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AS TERRAS FLUVIAIS

No documento O Mundo de Gelo e Fogo (páginas 170-175)

MUITA HISTÓRIA ‒ repleta de glória e tragédia ‒ tem ocorrido nas terras banhadas pelo rio Tridente e seus três grandes afluentes.

Estendendo-se do Gargalo até as margens da Água Negra, e a leste até a fronteira do Vale, as terras fluviais são o coração pulsante de Westeros. Nenhuma outra terra nos Sete Reinos viu tantas batalhas nem tantos reis pequenos e casas reais se erguerem e caírem. As causas disso são claras. Ricas e férteis, as terras fluviais fazem fronteira com todos os reinos dos Sete Reinos, exceto Dorne, mas têm poucos limites naturais para deter invasões. As águas do Tridente tornam as terras propícias para colonização, plantações e conquistas, enquanto os três ramos do rio estimu- lam o comércio e as viagens na época de paz, e servem tanto de estradas quanto de barreiras nos períodos de guer- ra.

Os três ramos do Tridente dão às terras fluviais seus nomes: o Ramo Vermelho, colorido pela lama e pelo lodo que descem das montanhas ocidentais; o Ramo Verde, cujas águas cheias de musgo emergem dos pântanos do Gar- galo; e o Ramo Azul, chamado assim pela pureza de suas águas cintilantes, alimentadas pela nascente. Suas águas amplas são estradas pelas quais as mercadorias passam pelas terras fluviais, e não é incomum ver filas de barbaças que se estendem por mais de um quilômetro. Nunca existiu uma cidade nas terras fluviais, por mais estranho que isso seja (embora grandes vilas mercantis sejam comuns), provavelmente por causa da história turbulenta da região e uma tendência dos reis do passado de recusar os alvarás que dariam a Salinas, à Vila de Lorde Harroway e à Fei- rajusta licença para se expandirem.

Durante os longos séculos em que os Primeiros Homens reinaram supremos em Westeros, incontáveis reinos de pouca importância se ergueram e caíram nas terras fluviais. Suas histórias, entrelaçadas e embelezadas com mitos e canções, estão em grande parte esquecidas, exceto pelos nomes de alguns reis e heróis lendários cujos feitos estão registrados em pedras desgastadas, em runas cujos significados são até agora discutidos na Cidadela. Assim, en- quanto cantores e contadores de histórias podem nos deliciar com contos pitorescos de Artos, o Forte, Florian, o Tolo, Nove-Dedos Jack, Sharra, a Rainha Bruxa, e o Rei Verde do Olho de Deus, a própria existência de tais per- sonagens deve ser questionada pelo erudito sério.

A história verdadeira das terras fluviais começa com a chegada dos ândalos. Depois de cruzar o mar estreito e dominar o Vale, esses conquistadores do leste seguiram em frente para tomar mais terras, navegando com seus dracares pelo Tridente e seus três grandes ramos. Naqueles dias, parece que os ândalos lutavam em grupos que seguiam líderes que, mais tarde, os septões chamariam de reis. Pedaço por pedaço, eles invadiram os vários reinos menores que eram regados pelos rios.

As canções nos falam dos anos da Queda de Lagoa da Donzela e da morte de seu rei menino, Florian, o Bravo, Quinto de Seu Nome; do Charco da Viúva, onde os três filhos de Lorde Darry detiveram o senhor da guerra ândalo, Vorian Vypren, e seus cavaleiros por um dia e uma noite, matando centenas antes de caírem; da noite no Bosque Branco, onde supostamente os filhos da floresta emergiram de um buraco na colina para mandar centenas de lobos contra o acampamento ândalo, destroçando centenas de homens sob a luz da lua crescente; da grande batalha do Rio Amargo, na qual os Bracken de Barreira de Pedra e os Blackwood de Solar de Corvarbor fizeram causa comum contra os invasores, só para serem destruídos pelo ataque de 777 cavaleiros ândalos e sete septões usando a estrela de sete pontas da Fé em seus escudos.

