral, como ela mesma foi educada e cuidada, mas pondera que hoje, por estar inserida profissionalmente talvez não consiga se afastar de suas atividades para se dedicar “100%” (como ela mesma diz) ao seu bebê. Nesse caso, tem deixado seu bebê com uma babá, transferindo a norma da disponibilidade para outra pessoa também de sexo feminino. Por sua vez,

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Manuela, que foi educada/cuidada por sua avó e, posteriormente, por uma empregada, já que sua mãe trabalhava fora, revela seu desejo de manter-se mais presente junto ao seu bebê.

Além disso, alguns discursos maternos (como o de Júlia, o de Joana e o de Malu, por exemplo) revelam a percepção de que mudanças ocorreram também nas concepções de criança e de cuidados que devem ser proporcionados aos bebês. A preocupação em não ser rigorosa ao colocar limites, em propiciar estímulos, em brincar com seu bebê e possibilitar que ele possa interagir com outras crianças de mesma idade despontam como aquilo que algumas mães revelam ser importante oferecer ao bebê e que avaliam como tendo recebido pouco ou de modo diferente em suas infâncias.

Malu explicita a vontade de oferecer ao seu bebê o que avalia não ter sido possível receber em sua infância: “Tudo o que eu não tive, eu quero dar

para ele, o melhor. Por exemplo, um quartinho, um bercinho, todos os cuidados que uma criança tem hoje, todas as frescurinhas que tem hoje [...] Oferecer coisas boas que, graças a Deus, hoje, eu posso oferecer isso ao meu filho e que naquela época, minha mãe, infelizmente, não tinha como oferecer [...] eu falei ‘eu não vou ter um bebê aí, sem pai, de qualquer jeito’. Para mim, é muito importante a figura paterna porque eu também fui criada sem pai, então eu sofri por causa disso, fiquei meio revoltada e tal. E já com o pai presente, então falei ‘ele [bebê] vai ser feliz, ele vai ter vó [avó], vai ter vô [avô]’, tem duas vós [avós] e um vô [avô], e eu não tive porque eles já tinham morrido.”

As mães entrevistadas expressam, então, procurar manter o que consideram válido da educação que receberam, mas modificar o que acreditam não ser adequado à realidade atual de seus bebês e de suas famílias, ao mesmo tempo re-interpretando o modelo de disponibilidade materna e procurando adequá-lo aos seus momentos pessoais e profissionais. De forma geral, apreendemos, em seus discursos, um legado intergeracional relacionado, sobretudo, com a expressão do desejo de zelar pelo bem da criança, de educar e cuidar com amor, atenção e limites, de transmitir os valores familiares recebidos, de oferecer aos seus filhos as mesmas oportunidades e qualidade de ensino formal que receberam quando crianças.

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Quadro 19. Educação e cuidados recebidos pela entrevistada em sua infância Entrevistada/

Idade (em meses) e sexo do bebê

Freqüência à creche ou pré-

escola pública ou privada ingresso na Idade de creche ou pré- escola (em anos) Estudou em São Caetano? Pessoa responsável por sua educação e

cuidados

Mãe exercia atividade profissional quando a entrevistada era criança?

Joana

9/F Sim, freqüentou pré-escola pública 3 e ½, 4 Sim Mãe Mãe parou de trabalhar para cuidar dos filhos

Natália

3/F Sim, freqüentou pré-escola pública 4 Não Mãe Não

Aléxia

3 e ½/M Sim, freqüentou pré-escola pública “... fiz a pré-escola, que era o

prézinho, o parquinho que falava antes (risos)...”

De 6 para 7 Sim Mãe Não

Malu

3 e ½/M Sim, freqüentou pré-escola

“... a gente falava ‘parquinho’, que eram escolas em

fazendas.”

6 Não Mãe

Acompanhava a mãe em seu trabalho na roça

Sim

Beatriz

6/F Sim, freqüentou pré-escola pública “... o prézinho, jardim de infância era da Prefeitura.”

4 Sim Mãe Não

Manuela

3/M Sim, freqüentou pré-escola particular “... eu era bem pequena, bem pequenininha, não

lembro.”

Sim Avó até 1 ano de idade,

na casa da avó Empregada a partir de 1

ano de idade

Sim

Milena

11/M Sim, freqüentou pré-escola pública 6 Sim Mãe Não

Júlia

1 e ½ /M Sim, freqüentou pré-escola particular 5 Não Avó ajudava, às vezes, Mãe

mas não era uma ajuda constante

Mãe parou de trabalhar para cuidar dos filhos

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Quadro 20. Do que recebeu na infância, o que gostaria de manter ou alterar na educação e cuidado do bebê Entrevistada/

Idade (em meses) e sexo do bebê

Relatos sobre educação e cuidados recebidos O que gostaria de manter na educação do bebê ou transmitir para ele? O que gostaria de alterar na educação do bebê?

Joana

9/F Com a mãe se tem uma atenção maior Tem um lado negativo e um positivo

Com as irmãs, tinha com quem brincar, mas ficavam “... no nosso mundinho [...] não tem outras atividades que você acaba

desenvolvendo na escola.”

