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As Posturas da Câmara Municipal do Recife no Período Imperial

No documento Posturas do Recife Imperial (páginas 176-189)

AS POSTURAS MUNICIPAIS DO RECIFE INTEGRANDO A LEGISLAÇÃO URBANA IMPERIAL

3.3 AS POSTURAS DO RECIFE DISCIPLINANDO O CORPO SOCIAL E O ESPAÇO DA CIDADE

3.3.2 As Posturas da Câmara Municipal do Recife no Período Imperial

A Lei de 1º de Outubro de 1828 constitui-se o marco referencial de todas as Câmaras Municipais do Brasil, no período imperial, conferindo uma certa homogeneidade às posturas municipais nos diversos municípios do país. Define suas atribuições e o modo de atuação e especifica, em seu artigo 66, todas as matérias que deveriam ser objeto de posturas, apresentando, praticamente, um modelo a ser seguido.

No quadro de formação da Nação brasileira, a definição dessas matérias das posturas municipais consolida, no seu sentido mais amplo, as posturas que vinham sendo impostas nas Câmaras dos municípios do Brasil Colônia, sob a égide das Ordenações do Reino português. Ao estabelecer com detalhe estas matérias para todos os municípios do Brasil Império, esta Lei, de um lado, consagra a tradição íbero-lusitana, que se perpetua por mais um século, até que a nova ordem moderna a substitui, e, de outro, confere certa unidade às posturas elaboradas nas diversas cidades brasileiras.

Mesmo mantendo as bases das posturas portuguesas na sua forma e na matéria a ser regulada, as posturas dos municípios brasileiros, ao longo do século XIX, vão, também, incorporando idéias modernizadoras, em pauta nos discursos da época. De certa forma, expressam, também, a dinâmica da cidade que regulamentam, ao estabelecer medidas que decorrem de necessidades locais. E é isso que, por outro lado, confere singularidade às posturas das distintas cidades do país.

347“Há muitos annos que se começou a fazer a plantação de arvores nas ruas e praças e cães, e entretanto ainda não há senão

poucos arvoredos em estado de prestarem auxilio que delles se deve esperar. Não é só a mortalidade devida á causas naturaes que prejudica essencialmente as arvores. O instinto de perversidade de uns, o orgulho, a ignorância de outros tem sido causa da perda de muitos arvoredos já crescidos...” wwwcrl.uchicago.Edu/info/Brazil/pindex.htm –Relatório

As medidas impostas por esses instrumentos normativos às Câmaras Municipais podem ser reunidas no âmbito da Polícia Urbana, onde se inserem a regulamentação sobre o espaço da cidade, no que se refere ao ordenamento físico, à higiene e à segurança pública; a organização das atividades urbanas, inclusive as atividades econômicas; e o disciplinamento do comportamento em via pública; e da Polícia Rural, onde se inserem os regulamentos sobre atividades rurais e preservação de mananciais, e outros bens.

É importante estabelecer um paralelo entre a Lei do Império do Brasil de 1º de Outubro de 1828, que vigorou ao longo de todo o período imperial, como Regulamento das Câmaras Municipais brasileiras, e os Códigos Administrativos de Portugal de 1836, 1842 e 1870, que, em seqüência, atualizaram as normas estabelecidas para as Câmaras Municipais portuguesas. Para efeito comparativo, foram reunidas as disposições que conferem atribuições às Câmaras Municipais, a partir das categorias de Polícia Urbana e Polícia Rural, apesar da abrangência da matéria regulamentada pelos incisos que especificam o artigo que define as competências municipais nas leis analisadas.

No âmbito da Polícia Urbana, as matérias contidas nos diversos códigos analisados, os quais definem o objeto de regulamentação das câmaras municipais, através de suas posturas, podem ser reunidas em:

x vias públicas e edificações, envolvendo alinhamento, conservação e reparos das vias

públicas locais e das estradas; e regulamentação das edificações;

‰Lei Imperial do Brasil de 1.10.1828, art. 66, incisos 1 e 6348;

‰Código Administrativo de Portugal de 1842, art. 120, inciso VII349; ‰Código Administrativo de Portugal de 1870, art. 119, inciso VII350;

que apresentou ao Exm. Presidente da Província em 27 de novembro de 1878 o Inspector de Saúde Pública Dr. Pedro de Attayde Lobo Moscoso. 1879, p.44]