A estrela de sete pontas estava em todos os lugares em que os ândalos iam, colocada diante deles em escudos e estandartes, bordada em seus sobretudos, algumas vezes gravada na própria carne. Em seu ardor pelos Sete, os conquistadores olhavam para os antigos deuses dos Primeiros Homens e dos filhos da floresta como pouco mais do

A importância do Tridente para a região nunca foi tão clara do que quando o rei Harwyn Hoare, avô de Harren, o Negro, lutou pelas terras fluviais com o Rei da Tempestade Arrec. Os saqueadores nascidos no ferro conse- guiram dominar os rios e usá-los como meio para transportar exércitos rapidamente entre fortalezas e campos de batalhas distantes. O Rei da Tempestade sofreu sua pior derrota na travessia do Ramo Azul, perto de Feira- justa, onde os dracares provaram ser decisivos ao permitir que os nascidos no ferro dominassem a travessia mesmo diante de números superiores de Arrec.

que demônios, e caíam sobre os bosques de represeiros sagrados com aço e fogo, destruindo as grandes árvores brancas onde quer que as encontrassem e destroçando os rostos esculpidos.

O grande monte chamado Coração Alto era especialmente sagrado para os Primeiros Homens, como fora para os filhos da floresta antes deles. Coroado por um bosque de represeiros gigantes, antigos como nenhum outro visto nos Sete Reinos, Coração Alto ainda era morada dos filhos da floresta e de seus videntes verdes. Quando o rei ân- dalo Erreg, o Assassino de Parentes, cercou o monte, os filhos saíram para defendê-lo, convocando nuvens de cor- vos e exércitos de lobos... pelo menos é o que as lendas dizem. Mas nem dentes nem garras foram páreo para os machados de aço dos ândalos, que massacraram os videntes verdes, os animais e os Primeiros Homens, e ergueram ao lado de Coração Alto uma pilha de cadáveres com quase metade da altura do monte... ou pelo menos é no que os cantores querem que acreditemos.

A História Verdadeira sugere outra coisa, insistindo que os filhos abandonaram as terras fluviais muito antes que os ândalos cruzassem o mar estreito. Mas o que quer que tenha acontecido, o bosque foi destruído. Hoje, ape- nas tocos apodrecidos permanecem onde antes estavam os represeiros.

O penúltimo e maior dos reis do rio a se opor aos ândalos foi Tristifer IV da Casa Mudd, o Martelo da Justiça, que governava de um grande castelo chamado Pedravelhas, em uma colina na margem do Ramo Azul. Os cantores nos contam que ele lutou uma centena de batalhas contra os invasores e venceu noventa e nove delas, só caindo na centésima, quando seguiu para a guerra contra uma aliança de sete reis ândalos. Parece conveniente que haja sete reis nas canções; provavelmente é outro conto inventado pelos septões como uma lição de devoção.

Antes dos Mudd, havia outros reis quase tão poderosos. Algumas crônicas dizem que os Fisher foram a primeira e mais antiga linhagem dos reis do rio (em outras, eles são relatados como sendo uma segunda dinastia, e os frag- mentários Anais dos Rios, do antigo septo de Peasedale, sugerem que eram uma terceira). Tanto os Blackwood quanto os Bracken afirmam terem governado as terras fluviais em vários momentos durante a Era dos Heróis.

Os Mudd conseguiram unificar mais das terras fluviais do que qualquer outro de seus predecessores, mas seu reinado não durou muito. O Martelo da Justiça foi sucedido por seu filho, Tristifer V, ou Tristifer, o Último, que se provou incapaz de conter a maré ândala e também falhou em manter seu próprio povo unido.

Os reis ândalos que conquistaram Pedravelhas e mataram Tristifer, o Último, se casaram com o que restava da nobreza dos Primeiros Homens e massacraram aqueles que não dobraram o joelho. Povo guerreiro e briguento, os ândalos dividiram as terras fluviais entre si. O sangue dos últimos reis dos Primeiros Homens mal tinha secado antes que os conquistadores ândalos começassem a guerrear uns com os outros pelo domínio da região. Embora mais de um senhor tenha se autodenominado Rei dos Rios e das Colinas ou Rei do Tridente, séculos se passariam antes que algum desses monarcas insignificantes tivesse influência suficiente nas terras fluviais para ser digno do título.

