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Funcionamento do Atendimento Educacional Especializado

4.1 Professor

4.1.2 Funcionamento do Atendimento Educacional Especializado

O pleno funcionamento do Atendimento Educacional Especializado é dependente de diversos elementos, conforme estabelece a Resolução CNE/CEB nº 4/2009, dentre os quais destacamos: formação adequada do professor; disponibilização de materiais didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade, assim como de equipamentos específicos e espaço físico; atuação de outros profissionais da educação; disposição de tempo para planejamento, contato com os professores da sala comum, com a família e com outros profissionais que atuam com o aluno, assim como, com toda equipe escolar.

Para estabelecermos um diálogo referente ao funcionamento do AEE, iniciamos a nossa entrevista com a professora Michele, perguntando sobre o seu entendimento em relação ao serviço que é ofertado na SRM e esta respondeu da seguinte maneira:

Eu compreendo que esse atendimento da Sala de Recursos ele realmente é para ser de acordo com a lei, para complementar e suplementar essas dificuldades do aluno [...] Vou trabalhar nessa perspectiva, de forma a ir ajudando, ajustando, vendo qual a melhor maneira. Na medida em que eu vou conhecendo esse aluno, a gente vai vendo também quais são as possibilidades” (MICHELE, 2016).

Conforme mencionado pela professora Michele – e também observado por nós – existia uma busca de estratégias em seu planejamento. Estas eram executadas durante os atendimentos, com vistas a atingir o potencial dos alunos. constituindo-se em um caminho nem sempre linear, composto por tentativas, erros e acertos, compondo um “[...] trabalho desafiador porque está no descobrimento do

desenvolvimento, por meio dos fatores idiossincráticos das peculiaridades do sujeito” (BENTES; FERREIRA, 2014, p. 37).

Uma das estratégias utilizadas pela docente, que pudemos acompanhar, foi o desenvolvimento de um projeto pedagógico denominado “supermercado”. O referido projeto consistia na organização de produtos de uso convencional, dispostos em prateleiras na SRM, em embalagens vazias, possibilitando que o professor desenvolvesse o trabalho pedagógico a partir de situações vivenciadas no cotidiano dos educandos, como a ida ao supermercado e o manuseio de produtos aos quais estão habituados.

Destacaremos, logo mais, como o projeto supermercado foi utilizado com os alunos do atendimento educacional especializado, sujeitos da pesquisa.

A partir da fala de Michele, também percebemos que a mesma possuia conhecimento sobre as orientações legais para o Atendimento Educacional Especializado, no que tange à função do serviço, que consiste na complementação (para alunos com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento) e na suplementação (para alunos com superdotação/altas habilidades) dos serviços educacionais comuns. Tais orientações instituem que o AEE não se configura como reforço escolar.

De acordo com Alves (2006, p.15), o

[...] atendimento educacional especializado não pode ser confundido com atividades de mera repetição de conteúdos programáticos desenvolvidos na sala de aula, mas deve constituir um conjunto de procedimentos específicos mediadores do processo de apropriação e produção de conhecimentos.

Dessa maneira, as atividades desenvolvidas nas Salas de Recursos Multifuncionais devem estar articuladas com a proposta pedagógica do ensino comum. Para tanto, se faz necessário a efetivação de um diálogo entre os professores responsáveis por estas modalidades de ensino.

A relação entre o professor da sala regular e o professor do Atendimento Educacional Especializado é de extrema importância para o cumprimento da proposta do serviço. Embora as atividades empreendidas nesses espaços sejam

díspares, é necessário que exista uma articulação entre os professores responsáveis. Michele nos relatou sobre essa situação na Escola Municipal da Aprendizagem.