“... respeito, muito carinho, minha mãe ela tem a dose do carinho e a dose do limite que eu acho que isso é importante, você ter o limite na educação, que é uma coisa que a

criança precisa [enfática], mas ter o carinho também, que eu acho que isso é uma coisa que minha mãe passou pra gente e eu pretendo também passar para a minha filha, dar as noções de convivência, mas ter o amor também, porque, às vezes, você tem uma coisa muito rígida, mas não tem o carinho, o afeto que a criança também precisa. Eu acho que isso minha mãe passou e eu pretendo fazer isso com a minha

filha também.”

“... diferente do que eu tinha, é que ela [bebê] é filha única...” Quando é filho único a criança acaba ficando muito sozinha em casa, fica com manha, avó dá tudo na mão e o bebê

não aprende a dividir

Natália

3/F Mãe se dedicava integralmente aos filhos “... eu acho que tem algumas coisas que são importantes, assim a gente sempre tomou café junto, almoçou junto, jantávamos juntos, a lição de casa todo dia fazíamos juntos [...]

Então, são coisas que você vai [...] criando esse hábito e que [...]

foram muito importantes na minha educação [e que gostaria de manter ou preservar na educação da filha, ao menos um pouco].”

Acha que não conseguirá educar seu bebê da mesma forma que foi educada, porque não sabe se conseguiria se dedicar 100% ao bebê

nos dias atuais

Brincar mais com a criança, sentar no chão, rolar, ser mais relax, não ficar só cobrando ou

só focando a educação. O difícil é encontrar esse equilíbrio

Aléxia

3 e ½/M “...só tenho recordações muito boas, de felicidade mesmo [enfática], por mais que eu caía, machucava, porque eu [...] era muito levada [...] eu só tenho recordações excelentes. Eu não vejo a minha infância como triste. Não, muita brincadeira, por isso que eu falo que criança tem que brincar mesmo, a gente aprende brincando sim, [...]

para mim, a minha infância foi inesquecível.”

“... meus pais souberam muito bem educar os meus irmãos e a mim também [...] a gente é uma família que [...] não pode se queixar.”

“... são coisas que eu quero passar, assim, o brincar, o respeito, a consideração pelos outros, por si mesmo, pelo meio ambiente, sabe isso sempre foi muito passado pelos meus pais [...] então tenho que passar mais ainda para ele [bebê]. Então, em todos os aspectos, em termos de educação mais geral mesmo, em termos de respeito, de ser

uma criança feliz para ser um adulto feliz.”

“... a minha educação [...] tinha a repreensão, mas não pela punição e sim para você aprender o que é certo e o que é errado e é o que eu quero fazer com ele [bebê] da mesma forma. Se precisar dar bronca a gente dá, chamar uma atenção a gente chama,

para ele saber tudo como fazer.”

Como nunca apanhou dos pais, avalia que não precisa mudar nada em relação à

educação do filho

Malu 3 e ½/M

Mãe era rigorosa, mas também conversava bastante com a filha e cumpriu papel de mãe e de pai

“..naquela época a gente apanhava de chinelo, isso quando ela conseguia me pegar [...] Mas, a minha mãe é muito guerreira, muito lutadora, trabalhava muito na roça. e a partir dos 7 anos eu já sabia fazer comida, eu já sabia fazer tudo em casa e ai se eu não fizesse.”

Na época de sua infância não tinha tantos cuidados como as crianças têm hoje

“Minha mãe sempre conversava muito comigo e então isso eu também quero levar de conversar muito com ele.”

Quer manter a disciplina

“... a gente quer passar o melhor para ele e, é claro, que a questão da chinelada também, às vezes, até para disciplinar, a varinha né da sabedoria, isso talvez ainda valha à pena, tipo uma chineladinha no bumbum da criança não vai fazer mal, é lógico,

que você não vai espancar a criança, porque eu também não fui espancada (risos).”

O que não teve, o que puder, vai fazer pelo bebê

Quis que o bebê tivesse pai e avós, que vivesse uma situação familiar diferente da que

viveu na infância Beatriz

6/F acertado, não mudaria nada na minha educação e o fato de ter “Eu acredito que ter sido cuidada pela minha mãe foi o mais freqüentado a EMEI a partir dos 4 anos também foi o mais acertado,

pois acredito que para a criança é bom o convívio com outras.”

“Ah, mais os valores, ajudar a formar um bom caráter, formar com bons exemplos, não

discutir na frente dela.” tentaria fazer com que ela [bebê] possa ser “Acho que não [faria nada diferente], mas calma. Minha mãe era mais agitada e eu acho que eu acabei ficando também mais agitada e mais ansiosa. E isso não foi bom, porque a

gente acaba sofrendo também por ser ansiosa. Acho que minha mãe passou um pouco também de insegurança e não queria

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Continuação quadro 20. Do que recebeu na infância, o que pretende manter ou alterar na educação e cuidado do bebê Entrevistada/

Idade (em meses) e sexo do bebê

Relatos sobre educação e cuidados recebidos O que gostaria de manter na educação do bebê ou transmitir para ele? O que gostaria de alterar na educação do bebê?

