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CAPÍTULO 4. SEGURADOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL E O

4.1 Segurados da previdência social

4.1.4 Definição

Conforme enumerado, são segurados obrigatórios da previdência social: o empregado, o empregado doméstico, o trabalhador avulso, o contribuinte individual e o segurado especial.

Iniciando pelo conceito de empregado, é preciso destacar que empregado é a pessoa física, que exerce atividade remunerada, com pessoalidade, mediante subordinação, em caráter não eventual, conforme análise no subitem 5.1.6.

Este conceito é encontrado no artigo 3.º da Consolidação das Leis do Trabalho e repetido no artigo 11, inciso I, da Lei 8.213/91.

Nas palavras de JOSÉ MARTINS CATHARINO:

Sendo o empregado pessoa humana, e não sendo possível separar-se o trabalho a que se obriga dela própria, a obrigação que assume é pessoal e patrimonial, de fazer, a de trabalhar pessoalmente para outra pessoa, natural ou jurídica,

orientação do Pretório Excelso, consolidou já entendimento no sentido de que a Constituição da República, ela mesma, ao limitar a idade para o trabalho, assegurou a contagem do tempo de serviço antes dos 14 anos de idade, para fins previdenciários, precisamente por se tratar, em natureza, de garantia do trabalhador, posta para sua proteção, o que inibe a sua invocação em seu desfavor, de modo absoluto. 2. Precisamente, também por força dessa norma constitucional de garantia do trabalhador, é que o tempo de trabalho prestado antes dos 14 anos deve ser computado como tempo de serviço, para fins previdenciários, o que quer dizer, independentemente da falta da qualidade de segurado e do custeio relativo a esse período, certamente indevido e também de impossível prestação. 3. O fato do menor de 14 anos de idade não ser segurado da Previdência Social não constitui qualquer óbice ao reconhecimento do seu direito de averbar esse tempo de serviço para fins de concessão de benefício previdenciário. Inteligência do artigo 55, parágrafos 1º e 2º, da Lei nº 8.213/91." (REsp 464.031/RS, da minha Relatoria, in DJ 12/5/2003). 2. Agravo regimental improvido.( Min. HAMILTON CARVALHIDO; AGRESP 464556 / RS ; AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2002/0117374-0; DJ DATA:06/10/2003 PG:00339).

em troca da remuneração, resultante, quase sempre, de uma obrigação de dar, a cargo de quem se beneficia com o produto do trabalho alheio.83

Outra classe de trabalhadores protegidos pela previdência social é a formada pelos empregados domésticos.

A Lei 5.859, de 11 de dezembro de 1972, regula a profissão do empregado doméstico e dá outras providências. Em seu artigo 1.º considera empregado doméstico aquele que “presta serviços de natureza contínua e de finalidade não-lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas”.

Da mesma maneira, a Lei n. 8.213 de 24 de julho de 1991, define como empregado doméstico aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos (art. 11, inciso II).

Ao conceituar empregado doméstico, MOZART VICTOR RUSSOMANO tece a seguinte crítica:

[...] a lei usou palavras impróprias, quando disse que são assim considerados os que desempenham serviços de natureza não econômica. Ora, o doméstico é a mucama, a cozinheira, o jardineiro, etc. Todas as tarefas desenvolvidas pelos mesmos visam à satisfação de necessidades e, portanto, têm natureza econômica. Dessa forma, melhor fora adotar, como critério fundamental para definição dos empregados domésticos, dois fatos: a) o local da prestação de serviços; b) a finalidade da operação trabalhista.84

83CATHARINO, José Martins. Compêndio de direito do trabalho..., 1982, p. 162.

84 RUSSOMANO, Mozart Victor. O empregado e o empregador no Direito Brasileiro...,

Em outras palavras, se o empregado trabalhar para o âmbito residencial, sem a finalidade lucrativa, será considerado empregado doméstico. Caso esse mesmo empregado venha exercer tarefas com intuito lucrativo, ainda que no âmbito residencial, deixa de existir a figura do empregado doméstico. Falar-se-á, neste caso, apenas em empregado.