348Lei de 1º de Outubro de 1828 (art. 66):

“1 - Alinhamento, limpeza, iluminação e desempachamento de ruas, cais e praças, conservação e reparos de muralhas feitas para segurança dos edifícios e prisões públicas, calçadas, pontes, fontes, aquedutos, chafarizes, poços, tanques e quaisquer outras construções em benefício comum dos habitantes, ou para decoro e ornamento das povoações;”

“6 – Sobre construção, reparo e conservação das estradas, caminhos, plantações de árvores para preservação dos seus limites à comunidades dos viajantes, e das que forem úteis para sustentação dos homens e dos animais, ou sirvam para fabricação de pólvora e outros objetos de defesa.” (Senado Federal. Constituições do Brasil. Brasília, 1996, p.42-43)

349Código Administrativo de 1842 (art. 120):(F.P.LANGHANS(1937 p. 180):

“VII – regular o prospecto dos edifícios dentro das povoações;”

350Código Administrativo de 1870 (art.119): (F.P.LANGHANS(1937 p. 197-202):

x higiene pública, envolvendo limpeza de vias públicas, esgotamento de pântanos, águas

estagnadas, localização de equipamentos que possam corromper o ar atmosférico - cemitérios, matadouros, curtumes e outros;

‰Lei Imperial do Brasil de 1.10.1828, art. 66, incisos 1 e 2351; ‰Código Administrativo de Portugal de 1836, art. 82, § 13352; ‰Código Administrativo de Portugal de 1842, art. 120, inciso IX353; ‰Código Administrativo de Portugal de 1870, art. 119, inciso IX354;

x segurança pública, envolvendo edificações em ruínas, lançamento de elementos em vias

públicas e divagação de pessoas ou animais que ameacem a segurança do transeunte;

‰Lei Imperial do Brasil de 1.10.1828, art. 66, inciso 3, 11355;

‰Código Administrativo de Portugal de 1836, art. 82, § § 19, 15, 16, 18, 17356;

‰Código Administrativo de Portugal de 1842, art. 120, incisos VIII, VI, IV, III, V357;

351Lei de 1º de Outubro de 1828 (art. 66):

“2 – Sobre o estabelecimento de cemitérios fora do recinto dos templos, conferindo a esse fim com a principal autoridade eclesiástica do lugar; sobre o esgotamento de pântanos e qualquer estagnação de águas infectas; sobre a economia e asseio dos currais e matadouros públicos; sobre a colocação de curtumes; sobre os depósitos de imundices e quanto possa alterar e corromper a salubridade da atmosfera.” (Senado Federal. Constituições do Brasil. Brasília, 1996, p.42-43)

352Código Administrativo de 1836 (art. 82): (F.P.LANGHANS(1937 p. 175):

“§ 13 – Prover sobre a limpeza das ruas, praças, cães, boqueirões, canos e despejos públicos não consentindo que se deturpem as ruas, nem que se conservem nelas objetos que estorvem o livre trânsito.”

353 Código Administrativo de 1842 (art. 120):(F.P.LANGHANS(1937 p. 180):

“ IX – para prover a conservação e limpeza das ruas, praças, cais, boqueirões, canos e despejos públicos;”

354Código Administrativo de 1870 (art.119): (F.P.LANGHANS(1937 p. 197-202):

“IX – Para prever a conservação e limpeza das ruas, cais, boqueirões, canos e despejos públicos;

355Lei de 1º de Outubro de 1828 (art. 66):

“3 – Sobre edifícios ruinosos, escavações e precipícios nas vizinhanças das povoações; mandando-lhes pôr divisas para advertir os que transitam; suspensão e lançamento de corpos, que possam prejudicar ou enxovalhar aos viadantes; cautela contra o perigo proveniente da divagação dos loucos, embriagados, de animais ferozes ou danados e daqueles que, correndo, podem incomodar os habitantes, providências para acautelar e atalhar os incêndios.”