Manuela

3/M “... eu era terrível! Eu odiava estudar, então meu pai e minha mãe me chantageavam com isso tipo, ‘você quer alguma coisa, então só se você tirar nota boa’...”

“[A educação recebida] foi ótima [...]. Meu pai era, quando a gente era mais nova, ele era um pouco ignorante no sentido de que ele achava que bater resolvia, então ele me deu umas palmadas [...] mas depois ele viu que não funcionava [...] Ele melhorou muito

assim, por isso que eu acho que bater não resolve nada. E a chantagem também era meio complicado, ele me chantageava com tudo, tudo, não me deixava fazer nada por causa das notas [...] Não

deu muito certo porque eu não estava nem aí, entendeu...”

“... eu vou fazer tudo para ele. No sentido de poder dar uma boa escola pra ele, sabe, não estou falando de mimar, de ficar dando coisinha, de ficar comprando a criança com

brinquedo, não, isso não, isso eu não gostaria de fazer. A minha mãe fala ‘é, você fala que não vai dar, quero ver na hora você falar não’, então, não sei como vai ser, mas eu quero ter condição, eu gostaria muito de ter condições de dar uma boa escola para ele, eu acho que viajar, fazer uma viagem de intercâmbio é super importante, eu fiz, [...] e

foi a melhor experiência da minha vida! [...] e gostaria que ele tivesse [...] eu quero estimular muito o crescimento dele, tudo o que eu puder fazer para estimular

a inteligência dele eu vou fazer [...] Eu não sei ainda o que que tem que fazer especificamente, mas o que eu tiver que fazer, eu vou fazer.”

“Não sei se eu faria assim [como os pais fizeram com ela] com o João. Mas, também, não posso largar. Se eu largar, eu vou fazer o que? ‘Ah, você não quer estudar, não estuda, problema seu’. Não dá, tem que estar em cima, tem que ter alguma forma de, não sei se

eu usaria esse método [chantagem] especificamente, mas alguma coisa eu ia

fazer, não sei o que.”

Ela gostaria de ser mais presente. Quando era pequena, a mãe tinha que trabalhar, mas ela

queria que a mãe ficasse com ela “...eu acho que eu quero estar bem presente

assim no crescimento dele. Já estou doida, imagina, com a minha sogra, imagina se ele fala ‘vó’ [avó] antes de mãe, aí eu me mato! (risos), aí eu largo o trabalho na mesma hora,

aí eu falo ‘chega, tchau, não quero mais’.” Milena

11/M acolhimento, atenção, proteção, tudo de bom. Minha mãe era um “Minha avaliação é 10 em termos realmente de aconchego, pouco rigorosa quanto às regras tudo, enfim cheia de tabus e preconceitos, mas isso eu carreguei para a minha vida assim eu

acho que também direciona, então o cuidado, muito cuidado [enfática], ela tinha muito isso e isso me ajudou.”

“Eu acho que de tudo um pouco eu levaria, talvez, um pouquinho mais de liberdade mesmo porque com a minha mãe sempre teve horário para chegar em casa [...] era assim a minha mãe que, às vezes, fazia papel de pai no sentido de, se bem que meu pai sempre foi rigoroso, mas assim, de colocar hora, atenção, obediência à professora

[enfática], sempre foi cheia de dedos. Então, isso eu levo, com menos intensidade talvez, talvez com um pouquinho mais de liberdade. Mas, assim o fato de acolhimento,

de estar junto para discutir, para aconselhar, para amparar, isso, amparo eu diria que foi tudo que a minha família deu [...] acho que o amparo é tudo.”

“... não tem nada que eu fale ‘não, isso eu não levaria para o meu filho’.” Comenta que quer colocar limites sendo um pouco menos rigorosa que os pais ou dando um pouco mais de liberdade ao seu filho

Júlia

1 e ½ /M “Minha mãe fala [...] ‘nossa, eu não conversava com vocês, porque não tinha ninguém pra falar pra gente, olha, converse com o seu bebê, a gente achava que dando de mamar, limpando, trocando e

pondo para dormir era o suficiente’ [...] Então não tinha mesmo o acesso a muita informação. [...]

“... essa questão do respeito, respeito com os mais velhos, esse carinho com os avós, [...] Uma coisa que eu recebi, mas acho que já mais velha e que também gostaria de passar para ele é essa questão ética [...] Tem uma coisa que eu não recebi dos meus

pais, mas que eu gostaria de passar para ele que é essa questão do ensino religioso que hoje é uma coisa importante na minha vida, mas [...] vai depender, é uma escolha

muito individual, então eu não sei que escolha ele vai fazer, mas eu vou tentar. Ah, e muito amor que eu recebi, que é o que eu quero passar para ele também, que ele se sinta amado, cuidado, valorizado, porque a gente sabe o quanto isso é importante.”

Também quer proporcionar ao filho uma boa educação, em boas escolas

“... eu acho assim que [transmitiria] as coisas com um pouco mais de equilíbrio, então, por