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Autonomia do Direito Previdenciário em relação aos

CAPÍTULO 3. DIREITO DO TRABALHO E DIREITO PREVIDENCIÁRIO:

3.5 Autonomia do Direito Previdenciário em relação aos

Previdenciário e ao Direito do Trabalho.

3.5 Autonomia do Direito Previdenciário em relação aos

demais ramos do Direito

Ao tratar da autonomia do Direito Previdenciário em relação aos demais ramos do Direito, é preciso considerar aquilo que já foi mencionado inicialmente: que o Direito é considerado uno, indivisível. Falar em autonomia de determinado ramo do Direito significa, tão-somente, considerar a autonomia para fins didáticos, sem com isso significar qualquer ruptura com o restante do corpo jurídico.

Nesta acepção, interessante definição é dada por EVARISTO DE MORAES FILHO, para quem:

Embora o direito seja um só, com a mesma finalidade e os mesmos propósitos de regular, mediante sanção, a conduta

dos homens em sociedade, em qualquer de seus aspectos externos, um ramo jurídico consegue alcançar a fase final de autonomia quando atinge a maturidade, passando a gozar da liberdade de poder orientar-se por princípios próprios, com características de direito especial. Porque é constituído para um fim especial, também especiais são os seus princípios, a sua doutrina, os seus desígnios, os seus métodos79.

Como já analisado (subitem 3.3), na atualidade, o Direito Previdenciário é considerado ramo autônomo do Direito, possuindo princípios e institutos próprios. Merece, portanto, estudo adequado e particular.

Embora autônomo, o Direito Previdenciário faz parte de um todo, relacionando-se com outros ramos do Direito.

Vista a relação que o Direito Previdenciário detém com o Direito do Trabalho, bem como a autonomia existente entre eles, faz-se necessário destacar a relação do Direito Previdenciário com os demais ramos do Direito.

Com o Direito Constitucional, base de todo ordenamento jurídico, o Direito Previdenciário possui estreita relação. Essa ligação remonta à importância demonstrada em relação à proteção do trabalhador por ambos.

Nos artigos 7.º a 10 da Constituição Federal são relacionados inúmeros direitos dos trabalhadores, nos quais se encaixam alguns dispositivos direcionados ao Direito Previdenciário.

Em acréscimo, a Carta Constitucional de 5 de outubro de 1988 tratou, no Título VIII, da Ordem Social, cuidando da previdência social de forma específica na Seção III (art. 201), delimitando seus princípios no

79MORAES FILHO, Evaristo de. Tratado elementar de Direito do Trabalho. 2. ed. vol. 1.

parágrafo único do artigo 194, estabelecendo as bases financiadoras do sistema no artigo 195, bem como os ideais que deve perseguir, no artigo 193 (bem-estar e justiça social).

Também se pode invocar a relação do Direito Previdenciário com o Direito Administrativo. Este surgiu juntamente com o Estado-Providência.

O Direito Administrativo tem como finalidade proteger o interesse público. Por isso, o Estado é administrado partindo da noção de que toda a sociedade merece proteção e que o interesse público prepondera sobre o interesse particular.

Da mesma maneira, o Direito Previdenciário visa o interesse social. Destarte, não se preocupa com uma pessoa individualmente considerada, mas com toda a sociedade que clama por proteção.

Como se não bastasse, o Direito Administrativo faz parte de uma das funções do Estado: administrar. O Executivo realiza essa função. No âmbito da previdência social, as normas administrativas foram editadas pelo Presidente da República, através do Decreto 3.048, de 6 de maio de 1999 (Regulamento da Previdência Social).

O próprio Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, autarquia federal, é regido pelas regras do Direito Administrativo.

O Direito Penal também encontra relação com o Direito Previdenciário. O Código Penal (Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940) estabelece crimes praticados contra a previdência social. Exemplo disso, o artigo 337-A do Código Penal, que trata da sonegação de contribuição previdenciária, estabelecendo como pena a reclusão, de 2(dois)

a 5(cinco) anos, e multa. Muitas outras penas são aplicadas às empresas, principalmente em relação à apropriação indébita previdenciária (art. 168-A), delito comum neste meio.

Com o Direito Civil, o Direito Previdenciário também se relaciona, ao utilizar alguns conceitos disciplinados pelo Código Civil, em que pese o caráter público de um (Direito Previdenciário) e privado de outro (Direito Civil): casamento, cônjuge, ex-cônjuge, ausência, seguro, prescrição e decadência etc.

Também é indubitável a importância do Direito Tributário para o ramo do Direito Previdenciário, vez que as contribuições sociais que dão sustentação ao caixa da previdência social são consideradas tributos pela doutrina dominante, seguindo, por conseqüência, regras do Direito Tributário. Nesta seara, o lançamento do crédito previdenciário utiliza a regra do artigo 142 do Código Tributário Nacional. Outros dispositivos tributários são empregados pela legislação previdenciária, como os artigos 113, 114, 119, 120 todos do CTN.

No que tange ao Direito Comercial, sua ligação com o Direito Previdenciário se reporta ao fato de que este utiliza o conceito de empresa e empresário com o intuito de efetuar a cobrança das contribuições previdenciárias. Assim é que o artigo 195, inciso I da Constituição Federal de 1988 estabelece que:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei.

É igualmente interessante destacar a relação do Direito Previdenciário com o Direito Internacional. Além dos inúmeros tratados internacionais em matéria de seguridade social, existe uma gama considerável de trabalhadores que prestam serviços no exterior. O Direito Previdenciário se valerá, então, das regras de Direito Internacional Público e das regras de Direito Internacional Privado.

Com assento nas colocações efetuadas, não resta dúvida de que o Direito Previdenciário, embora ramo autônomo do Direito, perfaz-se de conceitos e regras aplicáveis em sua origem a outros ramos.

Na sustentação deste raciocínio, é preciso prosseguir este estudo estabelecendo a distinção e relação entre os segurados da previdência social e os empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho, conforme capítulo a seguir.

CAPÍTULO 4 SEGURADOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL