• Nenhum resultado encontrado

Tomando como ponto de partida a pesquisa exploratória, realizamos um levantamento bibliográfico, um estudo do referencial teórico relativo ao tema, para fins do delineamento de nossa pesquisa. Desenvolvemos estudos baseando-nos, também, nas considerações empreendidas pelos docentes durante os Seminários

de Dissertação I, II, III e IV do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN, visando o aprimoramento de nossa pesquisa.

Para a construção das informações, fizemos o uso de diversos instrumentos vistos como importantes para a realização da triangulação dos dados estruturados, com o objetivo de garantir fidedignidade à pesquisa (CHIZOTTI, 2003; MONTEIRO, 2015).

Considerando os objetivos propostos e o tipo de pesquisa a ser empreendida, optamos por desenvolver uma pesquisa bibliográfica, uma pesquisa documental, uma observação não participante e uma entrevista semiestruturada com educandos e docente responsável pelo Atendimento Educacional Especializado.

De acordo com Ruiz (2002), a pesquisa bibliográfica é o levantamento do material público que já foi produzido acerca de determinado tema. Esse material fornecerá aos pesquisadores subsídios teóricos durante a realização da pesquisa, assim como durante a construção da análise dos dados.

Fonseca (2002, p. 32) define como essa pesquisa é realizada:

a pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto.

Em concordância com esse autor, realizamos o levantamento bibliográfico a fim de tomar conhecimento de alguns pontos, como saber se nossas perguntas já haviam sido respondidas em outros estudos e quais métodos foram utilizados em pesquisas similares. Para tanto, realizamos o levantamento em diversas fontes, a exemplo, livros, periódicos, artigos, teses e dissertações.

A pesquisa documental foi escolhida pelo fato dos documentos comporem uma fonte rica e estável de dados. Embora os documentos possuam acesso mais difícil, constituem um poderoso acervo de conhecimento (RAMPAZZO, 2005). De acordo com Fachin (2003), esse tipo de pesquisa fundamenta-se em coletas de informações cujos registros estão contidos em documentos.

Marconi e Lakatos (1996, p. 59) orientam que

[...] para que o investigador não se perca na “floresta” das coisas escritas, deve iniciar seu estudo com a definição clara dos objetivos, para poder julgar que tipo de documentação será adequado às suas finalidades.

Dessa maneira, buscamos e selecionamos os documentos que contribuíssem diretamente com os nossos objetivos, restringindo essa seleção aos documentos escritos. Para tanto, as fontes de documentos elegidas foram arquivos públicos, os quais contém leis, decretos e documentos normativos; e os arquivos particulares, envolvendo laudo médico, atividades dos alunos e projeto político pedagógico da escola.

Ao tomar contato com a realidade estudada através da observação não participante, alcançamos uma maior aproximação com nosso objeto de estudo. Adotamos o papel de espectador, não participando das atividades que ali aconteciam.

De acordo com Gerhardt e Silveira (2009, p.74), a observação não participante

[...] é usada em pesquisas que requerem uma descrição mais detalhada e precisa dos fenômenos ou em testes de hipóteses. Na técnica de coleta de dados, presume-se que o pesquisador saiba exatamente que informações são relevantes para atingir os objetivos propostos. Nesse sentido, antes de executar a observação sistemática, há necessidade de se elaborar um plano para sua execução.

Em conformidade com as autoras, assumimos a posição de espectador, realizando uma observação consciente, dirigida e planejada para um fim determinado. Adotando um procedimento de caráter sistemático, nossa observação tinha como objetivo responder a propósitos definidos (GIL, 1999). São estes:

 como o atendimento era oferecido aos alunos;

 quais atividades eram propostas;

 quais os objetivos do atendimento;

 quais os recursos utilizados;

 mediação do professor durante as atividades;

 estrutura e organização do espaço da Sala de Recursos Multifuncionais.

Aliados à observação, estavam os registros – fotográficos e escritos. Em conformidade com Rampazzo (2005), entendemos que os fatos devem ser anotados como realmente foram observados, procurando não os misturar com desejos e avaliações pessoais, “[...] tendo o referencial teórico como instrumento fundamental para compreender os reais significados atribuídos às ações empreendidas [...]” (MONTEIRO, 2015, p.70).

Em nossos registros, destacamos os fatos descritivos e reflexivos das situações vivenciadas. Os mesmos eram realizados durante as observações, na medida em que respondiam ao nosso planejamento e/ou surgiam informações que considerávamos relevantes à pesquisa, assim como após a finalização das observações, com o fim de organizar os registros. As observações compreenderam o total de 19 (dezenove) dias, percorrendo o período do nosso primeiro ao último encontro com os sujeitos e local da pesquisa, tendo em vista que sabíamos de antemão quais aspectos eram significativos para nosso trabalho.