O primeiro dos reis ândalos a colocar todas as terras fluviais sob seu domínio foi um bastardo nascido de um encontro entre dois antigos inimigos, os Blackwood e os Bracken46. Enquanto menino, ele era Benedict Rivers, desprezado por todos, mas cresceu para se tornar o maior guerreiro de sua época, Sor Benedict, o Ousado. Suas proezas em batalha lhe garantiram o apoio tanto da casa de sua mãe quanto de seu pai, e logo outros senhores do rio dobraram os joelhos para ele também. Foram necessários mais de trinta anos para que Benedict expulsasse o último rei menor do Tridente. Só quando o último deles se rendeu, ele passou a usar a coroa.

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Benedict Rivers fundou a Casa Justman e é relatado, na página 152 da edição física, tanto no livro nacional quanto na versão estrangeira, que a casa recém-fundada está indicada para ter sido uma casa ândala, mas, no capítulo sobre as Ilhas de Ferro, a Casa Justman está referenciada como uma casa dos Primeiros Homens (pelo motivo dos pais de Benedict serem das casas Blackwood e Bracken). A resposta dos autores do livro sobre essa contradição foi: “[...] A linha vem de George que sugere

que ele era um rei ândalo... mas, logo depois, ele contradiz isso apontando que Benedict, o Ousado, era meio Blackwood e meio Bracken, ambas casas dos Primeiros Homens. O que ele deve ter querido dizer era que ele foi o primeiro rei que seguiu os Sete a unificar as terras fluviais, com os outros pequenos reis ândalos antes dele que só lutavam por um ou outro de seus pequenos reinos. Será ajustado em edições futuras”.

Ainda que o nome de Erreg seja um dos mais negros nas histórias antigas, é possível se perguntar se ele chegou a existir de verdade. O Arquimeistre Perestan sugeriu que Erreg poderia, de fato, ser uma corruptela de um título ândalo e não um nome realmente. Perestan ainda vai além em sua Uma Consideração sobre a História, sugerindo que este líder anônimo ândalo cortou as árvores a mando de um rival do rei do rio, que usava ânda- los como mercenários.

Como rei, ele se tornou conhecido como Bene- dict, o Justo, um nome que o agradava que ele deixou o nome bastardo de lado e passou a usar Justman como nome de sua casa. Tão sábio quanto severo, reinou por vinte e três anos, estendendo seus domí- nios até Lagoa da Donzela e o Gargalo. Seu filho, outro Benedict, reinou por sessenta anos e acrescen- tou Valdocaso, Rosby e a foz da Água Negra ao rei- no do rio.

A Casa Justman governou as terras fluviais por quase três séculos, as crônicas nos dizem. Sua linha- gem foi encerrada quando Qhored Hoare, rei das Ilhas de Ferro, assassinou os filhos do rei Bernarr II enquanto os mantinha cativos em Pyke. O pai deles não sobreviveu muito tempo depois disso, incitado a uma guerra desesperada por vingança contra os nas- cidos no ferro.

Outro período de anarquia e derramamento de sangue se seguiu. O reino que Benedict, o Ousado, tecera foi dilacerado mais uma vez, e cem anos de

conflitos viram reis de menor importância das casas Blackwood, Bracken, Vance, Mallister, e Charlton brigarem uns com os outros por supremacia.

O vencedor improvável dessas disputas foi Lorde Torrence Teague, um aventureiro de nascimento incerto que apreendeu uma fortuna em ouro em um ataque ousado nas terras ocidentais e usou a riqueza para trazer mercená- rios do outro lado do mar estreito em grandes quantidades. Todos guerreiros experientes, as lâminas dos mercená- rios fizeram a diferença, e Teague foi coroado rei do Tridente em Lagoa da Donzela depois de seis longos anos de guerra.

Dizem, no entanto, que nem o rei Torrence nem seus herdeiros alguma vez se sentaram com segurança em seus tronos. Os Teague eram tão pouco amados por aqueles a quem governavam que eram obrigados a manter filhos e filhas de todas as grandes casas do Tridente em sua corte como reféns, para o caso de traição. Mesmo assim, o quarto monarca Teague, rei Theo, Dor de Sela, passou todo o reinado a cavalo, levando seus cavaleiros de uma rebelião para a seguinte enquanto enforcava reféns em cada árvore.

