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CONCEITOS DE AFETIVIDADE

No documento ANAIS – Mostra Científica 2016 (páginas 167-170)

na vida dos alunos quando possuem sensibilidade pois, ao falar com os olhos, estão falando com o coração, com sentimento, com ternura e carinho, expressando emoção, não deixando o cotidiano do dia-a-dia na sala de aula descontrolar suas atitudes e assim desmotivar seus alunos. Cury afirma ainda que “os fracos excluem, os fortes acolhem, o s fracos condenam, os fortes compreendem.” (2003, p.65). Com esta máxima entendemos que a excelência na docência não depende apenas de conhecimentos científicos, depende também da contribuição de atitudes, valores e princípios que geram uma humanidade mais saudável e feliz, porque além do desenvolvimento cognitivo também há o psicossocial e o emocional, onde aprenderão a ser humanos mais sensíveis.

A justificativa para a escolha deste tema se dá por acreditar que os comportamentos não são puramente cognitivos. A afetividade motiva, acelera e é um elemento indispensável na educação do indivíduo, seja informal ou formal, mas necessária ao desenvolvimento psicossocial, emocional, físico e intelectual.

Defendemos a ideia de que o ser humano deve ser visto como uma totalidade, portanto é imprescindível a consideração do papel da afetividade no funcionamento psicológico e na construção de conhecimentos cognitivo-afetivos. A partir deste trabalho, será defendida uma perspectiva que compreenda a indissociabilidade e ntre os aspectos afetivos e cognitivos do ser humano. Assim, a importância do tema está na noção e certeza de que ações cognitivas pressupõem a presença de aspectos afetivos, ou seja, no trabalho educativo cotidiano não existe uma aprendizagem meramente cognitiva ou racional, pois os discentes não deixam os aspectos afetivos que compõem sua personalidade do lado de fora da sala de aula quando estão interagindo com os objetos de conhecimento; por isso a necessidade da compreensão do ato pedagógico com o ato emocional.

Desta forma, o presente trabalho pretende colaborar com a formação dos futuros profissionais da educação, mostrando que a afetividade, os sentimentos e as emoções favorecem o desenvolvimento cognitivo.

o processo de ensino-aprendizagem aconteça com mais cordialidade e expressividade, favorecendo a formação cognitiva e intelectual do ser.

A afetividade é a dinâmica mais profunda e complexa de que o ser humano pode participar. Inicia-se a partir do momento em que um sujeito se liga a outro pelo amor - sentimento único que traz no seu núcleo um outro, também complexo e profundo: o medo da perda. A afetividade é a mistura de todos os sentimentos inerentes ao campo emocional, e aprender a cuidar adequadamente de todas essas emoções proporcio nará ao sujeito uma vida emocional plena e equilibrada. Na verdade, o sentimento mais nobre que liga a todos se chama amor.

A palavra afeto vem do latim “affectur” (afetar, tocar) e constitui o elemento básico da afetividade. Esta contempla as diversas relações sociais que o indivíduo vivencia no seu dia-a-dia e, a partir daí, gera significados e sentidos pessoais. Segundo Leite, citado por Amaral (2014, p. 106),

A afetividade envolve as vivências e as formas de expressão humana mais complexas, se constituindo como um conceito amplo. Desenvolve-se com a apropriação dos sistemas simbólicos culturais pelo indivíduo, que vão possibilitar sua representação, mas tendo como origem suas emoções.

Sabemos que as pessoas aprendem de diversas formas, métodos e conceitos, ou seja, diferentemente uma das outras. Podemos dizer que cognição e emoção estão diretamente entrelaçadas e que justamente por isso é que ocorrem os processos de ensino e aprendizagem. Assim, não podemos pensar em ensino-aprendizagem apenas no aspecto cognitivo, pois temos a convicção que a afetividade relaciona e interage em todo o processo educativo. Aprende-se melhor quando depositamos momentos afetivos nas relações. Na verdade, a afetividade é estimulada pela expressão dos sentimentos, das emoções, e desenvolve-se por meio da formação do sujeito.