Em conformidade com o discurso da professora, percebemos que muitos são os entraves para que a relação entre os dois professores, que atuam junto ao aluno, aconteça. As Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica (2009), no seu artigo 9º, preconiza que a “[...] elaboração e a execução do plano de AEE são de competência dos professores que atuam na sala de recursos multifuncionais ou centros de AEE, em articulação com os demais professores do ensino regular [...]”. Nesse sentido, perguntamos a Michele se existia um horário reservado a fim de ser oportunizado um diálogo com os professores da sala regular e ela nos informou:

- Não existe, sentimos falta disso29. Apesar de todo dia ter algum professor em planejamento, não coincide. O meu dia de planejamento é na segunda feira e, às vezes, nesse dia, tenho encontro na Secretaria de Educação, então, não venho aqui na escola. Tem dias que não falta nenhum aluno, o horário é completo. Diante disso, é que minha conversa com o professor se dificulta [...] (MICHELE, 2016).

Dentro desse contexto, os momentos de diálogo, de acordo a docente, ocorriam comumente durante os intervalos destinados ao lanche dos professores, na instituição escolar30, que duravam cerca de 20 minutos, ou quando o professor da sala de regular tinha a iniciativa de procurar interagir com ela, na SRM. Contudo, durante os dias que estivemos presentes na escola para realização da pesquisa, apenas em um a docente se ausentou da Sala de Recursos Multifuncionais no horário do intervalo, pois, mesmo nos momentos de seu lanche, permanecia em sala dando continuidade ao atendimento já iniciado, aguardando o próximo aluno, dialogando conosco e/ou realizando seu lanche na própria SRM.

Também durante os momentos que estivemos presentes, nenhum professor da sala regular veio à SRM, procurando qualquer tipo de orientação, informação e/ou material. A professora ainda pontuou, de maneira despretensiosa, sobre como se sente nesse processo inclusivo:

29

A semana de encontro com os docentes da sala regular só aconteceu meses após termos realizado a entrevista com a professora Michele.

30

[...] Nós temos muito a aprender no processo de inclusão, mas muito mais pelas questões humanas. A questão da sensibilidade, do ato de acolher... eu acredito que quando a gente amadurecer para isso vai melhorar, porque o processo de inclusão não é feito só pela professora da Sala de Recursos Multifuncionais, mas é engraçado que as pessoas acham o contrário e não é dessa forma. Mas até que todos nós tenhamos essa clareza, precisamos nos ajustar (MICHELE, 2016).

Perguntada se considerava que os professores da Escola Municipal da Aprendizagem possuiam a sensibilidade, mencionada por ela em sua fala, ela nos contou que ainda não encontrou nenhum professor com recusa ao processo de inclusão, mas, sim, que esses evidenciam estar alheios à situação. Podemos perceber que Michele sentia que a responsabilidade pela inclusão é vista pelos demais integrantes da comunidade escolar apenas como sua, quando toda comunidade escolar - do porteiro ao diretor - deve envolver-se, neste contexto, incluindo, também, “[...] os pais e os colegas, mas centrando-se – de forma especial – no professor, figura imprescindível na condução deste processo, que, portanto, precisa ser cada vez mais valorizado, preparado e apoiado” (MARTINS 2008, p. 12- 13).

Contudo, Michele destacou, ainda, o fato de considerar que a sua interação com os professores da sala regular vem ocorrendo de forma “bem tranquila”, evidenciando que alguns pediam orientações e eram sensíveis ao perceber alguma necessidade evidenciada por seu aluno na sala regular e o encaminha-lo para a SRM, com vistas ao diálogo com a docente responsável. Percebemos, porém, a partir das nossas observações, que a interação satisfatória se dava mais em relação ao companheirismo, enquanto colegas de trabalho, e não em relação ao fazer e ao pensar profissional.

Outro ponto relevante que surgiu durante a realização da entrevista foi em relação à adaptação de atividades e avaliações, nas quais, também, não existia uma relação entre a professora da SRM e os professores da sala regular. A docente do AEE pontuou que os professores não a procuravam em busca de estratégias para a realização de atividades/provas que atendessem às possibilidades do educando com deficiência. A procura realizada no tocante à professora do AEE se centrava na deficiência do aluno, em suas limitações, “qual o problema que o menino tem, nessa lógica. [Perguntam] "e aí, o que eu posso fazer?". Eles me procuram mais nessa

conotação, mas de ajuste [adaptação pedagógica], não” (MICHELE, 2016). Dessa maneira, Michele encontrava-se como uma “ilha inclusiva” dentro do espaço escolar.

