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II. PROGRESSO TÉCNICO NA PERIFERIA CAPITALISTA: DEPENDÊNCIA TECNOLÓGICA NA INDUSTRIALIZAÇÃO

II.3. Economia e Tecnologia: algumas determinações

II.3.4. Atraso econômico e inovação tecnológica

Boa parte da literatura neo-schumpeteriana concentra-se na análise das características dinâmicas da empresa capitalista diante da inovação como arma competitiva nos mercados. Entretanto, diferentemente da escola neoclássica, não somente a empresa resulta de uma história particular como também apresenta formas particulares, “idiossincráticas” como pontua G. Dosi,

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de ação, em parte resultantes de sua história nas interações mútuas estabelecidas com os ambientes externos à empresa: mercados – fornecedores, concorrentes, usuários – e não- mercados – sistema de inovação, sistemas produtivos, aparato estatal, nações, etc. Quando examinam o processo inovativo nas condições macroeconômicas do desenvolvimento e do comércio internacional, o fazem utilizando largamente o instrumental analítico desenvolvido para as empresas. Assim, para G. Dosi e L. Soete,

“os microfundamentos da análise do comércio internacional [...] devem ser encontrados na extensão da interpretação ‘evolucionista’ para a arena internacional [...] os níveis microeconômico e setorial e as mudanças na competitividade internacional [...] parecem também representar os microfundamentos de muitas análises macroeconômicas [...] [itálico dos autores]” i.

Alguns autores da corrente néo-schumpeteriana trataram da especificidade do processo de desenvolvimento tecnológico nas economias atrasadas. Entretanto, não chegaram a compor uma literatura ampla sobre o tema. O contexto dos países centrais e mais desenvolvidos é seguramente o foco prioritário de suas atenções. Ademais, quando o fazem, parecem fazê-lo sob o enfoque do comércio internacionalii.

G. Dosi e L. Soete partem da idéia de que a composição do comércio entre os países expressa sobretudo o “hiato tecnológico” existente entre os países, importando pouco os mecanismos estáticos de vantagem comparativa. As diferentes capacitações nacionais com relação ao desenvolvimento tecnológico, que se afirmam na competitividade das suas empresas no mercado internacional, constituem um sistema de mútua interdependência entre competitividade, crescimento e padrões tecnológicos52.

A acentuada heterogeneidade dos esforços inovativos, mesmo entre países desenvolvidos, tem se mantido ao longo do tempo, apesar de algumas mudanças na hierarquia no primeiro conjunto de países e movimentos de “aproximação” entre alguns países do segundo, como o caso de alguns países do sudeste asiático. Essas diferenças refletem-se tanto nas suas produtividades

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Dosi & Soete (1988: 421). Os autores citam P. Krugman em suporte: “O quadro do comércio internacional se parece, em muitos aspectos, mais aquele do homem de negócios e do historiador econômico que dos teóricos do comércio internacional”. Krugman (1979, apud, Dosi & Soete, 1988: 407). De uma forma mais explícita, os mesmos autores e K. Pavitt afirmam: “[...] um modelo de crescimento totalmente desenvolvido com mudança tecnológica endógena requereria um ‘microfundamento inteiramente formalizado [...] baseado nos processos de aprendizado e seleção de mercado (Dosi, Pavitt & Soete, 1990: 231).

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Dentre eles, M. Bell, K. Pavitt, G. Dosi, M. Fransman, C. Freeman, C. Perez e L. Soete. Ver: Bell & Pavitt (1993); Dosi & Soete (1988); Perez & Soete (1988); Fransman & King (1984); Dosi, Pavitt & Soete (1990).

como no padrão setorial dos produtos transacionados no mercado internacional. Se a cumulatividade no aprendizado tecnológico é um dos mais importantes aspectos que, ao longo do tempo, fazem as empresas manter e aumentar sua competitividade, o mesmo se aplica aos países, daí porque existiria uma tendência à manutenção/ampliação da heterogeneidade tecnológica. Não seria descabido deduzir como corolário de suas idéias a existência de “círculos viciosos/virtuosos” em que os diversos aspectos da vida econômica do país geram mecanismos intrínsecos de reforço à situação de aproximação/distanciamento vividos anteriormente.. Como escrevem C. Perez e L. Soete,