“11 – Excetua-se a venda da pólvora e de todos os gêneros suscetíveis de explosões e fabricos de fogos de artifício, que pelo seu perigo só se poderão vender, e fazer nos lugares marcados pelas Câmaras e fora do povoado, para o que se fará a conveniente postura, que imponha condenação aos que a contravierem.” (Senado Federal. Constituições do Brasil. Brasília, 1996, p.42-43)

356Código Administrativo de 1836 (art. 82): (F.P.LANGHANS(1937 p. 175):

“§ 19 – Mandar demolir edifícios particulares que pelo seu estado de ruína ameacem desastre, ou se tornem prejudiciais às propriedades vizinhas, precedendo vistoria que prove a necessidades da demolição.

§ 15 – Vigiar que nas janelas, telhados, varandas, etc. se não coloquem vasos ou outros quais quer objetos que possam desempenhar-se, e maltratar os que transitam pelas ruas.

§ 16 – Proibir a divagação avulsa de animais imundos e daninhos, ou aves domésticas pelas ruas, que possam ser nocivos à saúde pública, ou à conservação das calçadas e aceio delas.

§ 18 – Publicar regulamentos relativos ao deposito e guarda de combustíveis para o consumo dos habitantes; bem como para a limpeza de chaminés e fornos, a-fim-de se evitarem incêndios.

§ 17 – Inibir o estabelecimento, dentro das povoações, de fábricas cujas manufacturas produzam maus cheiros e infeccionem o ar com risco da saúde dos moradores; e bem assim a venda de pólvora e a fabricação de fogos de artifício sujeita a explosões e incêndios.”

357Código Administrativo de 1842 (art. 120):(F.P.LANGHANS(1937 p. 180):

VIII – para ordenar a demolição dos edifícios arruinados que ameaçam a segurança dos indivíduos ou das propriedades, precedendo vistoria e as formalidades legais;

‰Código Administrativo de Portugal de 1870, art. 119, incisos VIII, VI, V, IV, XI358; x economia urbana, envolvendo a polícia das feiras e mercados e a realização destes; a

disciplina das transações comerciais, fixando a hora e o local de vendas para certos produtos; a proibição do atravessamento ou açambarcamento de gêneros; a fiscalização dos gêneros alimentícios, dos pesos e medidas e a sua aferição; o exercício de determinadas profissões de utilidade coletiva; e certos usos e costumes locais relacionados com a atividade econômica; e

‰Lei Imperial do Brasil de 1.10.1828, art. 66, incisos 7, 8, 9, 10359; ‰Código Administrativo de Portugal de 1836, art. 82, § 14360;

‰Código Administrativo de Portugal de 1842, art. 120, incisos I, II361; ‰Código Administrativo de Portugal de 1870, art. 119, incisos I, III, X362;

IV – para impedir a divagação pelas ruas de animais que possam ser nocivos à saúde publica ou à conservação e aceio das calçadas;

III – para regular o deposito e guarda de combustíveis, e a limpeza das chaminés e fornos; V – para proibir dentro das povoações quaisquer estabelecimentos insalubres e perigosos;

358Código Administrativo de 1870 (art.119): (F.P.LANGHANS(1937 p. 197-202):

VIII – Para ordenar a demolição dos edifícios arruinados que puserem em risco a segurança dos indivíduos ou das propriedades, precedendo vistoria e as mais formalidades legais, nos termos da legislação em vigor;

VI – Para impedir que nas janelas, telhados, varandas e semelhantes se coloquem objetos que ponham em risco a segurança dos cidadãos;

V – Para impedir a divagação pelas ruas de animais, que possam ser nocivos à saúde pública ou à conservação e asseio das calçadas;

IV – Para regular a limpeza das chaminés e fornos e o serviço para a extinção de incêndios e contra inundações;

XI – Para regular a polícia dos estabelecimentos insalubres, incômodos e perigosos que não estiverem regulados por disposição geral;

359Lei de 1º de Outubro de 1828 (art. 66):

“7 – Proverão sobre lugares, onde pastem e descansem os gados para consumo diário enquanto os conselhos os não tiverem próprios.

8 – Protegerão os criadores e todas as pessoas que trouxerem seus gados para os venderem, contra quaisquer opressões dos empregados dos registros, e currais dos Conselhos aonde os haja, ou dos marchantes e mercadores deste gênero, castigando com multas e prisão, nos termos do título terceiro, art. 71, os que lhes fizerem vexames e acintes para os desviarem do mercado.