Consideramos importante que o diálogo entre os professores responsáveis pelo aluno, tanto do AEE, quanto da sala regular, deva acontecer para que, juntos, descubram

[...] saídas conjuntas de atuação em cada caso. A troca de experiências entre diversos profissionais é construtiva e necessária para o aprofundamento e melhor desempenho, seja do aluno, do professor ou do especialista (BATISTA, 2008, p. 128).

Reconhecemos o caráter coletivo necessário para planejamento das atividades desenvolvidas entre os profissionais da sala regular e do Atendimento Educacional Especializado. Todavia, também reconhecemos que não existem momentos previstos para essa articulação entre os profissionais. Os documentos legais preveem a execução do AEE, mas não a sua operacionalização, deixando lacunas que prejudicam os sujeitos que necessitam desse serviço.

A ausência de encontros entre os professores e, principalmente, o desconhecimento do trabalho desenvolvido na Sala de Recursos Multifuncionais, de acordo com Souza (2013, p. 19078), pode “[...] revelar uma provável compreensão da educação especial como algo de menor valor na escola”, sobretudo por aqueles profissionais que se encontram alheios a inclusão, em especial, os professores da sala regular, situação que verificamos durante a nossa investigação.

Vale lembrarmos que a professora responsável pela Sala de Recursos Multifuncionais atendia a alunos do Ensino Fundamental I e II, das séries do 2º ao 5º ano e 6º ao 9º ano, respectivamente, sendo nos quatro últimos anos, vários docentes responsáveis pelo ensino-aprendizagem da turma, cada qual com determinada disciplina. Há, ainda, que se considerar o fator de que o AEE da Escola Municipal da Aprendizagem recebia alunos de outras duas escolas, como já pontuado anteriormente.

Apesar de Michele possuir carga horária de 40 horas semanais, estando presente na escola nos turnos matutino e vespertino, ela é a docente responsável pelo AEE também nos dois turnos, nos quais possui horários completos com atendimento aos alunos, de terça à sexta-feira, tendo as segundas reservadas para

planejamento e formação junto à Secretaria de Educação do município. Diante desses fatores, existia a impossibilidade de encontros com os professores da sala regular da escola, estes previstos legalmente. Maior ainda era a dificuldade para encontro com os professores da sala regular dos alunos oriundos das outras duas instituições escolares.

A dificuldade para encontro da professora do AEE também se estendia aos outros que atuavam junto ao aluno, como aos responsáveis por atendimentos na área da sáude, como o terapeuta ocupacional, aos responsáveis pelo aluno, assim como no processo relativo ao acompanhamento da funcionalidade e da aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola (BRASIL, 2009). Nesse sentido, percebe-se que é impossível ofertar esse apoio pedagógico da maneira como é proposto pela legislação, pois a própria estruturação do serviço recomendada pela legislação não possibilita ações colaborativas entre o professor e os demais sujeitos, além de atribuir responsabilidades a esse profissional sem atentar para as barreiras que ele pode encontrar, principalmente referentes às relações interpessoais.

Em relação aos responsáveis pelo aluno, Michele relatou que era mais fácil manter uma relação com aqueles que acompanhavam os filhos para o atendimento, pois conseguia dialogar sobre assuntos pertinentes ao atendimento realizado e avançar no desenvolvimento dos educandos.

Eu vou tentando, mostrando à mãe a importância, o valor (do Atendimento Educacional Especializado) [...] A mãe sempre acompanha, então, eu mostro a ela o que estou fazendo, como ela (a aluna) está, quais as evoluções. Essa mãe é ótima, me escuta bastante. Percebi que havia uma superproteção e falei com ela sobre a importância de permitir, de deixar ela (a aluna) perceber que não é mais um bebê. A mãe me disse que procurava fazer o que eu recomendava e eu mostrei a ela como era importante essa ajuda dela, que os resultados já estavam aparecendo. Eu começo a valorizar os retornos e percebo que essa família tem o cuidado de não faltar aos atendimentos (MICHELE, 2016).