Segundo Capelasso (2013), a psicologia da afetividade é um termo que designa a suscetibilidade que o ser humano experimenta perante determinadas alterações que acontecem no mundo exterior ou em si próprio. O ser humano não nasce pronto; é através das suas relações sociais e familiares que ele se forma. Dentro deste contexto, a afetividade não deixa de ser um conjunto de fenômenos psíquicos manifestados sob a forma de emoções ou sentimentos, acompanhados da impressão de prazer ou dor, satisfação ou insatisfação, agrado ou desagrado, alegria ou tristeza e todos os sentimentos que correspondem aos momentos vividos em cada situação. Também é

essencial no funcionamento da inteligência pois, segundo ele, “vida afetiva e vida cognitiva são inseparáveis, embora distintas. E são inseparáveis porque todo intercâmbio com o meio pressupõe ao mesmo tempo estruturação e valorização... Assim é que não se poderia raciocinar, inclusive em matemática, sem vivenciar certos sentimentos, e que, por outro lado, não existem afeições sem um mínimo de compreensão... O ato da inteligência pressupõe, pois, uma regulação energética interna (interesse, esforço, facilidade)”.

Enquanto sentimento, a afetividade aparece no discurso dos participantes de duas maneiras: primeiro, concebida com amor, carinho e afeição entre as pessoas, trata -se de um -sentimento que nasce na interação entre os -seres humanos na re lação interpessoal. A afetividade é um estado de afinidade profunda entre os sujeitos. Assim, na interação afetiva com outro sujeito, cada sujeito intensifica sua relação consigo mesmo, observa seus limites e, ao mesmo tempo, aprende a respeitar os limites do outro. A afetividade é necessária na formação de pessoas felizes, éticas, seguras e capazes de conviver com o mundo que as cerca. No ambiente escolar, afetividade vai além de dar carinho; é aproximar-se do aluno, saber ouvi-lo, valorizá-lo e acreditar nele.

De acordo com Leite (2002), Piaget aborda a afetividade como energética, ou seja, uma força direcionada que está indissociavelmente ligada à inteligência, manifestada nas ações e condutas dos indivíduos. Ele afirma que “vida afetiva e vida cognitiva são inseparáveis, embora distintas”. Não se raciocina sem vivenciar certos sentimentos, não existem afeições sem um mínimo de compreensão. Na realidade, a inteligência é a força propulsora para que aconteçam sentimentos que envolvem interesses, esforços e motivação.

É abordado por Capelasso (2013) que Henrri Wallon coloca a afetividade como um dos aspectos centrais do desenvolvimento, uma vez que toda pessoa é afetada por elementos externos, como o olhar, um objeto, uma informação, e também por sensações internas, como medo, raiva, alegria e fome.

Para Capelasso (2013), Vygotsky afirma que as relações interpessoais têm influência direta no intelecto e que os processos pelo qual o afeto e o intelecto se desenvolvem estão inteiramente enraizados em suas inter-relações e influências mútuas. Vygotsky é considerado um cognitivista por se preocupar com aspectos que envolvem o funcionamento do pensamento, porém ele se opõe diretamente à separação do intelecto e do afeto, uma vez que esta universalidade promove pensamentos de

vontades, interesses e impulsos sobre o que se pensa, sobre o objetivo ou meta a ser alcançado.

Para Winnicott (2013), a afetividade assume um papel importante no desenvolvimento humano, pois determina interesses, necessidades e vontades pessoais . Assim, ao se desenvolver, o indivíduo transforma as necessidades afetivas em cognitivas e a integração entre afetividade-inteligência em níveis de evolução mais elevada.

Atualmente, podemos observar que as teorias de Piaget, Wallon e Vygotsky estão sendo retomadas com força e dinamismo, abordando o construtivismo, o internacionalismo, a pedagogia ativa e todos os atos pedagógicos que se preocupam tanto com o ensino-aprendizagem quanto com os laços afetivos, participando de forma estruturada e dinâmica das manifestações e de toda forma de construção do conhecimento.

No documento ANAIS – Mostra Científica 2016 (páginas 167-170)