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CASA ARRYN

No documento O Mundo de Gelo e Fogo (páginas 187-189)

Brasão da Casa Arryn (centro) e de alguns de seus vassalos (sentido horário, de cima): Waynwood, Royce, Corbray, Baelish, Belmore, Grafton, Hunter, Redfort e Templeton.

A Casa Arryn se origina nas mais antigas e puras estirpes da nobreza ândala. Os reis Arryn podem orgulhosamente traçar sua linhagem até os próprios ândalos, e alguns deles vão mais longe, afirmando descender de Hugor da Coli- na.

Mas, em qualquer discussão sobre as origens da Casa Arryn, é crucial distinguir entre história e lenda.

Há abundante evidência histórica da existência de Sor Artys Arryn, o Cavaleiro Falcão a governar a Montanha e o Vale. Sua vitória sobre o rei Robar II na Batalha das Sete Estrelas também é bem atestada, mesmo que os deta- lhes de tal vitória tenham sido, de algum modo, enfeitados pelos séculos que se seguiram. O rei Artys foi, certa- mente, um homem real, ainda que um homem extraordinário.

No Vale, no entanto, os feitos desse personagem histórico real se confundiram totalmente com aquelas de seu lendário homônimo, outro Artys Arryn, que viveu milhares de anos antes, na Era dos Heróis, e é lembrado nas can- ções e na história como Cavaleiro Alado.

Supostamente, o primeiro Sor Artys Arryn cavalgou em um cavalo alado (possivelmente uma lembrança distor- cida de cavaleiros de dragões vistos de longe, sugere o Arquimeistre Perestan). Exércitos de águias lutavam ao seu comando. Para conquistar o Vale, ele voou até o alto da Lança do Gigante e matou o Rei Grifo. Tinha gigantes e bacalhaus entre seus amigos e casou-se com uma mulher dos filhos da floresta, embora ela tenha morrido ao dar à luz o seu filho.

Uma centena de outras histórias são contadas sobre ele, a maior parte tão fantasiosas quanto essas. É altamente improvável que tal homem tenha existido; como Lann, o Esperto nas terras ocidentais, e Brandon, o Construtor no Norte, o Cavaleiro Alado é feito de lendas, não de carne e osso. Se tal herói alguma vez caminhou pelas Montanhas e pelo Vale, ainda nas brumas sombrias da Era da Aurora, seu nome certamente não foi Artys Arryn, pois os Arryn são de puro sangue ândalo, e esse Cavaleiro Alado viveu, voou e lutou milhares de anos antes que os primeiros ândalos chegassem a Westeros.

Provavelmente foram os cantores do Vale que fundiram essas duas figuras, atribuindo os feitos do legendário Cavaleiro Alado ao histórico Cavaleiro Falcão, talvez com o objetivo de agradar os sucessores do rei Artys Arryn ao colocar esse grande herói dos Primeiros Homens entre seus antepassados. A história verdadeira da Casa Arryn não tem gigantes nem grifos, sequer cavalos alados, mesmo assim, do dia em que Sor Artys usou pela primeira vez a Coroa do Falcão até hoje, eles ocuparam com justiça um lugar célebre na história dos Sete Reinos. Desde os dias da Conquista de Aegon, os Senhores do Ninho da Águia serviram o Trono de Ferro como Guardiões do Leste, de- fendendo o litoral de Westeros contra inimigos de além mar. Antes disso, as crônicas nos falam de incontáveis ba- talhas com os clãs selvagens das montanhas; da luta de mil anos com o Norte pelas Três Irmãs48; das batalhas san- grentas nas quais as frotas Arryn expulsaram traficantes de escravos de Volantis, salteadores nascidos no ferro e piratas dos Degraus e das Ilhas Basilisco. Os Stark podem ser mais antigos, mas suas lendas são de antes que os Primeiros Homens dominassem a escrita, enquanto os Arryn fomentaram o aprendizado entre septãs e septões, e suas boas obras e grandes feitos foram logo narrados em crônicas e registrados nas obras de devoção da Fé.