9 – Só nos matadouros públicos ou particulares, com licença das Câmaras, se poderão matar e esquartejar as reses; e calculando o arrombamento de cada uma rês, estando presentes os Exatores dos direitos impostos sobre a carne, permitir- se-á aos donos dos gados conduzi-los depois de esquartejados, e vende-los pelos preços que quiserem e onde bem lhes convier, contanto que o façam em lugares patentes, em que a câmara possam fiscalizar a limpeza e salubridade dos talhos e da carne, assim como a fidelidade dos pesos.

10 – Proverão igualmente sobre a comodidade das feiras e mercados, a bastança e salubridade de todos os mantimentos e outros objetos expostos à venda pública, tendo balança de ver o peso e padrões de todos os pesos e medidas para se regularem as aferições; e sobre quanto possa favorecer a agricultura, comércio e indústria dos seus distritos, abstendo-se absolutamente de tachar os preços dos gêneros, ou de lhes pôr outras restrições à ampla liberdade, que compete a seus donos.” (Senado Federal. Constituições do Brasil. Brasília, 1996, p.42-43)

360Código Administrativo de 1836 (art. 82): (F.P.LANGHANS(1937 p. 175):

“§ 14 – Formar regulamentos para a boa ordem e política no embarque e desembarque de pessoas e gêneros nos cães; bem como para os vendilhões e adelos estacionados em praças, ou que andam avulsos pelas ruas.”

361Código Administrativo de 1842 (art. 120):(F.P.LANGHANS(1937 p. 180):

“I - para regular a boa ordem e policia no embarque e desembarque de pessoas e gêneros nos cais. A Camara não pode intrometer-se, por maneira alguma, na policia e navegação dos portos e dos rios;

II – para regular a polícia dos vendilhões e adelos ou sejam ambulantes ou tenham lugares fixos;

x costumes, envolvendo aos atos praticados em sociedade, relacionados a usos e hábitos que

possam ferir a integridade moral do cidadão urbano.

‰Lei Imperial do Brasil de 1.10.1828, art. 66, incisos 4, 12363;

No âmbito da Polícia Rural, as atividades envolvem a proteção e a cultura de arvoredos e produtos agrícolas; os regulamentos sobre trabalhos agrícolas, sobre caça, gado, regime das águas; e outros relacionados às atividades rurais.

‰Lei Imperial do Brasil de 1.10.1828, art. 66, inciso 5364;

‰Código Administrativo de Portugal de 1870, art. 119, incisos II, XII365;

Analisando as posturas estabelecidas, a partir da regência dessas leis, a evidência da transmissão da tradição portuguesa para as posturas das cidades brasileiras se torna ainda mais clara, como se pode verificar nos exemplos abaixo citados. No âmbito da Polícia Urbana, foram destacadas posturas que dizem respeito a:

x vias públicas e edificações: posturas que determinam não fazer rebaixos ou elevar o piso

das calçadas na entrada das portas, sob pena de multa, além da reparação, que teria de ser feita à custa do proprietário;

Recife,

Brasil, 1839 “No prazo de três meses depois da publicação da presente Posturas, todos os Proprietarios de Predios urbanos concertarão os passeios de suas casas (vulgar, e abusivanmente denominadas calçadas) ... esses passeios guardarão todos, o mesmo nivelamento, demolidos por consequencia todos os batentes ...”366

Rio de Janeiro, Brasil, 1830

“Todos os proprietários, que edificarem, serão obrigados a calçarem a sua testada com lages na largura de 6 palmos, segundo o mesmo nivelamento da rua, sem poderem calçar-se acima deste nivelamento...

As calçadas, que ora se achare, feitas ... serão rebaixadas por seus donos ...367

“I – Para regular a polícia dos cais e das águas não navegáveis nem flutuáveis; das estradas, dos campos, da caça e da pesca, nos termos estabelecidos no Código Civil e mais legislação em vigor;

III – Para regular a polícia dos vendilhões e adelos, ou sejam ambulantes ou tenham lugar fixo; X – Para regular a polícia das feiras e mercados;

363Lei de 1º de Outubro de 1828 (art. 66):

“4 – Sobre as vozerias nas ruas em horas de silêncio, em júris e obscenidades contra a moral pública.”

