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A AULA COMO UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA

No documento ANAIS – Mostra Científica 2016 (páginas 138-143)

A inserção da Lei 10.639/03 nos currículos escolares foi decorrência de muitas lutas dos Movimentos Negro no país para descontruir o pensamento racista dos indivíduos, incluindo a História e Cultura Afro-brasileira e Africana nas práticas pedagógicas escolares, com o objetivo de encerrar os vários tipos de violência, seja ela verbal ou física, as quais a população negra tem sido submetida.

A Lei 10639/03 é resultado de luta do Movimento Negro brasileiro que visava atender uma demanda da população negra e da sociedade civil organizada e preocupada com a construção de uma sociedade mais justa, assim como da demanda daqueles que não temem o desnudamento de conflitos latentes, encobertos por subterfúgios, como a ideia de que somos uma democracia racial (MULLER e COELHO, 2013, p.44)

A temática das Relações Étnico-Raciais traz como requisito para a escola, a valorização das diferenças e o atendimento à pluralidade e a diversidade cultural,

respeitando os direitos humanos individuais e coletivos, combatendo todas as formas de violência e de discriminação presentes nas relações sociais do dia-a-dia escolar.

Uma educação voltada para produção do conhecimento, para formação de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos para (e na) diversidade étnico-racial, significa a compreensão e a ampliação do direito à diferença como um pilares dos direitos sócias. Implica também a formação de subjetividades, de sujeitos inconformistas diante das práticas racistas e com o conhecimento teórico-conceitual mais aprofundado sobre a África e as questão afro-brasileiras. (GOMES, 2012, p.22)

A Lei nº 10.639/03 é parte de um conjunto de políticas de ação afirmativa que visa reparar erros cometidos contra população negra que por muito tempo foram discriminados e caladas na história nacional, fazendo uma correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades.

Para Muller e Coelho (2013), os professores precisam ser sensíveis às demandas dessas culturas silenciadas. Há um processo de hierarquização de conhecimentos que precisa ser superado e o primeiro passo está no debate, no ato de se falar de alguns mitos. É importante falar da participação do negro e aproxima-lo da realidade escolar.

Neste sentido, as inovações trazidas pela legislação consistem na possibilidade de ampliar a inclusão visando considerar vários segmentos da sociedade brasileira, antes ausentes das representações da nacionalidade. A Lei aponta a importância de que as representações sociais são excludentes e não podem compor o conteúdo didático senão como objeto a ser debatido, para que crianças e adolescentes percebam as representações como manifestações dos conflitos sociais e não conteúdos que devem ser apreendidos e reproduzidos.

O educador necessita resgatar a riquíssima história dos povos africanos repleta de inovações científico-tecnológicas, sociais, políticas, intelectuais, ajudando a reconstruir a imagem da participação digna e ativa em todas as dimensões da experiência humana, esboçando as possibilidades para seus descendentes.

As autoras apontam que racismo na escola ocorre entre alunos, geralmente em forma de apelidos, a partir do momento em que há uma negação das tradições africanas e afrodescendentes, dos costumes, negação da filosofia e da religiosidade. Existem professores que consideram normal o comportamento das crianças usarem apelidos adjetivando uns aos outros, sendo que sua função é de repreender o que os estudantes reproduzem de forma discriminatória. A ausência de providências por parte dos

educadores sinaliza a criança discriminada que ela não pode contar com a cooperação dos seus professores. Por outro lado, para a criança que discrimina, sinaliza que ela pode repetir a sua ação visto que nada foi feito.

No ambiente da sala de aula deve-se predominar com frequência o diálogo como ferramenta metodológica para trabalhar as atitudes preconceituosas. O diálogo não pode ser resumido e nem ser imposto em verdade única como uma ideologia, é possível dialogar através de rodas de conversas, favorecendo o debate onde todos expressem seus pensamentos sejam eles positivos ou negativos, onde o professor tem como responsabilidade equilibrar as concepções expostas durante a conversação.

