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3. Metodologia de Pesquisa

3.3. As Unidades de Análise

Nesta seção encontram-se contemplados os aspectos metodológicos utilizados para as

unidades de análise desta pesquisa, compreendendo: aspectos relevantes na seleção das empresas

participantes, embasamento teórico para utilização de dois relatos de EV pela pesquisadora no tema

desta pesquisa e a fundamentação básica para o uso de estudos de múltiplos casos. Todas as empresas

foram analisadas em nível corporativo.

3.3.1. Seleção das Empresas Participantes

A seleção das empresas participantes foi realizada procurando-se manter as características de

compatibilidade com pesquisas anteriores realizadas por Brown e Magill (1994), Reich (1992) e Chan

(1999). As empresas foram selecionadas pelo seu porte entre médio e grande dentro do mercado

nacional, pelo número de funcionários acima de 1.000, faturamento acima de US$ 100 milhões/ano, ter

processos de planejamento formalizados tanto de negócio quanto de TI, ter maturidade no processo de

planejamento estratégico (mais de 3 vezes), apresentar uma área de TI estruturada e terem

implementado ou estar implementando um sistema de gestão integrada (SII), já com alguns módulos em

uso. Este critério foi utilizado devido à definição adotada, nesta pesquisa, para o elemento de

de gestão destas empresas é complexo, requerendo padronização de gestão devido ao grande número

de UN por grupo.

Para as EV, foram selecionadas organizações com maior adequação aos parâmetros descritos

acima, restritos ao conjunto de empresas onde a pesquisadora teve participação ativa como consultora.

Duas empresas puderam ser selecionadas: uma organização governamental do setor financeiro

(serviços) e uma empresa do setor fumageiro (industrial) de capital privado.

Para os EC, foram contatadas 11 empresas da área industrial, sendo que três empresas

retornaram positivamente e duas não se encaixavam totalmente nos critérios estabelecidos. As

empresas selecionadas atuam em ambientes completamente diferentes: uma indústria metalúrgica, uma

indústria de insumos agrícolas e uma indústria de componentes automotivos. Esta discrepância deveria

permitir a busca de um modelo potencialmente mais abrangente, através da convergência dos seus

modelos de planejamento estratégico e elementos de promoção de alinhamento.

As empresas dos três EC e a empresa industrial da EV, têm entre 3 e 10 UN por grupo, sendo

que uma pelo menos está localizada fora do Brasil. Assim, com relação à unidade de análise a ser

estudada, grupo ou fábrica, houve uma breve discussão com os especialistas Prof. Dr. Albert Lederer

(Universidade de Kentucky-USA) e Prof. Dr. Isaac Benbasat (Universidade de British Columbia-CA),

ficando estabelecido como unidade de análise o grupo, prevalecendo a visão de planejamento

corporativo. Uma análise mais detalhada dos documentos destas empresas, permitiu observar que a

estrutura e o plano são únicos para o grupo.

Todas as empresas disponibilizaram documentos, arquivos eletrônicos e acesso amplo aos

entrevistados, diretores em sua grande maioria. No entanto, grande parte deste material permaneceu

dentro do ambiente da empresa, por ser considerado estratégico. O acesso aos documentos pela

pesquisadora era irrestrito, porém local. Foi utilizado pela pesquisadora um computador pessoal para

registro dos principais elementos encontrados em documentos. Este procedimento confirmou a

necessidade das várias análises e refinamento do instrumento de pesquisa, permitindo um

acompanhamento mais estruturado durante a avaliação documental.

3.3.2. Experiências Vivenciadas (EV)

As EVs são estudos de caso com participação ativa do pesquisador, podendo existir

Goldstein e Mead, 1987; Venkatraman, 1994; Chan, 1999, Audy, 2001), cujas pesquisas são

interpretadas como análises de processos dinâmicos em contextos reais, onde muitas vezes, os ajustes

e alterações nos modelos pesquisados ocorrem durante o processo de coleta de dados. Nestes casos,

onde o foco de pesquisa é qualitativo, é comum o uso de referências e experiências anteriores como

parâmetro na busca da interpretação dos resultados, os quais vão sendo construídos analiticamente

durante todo o processo de coleta e análise dos dados (Lee, 1989).