Na fala da professora, percebemos que a relação entre ela e os responsáveis pelos alunos tem resultado em avanços sociais e educacionais, revelando que o diálogo, o incentivo e os esclarecimentos somam-se ao trabalho desenvolvido na

Sala de Recursos Multifuncionais. Pudemos observar essas situações durante as observações empreendidas, verificando que os responsáveis que acompanhavam os alunos para o atendimento31, ao final deste, dialogavam com a professora do AEE sobre assuntos diversos, que envolviam o aluno. Salientamos que “[...] a participação efetiva da família no processo de aprendizagem é fundamental para o desenvolvimento dos estudantes, frente às suas necessidades” (FETTBACK; BALDIN, 2013, p. 2276).

Ainda versando sobre o trabalho do professor no AEE, as autoras Cardoso e Tartuci (2013, p. 311), contribuem com aspectos que detalhamos até o momento:

[...] o trabalho do professor de SRM vai além da atividade de complementação e suplementação curricular realizada no AEE com o aluno público alvo da Educação Especial, posto que esse docente, mantendo uma atuação de caráter pedagógico, deve trabalhar como gestor de todo o trabalho a ser desenvolvido com esse aluno, através da orientação de professores regentes de sala comum e professores de apoio à inclusão, além do trabalho que deve desenvolver com a família.

Com vistas ao que já foi exposto, percebemos que as atribuições do professor do AEE, quanto à sua relação com os outros profissionais e aos espaços de atuação escolar, estão definidas legalmente, através de política e diretrizes. Na Resolução CNE/CEB nº 4/2009, a relação do professor do AEE com outros profissionais é prevista como segue:

Art. 13. São atribuições do professor do Atendimento Educacional Especializado:

[...]

V – estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade;

VI – orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelos aluno;

[...]

VIII – estabelecer a articulação com os professores da sala de aula comum, visando à disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares (BRASIL, 2009).

Embora pontuada legalmente, não há previsão de meios para que o professor do Atendimento Educacional Especializado realize as articulações necessárias com os outro sujeitos, com vistas ao pleno desenvolvimento do aluno atendido na SRM.

31 Os responsáveis aguardavam fora da Sala de Recursos Multifuncionais o término do atendimento. Adentravam apenas quando o mesmo era finalizado.

Para tanto, diante das dificuldades encontradas e com o objetivo de cumprir com o que é proposto como serviço do Atendimento Educacional Especializado, mudanças e estratégias se fazem necessárias. Situamos, neste sentido, algumas estratégias que podem possibilitar um melhor desenvolvimento do serviço do AEE e de uma Educação Inclusiva:

 existência de professor com dedicação exclusiva ao Atendimento Educacional Especializado (AEE), com carga horária de 40h, realizando os atendimentos durante um turno e efetivando encontros com os professores da sala regular, com os responsáveis pelo aluno e com os demais profissionais que atuam junto ao aluno. Como também, observar e acompanhar a utilização das estratégias/recursos em sala de aula regular e atender às demais demandas necessárias (SILVA; OLIVEIRA, 2012, p. 8);

 prever tempo e espaços dentro do cronograma dos professores da sala regular para encontros com o professor do AEE;

 promover uma formação continuada em serviço para o professor do AEE, assim como para todos os professores da escola, em especial para aqueles que atuam com alunos público-alvo da Educação Especial;

 ofertar o AEE a alunos da própria escola;

 existir a determinação de um número máximo de alunos para cada SRM, para que este espaço cumpra a função de complementar ou suplementar o trabalho do ensino regular (SILVA-PERDIGÃO; SILVA, 2015).

Para justificativa do penúltimo ponto elencado, encontramos base em Ropoli et al (2010), quando pontuam que o atendimento educacional especializado, sendo oferecido na escola de origem do aluno, potencializa as possibilidades de que suas necessidades educacionais específicas possam ser contempladas e discutidas no cotidiano escolar, envolvendo todos que nele atuam, incluindo os professores da sala regular.

Durante nosso período de realização da pesquisa na escola, uma estratégia foi pensada pelo Setor de Educação Especial do município com vistas a promover o encontro entre os professores da sala regular e o professor do Atendimento Educacional Especializado. Durante o período de uma semana, os atendimentos aos

alunos do AEE foram suspensos32, sendo o tempo destinado ao encontro dos referidos docentes. Destacamos que tal Encontro só foi desenvolvido após a realização da entrevista inicial com a professora do AEE.

