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O Atendimento Educacional Especializado para o aluno com Surdez

2.3 O Atendimento Educacional Especializado para os sujeitos da pesquisa

2.3.2 O Atendimento Educacional Especializado para o aluno com Surdez

A surdez consiste na perda da percepção dos sons, seja ela parcial ou total. O grau da perda auditiva, medida em decibéis (dB), classifica a surdez em níveis de acordo com a sensibilidade auditiva do indivíduo (perda leve, moderada e severa/profunda). A perda auditiva pode acontecer nos dois ouvidos ou apenas em um.

A etiologia da surdez pode decorrer de fatores congênitos (pré e perinatal), hereditários ou não, ou adquiridos através de lesões (pós-natal), como exposição a barulho alto. A esse respeito, Farrell (2008, p. 306-307) cita cinco causas mais comuns para a perda auditiva: 1. Condições hereditárias; 2. Meningite; 3. Otite média; 4. Rubéola materna; 5. Barulho.

O grau e a idade em que ocorreu a perda são fatores importantes, que definem os surdos pré-linguísticos – que nasceram surdos ou perderam a audição quando bebês – e os surdos pós-linguísticos – aqueles que as perdas auditivas aconteceram depois que aprenderam a falar.

No caso dos surdos pré-linguísticos, eles não vivenciam a aquisição da linguagem oralizada, em decorrência da perda da audição:

um bebê que nasce surdo balbucia como um de audição normal, mas suas emissões começam a desaparecer à medida que não tem acesso à estimulação auditiva externa, fator de máxima importância para a aquisição da linguagem oral (BRASIL, 2006, p. 20).

Tratando-se de educação escolar, as pessoas com surdez também fazem parte do público alvo da Educação Especial. O Decreto nº 5.626/05 visa o acesso de alunos surdos à escola, a qual deve dispor de

[...] inclusão da Libras como disciplina curricular, a formação e a certificação de professor, instrutor e tradutor/intérprete de Libras, o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua para alunos surdos e a organização da educação bilíngue no ensino regular (BRASIL, 2008).

13 Utilizaremos os termos “surdo” e “surdez” para nomear as pessoas com perda auditiva. Durante as citações, porém, respeitaremos a terminologia utilizada pelos autores.

Para Alvez (2010), o atendimento educacional especializado para alunos com surdez deve ter como ponto de partida as possibilidades que o aluno apresenta:

[...] na perspectiva inclusiva, estabelece como ponto de partida a compreensão e o reconhecimento do potencial e das capacidades dessas pessoas, vislumbrando o seu pleno desenvolvimento e aprendizagem. O atendimento às necessidades educacionais específicas desses alunos é reconhecido e assegurado por dispositivos legais, que determinam o direito a uma educação bilíngue, em todo o processo educativo (ALVEZ, 2010, p. 9).

Referente ao AEE, a PNEE-PEI (2008) apresenta que o mesmo seja realizado mediante atuação de profissionais com conhecimentos específicos no ensino da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS e da Língua Portuguesa na modalidade escrita, como segunda língua.

O fascículo Atendimento Educacional Especializado: pessoa com surdez (DAMÁZIO, 2007) dispõe que o trabalho pedagógico com os alunos com surdez nas escolas comuns deve ser desenvolvido em um ambiente bilíngue14, e deve haver um período adicional de horas diárias indicado para a execução do atendimento educacional especializado. Neste atendimento, três momentos se destacam:

 momento do Atendimento Educacional Especializado em Libras, na escola comum, em que todos os conhecimentos dos diferentes conteúdos curriculares são explicados nesta língua por um professor. Esse trabalho é realizado todos os dias e se destina aos alunos com surdez;

 momento do Atendimento Educacional Especializado para o ensino de Libras na escola comum, no qual os alunos com surdez terão aulas de Libras, favorecendo o conhecimento e a aquisição, principalmente de termos científicos. Este trabalhado é realizado pelo professor e/ ou instrutor de Libras, de acordo com o estágio de desenvolvimento da Língua de Sinais em que o aluno se encontra. O atendimento deve ser planejado a partir do diagnóstico do conhecimento que o aluno tem a respeito da Língua de Sinais;

 momento do Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa, no qual são trabalhadas as especificidades dessa língua para

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pessoas com surdez. Este trabalho é realizado todos os dias para os alunos com surdez, à parte das aulas da turma comum, por uma professora de Língua Portuguesa, graduada nesta área, preferencialmente. O atendimento deve ser planejado a partir do diagnóstico do conhecimento que o aluno tem a respeito da Língua Portuguesa (BRASIL, 2007).

Dentro desse contexto de ações previstas no AEE para pessoas com surdez, é válido sobressair que

[...] as alternativas de atendimento para os alunos com surdez estão intimamente relacionadas às condições individuais do educando e às escolhas da família. O grau e o tipo da perda auditiva, a época em que ocorreu a surdez e a idade em que começou a sua educação são fatores que irão determinar importantes diferenças em relação ao tipo de atendimento a ser desenvolvido com o aluno, e em relação aos resultados (BRASIL, 2006, p. 20).

Entendemos ser importante destacar uma particularidade de algumas pessoas com perda auditiva. Muitas delas fazem parte de uma Cultura Surda, a qual refere-se a pessoas Surdas, que compartilham normas, valores e crenças semelhantes e se identificam com outras pessoas na mesma condição. De acordo com Smith (2008, p. 299), “[...] muitas pessoas na comunidade de surdos preferem o último termo (com “S” maiúsculo), pois acreditam que reflete melhor a cultura e a identidade dos surdos”. A letra inicial em maiúsculo possui significado de afiliação à cultura dos Surdos, e um “s” minúsculo refere-se à surdez.

O Decreto nº. 5.626/2005, também institui que a pessoa surda é “[...] aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras”.

3 OS CAMINHOS PERCORRIDOS NA PESQUISA

Pesquisar é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos (GIL, 1999, p. 43).

Neste terceiro capítulo, apresentaremos os caminhos metodológicos que orientaram o fazer desta pesquisa: tipo de abordagem, método, instrumentos, tipo de análise escolhida, assim como o campo de pesquisa e os sujeitos participantes: alunos e professor do Atendimento Educacional Especializado.