“12 – Poderão autorizar espetáculos públicos nas ruas, praças e arraiais, uma vez que não ofendem à moral pública, mediante alguma módica gratificação para as rendas do Conselho, que fixarão por suas posturas.” (Senado Federal.

Constituições do Brasil. Brasília, 1996, p.42-43) 364Lei de 1º de Outubro de 1828 (art. 66):

“5 – Sobre os daninhos e os que trazem gado solto sem pastor em lugares aonde possam causar qualquer prejuízo aos habitantes ou lavouras, extirpação de répteis, venenosos ou de quaisquer animais e insetos devoradores das plantas; e, sobretudo, o mais que diz respeito à polícia.”(Senado Federal. Constituições do Brasil. Brasília, 1996, p.42-43)

365Código Administrativo de 1870 (art.119): (F.P.LANGHANS(1937 p. 197-202):

“II – Para regular o regime e polícia das águas;

XII – Para regular o uso da pesca e da caça e cobrança das respectivas taxas.”

366 CMR. Posturas Addicionais (05.12.1839) Polícia das Ruas. Art.3º. APEJE. Manuscritos: Correspondência da CMR ao PP. SÉRIE CM – Câmara Municipal. RECIFE: LIVRO 18 - Página 71 a 76verso

(25.11.1839)

367 CMRJ. Posturas da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. 4.10.1830, S.2, T..1,. §§ 12.13. p.20.

Lisboa,

Portugal, 1886 “...para nenhum fim fazer rebaixos ou crescidos, nos passeios ou nas calçadas, à entrada de qualquer porta”.368

x higiene pública: posturas que visam a higiene das vias públicas:

‰obrigando os moradores a varrerem as ruas na frente das suas habitações, bem como a

trazerem sempre limpas as testadas de seus prédios, consolidando, assim, um antigo costume de Portugal369:

Recife,

Brasil, 1839 seis horas da manhã a faserem varrer as suas testadas, e conduzir as varreduras... á “Todos os mais ocupadores de prédios urbanos serão obrigados nos Domingos até as excepção d’aquelles, q. se acharem substabellecidos na conformidade do mesmo artigo anterior, e soffrerão a pena ali estabelecida os contraventores.”370

Sant’Ana de Parnaíba371,

Brasil, 1830

“Todos os moradores na Villa e Freguesias do termo terão as testadas de suas cazas limpas sob pena de trezentos reis por cada vez que o não fizer sendo avizado pólo Fiscal, e o Serviço sera feito a sua custa.”372

Aljustrel,

Portugal, 1841 (Os moradores são obrigados) “... a mandar varrer as ruas, na frente das suas habitações, e sempre que a câmara mandar por pregão público com a pena cada morador 500 reis” 373

Peniche,

Portugal, 1843 “Todos os moradores desta vila devem pôr todo o cuidado em trazer sempre limpas as testadas respectivas, tanto das casas em que morarem como de quaisquer outras que lhes pertençam; por exemplo, armazéns, celeiros, adegas, lagares, cavalheriças, currais, quintais, e cercas dentro da vila; e pelo menos, as deverão fazer varrer todos os sábados, além disto as deverão varrer em véspera de procissões todos os que tiverem testadas nas ruas do seu trânsito, e quem for negligente na observância desta postura pagará de multa 300 reis”.374

‰proibindo o despejo nas vias publicas de qualquer objeto que pelo seu mau cheiro ou

qualidades nocivas pudesse incomodar ou danificar a saúde publica; Recife,

Brasil, 1849 “Nenhum morador lançará, nem mandará lançar nas ruas, ou lugares publicos que não fôrem para este fim designados, lixos, immundices, ou qualquer cousa que possa incommodar, ou causar damno ao publico: os infractores serão multados em 2,000 rs.”375

Pampilhosa da Serra, Portugal, 1868

(Fica proibida) “...a projeção ou despejo nas ruas públicas de quaisquer objetos que pelo seu mau cheiro ou qualidades nocivas possam incomodar ou danificar a saúde pública, como animais mortos, estrumeiras, etc.” 376

368 Código de Lisboa, de 1886 (Art. 15): Citado por F.P.LANGHANS(1937 p. 304)

369 Segundo F.P.LANGHANS (1937), esse velho costume português foi consolidado nas posturas, até que a

jurisprudência do século XIX o declarou ilegal. Contudo o costume manteve-se, mesmo em Lisboa, principalmente nas ruas da Baixa, onde os lojistas continuam a varrer as testadas dos seus estabelecimentos.