Problema se apresenta quando o empregado exerce atividade ora em âmbito residencial e sem finalidade lucrativa, ora auxiliando o empregador a realizar atividade com intuito econômico ou profissional. Nessa hipótese, MOZART VICTOR RUSSOMANO85 estabelece que o critério utilizado para definir o empregado como doméstico ou não deve resultar do critério da prevalência da destinação atribuída aos serviços prestados, cabendo ao juiz o exame, caso a caso, da situação mais adequada.

A distinção desses conceitos (empregado e empregado doméstico) ganha relevo, mormente diante da não aplicação da Consolidação das Leis do Trabalho ao empregado doméstico (art. 7.º, alínea a), e de algumas regras diferenciadas em relação a estes trabalhadores posta pela legislação previdenciária.

Abrindo um pequeno parêntesis, é preciso destacar que a diferenciação entre empregado e empregado doméstico muitas vezes cria a desigualdade, por excluir, em determinadas ocasiões, o doméstico da proteção previdenciária86.

85 RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de Direito do Trabalho. 6. ed. Curitiba/PR: Juruá,

1997, p. 83.

86 O empregado doméstico não tem direito, por exemplo, ao salário-família e nem ao

O trabalhador avulso também faz parte dos segurados obrigatórios da previdência, a ele sendo garantidos os mesmos direitos conferidos ao empregado, por expressa disposição constitucional (artigo 7.º, inciso XXXIV, CF/88).

Vulgarmente falando, o termo “avulso” significa separado, sozinho, desligado.

O artigo 4.º, alínea c, da Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) de 1960, definia trabalhador avulso como “o que presta serviços a diversas empresas, agrupado ou não em sindicato, inclusive estivadores, conferentes e assemelhados”.

A Portaria n. 3.107, de 7 de abril de 1971, conceituava trabalhador avulso como “todo trabalhador sem vínculo empregatício que, sindicalizado ou não, tenha a concessão de direitos de natureza trabalhista executada por intermédio da entidade de classe”.

De conformidade com a legislação atual, o trabalhador avulso é aquele que presta serviço a diversas empresas, de natureza urbana ou rural, sem vínculo empregatício (artigo 11, VI, Lei 8.213/91). Para a realização desta atividade, é necessária a intermediação obrigatória do Órgão Gestor de Mão-de-Obra (OGMO) ou sindicato.

Ainda na qualidade de segurado obrigatório da previdência social, é relacionado o contribuinte individual. Embora trabalhador, não detém as características de empregado, fugindo à subordinação hierárquica. Este trabalhador é considerado independente, age por sua conta e risco e delimita seus horários.

O artigo 4.º, alínea d, da Lei Orgânica da Previdência Social (Lei 3.807/60) o definia como “o que exerce habitualmente e por conta própria, atividade remunerada”.

O artigo 11, inciso V, da Lei 8.213/91, embora não conceitue contribuinte individual, elenca uma série de segurados que se enquadram como tal, podendo dividi-los em empresários, equiparados a empresários e autônomos.

São chamados individuais, porque sempre foram responsáveis por efetuar sua própria contribuição à previdência social. Com a Lei 10.666 de 2003, caso o contribuinte individual preste serviço à determinada empresa, essa será responsável pelo desconto e repasse do valor à previdência social, o que representa a diminuição do índice de sonegação previdenciária por parte desta classe de trabalhadores.

Por fim, como segurado obrigatório da previdência social, enumera-se também o segurado especial.

É segurado especial o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o garimpeiro, o pescador artesanal e o assemelhado, que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de 16 (dezesseis) anos ou a eles equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo (inciso VII do artigo 9.º do Decreto 3.048/99).

Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e é

exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados (§1.º do artigo 11 da Lei 8.213/91).

Além desses trabalhadores, é preciso destacar o segurado facultativo. Classificado como aquele que não exerce atividade remunerada, o segurado facultativo tem sua proteção previdenciária condicionada à inscrição e filiação na previdência social de forma voluntária. Uma vez realizada sua inscrição e sendo filiado, terá direito aos benefícios previdenciários nos termos e limites da legislação previdenciária (Lei 8.213/91).

4.1.5 Segurados da previdência social amparados pela