De acordo com a professora Michele, nesse período, a mesma teve a possibilidade de dialogar sobre os alunos público alvo da Educação Especial e sobre o trabalho desenvolvido no AEE com todos os professores da escola, tendo estes em suas salas de aula alunos atendidos pelo serviço ou não. Também foram alcançados os professores das escolas circunvizinhas, das quais os alunos são encaminhados à SRM, que Michele é responsável.

Para este diálogo, foi utilizado um questionário, entregue dias antes do encontro, para que cada professor respondesse e, a partir dele, o diálogo fosse desencadeado. A docente do AEE destacou, de forma geral, como positivo este momento de interação, pois conseguiu dialogar sobre o trabalho desenvolvido no AEE com os alunos, tirar as dúvidas e auxiliar os professores da sala de aula regular no processo inclusivo. Foi ainda significativa a possibilidade de conhecer os professores das outras escolas, para os quais o diálogo é ainda mais complexo de se realizar.

Michele também expôs que nem todos os professores se envolveram nesse momento, pois alguns deixaram de entregar o questionário respondido, que, após analisado, serviu de subsídio para a conversa com os docentes da sala de aula regular; outros não participaram da oportunidade de discutir os temas abordados no encontro.

A professora ainda pontuou que acharia melhor se esse momento tivesse ocorrido apenas com os professores que atendem, na sala regular, aos alunos público alvo da Educação Especial, o que nos faz pensar que os professores que não se envolveram foram aqueles que não atendem a esse alunado.

Discordamos de Michele nesse sentido, pois acreditamos que o processo de inclusão e de efetivação do AEE necessita do envolvimento de todos33 que atuam na instituição escolar. A inclusão não é tarefa de alguns, mas, sim, de todos. É

32

Não temos a informação se esta foi uma ação em todas as escolas do município ou apenas na escola de nossa investigação.

33

necessário compreender que o professor, que hoje não atende a um educando com deficiência, pode amanhã receber tal aluno em sua sala de aula.

A busca por conhecimento, a tomada de atitudes e o interesse por promover uma educação para todos devem acontecer continuamente no ambiente escolar. Ou seja, precisa ocorrer o mais rápido possível e não apenas quando o aluno chegar à escola, à sala de aula e ficar sob a responsabilidade de um professor.

Salientamos que esse momento de diálogo entre os professores foi o primeiro existente, já havendo, na ocasião, uma previsão para a realização de outros encontros34. Consideramos um momento importante, para o qual o setor de Educação Especial do município atentou para a sua realização. Ressaltamos a necessidade de existir, realmente, uma periodicidade nos encontros entre os professores da sala regular e de AEE, pois quanto mais cedo existir a tomada de estratégias, a utilização de recursos e o uso materiais didáticos adequados para cada aluno, mais brevemente suas potencialidades e necessidades serão atendidas.

Lembramos, ainda, que não participamos desse momento, pois fugia aos objetivos propostos inicialmente para a nossa pesquisa, embora reconheçamos seu valor. As informações aqui situadas foram fornecidas por Michele, durante uma das entrevistas que empreendemos.

Ainda em relação ao tempo, dialogamos sobre como a professora Michele organizava os tipos e os quantitativos de atendimento, conforme prevê o artigo 13, parágrafo III, das Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica (2009). De acordo com o tempo disponível para o AEE (4h 30m, diariamente, de terça a sexta, pois as segundas-feiras são reservadas ao planejamento e à formação da professora Michele, como já pontuado anteriormente), é organizado um cronograma, contendo os tipos de atendimento (em grupo e/ou individual), assim como a sua periodicidade e duração.

A oferta do AEE, na Sala de Recursos Multifuncionais na Escola Municipal da Aprendizagem acontecia de forma individualizada e/ou em pequenos grupos de até três alunos. A seleção dos alunos para atendimentos em grupo se dava pelo seu

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nível de aprendizagem, mesmo que estes possuíssem deficiência, idade e estudassem em anos de ensino diferentes.