Em virtude disso, a aula como educação antirracista tem como finalidade distorcer os pensamentos reproduzidos pelos educandos, onde propicia aos mesmos a construção e reconstrução dos direitos humanos, ampliando os conhecimentos das diversidades culturais existente no país.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entende-se que para pensar no ensino para relações étnico-raciais é preciso um conjunto de práticas e saberes docentes constituídos durante a formação do professor.

No entanto, o Plano de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação das Relações Étnico Raciais e para o Ensino De História e Cultura Afro - Brasileira e Africana, estabelece que as Instituições de Ensino Superior incluam conteúdos sobre as Relações Étnico Raciais em suas disciplinas. Nesse sentido, se faz necessário que as IES contenham em sua matriz curricular uma disciplina voltada para este estudo.

Em Sergipe a Faculdade São Luís de França foi uma das primeiras a inserir na sua matriz curricular no curso de pedagogia a disciplina para o estudo das Relações Étnico-Raciais no ano de 2013, significa que, a faculdade está agindo de maneira regular de acordo com Plano de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino De História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Preparando assim, futuros pedagogos qualificados em atender as expectativas da Lei 10.639/03, na educação básica.

O educador estando preparado na sua formação irá contribuir para a construção da identidade, subjetividade e valores dos educandos, desmistificando os pensamentos

racistas e preconceituosos repetidos pelos alunos, bem como abordar os conteúdos protagonizando a verdadeira história dos afro-brasileiros e africanos.

Os professores precisam estar atentos aos comportamentos dos educandos, no que diz respeito às atitudes racistas, podendo intervir de maneira em que os discipline para o respeito às diferenças socioeconômicas e culturais.

Contudo, para que o professor amplie com excelência o ensino de História de Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica, é inestimável que o mesmo tenha alcançado um estudo capaz de qualifica-lo para esse tipo de atividade. Acredita-se que na formação inicial e continuada dos professores, a diversidade e a diferença são de suma importância para desconstruir muitas representações negativas sobre a população negra que permeiam o currículo escolar, contribuindo para a construção de uma escola intercultural, democrática e promotora da equidade.

REFERÊNCIAS

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AMÉRICO, Márcia Cristina. Formação de professores para a implementação da lei 10639/03: o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo

escolar. Disponível

em:http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Poiesis/article/viewFile/1540 /1916. Acesso em 01 de setembro de 2016.

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Brasília: MEC. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/>. Acessado em 21 de Maio de 2016.

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______________. Plano nacional de implementação das diretrizes curriculares nacionais para educação das relações étnico-raciais e para o ensino de historia e cultura afro-brasileira e africana.Brasília,2009.

______________. Presidência da República. Lei 10639, de Janeiro de 2003. Altera a Lei nº nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” e da outras providências. Brasília, 2003.

Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10639.htm. Acesso em 18 de Setembro 2016.

GOMES, Nilma Lino. Limites e possibilidades da implementação da lei 10639/03 no contexto das políticas públicas em educação. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Boll,2009.

KURY, Adriano da Gama. Mini dicionário da língua portuguesa. São Paulo: FTD,2001.

MULLER, Tânia Mara Pedroso, COELHO, Wilma de Nazaré Baía. A lei nº 10639/03 e a formação de professores: trajetórias e perspectivas .Belo Horizonte, 2013.

Disponível em: http://www.academia.edu/4964552/A. Acesso em 14 de agosto de 2016.

NEVES, Carla das. Lei de diretrizes e bases da educação esquematizada. Rio de Janeiro: Ferreira, 2010.

SANTOS, Wanderley Guilherme. Cidadania e justiça. A política social na ordem brasileira. Rio de Janeiro: Campos, 1979.

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ALFABETIZAÇÃO VISUAL: O USO DE IMAGENS COMO

No documento ANAIS – Mostra Científica 2016 (páginas 138-143)