Assim como os Primeiros Homens, as dinastias dos reis do rio ândalos com frequência tiveram vida curta, pois inimigos cercavam seus reinos por todos os lados. Homens de ferro das ilhas atacavam a costa a oeste, enquanto piratas dos Degraus e das Três Irmãs faziam o mesmo a leste. Homens das terras ocidentais desciam as colinas pelo Ramo Vermelho para pilhar e conquistar, e tribos selvagens emergiam das Montanhas da Lua para queimar, roubar e sequestrar as mulheres. Do sudoeste, os senhores da Campina mandavam colunas de cavaleiros de ferro atraves- sar a Água Negra sempre que tinham vontade; ao sudeste estavam os domínios dos Reis da Tempestade, sempre ávidos por ouro e glória.

Em toda a longa história do Tridente, sob centenas de governantes, dificilmente houve um tempo em que o povo do rio não estava em guerra com pelo menos um de seus vizinhos. Algumas vezes, eram obrigados a lutar em duas ou até mesmo três frentes ao mesmo tempo. Pior ainda, poucos reis do rio conseguiram desfrutar do apoio total de seus próprios senhores vassalos. Lembranças de antigos erros e traições passadas não eram deixadas de lado pelos senhores do Tridente, cujas inimizades corriam tão profundas quanto os rios que banhavam suas terras. De tempos em tempos, um ou mais desses senhores do rio se unia a algum invasor contra seu próprio rei; de fato, em alguns casos, era os próprios senhores quem traziam pessoas de fora às terras fluviais, oferecendo propriedades, ouro ou filhas pela ajuda contra inimigos da família.

Muitos reis do rio foram derrubados por tais alianças, e cada nova batalha só servia para preparar o cenário para outra na sequência. Em retrospectiva, é claro ver que era só questão de tempo até que um dos invasores resolvesse ficar e reivindicar as terras fluviais para si.

O primeiro a fazer isso foi o Rei da Tempestade, Arlan III Durrandon.

Humfrey da Casa Teague era Rei dos Rios e das Colinas naqueles dias. Governante piedoso, fundou muitos sep- tos e casas da Mãe pelas terras fluviais e tentou reprimir a adoração aos antigos deuses em seu reino.

Isso fez que Corvarbor se erguesse contra ele, pois os Blackwood nunca aceitaram os Sete. Os Vance de Atranta e os Tully de Correrrio se juntaram a eles em rebelião. O rei Humfrey e seus partidários, apoiados pelas Espadas e pelas Estrelas da Fé Militante, estavam a ponto de esmagá-los quando Lorde Roderick Blackwood pediu ajuda a Ponta Tempestade. Sua senhoria estava ligado à Casa Durrandon por casamento, pois o rei Arlan tomara uma das filhas de Lorde Roderick como esposa, casando-se com ela segundo os antigos rituais, sob o grande represeiro mor- to no bosque sagrado de Corvarbor.

Arlan III foi rápido em responder. Convocando seus vassalos, o Rei da Tempestade levou um grande exército através da Água Negra, derrotando o rei Humfrey e seus partidários em uma série de batalhas sangrentas e erguen- do o cerco em Corvarbor. Roderick Blackwood e Elston Tully morreram na batalha, juntamente com os lordes Bracken, Darry, Smallwood e os dois Lordes Vance. O rei Humfrey, seu irmão e campeão, Sor Damon, e seus fi- lhos Humfrey, Hollis e Tyler pereceram na batalha final da campanha, um turbilhão sangrento lutado sob duas co- linas chamadas Tetas da Mãe, uma terra reivindicada tanto pelos Blackwood quanto pelos Bracken.