Com a unificação do reino e o estabelecimento do garoto Ronnel Arryn (o Rei que Voou) como primeiro Senhor do Ninho da Águia, surgiram novas oportunidades para a casa. Não foi nenhuma grande surpresa quando a rainha Rhaenys Targaryen arranjou o noivado do jovem Ronnel com a filha de Torrhen Stark, pois esse foi apenas um dos muitos casamentos que ela arranjou em nome da paz. Infelizmente, Lorde Ronnel logo teve uma morte violenta nas mãos de seu irmão Jonos, o Assassino de Parentes, mas a linhagem Arryn continuou por meio de um parente e con- tinuou profundamente envolvida em muitos dos grandes assuntos dos Sete Reinos.

48 Na primeira edição publicada pela LeYa, esta passagem do livro dizia que os Arryn tiveram uma luta de mil anos com o

Norte pelos Degraus! O que contradiz com o que foi dito dentro desta mesma seção no livro, que menciona a luta de mil anos pelas Três Irmãs. No texto da versão norte-americana, este trecho do livro está da seguinte forma: “[...] the thousand-year

struggle with the North over the Three Sisters [...]”. Um erro grave da edição nacional visto que os Degraus nunca estiveram

sob disputa pelos Arryn e os nortenhos. Agora, como ocorreu a troca de Três Irmãs por Degraus na edição nacional permanece desconhecido.

A Casa Arryn pode até mesmo se vangloriar da rara distinção de por duas vezes ter sido considerada digna de um casamento com o sangue do dragão49. Rodrik Arryn, Senhor do Ninho da Águia, foi honrado pelo rei Jaehaerys I Targaryen e sua esposa, a Boa Rainha Alysanne, com a mão da filha deles, a princesa Daella, e uma neta dessa união, a Senhora Aemma Arryn, por sua vez, se tornou a primeira esposa do rei Viserys I Targaryen, e mãe de sua primeira filha nascida viva, a princesa Rhaenyra, que disputou o Trono de Ferro com o meio-irmão, Aegon II. Nes- sa luta, Jeyne Arryn, Senhora do Ninho da Águia e Donzela do Vale, provou ser amiga leal de Rhaenyra Targaryen e seus filhos, por fim servindo como uma das regentes do rei Aegon III. Daquela época em diante, cada Targaryen sentado no Trono de Ferro tinha um pouco de sangue Arryn.

Os Arryn desempenharam seus papéis nas guerras dos reis Targaryen e nas rebeliões Blackfyre, permanecendo fiéis ao Trono de Ferro contra os Pretendentes Blackfyre. Durante a Primeira Rebelião Blackfyre, Lorde Donnel Arryn liderou ousadamente a vanguarda do exército monarquista, embora suas linhas tenham sido esmagadas por Daemon Blackfyre, e sua senhoria tenha corrido perigo de vida até que Sor Gwayne Corbray da Guarda Real apa- receu com reforços.

Lorde Arryn sobreviveu para lutar outro dia, e anos mais tarde fechou o Vale ao tráfego pela estrada de altitude e pelo mar quando a Grande Praga da Primavera assolou os Sete Reinos; dessa forma, o Vale e Dorne foram os únicos não afetados por esse flagelo horrível.

Em anos mais recentes, a importância do papel desempenhado por Lorde Jon Arryn na Rebelião de Robert não pode ser negada. De fato, foi a recusa de Lorde Jon em entregar a cabeça de seus protegidos, Eddard Stark e Robert Baratheon, que desencadeou a revolta. Se ele tivesse feito o que lhe fora ordenado, o Rei Louco ainda se sentaria no Trono de Ferro. Apesar de sua idade avançada, Lorde Arryn lutou bravamente ao lado de Robert no Tridente. Depois da guerra, o novo rei provou sua sabedoria quando fez de Lorde Jon Arryn sua primeira Mão. A sagacidade de sua senhoria ajudou o rei Robert a governar os Sete Reinos com sabedoria e justiça desde então. É uma alegria para o reino quando um grande homem serve como Mão para um grande rei, pois paz e abundância certamente virão disso.

No documento O Mundo de Gelo e Fogo (páginas 187-189)