É importante salientarmos que, durante a visitação ao campo, era possível realizarmos diversas tarefas inerentes à pesquisa no mesmo dia, como observar mais de um aluno em atendimento no AEE, ver os espaços da Sala de Recursos Multifuncionais e da escola, além de conversar com a coordenadora pedagógica. Isso devido ao fato do atendimento ter a duração de 50 minutos para cada aluno e os três educandos que estavam sendo estudados não frequentarem a SRM no mesmo dia.

O desenvolvimento da entrevista foi de fundamental valia para a construção dos dados em nossa pesquisa. De modo geral, a entrevista se caracteriza pelo encontro de duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, através da conversação (RAMPAZZO, 2005).

A realização da entrevista oferece várias vantagens para coleta de dados. Dentre elas estão:

 pode ser usada com pessoas alfabetizadas ou não;

 há possibilidade de observar reações;

 obtêm-se dados que não se encontram em fontes documentais.

Dentre os diversos tipos de entrevista, escolhemos a semiestruturada. Neste tipo de entrevista, o entrevistador tem um roteiro de perguntas, todavia, elas não são rígidas, podendo, durante a entrevista, ocorrer alterações. Por ser algo flexível, possibilita que sejam exploradas outras questões que surjam no decorrer da entrevista, como a introdução de novas informações por parte do entrevistado (BELEI et al, 2008). É possível retomar, modificar e adicionar questões ao roteiro, a fim de buscar uma compreensão do material que está sendo colhido, além de conduzir a entrevista com clareza (FLICK, 2004; SZYMANSKI, 2004).

Em conformidade, Laville e Dionne (1999, p. 188) afirmam que a entrevista do tipo semiestruturada se constitui como “[...] uma série de perguntas abertas, feitas verbalmente em uma ordem prevista, mas na qual o entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimento”. Lembramos que esse tipo de entrevista tem como base um tema central, não constituindo uma conversa do tipo informal (MOREIRA; CALEFFE, 2006).

Para a realização da entrevista, seguimos algumas etapas para alcançar com êxito nosso propósito. De acordo com Szymanski (2004) e Rampazzo (2005), realizamos o contato inicial com a professora do Atendimento Educacional Especializado e, em seguida, com os alunos participantes da pesquisa, fazendo a nossa própria apresentação pessoal, informando a instituição de origem e o tema da pesquisa. Em seguida, seguimos explicando a finalidade de nossa investigação, os objetivos, a importância de sua contribuição, o que pretendemos e esclarecemos como seria a participação e divulgação dos dados.

Rampazzo (2005, p. 111) destaca que “[...] quando o entrevistador consegue estabelecer certa relação de confiança com o entrevistado, pode obter informações que de outra maneira talvez não fossem possíveis”. Para isso, desde o primeiro momento, buscamos manter uma relação amistosa com todos os envolvidos. Deixamos os entrevistados falarem à vontade, ajudando-os com outras perguntas para que entrassem em maiores detalhes. Também nos preocupamos com a adequação da linguagem para cada entrevistado.

Segundo o referido autor, a entrevista deve começar e terminar mantendo o nível de cordialidade, para que, se necessário, o pesquisador possa voltar com fins de obter novos dados, sem a oposição do informante. Foi o que aconteceu conosco, pois tivemos necessidade de retornar aos entrevistados para obtenção de novas informações, após sugestões dos Seminários de Dissertação do Programa de Pós- Graduação em Educação, da UFRN.

Para garantir a veracidade das informações obtidas durante a entrevista e não deixar escapar elementos, utilizamos como material o gravador de voz, após consentimento dos entrevistados e de seus responsáveis. Para realizar a análise e intepretação das informações, fizemos a transcrição do áudio das entrevistas na íntegra, pois entendemos que “[...] ao ler as transcrições, são relembrados aspectos da entrevista que vão além das palavras e o pesquisador quase que revive a entrevista” (GASKELL, 2004, p. 85). Para isso, buscamos realizar a tarefa de transcrever o áudio o mais rápido possível, com o objetivo de poder rememorar fatos e detalhes.

Destacamos, ainda, que as entrevistas aconteceram de maneira individual, sem a necessidade de mediador e/ou intérprete, com alunos que apresentam deficiência e o professor do AEE. Buscou-se a construção de um ambiente amistoso, o qual contribuísse para que os sujeitos tivessem confiança no entrevistador e, dessa maneira, pudessem se sentir seguros para falar. As entrevistas aconteceram na Sala de Recursos Multifuncionais que os sujeitos frequentam, em seus horários de atendimento/serviço.

O processo de realização das entrevistas com os sujeitos da pesquisa contou com a realização de 6 (seis) encontros presenciais: 3 (três) para o professor do AEE, 1 (um) para o aluno com deficiência intelectual, 1 (um) para a aluna com deficiência intelectual e 1 (um) para o aluno com surdez.

Antes da sua realização, o projeto em pauta foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/UFRN), sendo aprovado sob nº 65851817.0.0000.5292.