[..se..] capital prévio é necessário para produzir novo capital, [e] conhecimento prévio é necessário para absorver novo conhecimento, é preciso disponibilidade de competências para que se adquiram novas competências, e um certo nível de desenvolvimento é necessário para criar a infra-estrutura e as economias de aglomeração que tornam o desenvolvimento possível. Em suma, está embutido na lógica do dinamismo do sistema que o rico se torne mais rico e o hiato permaneça e aumente para aqueles deixados para trás. (Perez & Soete, 1988: 459).

Como vêem, então, as possibilidades de desenvolvimento econômico e de participação virtuosa no comércio internacional? Para esses autores, coerentes com seu referencial analítico, essas possibilidades só poderiam ocorrer à medida que as empresas dos países atrasados se capacitassem para a inovação. De modo geral, as respostas a essa questão básica procuram apontar as necessidades “ambientais” e “sistêmicas” que possam reverter esse quadro, mas afora o receituário de condições pouco é dito sobre o como alterá-las. O referencial não se encontra no plano das relações de dependência e desigualdade entre os países desenvolvidos e atrasados. Pelo contrário, reserva-se um reconhecimento crítico à idéia de dependência tal como formulada, ou seja, como relação entre um centro e uma periferia que gravita de forma subordinada53. Por certo não desconhecem que há uma relação desigual entre os conjuntos de países. M. Fransman, por exemplo, afirma que a concentração da produção de bens de capital nos países centrais, pelo seu papel na geração e transmissão do desenvolvimento tecnológico, acrescenta algum elemento de dependência nas relações comerciais e produtivas entre os países. R. Rosenberg também o admite54 (Rosenberg, 1986). Todavia, permanecem via de regra em território analítico restrito ao comércio internacional, ainda que distantes das concepções estáticas das vantagens comparativas.

Na verdade, embora pouco explicitada, a visão daqueles autores é a de que a atual realidade dos países desenvolvidos configura uma espécie de paradigma para os países atrasados. Nesse sentido, o desenvolvimento implica a capacidade de construir a mesma realidade “ao sul

do equador”, criando os elementos necessários para que suas empresas possam competir e inovar dinamicamentei. Seus esforços teóricos são, em primeiro lugar, dirigidos fundamentalmente a analisar as carências sistêmicas, principalmente no campo do desenvolvimento científico e tecnológico, desse grupo de países que impedem ou dificultam suas empresas de participar positivamente do mercado mundial; em segundo lugar, a enxergar as “janelas de oportunidade” abertas para o rompimento do círculo de ferro; e, em terceiro lugar, a sugerir as medidas de política que poderiam dar sustentação a um possível círculo virtuoso.

C. Perez e L. Soete (1988) examinaram algumas dessas condições a partir de uma discussão sobre as características do processo de difusão tecnológica. Os autores acreditam que há um paralelo entre os modelos de difusão das empresas e dos países. Críticos da distinção radical entre inovação, caracterizando o ato original, e difusão, como se apenas no primeiro caso fossem realizados os tipos de desenvolvimento tecnológico que substantivamente caracterizam o processo inovativo, exemplificado pelos modelos “epidêmicos” de difusãoii, transportam a mesma crítica para o universo dos países, neste caso representados tanto pela visão de W. Rostow (1964) sobre os estágios de desenvolvimento como pela teoria do ciclo de vida dos produtos de R. Vernon (1966). Assim, o processo de difusão não seria um processo estático e puramente imitativo, mas implicaria posteriores adaptações, mudanças e verdadeiras inovações, em primeiro lugar na empresa e, em segundo lugar, no ambiente econômico mais geral55. Os autores desenvolvem um modelo, por analogia com a teoria do ciclo do produto, em que o ciclo seria construído pela tecnologia. A difusão de uma nova tecnologia apresenta momentos, ou fases de seu ciclo de expansão, em que se abririam “janelas de oportunidade” para aqueles países onde a tecnologia anterior não havia se difundido. A vantagem relativa está justamente na ausência de comprometimento com a tecnologia ultrapassada, que, onde se estabeleceu solidamente, apresentaria resistências à sua substituição por força dos investimentos anteriores congelados em capital fixo e nos intangíveis.

