2. Fundamentação Teórica
2.2. Alinhamento Estratégico
2.2.1. O Modelo de Henderson e Venkatraman
O modelo de alinhamento entre as estratégias de negócio e as estratégias de TI de Henderson e
Venkatraman (1993) encontra-se apresentado na Figura 3. Os autores tiveram a preocupação de
formalizar os componentes estratégicos, tanto do negócio quanto da TI, e assegurar a similaridade dos
processos, mostrando que eles podem caminhar em paralelo ou suportar um ao outro, em
determinados momentos. Os caminhos de integração estão representados em mão dupla, mostrando
relevância na multidimensionalidade do modelo, bem como no fluxo contínuo dos processos. Esta
multidimensão pode ser relacionada com os modelos de integração de King (1978) e com os
fundamentos conceituais de planejamento e formulação estratégica de Mintzberg (1990), Ansoff e
McDonnell (1993) e Rebouças (1997), onde além da compatibilidade entre alguns dos conceitos sobre
estratégia, os processos contínuos de revisão são considerados como elementos de aprendizagem
Figura 3: Modelo de Alinhamento de Estratégias de Negócio e Estratégias de TI Fonte: Henderson e Venkatraman, 1993
Tanto as forças internas e externas quanto os cinco elementos do funcionamento organizacional
apresentam o equilíbrio e direcionamento contidos nos modelos de mudança organizacional e
tecnologia (Rockart e Scott Morton, 1984; Itami e Numagami, 1992; Meirelles, 1994; Yetton,
Johnston e Craig, 1994; Brodbeck, 1997). Um diferencial deste modelo, com relação aos demais, é o
acréscimo de duas variáveis de alinhamento – adequação estratégica e integração funcional.
O conceito de alinhamento estratégico de Henderson e Venkatraman (1993) é baseado em
duas suposições: (a) de que a performance econômica está diretamente relacionada com a habilidade
do gerenciamento para criar uma adequação estratégica (posição da organização na arena do mercado
competitivo suportada por uma estrutura administrativa adequada); e, (b) de que a adequação
estratégica é essencialmente dinâmica. Assim, o alinhamento estratégico não é um evento isolado mas,
um processo contínuo de adaptação e mudança. Isto nos leva novamente, aos processos de revisão
contínua (avaliação) como centro de importância para a promoção do alinhamento.
No elemento adequação estratégica encontra-se o sentido ou direcionamento da realização
do alinhamento, o qual deverá ser promovido em movimento constante entre as forças externas e
internas, incorporando novas variáveis geradas pelas pessoas através da aquisição de experiência no
tempo e do conhecimento pelo uso de novas tecnologias (Itami e Numagami, 1992), promovendo um
processo de revisão contínuo das estratégias estabelecidas.
No elemento integração funcional, aparece o relacionamento horizontal entre as diferentes
funções do negócio, permitindo o fluxo da operação de uma maneira integrada, seja através da
infra-estrutura organizacional ou da infra-infra-estrutura de TI (Luftman et al., 1993). Os processos
administrativos devem ser recriados para permitir o controle da empresa de ponta a ponta, resistente a
falhas, flexível e com rapidez de resposta, permitindo agilidade nas mudanças e reorientações dos
negócios.
Para este elemento (integração funcional), ao longo desta pesquisa, os SII serão considerados
os promotores do alinhamento, uma vez que estão baseados na integração dos negócios pelos dados,
pelos processos, por tarefas realizadas pelas pessoas e pelo redesenho organizacional (estrutura
administrativa combinada com a tecnológica), permitindo alterar as regras do negócio (Ward e Griffiths,
empresa em obter uma estrutura de alta performance – baixos custos, diferenciação do produto e
concentração de mercado (Parsons, 1983).
O componente do modelo – infra-estrutura organizacional, tanto para a dimensão estratégia do
negócio quanto da TI, é composto por:
• estrutura administrativa (regras, responsabilidades e autoridade) relacionada com arquitetura de TI (aplicações, dados, plataforma de hardware e software);
• processos operacionais (fluxo de operação das funções chaves do negócio) relacionados com processos tecnológicos (modelagem das funções e operações chaves do negócio encapsulada em
uma aplicação de TI – SII);
• pessoas (experiência, competência, compromissos, valores e normas) relacionando-se integradamente entre ambas as dimensões.
No modelo de Henderson e Venkatraman (1993), pode-se identificar claramente, quatro
perspectivas dominantes de ocorrência do alinhamento estratégico, cada uma delas com características
e critérios de performance diferenciados. Duas delas concentram-se na visão do alinhamento
estratégico como parte da execução da estratégia do negócio. As outras duas, são parte da estratégia
da TI como habilitadora do processo de mudança.
Analisando o alinhamento sob a perspectiva da execução estratégica tradicional (formulação da
estratégia do negócio ð reformulação da estrutura organizacional ð busca de infra-estrutura de TI), a
grande direcionadora de mudança é a estratégia do negócio e o critério de performance será centrado
em custo/serviço. A TI será apenas um suporte para a estratégia do negócio. Se a visão do alinhamento
for de transformação do negócio pela TI, tem-se a perspectiva de estratégia de negócio formulada
lado-a-lado com estratégia de TI e, então, a busca de infra-estrutura para o atendimento das
estratégias formuladas. Nesta perspectiva, tem-se como critério de performance o alcance e
manutenção da liderança tecnológica nos mercados (ambiente externo).
Analisando o alinhamento sob a perspectiva de habilitação tecnológica (TI disponível ð
formulação da estratégia do negócio ð busca de infra-estrutura organizacional), a grande direcionadora
de mudança é a estratégia da TI e o critério de performance será a liderança do negócio. Nestes casos,
alguns negócios podem ser totalmente reorientados, alterando o contexto de seu ambiente externo -
mercados consumidores e fornecedores. E, por último, se a visão do alinhamento se der através dos
dirigirá a reestruturação organizacional. Nesta perspectiva tem-se como critério de performance a
medida e controle da satisfação do consumidor.
Em um estudo posterior sobre direcionamento do negócio, Venkatraman (1994;1997)
apresenta um modelo para promover a redefinição do escopo do negócio através da TI,
desmembrando o processo em cinco níveis seqüenciais prioritários, respectivamente: exploração
localizada (foco na funcionalidade da TI e na operação das áreas de negócio), integração interna (foco
na interconectividade técnica e interdependência organizacional), redesenho dos processos do negócio
(redesenho dos processos chaves que derivam da capacidade organizacional para competição futura),
redesenho do negócio em rede (articulação da lógica estratégica relacionada com a rede de
participantes do negócio) e redefinição do escopo do negócio (resenho do escopo do negócio que será
habilitado e facilitado pela funcionalidade da TI). O autor exibe um valioso quadro comparativo entre
os níveis, focando as diferentes características de cada nível, as maiores forças, as maiores fraquezas e
os desafios gerenciais.