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Universidade Estadual Paulista «Júlio de Mesquita Filho», Faculdade de Filosofia e Ciências (Brasil)

jota@marilia.unesp.br

Tema 1

RESUMO

Este artigo tem por objetivo discutir as relações que se construíram entre a arquivística, a história e a ciência da informação, no decorrer do desenvolvimento da primeira. Apresenta-se o percurso inicial da arquivística no século XIX, enquanto técnica relacionada a história e a atividade de pesquisa história afim de servir como uma das bases para a construção das identidades nacionais. A partir dos anos de 1950 a área passa por mudanças profundas devido a nova realidade de produção documental, da atividade administrativa e do início de mudanças no campo historiográfico. A partir da década de 1950-1960 com os trabalhos desenvolvidos nos arquivos nacionais americanos apoiados nos preceitos estabelecidos por Schellenberg, W. Kaye Lamb dentre outros, e nas décadas de 1970-1980 as políticas e métodos desenvolvidos por alguns autores da tradição Australiana, irão sistematicamente refutar e desvincular a arquivística da história, aproximando-a da administração e gestão, das áreas relacionadas as tecnologias computacionais, com os cartões perfurados e fitas magnéticas e mais tarde aos documentos digitais, iniciando o percurso irreversível da produção de documentos em meios além do papel. A partir dos anos de 1980 a área multiplica-se em abordagens e buscou-se, discutir preceitos para o desenvolvimento da arquivística pós-moderna e suas relações com a história. Em um Segundo momento, trabalha-se coma as possibilidades de relação entre a arquivística e a ciência da informação, relacionando a arquivística com a perspectiva neodocumental.

Palavras-chave: Arquivística; história; Ciência da Informação

ABSTRACT

This article aims to discuss the relationships built between archival science, history and information science, during the development of the first. Shows the initial development of the archival science i n the nineteenth century as a technique related to history in order to serve as basis for the construction of national identities. From the 1950s and 1960s the field undergoes profound changes due to the new reality of documentary production, administrative activity and changes historiography field. From the 1950-1960s with the work done at the US National Archives supported with the concepts established by Schellenberg,W. Kaye Lamb and others, and the decades of 1970-1980 policies and methods developed by some authors of the Australian and Canadian tradition, will systematically refute and unlink the archival science from history, approaching administration and management field, with punched cards and magnetic tapes and later to digital documents, initiating the irreversible path of production of documents in ways beyond the paper. From the 168

1980s the area multiplies in approaches and sought to discuss its principles for the development of postmodern archival science and its relationship with history. In a second moment, work with the possible relationship between the archival and information science, correlating the archival science with the neodocumental perspective.

Keywords: Archival science; history; Information Science

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INTRODUÇÃO

A arquivística enquanto profissão e prática desde seu inicio esteve atrelada a história, com a constituição dos arquivos nacionais franceses e o início da prática científica da histo- riografia do século XIX, marcaram o início do percurso da Arquivística. Neste período de for- mulação e consolidação da profissão os usuários predominantes dos eram os historiadores moldados na teoria de Leopold von Ranke de que viam a escrita da história como o que «tinha acontecido» e os documentos de arquivo serviam um dos fundamentos para essa atividade dando inicio a prática arquivística moderna.

A partir daquele momento a Arquivística ao redor do globo irá manter em maior ou menor grau uma relação profunda com o campo da historiografia, a medida em que, a pró- pria história da historiografia estabelece alguns os preceitos para as práticas arquivísticas, ou seja, o modo como os arquivistas vão buscar arranjar e descrever os documentos ao longo do Século XIX é reflexo das necessidades e acesso e uso dos historiadores.

A partir dos anos de 1950 a área passa por mudanças profundas devido a nova realidade de produção documental, da atividade administrativa e do início de mudanças no campo historiográfico.

Durante as décadas de 1960 e 1970 a área buscará respostas para as necessidades de seleção e avaliação documental, que levaram a uma mudança de cenário e alguns países, por exemplo, Canadá e Austrália a uma independência profissional e uma relação menos direta com a História é também o período de ampliação da área fora do eixo Europa- Amé- rica do Norte, com aparecimento de associações e pessoas preocupadas com a acesso e con- dição dos arquivos na América Latina.

Porém, apesar do distanciamento e «independência» profissional dos arquivistas em relação aos historiadores, não irá esgotar ou eliminar por completo a relação existente entre essas áreas.

Os anos 1980 e 1990 marcam o início de uma reconfiguração da área, com a aproxima- ção de como a Biblioteconomia, Informática e Ciência da Informação, a medida que a reali- dade administrativa e as tecnologias de comunicação começam a ser difundidas de maneira mais massiva, até a revolução do Desktop da década de 1990.

Esse breve descrição do percurso da Arquivística, nos diz que, área em sua história recente modificou-se e aproximou a diversas áreas devido em grande parte as mudanças no uso e acesso aos documentos arquivísticos, a medida em que, a área busca soluções para a sua prática, ela estabelece relações histórico-conceituais.

Toma-se por base o trabalho desenvolvido por Thomaz Nesmith, Terry Cook e mais recen- temente Greg Bak, no âmbito do curso de Archival Studies na Universidade de Manitoba, no Canadá.

Apesar de estabelecer relações com outras áreas tradicionalmente relacionadas à Arqui- vística, as pesquisas e respostas a realidade arquivística mantém-se fortemente calcadas na perspectiva histórica e quais são os benefícios desta relação?

A perspectiva Arquivística, apoiada no eixo Administração-Ciência da Informação, leva ao um embasamento prático e teórico fortemente relacionado a perspectiva da gestão de documentos, a seleção e disposição dos documentos. Contudo, as funções e ações funda- mentais que não só levam a criação de arquivos mas que definem a existência dos arqui- vistas, são relegas a segundo plano ou são tratadas nos moldes arquivísticos de Hillary Jen- kinson ou Theodore R. Schellenberg.

É necessário uma perspectiva mista que a gestão não fique de lado, mas que se perceba, que o histórico e o contexto fazem parte do ferramental básico do arquivista e é por meio dele, que se dá o acesso a sociedade dos documentos de arquivo.

Não é limitar a uma única visão, mas abrir para uma perspectiva que escabele, por exem- plo, que a proveniência não é única e ela é estabelecida historicamente.

Busca-se assim, com esse artigo apresentar e estabelecer quais são os diálogos e emba- tes que ocorreram entre a Arquivística, a História e a Ciência da Informação, nos últimos 20 anos traçando um paralelo, buscando responder a seguintes perguntas: 1) Arquivística bus- cou desvincular-se da História, porque? e essa dissociação foi benéfica? e ela realmente existiu? 2) A Arquivística, especialmente na realidade ibero americana aproximou-se da Ciência da Informação e áreas relacionadas, porque isso correu? e essa ligação criou bene- fícios para o núcleo da arquivologia?

Visando a construção de um quadro teórico da história recente da Arquivística, bus- cando não esgotar ou eliminar relações mas fortalecer os laços em áreas tão próximas e que devem muito uma a outra.

A ARQUIVÍSTICA E A HISTÓRIA: EMBATES RECENTES E PERSPECTIVAS