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Garantias constitucionais e leis de proteção ao

CAPÍTULO 2. A PROTEÇÃO AO TRABALHADOR E OS RISCOS

2.4 Garantias constitucionais e leis de proteção ao

A história da legislação trabalhista demonstra que, no Brasil, o Direito do Trabalho foi destaque apenas a partir do século XX. Até então, apenas a Constituição de 1824, no artigo 179, XXV (que aboliu as chamadas corporações de ofício) e a Lei do Ventre Livre de 28/09/1871 (liberdade para os filhos de escravos que nascessem), dos Sexagenários de 28/9/1885 (abolição da escravidão para os escravos com mais de 60 anos) e a Lei Áurea, de 13/05/1888 (abolição da escravatura) referiam-se a direitos relacionados ao trabalhador.

O ordenamento jurídico brasileiro, no século XX, passa por grande evolução no que se refere ao Direito do Trabalho, respondendo, assim, à expectativa dos trabalhadores.

Em 1930 foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. O Decreto 21.186 de 22/03/1932 assegurou que “o descanso semanal terá duração mínima de 24 horas consecutivas e ser-lhes-á destinado o domingo, salvo convenção em contrário entre empregados e empregadores ou motivos, quer de interesse público, quer da natureza da ocupação.”(art. 3.º). Na seqüência, outros Decretos asseguraram os mesmos direitos (Decreto 21.364 de 04/05/1932 para os trabalhadores da indústria; Decreto 23.152 de 15/09/1933 aos trabalhadores de casas de diversões; Decreto 23.766 de 18/01/1934 aos trabalhadores de transportes terrestres e o Decreto 24.562 de 03/07/1934 aos trabalhadores da indústria frigorífica).

A Constituição de 1934 trazia alguns direitos para os trabalhadores nos artigos 120 e 121, como: "a lei assegurará a pluralidade sindical e a completa autonomia dos sindicatos" (art. 120, parágrafo único, de 16.07.1934); proibiram-se as diferenças salariais com base em diferenças de sexo, idade, nacionalidade ou estado civil. Foram estabelecidos salários mínimos regionais; jornada de trabalho de oito horas; descanso semanal; férias anuais remuneradas; indenização ao trabalhador em caso de demissão sem justa causa; regulamentação das profissões; proibição do trabalho a menores de 14 anos, de trabalho noturno para menores de 16 anos, de trabalho reconhecidamente nocivo à saúde aos menores de 18 anos e às mulheres (art. 121).

A Constituição de 1937 dispunha que “o operário terá direito ao repouso semanal aos domingos e nos limites das exigências técnicas da empresa, nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local” (art. 137, d). Foi instituído um sindicato único, vinculado ao Estado, que poderia intervir quando necessário.

No ano de 1943, a Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei 5.452 de 01 de maio de 1943) reuniu diversas lei esparsas. Justamente por isso é chamada “Consolidação das Leis do Trabalho” e não “Código” (criação de um direito novo).

Dando continuidade à proteção do trabalhador, a Constituição de 1946 relacionou diversos direitos e garantias ao trabalhador no artigo 15731.

31 “Art. 157. A legislação do trabalho e a da previdência social obedecerão nos seguintes

A Lei 605 de 5 de janeiro de 1949 estabeleceu que “todo o empregado tem direito ao repouso semanal remunerado de vinte e quatro horas consecutivas, preferentemente aos domingos e, nos limites das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local.” (art. 1.º). Essa lei foi regulamentada pelo Decreto 27.048 de 12 de agosto de 1949, que, além de repetir o art. 1.º da Lei 605, no art. 7.º, especificou quais as empresas que poderiam exigir o trabalho dos empregados aos domingos.

Em 1957, a Lei n. 3.207, de 18 de julho regulamentou as atividades dos empregados vendedores, viajantes ou pracistas.

A Lei n. 4.090, de 13 de julho de 1962 instituiu a Gratificação Natalina para os Trabalhadores.

mínimo capaz de satisfazer, conforme as condições de cada região, as necessidades normais do trabalhador e de sua família; II - proibição de diferença de salário para um mesmo trabalho por motivo de idade, sexo, nacionalidade ou estado civil; III - salário do trabalho noturno superior ao do diurno; IV - participação obrigatória e direta do trabalhador nos lucros da empresa, nos termos e pela forma que a lei determinar; V - duração diária do trabalho não excedente a oito horas, exceto nos casos e condições previstos em lei; VI - repouso semanal remunerado, preferentemente aos domingos e, no limite das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local; VII - férias anuais remuneradas; VIII - higiene e segurança do trabalho; IX - proibição de trabalho a menores de quatorze anos; em indústrias insalubres, a mulheres e a menores, de dezoito anos; e de trabalho noturno a menores de dezoito anos, respeitadas, em qualquer caso, as condições estabelecidas em lei e as exceções admitidas pelo Juiz competente; X - direito da gestante a descanso antes e depois do parto, sem prejuízo do emprego nem do salário; XI - fixação das percentagens de empregados brasileiros nos serviços públicos dados em concessão e nos estabelecimentos de determinados ramos do comércio e da indústria; XII - estabilidade, na empresa ou na exploração rural, e indenização ao trabalhador despedido, nos casos e nas condições que a lei estatuir; XIII - reconhecimento das convenções coletivas de trabalho; XIV - assistência sanitária, inclusive hospitalar e médica preventiva, ao trabalhador e à gestante; XV - assistência aos desempregados; XVI - previdência, mediante contribuição da União, do empregador e do empregado, em favor da maternidade e contra as conseqüências da doença, da velhice, da invalidez e da morte; XVII - obrigatoriedade da instituição do seguro pelo empregador contra os acidentes do trabalho”.