370 CMR. Posturas Addicionais (05.12.1839) Polícia Sanitária ... Art. 7º. [APEJE. Manuscritos: Correspondência da CMR ao PP. SÉRIE CM – Câmara Municipal. RECIFE: LIVRO 18 - Página 71 a

76 verso (25.11.1839)

371 Sant’Ana de Parnaíba é uma cidade paulista, situada às margens do Rio Tietê, fundada em 1625. 372Código de Posturas de Santana de Parnaíba. 1830. Art.24 [A.P.CANABRAVA (1949, p. 54)] 373Código de Aljustrel, de 1841 (Postura n.º 5):. Citado por F.P.LANGHANS (1937 p. 305) 374Código de Peniche, de 1843 (Postura n.º 6): Citado por F.P.LANGHANS(1937 p. 305)

375 CMR. Posturas do Recife (14.07.1849) Título III. Art.3º. [FJN. Microfilme. Diário de Pernambuco, 03.08.1849, n.º 170, pag.2 (Títulos I a VII) e 04.08.1849, n.º 171, pags. 1-2

x segurança pública: posturas envolvendo aspectos, que tratam sobre os atos que podem

pôr em risco a segurança dos indivíduos:

‰dispondo que a Câmara deverá intimar o proprietário a demolir os edifícios que

ameacem a ruir, bem como demolir os balcões, alpendres, passadiços, varandas ou quaisquer construções nas ruas e travessas, sem a necessária licença;

Recife,

Brasil, 1849 “Todo o edificio, muros e tapamentos, de qualquer natureza, que se acharem em estado de ameaçar ruina, serão demolidos á custa do proprietario, procedendo o fiscal o prompto exame por dous peritos a fim de conhecer se cumpre demoli-los, ou repara-los, e, feito o termo de exame á custa do mesmo proprietario, avisará a este para proceder logo á demolição, ou reparo no prazo determinado no mesmo termo; e, findo este, será o dito dono, procurador, ou depositario multado em 10,000 rs., e o mesmo fiscal avisará ao procurador da camara para fazer a demolição, ou reparo á custa do proprietario.377

Rio de Janeiro,

Brasil, 1830 “Todo o edificio, muro, ou tapamento, de qualquer natureza que seja, que se apresentar no estado de ameaçar ruina ao publico, ou particular, será demolido á custa do proprietario, quando do exame do Fiscal respectivo com dous peritos, se decidir que não admitte reparo...”378,

Sant’Ana de Parnaíba,

Brasil, 1830

“Todo o edifício, muro ou tapagem que a measar ruína ao publico ou aparticular sera obrigado odomno ademoli submulta detrez mil reis.”379

Pampilhosa da Serra, Portugal, 1868

“Quando algum edifício, parede ou comoro ameaçar ruina, ou pelo seu estado se conhecer, que pode prejudicar os visinhos ou o público, deve a câmara ou por si dentro da vila, ou pelos zeladores nas outras povoações, fazer intimar o proprietário para demolir a construção ruinosa, sob pena de pagar a multa de 1.00 reis e fazer a demolição à sua custa. Na mesma pena incorrem aqueles que sem a necessária licença fizerem balcões, alpendres, passadiços, varandas, latadas ou quaisquer construções de igual natureza, tanto nas ruas como nas travessas e estradas, bem como aqueles que de alguma forma danificarem os leitos das mesmas ruas, travessas e estradas.” 380

‰proibindo a venda de pólvora nas povoações, bem como o disparo de armas de fogo, a

não ser em defesa da própria casa; Recife,

Brasil, 1849

“Fica prohibida a venda de polvora e tambem o fabrica de fogos artificiaes dentro da cidade: os infractores serão multados em 2,000 rs. A camara municipal designará nos

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