Nesta pesquisa, buscou-se o uso deste método como forma de exploração, concepção e

sustentação do modelo preliminar. A experiência da pesquisadora como consultora em planejamento

estratégico de TI, permitiu o questionamento inicial foco deste estudo – como promover alinhamento

entre negócios e TI. Com o auxílio de uma base teórica foi possível identificar os grandes elementos de

alinhamento estratégico em EV anteriores. Assim, foi possível aliar a experiência com a teoria,

retratando os elementos de alinhamento do modelo de base (Henderson e Venkatraman, 1993). De

posse do instrumento de pesquisa preliminar, com os elementos de cada dimensão da pesquisa e de

suas variáveis, foi possível identificar em cada EV os principais elementos de alinhamento convergentes

ou divergentes ao modelo. Galliers (1994) destaca que este tipo de procedimento com relatos de EV

deve ser conduzido de forma clara à luz da teoria, permitindo a identificação dos grandes elementos de

um modelo teórico inseridos em uma realidade.

A operacionalização das EV, ou seja, a condução dos relatos, foi feita pela pesquisadora e

pelo pesquisador-avaliador, ocorrendo conforme apresentado no Quadro 8. A EV1 é um relato

conjunto, uma vez que ambos, pesquisador e avaliador, participaram do projeto. A EV2 foi descrita de

forma similar à EV1, mas pela pesquisadora. A seguir, houve uma análise do relato pelo

pesquisador-avaliador.

As fontes de dados de cada EV foram compostas por: instrumentos de levantamentos de

dados utilizados na fase de diagnóstico do processo de planejamento estratégico; apresentações para

os executivos com as definições da metodologia de trabalho; documentos resultantes da etapa de

formulação do processo de planejamento estratégico, tais como: relatórios de planos, atas de reuniões,

Sessão 1:

- Estruturação do relato em: ambiente e contexto organizacional, modelo de planejamento, ambiente de alinhamento e identificação das dimensões do alinhamento.

ò

Descrição EV Duas sessões

Sessão 2:

- Identificação dos principais elementos de alinhamento nas duas etapas: formulação e implementação

- Análise da aderência dos elementos encontrados ao modelo preliminar Estudos de Caso Refinamento Instrumento : : ò

Revisão EV Análise dos resultados das EV novamente, pela pesquisadora e pelo pesquisador-avaliador. Busca dos elementos convergentes ou divergentes com os EC.

Quadro 8: Operacionalização das EVs

3.3.3. Estudos de Caso (EC)

O estudo de caso tem por característica a análise aprofundada de uma unidade específica e o

exame de fenômenos em seu local de ocorrência (Hoppen, 1997), possibilitando a geração de teoria a

partir da prática, respostas ao "como" e "por quê" de situações complexas e pesquisas em áreas nas

quais poucos estudos já foram realizados. Por outro lado, este método exige um completo suporte

teórico servindo de orientação ao pesquisador ao longo da pesquisa pois, a priori, tanto as hipóteses

como os questionamentos não aparecem claramente estabelecidas, podendo ser alterados durante a

evolução da pesquisa (Triviños, 1987). Em pesquisas que envolvam estudos de caso, os resultados

dependem fortemente do poder de integração do pesquisador, de sua habilidade de seleção do local e

métodos de coleta de dados, bem como de sua capacidade de fazer mudanças no desenho de pesquisa

de forma oportuna (Triviños, 1987; Yin, 1994).

Nesta pesquisa, buscou-se o uso deste método como forma de auxílio ao desenvolvimento do

modelo final de operacionalização do alinhamento durante a etapa de implementação do processo de

planejamento. Devido à complexidade destes estudos, o instrumento de pesquisa foi um importante

meio de coleta de dados, permitindo manter o foco do estudo, durante as entrevistas e a análise de

documentos. Alguns elementos do instrumento aparecem claramente como guias para a análise

documental.

Uma característica especial desta pesquisa foi a realização dos EC após e não durante a

alinhamento durante a etapa de formulação do processo de planejamento, através da adequação dos

itens planejados para o negócio e a respectiva TI de suporte. Em segundo lugar, buscou-se identificar

elementos de promoção de alinhamento contínuo durante a execução dos itens planejados na etapa

anterior, caracterizando um dinamismo muito grande.

Assim, para observar como o alinhamento ocorreu, isto deveria ser feito depois do fato

ocorrido, ou seja, era fundamental que as empresas estudadas já tivessem passado pelo processo para

que disponibilizassem e conhecessem uma metodologia de implementação de planejamento estratégico

e através dela, fosse possível identificar a presença de elementos de alinhamento não identificados pelas

pesquisas anteriores, pelo menos como elementos de um modelo de alinhamento estratégico.

A operacionalização dos EC, ou seja, as fontes dos dados, seleção dos participantes, a coleta

de dados através de entrevistas semiestruturadas e da análise documental, assim como a análise dos

resultados, encontram-se detalhados na seção 3.4.2.