O ano de 1963 também trouxe importante conquista para o trabalhador, através da Lei n. 4.266, de 3 de outubro de 1963, que institui o salário-família.

A Constituição de 1967 (e Emenda de 1969) assegurou diversos direitos trabalhistas no art. 15832.

O empregado doméstico ganhou proteção com a Lei n. 5.859, de 11 de dezembro de 1972.

Em 1973, a Lei n. 5.889 - de 8 de junho de 1973 - trouxe normas reguladoras do trabalho rural dando outras providências.

A Lei n. 6.019, de 3 de janeiro de 1974 dispôs sobre o Trabalho Temporário nas Empresas Urbanas, entre outras Providências.

32 Art 158 - A Constituição assegura aos trabalhadores os seguintes direitos, além de

outros que, nos termos da lei, visem à melhoria, de sua condição social: I - salário mínimo capaz de satisfazer, conforme as condições de cada região, as necessidades normais do trabalhador e de sua família; II - salário-família aos dependentes do trabalhador; III - proibição de diferença de salários e de critérios de admissões por motivo de sexo, cor e estado civil; IV - salário de trabalho noturno superior ao diurno; V - integração do trabalhador na vida e no desenvolvimento da empresa, com participação nos lucros e, excepcionalmente, na gestão, nos casos e condições que forem estabelecidos; VI - duração diária do trabalho não excedente de oito horas, com intervalo para descanso, salvo casos especialmente previstos; VII - repouso semanal remunerado e nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local; VIII - férias anuais remuneradas; IX - higiene e segurança do trabalho; X - proibição de trabalho a menores de doze anos e de trabalho noturno a menores de dezoito anos, em indústrias insalubres a estes e às mulheres; XI - descanso remunerado da gestante, antes e depois do parto, sem prejuízo do emprego e do salário; XII - fixação das percentagens de empregados brasileiros nos serviços públicos dados em concessão e nos estabelecimentos de determinados ramos comerciais e Industriais; XIII - estabilidade, com indenização ao trabalhador despedido, ou fundo de garantia equivalente; XIV - reconhecimento das convenções coletivas de trabalho; XV - assistência sanitária, hospitalar e médica preventiva; XVI - previdência social, mediante contribuição da União, do empregador e do empregado, para seguro-desemprego, proteção da maternidade e, nos casos de doença, velhice, invalidez e morte; XVII - seguro obrigatório pelo empregador contra acidentes do trabalho; XVIII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico ou intelectual, ou entre os profissionais respectivos; XIX - colônias de férias e clínicas de repouso, recuperação e convalescença, mantidas pela União, conforme dispuser a lei; XX - aposentadoria para a mulher, aos trinta anos de trabalho, com salário integral; XXI - greve, salvo o disposto no art. 157, § 7.º.

O vale-transporte também representou conquista dos trabalhadores, sendo instituído com a Lei n. 7.418 de 16 de dezembro de 1985.

A Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 trouxe inúmeros direitos aos trabalhadores nos artigos 7.º a 11, além de considerar a busca do pleno emprego princípio da ordem econômica (art. 170, VIII) e o trabalho como primado para a obtenção do bem-estar e da justiça sociais (art. 193).

Observe-se que o artigo 7.º33 da Carta Constitucional de 1988 representa um dos maiores avanços dos direitos dos trabalhadores na

33 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à

melhoria de sua condição social:I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; III - fundo de garantia do tempo de serviço; IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; XXIV - aposentadoria; XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em creches e pré-escolas; XXVI - reconhecimento das convenções e acordos

história brasileira, equiparando os trabalhadores urbanos e rurais e garantindo proteção.

Após a Constituição Federal de 1988, surgiram ainda algumas leis esparsas, dentre as quais são citadas: Lei n. 8.036 de 11 de maio de 1990: dispôs sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço; Decreto 99.467 de 20 de agosto de 1990: “[...] o funcionamento aos domingos do comércio varejista em geral, desde que estabelecido em Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho, respeitadas as normas de proteção ao trabalho e o art. 30, I da Constituição”; Lei 10.101 de 19 de dezembro de 2000, “o repouso semanal remunerado deverá coincidir, pelo menos uma vez no período máximo de quatro semanas, com o domingo, respeitadas as demais normas de proteção ao trabalho e outras previstas em acordos ou convenção coletiva.”

coletivos de trabalho; XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social.