Em outras palavras, “o custo de oportunidade” das economias não comprometidas com a tecnologia anterior seria bem menor e aqui os autores vêem as possibilidades para o

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M. Bell e K. Pavitt anunciam, na introdução de um trabalho em que examinam os contrastes entre as experiências dos países desenvolvidos e dos “em desenvolvimento” que ele “ampara-se fortemente na busca de compreendera acumulação tecnológica no mundo industrializado de forma a iluminar a situação nos países em desenvolvimento contemporâneos”. (Bell & Pavitt, 1988: 157).

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“alcançamento” (catching up) pelos países atrasados dos padrões desenvolvidos. Não deixa de ser curioso que a argumentação dos próprios autores esteja em desacordo com essas possibilidades, sem que seja necessário negar a ação desses mecanismos. No corpo da argumentação, C. Peres e L. Soete apontam para os custos mais elevados em que incorrem os países atrasados e nomeiam: (1) o custo básico do investimento fixo; (2) os custos requeridos para reduzir o hiato tecnológico, inclusive para adquirir o conhecimento científico e tecnológico; (3) os custos para encurtar as distâncias quanto à experiência e competência; e (4) os custos necessários para compensar a falta de “externalidades”. Ademais, essas perspectivas ocorrem nos momentos de “transição de paradigmas”, quanto haveria “tempo para o aprendizado” e “abrir-se-ia uma janela de oportunidade temporária [grifo nosso] com baixo limiar de entrada” (Perez & Soete, 1988: 477). As oportunidades são temporárias e criadas em momentos de transição, ou seja, em momentos excepcionais e ainda limitadas.

M. Bell e K. Pavitt rejeitam, da mesma forma, a distinção radical entre inovação e difusão tecnológicas como se as empresas que não se encontram no elo primeiro da cadeia da distribuição da inovação não tivessem qualquer papel no desenvolvimento tecnológico. A difusão, alegam, impõe já num primeiro momento de sua implantação imediata, melhorias e adaptações que significam um processo mais complexo do que uma simples escolha ou adoção. E, num segundo momento, o processo de mudança tecnológica continua pela incorporação de uma série de desenvolvimentos e de modificações, em parte descritos pelas chamadas “curvas de aprendizado”. Chamam, então, a atenção para o fato de que a difusão requer a mobilização de dois tipos de recursos:

As competências, conhecimento e instituições que compõem a capacidade de um país para gerar e administrar a mudança na tecnologia industrial que utiliza (isto é, sua capacitação tecnológica) e (ii) os bens de capital, conhecimento e qualificação do trabalho requeridos para produzir bens industriais com “dada tecnologia” (isto é, a capacidade produtiva industrial de um país). Por “acumulação tecnológica” [grifos nossos] queremos dizer acumulação do primeiro destes estoques de recursos [e constatam que...] a acumulação tecnológica tem se tornado cada vez menos um subproduto do crescimento da capacidade de produção industrial. (Bell & Pavitt, 1993: 159). Assim, os autores acentuam a diferença profunda entre a capacidade para produzir e a capacitação tecnológica, que correspondem a processos distintos de mudança técnica, no primeiro caso, e de aprendizado tecnológico, no segundo:

Distingue-se entre dois estoques de recursos: capacidade de produzir e capacitação para inovar. O primeiro incorpora os recursos utilizados para produzir bens industriais a níveis dados de eficiência e combinação de fatores: equipamentos (tecnologia que incorpora capital) qualificação profissional (experiência e conhecimento operacional e gerencial), especificações de produtos e insumos, e os métodos e sistemas de produção empregados. Capacitação tecnológica consiste naqueles recursos necessários para gerar e gerir mudanças técnicas, que incluem qualificação do trabalho, conhecimento e experiência, estruturas institucionais e redes. (Bell & Pavitt, 1993: 163- 164).

