• Nenhum resultado encontrado

O Atendimento Educacional Especializado para o aluno com

2.3 O Atendimento Educacional Especializado para os sujeitos da pesquisa

2.3.1 O Atendimento Educacional Especializado para o aluno com

As pessoas com Deficiência Intelectual (DI) já foram denominadas de diversas formas na sociedade: anormal, retardado mental, débil, criança especial, mongoloide, mongol, deficiente mental educável, deficiente mental

11

leve/moderado/severo, entre outras, que hoje são tidas como maneiras inadequadas e, muitas vezes, até pejorativas de se referir a tais pessoas. Atualmente, usa-se o termo deficiência intelectual, de acordo com a Declaração de Montreal, publicada em 2004 (MARTINS, 2011).

A referida Declaração dispõe que a

[...] deficiência intelectual, assim como outras características humanas, constitui parte integral da experiência e da diversidade humana. A deficiência intelectual é entendida de maneira diferenciada pelas diversas culturas, o que faz com que a comunidade internacional deva reconhecer seus valores universais de dignidade, autodeterminação, igualdade e justiça para todos (OMS, 2004, p.2).

Existem diversas concepções sobre o que é deficiência intelectual, o que acarreta um impasse na maneira como as pessoas veem as pessoas que possuem tal condição. Segundo Gomes et al (2007, p.15), o “[...] medo da diferença e do desconhecido é responsável, em grande parte, pela discriminação sofrida pelas pessoas com deficiência, mas principalmente por aquelas com deficiência mental”.12

De acordo com a American Association on Intellectual and Developmental Desabilities – AAIDD, deficiência intelectual se configura como

[...] incapacidade caracterizada por importantes limitações, tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo, expresso nas habilidades conceituais, sociais e práticas. Essa deficiência tem início antes dos 18 anos (AAIDD, 2011, p.33).

Como referenciado acima, a deficiência intelectual tem início antes dos 18 anos de idade e pode ser causada por fatores pré-natais (antes do nascimento), perinatais (durante o processo do nascimento) e pós-natais (depois do nascimento).

Segundo Smith (2008, p.178),

[...] exemplos de causas pré-natais incluem genética e hereditariedade, uso de substâncias tóxicas pela mãe, doenças e defeitos do tubo neural [...] as causas perinatais ocorrem durante o processo do nascimento, consequentes do momento do nascimento, como a falta de oxigênio [...] as causas pós-natais ocorrem depois do nascimento. O ambiente é o principal fator em muitas das situações (SMITH, 2008, p. 178).

12

A etiologia da deficiência intelectual (DI) é variada pois se origina de situações que ocorrem em etapas distintas, que podem ser antes do nascimento da criança, por ocasião do seu nascimento ou depois do nascimento, ocasionando consequências diversificadas.

As pessoas com DI, por sua vez, possuem características diversas, assim como os demais indivíduos. O seu comportamento pessoal e social depende do contexto a qual cada uma foi submetida, assim como da estimulação recebida. Todavia, há características gerais que podem ajudar a identificar a deficiência intelectual: problemas cognitivos, problemas com o comportamento adaptativo e necessidades de apoio para independência. Entre os apoios que se fazem necessários está a oferta do Atendimento Educacional Especializado (AEE).

Nesse sentido, o AEE tem como objetivo

[ ...] propiciar condições e liberdade para que o aluno com deficiência intelectual possa construir a sua inteligência, dentro do quadro de recursos intelectuais que lhe é disponível, tornando-se agente capaz de produzir significado/conhecimento” [adaptado] (GOMES et al, 2007, p. 25).

Em outras palavras, o AEE deve propiciar aos alunos com DI condições para abandonar ações mecânicas e exercitar sua atividade cognitiva – regulações automáticas e ativas, respectivamente, descritas por Piaget – através de ações que visem a superação de seus limites intelectuais. O atendimento deve propiciar que o aluno saia da condição de “não saber” para se apropriar de um conhecimento que ele sabe que tem, que foi capaz de construir (FÁVERO; PANTOJA; MANTOAN, 2007).

Os conteúdos a serem trabalhados podem decorrer da própria vivência do aluno e permitir que, a partir disso, ele crie questionamentos, hipóteses e soluções para os problemas com base em sua experiência pessoal. Os alunos trazem grandes informações sobre o que desejam conhecer e aprender, sendo imprescindível que o professor atente o seu olhar para as “pistas” que lhes são dadas, desvinculando o AEE da necessidade de produção acadêmica.

A diferença entre conhecimentos oferecidos na escola regular e no Atendimento Educacional Especializado, de acordo com o fascículo Atendimento

Educacional Especializado: deficiência mental (GOMES, ET AL, p. 27), se constitui da seguinte forma:

[...] na escola comum, o aluno constrói um conhecimento necessário e exigido socialmente e que depende de uma aprovação e reconhecimento da aquisição desse conhecimento por um outro, seja ele o professor, pais, autoridades escolares, exames e avaliações institucionais. No Atendimento Educacional Especializado, o aluno constrói conhecimento para si mesmo, o que é fundamental para que consiga alcançar o conhecimento acadêmico. Aqui, ele não depende de uma avaliação externa [...]”.

Deseja-se, portanto, que o atendimento educacional especializado favoreça a capacidade do aluno se descobrir, desenvolver sua capacidade comunicativa e criativa, a partir de si e não daquilo que o outro pensa e espera, como as pessoas próximas, a exemplo, pais e professores. Afirma-se a necessidade da escolarização regular junto ao AEE e vice-versa, pois um complementa/beneficia o desenvolvimento do outro.

Quanto ao processo de avaliação, o mesmo se relaciona a como o educando iniciou o atendimento e em como se encontra, ao final do ano escolar, levando em consideração seus avanços, possibilidades e desafios. É, portanto,

[...] de fundamental importância para o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos com necessidades especiais, pois este é um instrumento colaborativo e facilitador, assim como possibilita ao professor diversificar e flexibilizar as estratégias de ensino para cada aluno. Dessa maneira, a avaliação educacional auxilia significativamente na aprendizagem dos alunos com NEE, se esta for utilizada numa perspectiva construtiva, proporcionando o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos (CONCEIÇÃO et al, 2015, p. 210-211).

É imprescindível, pois, que, ao empreender a avaliação, o docente leve em consideração as particularidades dos seus alunos, com vistas ao planejamento e desenvolvimento de estratégias, de maneira a responder às necessidades dos mesmos e a propiciar melhores condições de aprendizagem, de maneira conjunta com os docentes atuantes na classe comum.

2.3.2 O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA O ALUNO