Está escrito que o rei Humfrey foi o primeiro a morrer naquele dia. Seu herdeiro, o príncipe Humfrey, pegou sua coroa e espada, mas morreu pouco tempo depois, após o que o segundo filho, Hollis, fez o mesmo, só para ser mor- to também. Dessa forma, a coroa ensanguentada do último rei do rio passou de um filho para outro, e, finalmente, para o irmão do rei Humfrey, tudo no espaço de uma única batalha. Quando o sol se pôs, a Casa Teague fora com- pletamente extinta, juntamente com o Reino dos Rios e das Colinas. A batalha na qual morreram ficou, mais tarde, conhecida como Batalha dos Seis Reis, em honra a Arlan III, Rei da Tempestade, e aos cinco reis do rio que os homens da tempestade mataram, alguns dos quais reinaram por minutos, nem mesmo horas.

Certas cartas encontradas por meistres a serviço em Ponta Tempestade e em Solar de Corvarbor, em séculos posteriores, sugerem que Arlan III não pretendia reivindicar as terras fluviais para si quando marchou para norte; em vez disso, planejara devolver a coroa à Casa Blackwood, na pessoa de seu sogro Lorde Roderick. A morte de sua senhoria em batalha mudou completamente os planos, pois o herdeiro de Corvarbor era um menino de oito anos, e o Rei da Tempestade não gostava nem confiava nos irmãos sobreviventes de Lorde Blackwood. Parece que, por um breve instante, o rei Arlan pensou em coroar sua cunhada Shiera, filha mais velha de Roderick Blackwood, com seu próprio filho comandando ao lado dela, mas os senhores do rio não aceitaram ser governados por uma mulher, e Sua Graça decidiu acrescentar as terras fluviais aos seus domínios.

E assim permaneceu mais de três séculos, embora os senhores do rio se erguessem contra Ponta Tempestade pe- lo menos uma vez em cada geração. Uma dúzia de pretendentes de muitas casas adotaria o título de Rei do Rio ou Rei do Tridente e juraria libertar a região do jugo dos homens da tempestade. Alguns até conseguiram... por uma quinzena, um turno da lua, até mesmo um ano. Mas seus tronos eram feitos de lama e areia, e, no fim, um novo exército marchava de Ponta Tempestade para derrubá-los e enforcar os homens que tentaram tomar o trono. Assim terminaram os breves e inglórios reinados de Lucifer Justman (Lucifer, o Mentiroso), de Marq Mudd (o Bardo Louco), de Lorde Robert Vance, de Lorde Petyr Mallister, da Senhora Jeyne Nutt, do rei bastardo Sor Addam Ri- vers, do rei camponês Pate de Feirajusta e de Sor Lymond Fisher, Cavaleiro de Pedravelhas, juntamente com mais uma dúzia deles.

Quando o domínio de Ponta Tempestade nas terras fluviais finalmente foi rompido, não foi um senhor do rio quem conseguiu isso, mas um conquistador rival de além das terras do Tridente: Harwyn Hoare, chamado Mãodu- ra, rei das Ilhas de Ferro. Cruzando a Baía dos Homens de Ferro com uma centena de dracares, a força de Harwyn desembarcou duzentos quilômetros ao sul de Guardamar e marchou continente adentro até o Ramo Azul, levando os navios nos ombros em um feito que os cantores das ilhas ainda celebram.

Conforme os nascidos no ferro subiam e desciam os rios, destruindo e invadindo o que quisessem, os senhores do rio caíam diante deles ou buscavam abrigos em seus castelos, sem querer se arriscar em batalha em nome de um rei que muitos insultavam. Aqueles que pegaram em armas foram selvagemente punidos. Um jovem e ousado cava- leiro chamado Samwell Rivers, filho ilegítimo de Tommen Tully, Senhor de Correrrio, reuniu um pequeno exército e encontrou o rei Harwyn no Pedregoso, mas suas fileiras foram destroçadas quando o Mãodura atacou. Centenas se afogaram tentando fugir. O próprio Rivers foi cortado ao meio, para que metade de seu corpo pudesse ser entre- gue ao pai e metade, à mãe.

Lorde Tully abandonou Correrrio sem lutar, fugindo com todas as suas tropas para se juntar ao exército que es- tava sendo reunido em Solar de Corvarbor pela Senhora Agnes Blackwood e seus filhos. Mas, quando a Senhora

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