A crescente importância do conceito de capacitação/aprendizado tecnológico prende-se a duas tendências mais recentes: a maior importância dos recursos “intangíveis” para o próprio processo produtivo e ainda mais para o processo de inovação; e a maior especialização e diferenciação do conhecimento utilizado pelas empresas industriais modernas. Assim, concluem que o hiato entre as competências simplesmente para produzir e aquelas para inovar está crescendo, diminuindo as possibilidades de que, ao conquistar uma, se alcance a outra.

Ao analisarem os países “em desenvolvimento”, M. Bell e K. Pavitt observam que há diferenças acentuadas entre os esses países. Entretanto, de modo geral, o que constatam é que aqueles que conseguiram trilhar o caminho da industrialização, em sua grande maioria, avançaram em termos de capacidade para produzir, mas ampliaram, via de regra, sua distância dos países desenvolvidos em termos de capacitação para inovar. Uma vez que, na cadeia inovativa, estes países situam-se no elo da difusão, as observações anteriores valem aqui, isto é, a adoção de tecnologias importadas revestiu-se de adaptações e melhorias incrementais ao longo do tempo que não podem ser desprezadas. Observam, todavia, que as possibilidades de avançar ao longo do aprendizado tecnológico tornou-se mais difícil. Por uma parte, porque a tecnologia hoje muda mais rapidamente e requer, inclusive pela sua especialização setorial (ver item II.3.2), maiores investimentos, especialmente em pesquisa e desenvolvimento. Por outra, o acesso à ‘tecnologia desincorporada”, intangível, tornou-se mais restrito e controlado. Os autores concluem que a simples utilização de políticas comerciais não dá conta dos novos requerimentos do desenvolvimento econômico. O foco deve dirigir-se às políticas que desenvolvam o aprendizado nas empresas e na sociedade. Estas propostas, entretanto, não podemos deixar de nos recordar, pelo seu conteúdo escapista, um personagem de Machado de Assis que dizia: “Tu poupas a teus semelhantes todo esse imenso arranzel, tu dizes simplesmente: Antes das leis,

reformemos os costumes! – E essa frase sintética, transparente, límpida, tirada ao pecúlio comum, resolve mais depressa o problema, entra pelos espíritos como um jorro súbito de sol”i.

N. Rosenberg atribuiu enorme importância ao setor de bens de capital na capacidade de introdução de progresso técnico na economia capitalista. Como notável historiador da tecnologia e amparado em suas análises históricas, em particular da história dos Estados Unidos, ele afirmou que “uma significativa [...] dimensão da transição para o crescimento econômico repousa na capacidade do setor de bens de capital em assimilar e desenvolver proficiência na nova tecnologia das máquinas, e portanto tanto para gerar como para adaptar-se aos contínuos e cambiantes requerimentos tecnológicos de uma economia em processo de industrialização”ii. Essa observação não se restringe, entretanto, ao passado histórico que examinava. Prolonga-se ao capitalismo moderno, na medida em que enxerga nas indústrias pertencentes a esse setor não somente as “capacitações” mas também as “motivações” para impulsionar o desenvolvimento tecnológico em toda a cadeia produtiva. Insiste Rosenberg que “criar uma indústria de bens de capital é, de fato, o caminho mais importante de institucionalização [grifo do autor] das pressões internas [ao país...] para a adoção de uma nova tecnologia”iii. Ademais, pelos seus maiores requerimentos em aprendizagem e especialização, inclusive em projetamento, como parte intrínseca de sua atividade, geram maiores induções à continuidade do progresso técnico e sua difusão no restante da economia e, portanto, criam “externalidades” e produzem um “espraiamento” (spill over) dessas novas capacitações e pulsões pela mudança técnica nos demais setores da economia56.

Que conseqüências isso traz para as perspectivas dos países atrasados? N. Rosenberg acredita que os países que carecem de uma indústria que desempenhe aquelas funções da indústria de bens de capital estão mutilados dessa “fonte essencial de dinamismo, flexibilidade e vitalidade”. A importação de tecnologia não supre esse dinamismo, e os países que dela dependem estão cortados dos benefícios daquela experiência. As empresas multinacionais poderiam compensar parcialmente essa deficiência, mas não podem suprir o processo de aprendizado que se estabelece nas relações virtuosas e dinâmicas entre produtores de bens de capital e seus usuários, em que os primeiros se constituem nos agentes impulsionadores do

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Assis (1997: 262). O tutor ensinava a seu pupilo como galgar os caminhos da burocracia sem comprometer-se.

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Rosenberg (1976: 11).

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progresso técnico. Assim, embora possa haver benefícios na importação de tecnologia pela introdução de um equipamento moderno e atual, “perpetua-se uma postura de dependência e passividade”i. Mesmo programas de assistência técnica governamentais sofrem das mesmas restrições quanto à difusão do aprendizado das novas tecnologias pelo corpo da economia e da sociedade.

Sua resposta, se de fato for uma, estaria no desenho de instituições que possam promover localmente os vínculos e atividades que estimulem daquelas interações dinâmicas positivas que o setor de bens de capital havia promovido nos países desenvolvidos. Essas instituições, entretanto, teriam um desenho muito variado, porque, “se a história nos ensina algo a este respeito, é que uma larga diversidade de formas institucionais resultou bem-sucedida sob condições diferentes”.

Nota-se que a convergência entre os autores se limita à análise da empresa no ambiente concorrencial e às condições sistêmicas que favorecem a inovação por ela praticada. Prisioneiros das suas construções teóricas “firm-intensive”, com ironia poder-se-ia dizer, ao passarem para a análise das situações nacionais de atraso econômico, não podem ter outra perspectiva senão a continuidade dele, ainda quando se utilizem de conceitos como sistema nacional de inovação, uma vez que no jogo competitivo evolucionista, quem não consegue competir regride ou perece. Como então romper o círculo vicioso de ferro que os amarra ao atraso. Vimos duas alternativas acima, contraditórias entre si. Na primeira, as janelas de oportunidade se abrem na transição para uma nova tecnologia. Na segunda, a transição para uma nova tecnologia requer uma prévia capacitação que os países atrasados não têm.

Um comentário final nos remete à epígrafe que anuncia essa seção. Devemos a esse conjunto de autores que compõem o grupo chamado de neo-schumpeterianos um notável esforço de detecção das características que assume essa particular intersecção entre a economia e a tecnologia, que, em vários de seus espaços, caminham separadas. O empenho em organizar esses conteúdos requereu intenso trabalho de denominação e classificação que não foi matéria de sistemática exposição aqui, mas constituiu-se em notável avanço no aparelho analítico da teoria econômica. Assim, trata-se de referência obrigatória ao estudo dos processos de inovação nas empresas e nas economias. Entretanto, é preciso estar ciente de seus limites teóricos. A aplicação acrítica dos conceitos, enunciados e relações tem limites claros e ficaram expostos naquelas

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tentativas de radiografar as sociedades periféricas e lhes propor caminhos. Nesse sentido, registre-se que o conceito de capital que utilizam é diferente daquele que afirma que o capital é apenas um fator de produção e não sustenta, assim, qualquer relação social, que, em si mesma, gera assimetrias no controle das propriedades e das perspectivas de vida. Capital humano, capital intangível são conceitos úteis na operação intelectual de entender os processos dinâmicos que compõem a realidade mais aparente da economia. Mas em um nível mais profundo, opera-se uma redução do trabalho a outra forma qualquer de capital. Ter-se-ia chegado assim ao paroxismo da “subsunção real” do trabalho ao capital de que falava K. Marx. O próprio trabalho teria se tornado capital!